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Segundo Clichê

февраля 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

Deputados capixabas proíbem nudez em exposições

ноября 8, 2017 21:46, by segundo clichê


O emburrecimento do Brasil caminha velozmente, assim como a viagem na máquina do tempo para a Idade Média: a Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprovou na noite de segunda-feira (6) projeto de lei que proíbe a exposição de fotos, textos, desenhos, pinturas, filmes e vídeos contendo cenas de nudez ou referências ao ato sexual em espaços públicos destinados a atividades artístico-culturais. O Projeto de Lei 383/2017 segue agora para apreciação do governador Paulo Hartung, que já sinalizou a intenção de vetá-lo.

Segundo o Ministério da Cultura, o Estado é a primeira unidade da Federação a aprovar um projeto desse tipo.


De autoria do deputado Euclério Sampaio (PDT), a proposta já tinha sido aprovada no dia 23, com um único voto contrário. Como recebeu emendas parlamentares, teve que voltar a ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação (CCJ), de onde voltou para o plenário da Casa, onde foi aprovado sem novas alterações. 

O texto aprovado proíbe exposições artísticas ou culturais com “teor pornográfico” em espaços públicos estaduais, sob pena de multa a quem infringir a lei, caso seja sancionada e entre em vigor. O texto estabelece, sem detalhes, que a lei não se aplicará a locais cuja exposição tenha fins “estritamente pedagógicos, de acordo com a legislação vigente”.

O deputado disse que decidiu apresentar a proposta após polêmicas recentes em outros estados, como a suspensão da exposição QueerMuseu, em Porto Alegre, e da apresentação de Histórias da Sexualidade, que chegou a levar o Museu de Arte de São Paulo (Masp) a proibir, pela primeira vez, a entrada de crianças e adolescentes para visitar a mostra.  O museu voltou atrás e liberou a entrada de menores de 18 anos, desde que acompanhados pelos pais ou responsáveis.

“Meu projeto não veta a arte. Ele proíbe os excessos, a pornografia”, declarou Euclério Sampaio. Perguntado sobre quem definirá os critérios de arte e pornografia, o deputado respondeu que caberá aos técnicos das secretarias de cultura e conselheiros tutelares. “Os órgãos já existentes no Estado vão poder continuar fiscalizando. Se não o fazem hoje é porque, talvez, a legislação seja omissa."

Sampaio sustenta que o projeto não impede o acesso de jovens a obras contemporâneas que retratem o nu sem qualquer conotação sexual, ou até mesmo a reproduções de obras consideradas clássicas. 

A secretaria de Cultura do Espírito Santo informou que já conta com uma equipe de profissionais aptos a analisar os trabalhos artísticos e classificá-los conforme as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), suficientes para evitar excessos. Em nota, o secretário estadual, João Gualberto, diz ser favorável a que o governador, Paulo Hartung, vete o projeto de lei. “Os serviços educativos das instituições culturais de nosso Estado são formados por profissionais especializados que desenvolvem um programa contínuo de formação de professores, educadores e recepcionistas aptos a atender a toda a diversidade de público a partir das faixas etárias e contextos culturais”, garante.

Para o professor do programa de pós-graduação em Direito Constitucional e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco Humberto Cunha Filho, a iniciativa capixaba é inconstitucional e “absurda”.

“Os Estados não podem legislar sobre este tema. Nem mesmo a União pode. Entre outros motivos, porque se trata de uma liberdade constitucionalmente disciplinada que não pode ser restrita pelo legislador ordinário e porque, operacionalmente, é uma lei absurda que demandará a criação de um órgão de censura prévia que diga o que é pornográfico”, disse o professor. Ele lembrou que a Constituição Federal proíbe a censura prévia e reconhece a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação como um direito fundamental que não pode ser censurado.

Para defender-se das críticas, o deputado Euclério Sampaio diz que o Artigo 23 da Constituição Federal estabelece que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios proporcionar aos cidadãos os meios de acesso à cultura.

“O que eu quero proibir não são obras de artistas famosos. Cultura e arte são matérias concorrentes. E o direito não é uma ciência exata ou não haveria tribunais de apelação para quem se sinta inconformado”, argumentou o parlamentar, garantindo não estar preocupado com o possível veto do governador. “Se ele vetar, haverá uma nova batalha. Na Assembleia, a maioria é soberana."

Procurado, o Ministério da Cultura diz que a Constituição garante a liberdade de expressão, de criação e de manifestação, considerados direitos fundamentais “perfeitamente compatíveis com outros direitos e garantias constitucionais e legais”. Para o ministério, instituições culturais públicas e privadas devem ter o direito de escolher livremente o que exibir, observada as normas legais de proteção da infância e da adolescência.

“Nem todos os conteúdos culturais e obras de arte são adequados a todas as faixas etárias”, informa o ministério, lembrando que o ECA já prevê a obrigatoriedade dos responsáveis pelos espaços artísticos e de entretenimento informarem previamente o conteúdo apresentado e a faixa etária adequada a cada evento. O próprio ministério, no entanto, lembra que, atualmente, o sistema de classificação indicativa não faz menção à exposições artísticas, mas apenas a conteúdos de produções para o cinema e TV, shows, games, entre outros produtos culturais. 

“Deve-se aproveitar a controvérsia para resolver a questão [da classificação indicativa]. Não há incompatibilidade entre a liberdade de criação, de expressão e de manifestação, e a proteção da criança e do adolescente; entre a difusão da arte e da cultura e o patrocínio cultural. Vários museus e centros culturais mundo afora adotam a classificação indicativa e a exibição em separado de certos conteúdos [como forma de não expor crianças a conteúdo que estas podem não compreender]. É uma questão de bom senso e de responsabilidade”, conclui a nota, repudiando “qualquer ato de censura ou tentativa de criminalização da criação, produção e difusão artística”. (Agência Brasil)



Dom Quixote visita Campinas

ноября 8, 2017 17:47, by segundo clichê


Considerada o caminho mais importante para a educação, a leitura precisa ser não apenas estimulada, mas repensada de forma a promover novos recursos para desenvolver a curiosidade e a paixão pelos livros. Para isso, a empresa Sabic, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, leva duas sessões gratuitas nos dias 11 e 27 de novembro da Oficina-Performance "Dom Quixote entre Cartas" para Campinas. O evento acontecerá na Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink (Avenida Benjamim Constant, 1633 Centro), no dia 11, e na Fundação FEAC (Rua Odila Santos de Sousa Camargo, 34 Jardim Brandina),  no dia 27, das 9h30 às 12h30.


Parte do Programa “Ler é uma Viagem”, o evento possui o objetivo de oferecer a pessoas educadoras, artistas, mediadoras de leitura e outras que estejam interessadas na sua formação leitora, a oportunidade de conhecer melhor o "espírito quixotesco", viajando pelos caminhos fantásticos da obra de Miguel de Cervantes, acompanhados da leitura em voz alta e música ao vivo, executadas por um elenco composto por arte-educador, atriz, músico e fotógrafa do Programa.

A oficina-performance consiste em uma apresentação da obra máxima de Miguel de Cervantes, seguida de uma contextualização dos dois volumes que contam as aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança. "Dom Quixote", escrita há mais de 400 anos por Miguel de Cervantes, é considerada um símbolo mundial do amor pelos livros e do poder transformador da leitura. No livro, o autor brinca com as histórias de cavalaria que faziam muito sucesso na Idade Média. Mas, em vez de cavaleiros fortes e corajosos, Cervantes nos apresenta um herói diferente: na faixa dos cinquenta anos, vive fazendo trapalhadas e quase sempre se dá mal. Com base nisso, a oficina "Dom Quixote Entre Cartas" promete conduzir uma viagem pela obra do autor espanhol, oferecendo aos professores a oportunidade de mergulhar nessa experiência como autores de suas próprias aventuras.

O Ler é uma Viagem é um programa de incentivo à leitura que, desde 2003, desenvolve sessões de leitura com música ao vivo para estimular o prazer da descoberta do texto entre crianças, jovens e adultos de todo o Brasil. Por meio de projetos temáticos patrocinados (Hans Christian Andersen, Guimarães Rosa, e agora, Dom Quixote), já realizou mais de 600 apresentações, atingiu mais de 7.000 professores e mais de 35.000 estudantes em escolas e bibliotecas públicas.

O Programa apresenta-se em diversos formatos, mas sempre pensados a partir do conceito intimista de uma sessão de leitura compartilhada entre, no máximo, 60 pessoas. "O projeto oferece um ambiente de imersão nos textos que estimula a escuta, a identificação, a criatividade e também possibilita que os professores compartilhem ferramentas pedagógicas para dar continuidade à experiência com os alunos depois, em sala de aula", explica a idealizadora do projeto Élida Marques. Neste ano o programa inaugurou uma Sala de Leituras em Itu/SP, cidade sede do Ler é Uma Viagem, desde 2009.

Aprovado pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, o projeto "Dom Quixote Entre Cartas" tem o apoio da empresa Sabic. E conta ainda com apoio cultural do Museu Reublicano "Convenção de Itu", do Museu Paulista/USP.

O projeto que já visitou mais de 100 cidades dos Estados de São Paulo, Rio e Paraná e atendeu mais de 2.000 crianças e 3.300 educadores, por meio do apoio do Grupo CCR, desde 2009, ganha, neste ano o apoio de duas novas empresas intermediadas pela Agência Villa 7: Sabic e Adere, ambas do interior paulista.

Informações: http://www.lereumaviagem.com.br/ 
https://www.facebook.com/domquixoteentrecartas



Freddy Groovers leva seu som dançante a Mogi Guaçu

ноября 8, 2017 14:59, by segundo clichê


A banda Freddy Groovers voltará a tocar na cidade de Mogi Guaçu, interior paulista, neste sábado, 11, no bar Estação do Chopp (Praça Duque de Caxias, 81), a partir das 21 horas“Esta é a nossa segunda vez na casa. Tomamos nosso retorno como sinal que em nossa última apresentação deixamos saudades e a nossa marca. Levaremos, como de costume, o calor do Groove, sons dançantes com arranjos originais, muita alegria e descontração”, diz o saxofonista da banda, Danilo Ciolfi.


Os ensaios e novidades no repertório da Freddy não param, e na ocasião, a casa será palco, inclusive de novas músicas. “Nosso repertório está em constante expansão, e temos, portanto, alguns sons novos na manga para estrear neste sábado. A expectativa é de casa cheia, não apenas de público, mas de vontade de curtir, dançar e vibrar conosco em mais essa noite de muito som”, acrescenta Danilo.

Fundada em 2013 na cidade de Amparo, no Circuito das Águas Paulista, a Freddy Groovers destaca-se no cenário musical brasileiro com características únicas, como o seu suingue, balanço, irreverência, interação com o público e o mais importante, personalidade musical, numa mistura de samba, funk soul, jazz, baião e maracatu, entre outros ritmos.

O novo projeto contempla o lançamento do CD "Groove na Cabeça", cujas faixas dançantes carregam mensagens que vão desde a luta cotidiana do brasileiro até menções honrosas a grandes líderes da história mundial.

Formada por seis músicos - Raul (vocais), Cebola (guitarra), Chinelo (contrabaixo), Manu (bateria), Giovani (trombone) e Ciolfi (saxofone) - a banda, conta também com formação completa incluindo trompete e percussão. Além do formato físico, o CD "Groove na Cabeça" também está nas principais plataformas digitais do Brasil e do mundo.

Página no Facebook:
www.facebook.com.br/freddygrooversoficial

Instagram:
@freddygroovers

Página do YouTube:
https://www.youtube.com/freddygroovers

CD "Groove Na Cabeça"

Spotify: http://bit.ly/2hLvbfI
iTunes: http://apple.co/2gY9itP
Google Play Music: http://bit.ly/2gyQEHJ
Napster: http://bit.ly/2hrbEF1
Deezer: https://goo.gl/byv3np

E-mail:
freddygroovers@gmail.com

Contatos para shows:
Renato (Manu): (019)99663-0307
Everton (Rauzito): (019) 99667-0489
Diogo (Cbola): (019) 997639743



Websérie "No Olhar" reúne grandes nomes da fotografia brasileira em sua segunda temporada

ноября 8, 2017 12:59, by segundo clichê


"No Olhar" é uma websérie que vai exibir semanalmente episódios com depoimentos dos principais fotógrafos e fotógrafas do Brasil. O projeto, que tem apoio da Secretaria da Cultura de Estado do Paraná e da Companhia de Energia Elétrica (Copel), se prepara para lançar mais uma temporada. Nesta nova etapa foram reunidos profissionais das áreas de fotojornalismo, publicidade, editorial, documental e conceitual, como Ana Carolina Fernandes, Flavio Damm, Kazuo Okubo, Nana Moraes, Walter Firmo, entre outros. 

As entrevistas têm o desafio de revelar ao expectador conceitos sobre uma leitura mais apurada da fotografia, linguagem, influências e histórias de vida desses profissionais de maneira mais intimista. Os episódios com duração de nove a 12 minutos serão exibidos no canal do youtube.com/noolhartve e nos perfis das redes sociais do projeto todas as segundas-feiras.


Depois do fotógrafo e cineasta Walter Carvalho, da crítica de fotografia Simonetta Persichetti, e do fotógrafo Tiago Santana, que se destaca pelo registro das tradições culturais e festas religiosas do Nordeste, a websérie lança esta semana o episódio de Ana Carolina Fernandes, autora da foto que ilustra esta matéria, para conversar sobre sua carreira e seus projetos. A fotojornalista frequentou desde muito cedo os bastidores do jornal "Tribuna da Imprensa" que pertencia a seu pai. Ali se apaixonou pelo jornalismo e construiu os pilares do que viria a ser seu trabalho fotográfico atual.

“Jornalismo é sangue, suor, lágrimas, calor, vento, chuva, horas e horas sem almoçar, sobe morro atrás de polícia, tiroteio, traficante, esse é o verdadeiro fotojornalismo do ‘front’, o chamado hardnews”, ressalta a fotógrafa, que conhece bem essa categoria da imagem. Ana Carolina trabalhou por muitos anos nos grandes jornais do país como "O Globo" – onde iniciou como estagiária aos 19 anos – "Agência Estado", "Folha de S. Paulo" e "Jornal do Brasil". Hoje atua como fotógrafa independente e cobriu a Copa do Mundo, as Olimpíadas e as Paralimpíadas, além de documentar as manifestações populares e se dedicar a um projeto sobre a Baía de Guanabara, que teve uma foto estampada na capa do "The New York Times".

Dentre seus projetos ligados à fotografia documental destaca-se Mem de Sá, 100, desenvolvido com travestis. Ana Carolina tinha fascínio pela ambiguidade do masculino e feminino presente numa mesma pessoa e queria dar um corpo para esta questão. “Um travesti é uma mulher que nasceu homem e que tem uma alma feminina, mas também tem características físicas e psicológicas de homem. Com as minhas fotos eu quis ajudar, mesmo se fosse só um pouquinho para a aceitação e para a tolerância”, completa.

De acordo com o diretor do "No Olhar", Tiago Ferraz, a ideia de produzir a websérie surgiu na necessidade de encontrar informações sobre fotógrafos brasileiros compiladas em formato documental. “Hoje encontramos muitos tutoriais técnicos, mas ainda existe uma carência em conteúdo sobre linguagem fotográfica e sobre a trajetória dos fotógrafos.  Durante a produção da primeira temporada, percebemos que esta websérie ia além de um simples registro e o que tínhamos em mãos era um acervo da memória da fotografia brasileira dos últimos anos”, complementa.

A busca pelo lado humanista dos entrevistados também aparece na contrapartida do projeto. Mais de 100 crianças da rede pública de ensino tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre fotografia, se encantando por esta arte, assim como aconteceu com Walter Carvalho. “Essa iniciativa é muito gratificante, pois promove a descoberta de novos talentos nas áreas menos favorecidas da sociedade”, acrescenta Ferraz.

Confira em ordem alfabética os fotógrafos e fotógrafas desta temporada:

Ana Carolina Fernandes (RJ)
Anna Kahn (RJ)
Arthur Omar (MG)
Antonio Guerreiro (RJ)
Bruno Veiga (RJ)
Cesar Barreto (RJ)
Custódio Coimbra (RJ) 
Dario de Dominicis (radicado no RJ)
Flávio Damm (RS)
Joaquin Paiva (ES)
Kazuo Okubo (DF)
Kitty Paranaguá (RJ)
Luiz Garrido (RJ)
Marcia Charnizon (MG)
Marcos Bonisson (RJ)
Milton Guran (RJ)
Nana Moraes (RJ)
Paulo Marcos (RJ)
Pedro Vasquez (RJ)
Rogério Assis (radicado SP)
Simonetta Persichetti (SP)
Tiago Santana (CE)
Walter Carvalho (RJ) 
Walter Firmo (RJ) 

Serviço

1º Episódio – Walter Carvalho 
2º Episódio –  Simonetta Persichetti
3º Episódio –  Tiago Santana
4º Episódio – Ana Carolina Fernandes

Quando: Toda segunda-feira
Onde: youtube.com/noolhartv 
www.facebook.com/noolhartv



Festival de Literatura em SP discute racismo

ноября 8, 2017 9:52, by segundo clichê


Ocupando bibliotecas, praças, espaços culturais e escolas, o 8º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel traz atividades par mais de 50 pontos da Zona Leste de São Paulo. A partir do tema "Letras Pretas: poéticas de corpo e liberdade", a mostra vai discutir o racismo e a equidade racial na produção literária com debates, apresentações musicais, histórias e teatro. A programação começa hoje, quarta-feira (8), e vai até sexta-feira (10).

O eixo condutor das atividades segue uma construção elaborada nas últimas duas edições do festival, como explica o coordenador da programação cultural da Fundação Tide Setubal, Inácio Pereira.


Segundo ele, com a crise política de 2015, foi feita a opção de se discutir democracia e história na perspectiva de diferentes vozes. No ano passado, a programação passou pelas discussões de gênero, e, agora, pelas de raça. “É a questão do povo negro, da identidade da produção literária, refletindo sobre a essência da literatura negra e periférica”, diz.

A fundação organiza o evento, que começou como uma feira do livro e se expandiu, em boa parte, por conta da aproximação com as escolas da região. “É um festival do livro construído de forma colaborativa a partir de uma rede de vários atores locais”, afirmou Pereira.

“As escolas entraram no festival como público em um primeiro momento, começaram a dialogar, depois quiseram participar com os seus projetos”, acrescenta, explicando sobre como alunos e professores foram se apropriando do evento.

Assim, os dias de festival se tornam, segundo o coordenador, um momento para que docentes e estudantes conheçam propostas geradas dentro da própria comunidade. “Existe uma troca de experiências das práticas de literatura e mediação dos projetos, somando essas temáticas que são transversais, questão de gênero, equidade racial, democracia, ocupação dos espaços públicos, direito à cidade”, afirma.

Para elaborar a programação, que também envolve artistas e grupos culturais que trabalham na perspectiva periférica, foi formado um grupo de curadores formado por artistas, educadores e ativistas. É pensado, desse modo, um festival que não só traga atrações de outros espaços, mas que a produção da comunidade e de fora ocupe a região de diversas formas. “A ideia não é só ocupar a praça, mas também ocupar o simbólico”, diz Pereira.

Como exemplo desse tipo de experimentação, o coordenador citou a releitura feita por um grupo de alunos da personagem Tia Nastácia, de Monteiro Lobato, presente nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo. “A Tia Nastácia dentro da lógica do Monteiro Lobato você não conhece a história da família dela, não sabe se foi casada, se teve netos. Ela uma figura acessória para contar a história de uma família branca”, explica. Porém, os estudantes, em um esquete montado para o festival, criam um momento em que a cozinheira negra conta a própria história para a boneca Emília.

“A criança que assistir essa história, quando ela for ver de novo o Monteiro Lobato, com certeza aquela história que ela viu na praça verá com que ela veja Tia Nastácia de uma maneira diferente, humanizada, com família, com filhos, netos”, destaca sobre a importância das reflexões feitas pelos jovens.

A necessidade de recontar a história das mulheres negras, não só de uma perspectiva social e racial diferente, mas desconstruindo estereótipos de gênero tem fomentado diversos grupos culturais na periferia, segundo Débora Garcia, fundadora do Sarau das Pretas. “O nosso corpo sempre foi colocado à disposição do outro: essa coisa da maternidade, da ama de leite, da mulher hipersexualizada. Então, hoje, nós mulheres negras temos uma demanda muito forte de olharmos para nós mesmas”, ressaltaa ativista que também participou da curadoria do festival.

“Nós acreditamos que a literatura é um lugar de fala muito importante, porque historicamente nós não tivemos acesso à escrita formal, a nossa história, as nossas questões sempre foram trazidas pela oralidade”, diz, ao lembrar que as mulheres negras ainda sofrem com a falta de escolaridade. “As mulheres negras ainda estão na base da pirâmide social, são as que têm a menor escolaridade, as que acessam aos piores salários e cargos de emprego”, completa.

Por isso, Débora defende a necessidade de narrativas construídas por outros autores e autoras, não somente os homens brancos de boa condição financeira, o que, de acordo com ela, tem sido a regra na literatura ocidental. “Quando nós vamos escrever um texto, nós colocamos mulheres que são complexas, que têm sonhos, que têm compreensão do seu lugar no mundo, não a ver navios. E isso muda tudo, porque nós criamos referências positivas.” (Agência Brasil; foto - Antonio Cruz/ABr)



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