Перейти к контенту

Motta

Full screen

Segundo Clichê

февраля 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

"Ruas são espaços democráticos e um ambiente para a arte"

ноября 27, 2017 9:13, by segundo clichê


O dançarino de balé popular do Recife, Roger de Renor, é o entrevistado do programa Conversa com Rosean Kennedy que vai ao ar hoje, segunda-feira (27), às 21h30, na TV Brasil. Ele tem importante trajetória na cena cultural brasileira e várias décadas dedicadas às artes.

O pernambucano já trabalhou em gravadora, foi dançarino do balé popular do Recife e teve seu nome imortalizado na música Macô, de Chico Science. Roger também foi dono do bar Soparia, onde se encontravam grandes nomes do movimento manguebeat, como Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Mestre Ambrósio. O movimento tornou-se referência na descentralização da produção cultural do país.

Idealizador do programa Som na Rural, Roger transforma um modelo Ford antigo em veículo sonoro itinerante, para levar música de todas as vertentes ao público nas ruas. O programa, que já teve temporadas na TV Brasil, está em nova fase. “A gente tá preparando uma nova temporada pra continuar essa ponte e essa missão da TV pública: mostrar a diversidade da música do Brasil. Acho que a maior vontade do brasileiro é se descobrir como país, como identidade dentro das suas diferenças.”

Roger é um defensor da ocupação dos espaços públicos e acredita que as ruas devem ser um espaço comum, democrático, local de encontros e e também um ambiente para as manifestações artísticas. Ele comenta a insegurança que existe em relação ao espaço urbano. “As ruas são seguras, a gente observa isso. A gente faz parte desse movimento, que mostra isso para as pessoas na prática. As ruas são inseguras quando estão desertas. Se a gente está nas ruas, a gente é a nossa segurança. Não é a polícia que vai fazer a segurança, são as pessoas sendo a maioria nas ruas.”

O produtor cultural também faz duras críticas ao se referir aos espaços “artificiais” como sinônimos de segurança. “Às vezes, o sistema quer mostrar que o barato é o shopping center porque é seguro. Então, a gente ouve absurdos... edifícios que vendem apartamentos que tem playground, churrasqueira, academia e tem passagem exclusiva para o shopping. Então, o Som na Rural trabalha isso. Outros lugares também trabalham, independentemente de ser um carro ou não, trabalham movimentos que chamam as pessoas para fazer uso dos lugares.”

Roger defende ainda que a cidade seja um local para encontros e trocas entre grupos sociais. Um espaço de convívio e compartilhamento artístico. “As pessoas querem os espaços públicos para as suas manifestações culturais, com todas as influências, todas as suas invenções e reinvenções. E isso é muito bonito."



Adoniran, a voz dos invisíveis

ноября 24, 2017 15:04, by segundo clichê




Carlos Motta

E lá se vão 35 anos da morte de um dos mais originais artistas populares do Brasil, o inconfundível Adoniran Barbosa, nascido João Rubinato na cidade paulista de Valinhos em 6 de agosto de 1910 e falecido em 23 de novembro de 1982 na capital paulista.

Muitos, mas muito mesmo, falaram e dissecaram a obra de Adoniran, ressaltando a revolução linguística de suas letras, que incorporaram, como nenhum outro, a maneira de se expressar do povo, essas pessoas comuns, batalhadoras do dia a dia, heróis anônimos da sobrevivência.

Adoniran, porém, fez mais: ao pôr em evidência em suas músicas o sujeito ordinário, esse ser quase invisível que, na verdade, é o grande protagonista histórico desta sofrida nação, ele acabou revelando todas as mazelas, toda a injustiça e desigualdade que amarram o país no atraso, ignorância e subdesenvolvimento.

Quantos Jocas, Charutinhos, Mato Grossos, Arnestos, Manés, Iracemas, Nicolas, Geraldas, quantas Malvinas, quantas tristes margaridas, existem ainda neste Brasil, à espera de uma vida menos sofrida, de uma oportunidade para melhorar o salário ou para conseguir um emprego?

E quantas vezes ainda os jornais noticiarão o que Adoniran colocou em seu "Despejo na Favela", um retrato cru de uma situação que, de certa forma, sintetiza este país?

Canta, Adoniran!

Despejo na Favela

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejo

— Assinada, seu doutor
Assim dizia a 'pedição'
"Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"

— É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior

— Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator

— Pra mim não tem 'probrema'
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás

...Mas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com'é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
Como é que faz?



Django, Stéphane, Jimmy, Piracicaba

ноября 24, 2017 12:32, by segundo clichê


Carlos Motta

Lá pelo fim dos anos 70 ou início dos anos 80 do século passado, na então calma Jundiaí, eu cumpria uma rotina semanal que rendeu saborosos frutos para a minha educação artística: ia até uma banca de jornais no centro da cidade pegar os fascículos de música editados pela Abril. O jornaleiro os guardava para mim, religiosamente, e foi graças a ele que pude completar minhas coleções de música erudita, popular brasileira, de ópera e de jazz.

Tenho os fascículos até hoje - considero-os uma preciosidade da qual não me afastarei até o fim da vida.

Foi por intermédio deles que fiquei conhecendo a obra de inúmeros artistas geniais, brasileiros e estrangeiros, que vestiam fraque ou bermuda, carregavam uma batuta ou um tamborim, soltavam a voz num estrepitoso dó de peito ou a usavam como uma extensão de sua respiração - para mim, até hoje, música é tanto Pavarotti como João Gilberto, Vicente Celestino e Dick Farney, Maria Callas e Elizeth Cardoso, Beatles e Hermeto, Lamartine Babo e Muddy Waters, Pixinguinha e Bach, razão e emoção.

E foi num dos fascículos da coleção de jazz que escutei, pela primeira vez, o violão mágico de Django Reinhardt e o violino celestial de Stéphane Grapelli, os dois brincando de quem é capaz de humilhar mais os pobres ouvintes, os ordinários servos da grande ordem da música universal.

Certa noite, uma gloriosa noite, vi, com esses olhos que a terra há de comer, e ouvi, com esses ouvidos hoje tão infectados pela algaravia do mundo, um já septuagenário Grapelli deixar uma plateia de, sei lá, umas mil e tantas pessoas, embasbacada com as notas que tirava de seu violino, numa das primeiras edições do Free Jazz Festival, em São Paulo.

O homem tocava como se estivesse fazendo a coisa mais natural do mundo, como se, por exemplo, fosse eu batendo um papo com algum amigo de longa data num botequim mais que conhecido.

Anos e anos depois, com a internet já dominando a vida de todos nós, fiquei sabendo da existência de um tal de Jimmy Rosenberg - e lá vou eu ao YouTube para me maravilhar, novamente, com a capacidade que o ser humano tem para fazer coisas extraordinárias.

Dali em diante, foi difícil segurar o fascínio por esse ritmo alegre e espontâneo, que permite aos executantes demonstrar todo o seu virtuosismo, a sua técnica e sensibilidade.

Faltava apenas ver e ouvir, de perto, ou como dizem, ao vivo, o pessoal se esbaldar nos improvisos, se lambuzar nas deliciosas melodias, e se remexer com a batida hipnótica daquilo que se rotulou de "jazz cigano".

Hoje não falta mais, graças a essa turma que promove o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, uma pérola artística que ficará guardada num compartimento especial do meu cérebro por muito tempo.

Dizer que passei algumas horas de puro êxtase no Engenho Central é pouco.

Mais que isso, devo confessar, assistir ao festival foi como me deixar levar pelo rio Piracicaba, que corria a poucos metros do palco, num fluxo ininterrupto de força e beleza.

Naquele momento tive a certeza de que, pelo exemplo da arte, o homem pode superar preconceitos e fazer um mundo melhor - um mundo como, só para deixar bem claro, essa obra-prima chamada Minor Swing, perfeita combinação entre ritmo, melodia e harmonia, ou, se preferirem, entre o desejo, a realidade e a esperança.

(Publicado originalmente no site do Hot Club de Piracicaba)



Fabiana Cozza sobe ao palco para cantar Bola de Nieve

ноября 24, 2017 11:19, by segundo clichê


Com roteiro e direção de Elias Andreato, o espetáculo "Fabiana Cozza Canta Bola de Nieve" destaca a obra do pianista, cantor e compositor cubano, nascido Ignácio Jacinto Villa Fernandez (1911-1971). Ele será apresentado no dia 1º de dezembro, às 21 horas, no Sesc Santo Amaro, em São Paulo.

Bola de Nieve foi um dos maiores nomes da música cubana: discriminado em seu país por ser homossexual, reinou absoluto em países como México (onde viveu), Espanha e toda a América Latina. 

Fabiana Cozza é uma das melhores intérpretes da atualidade. No show, com as músicas de seu novo CD, "Ay amor!", ela será acompanhada pelo pianista Pepe Cisneros.

No repertório estão composições de Bola de Nieve, como a faixa-título, e canções de nomes como Virgilio Expósito e Homero Expósito (“Vete de Mí”), Margarita Lecuona (“Babalú”) e María Grever (“Alma Mía”). O disco nasceu do registro musical do espetáculo Canto Teatral para Bola de Nieve, de Elias Andreato (que também assina o roteiro e a direção do álbum "Ay amor!", apresentado pela primeira vez por Fabiana Cozza e Pepe Cisneros na Galeria Olido (em São Paulo), em 2016. Nesse mesmo ano, depois de outra temporada de shows – dessa vez na Casa do Choro (no Rio de Janeiro) –, “o trio” foi convidado pela Biscoito Fino para gravar as canções do trabalho. 

“Ay amor! fala dos amores impossíveis que o Bola de Nieve cantava. A ideia é que eu represente a alma feminina e o alter ego dele”, diz Fabiana. “Nós imprimimos no disco toda a dramaticidade que conseguimos no palco. As pessoas se emocionam profundamente. É como se elas se reportassem para aquilo que estou dizendo.”

Segundo Fabiana, "Ay amor!" é ainda poético, atual e revolucionário, já que traz à tona não só a beleza e a complexidade da obra de Bola de Nieve, mas também a sua coragem em se apresentar perante uma sociedade à época muito conservadora e racista, fazendo com que, assim mesmo, a sua arte sobressaísse. 



A voz dos invisíveis

ноября 24, 2017 10:26, by segundo clichê




Carlos Motta

E lá se vão 35 anos da morte de um dos mais originais artistas populares do Brasil, o inconfundível Adoniran Barbosa, nascido João Rubinato na cidade paulista de Valinhos em 6 de agosto de 1910 e falecido em 23 de novembro de 1982 na capital paulista.

Muitos, mas muito mesmo, falaram e dissecaram a obra de Adoniran, ressaltando a revolução linguística de suas letras, que incorporaram, como nenhum outro, a maneira de se expressar do povo, essas pessoas comuns, batalhadoras do dia a dia, heróis anônimos da sobrevivência.

Adoniram, porém, fez mais: ao pôr em evidência em suas músicas o sujeito ordinário, esse ser quase invisível que, na verdade, é o grande protagonista histórico desta sofrida nação, ele acabou revelando todas as mazelas, toda a injustiça e desigualdade que amarram o país no atraso, ignorância e subdesenvolvimento.

Quantos Jocas, Charutinhos, Mato Grossos, Arnestos, Manés, Iracemas, Nicolas, Geraldas, quantas Malvinas, quantas tristes margaridas, existem ainda neste Brasil, à espera de uma vida menos sofrida, de uma oportunidade para melhorar o salário ou para conseguir um emprego?

E quantas vezes ainda os jornais noticiarão o que Adoniram colocou em seu "Despejo na Favela", um retrato cru de uma situação que, de certa forma, sintetiza este país?

Canta, Adoniran!

Despejo na Favela

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejo

— Assinada, seu doutor
Assim dizia a 'pedição'
"Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão"

— É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior

— Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator

— Pra mim não tem 'probrema'
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás

...Mas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com'é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
Como é que faz?



Motta