Mais imposto, mais recessão
апреля 3, 2017 15:41A despeito dos R$ 92,35 bilhões de arrecadação em fevereiro, o Ministério da Fazenda admitiu que adotará medidas de aumento das receitas para garantir o cumprimento da meta fiscal. Isto porque, a alta real de 0,36% frente ao mesmo mês do ano passado não foi suficiente para sinalizar o cumprimento da meta de R$ 139 bilhões para 2017.
O governo em sua insistência fiscal contracionista dificulta a retomada da economia e comprime a arrecadação fiscal, estabelecendo um ciclo vicioso.
O aumento dos impostos em um momento de significativa recessão da economia apenas retroalimenta essa dinâmica perniciosa.
Desemprego em alta, compressão da renda do trabalhador, forte endividamento das famílias e empresas marcam essa dinâmica.
Nesse ambiente já extremamente adverso a retomada da economia, um relaxamento fiscal deveria se fazer presente, tendo em vista o atual nível da recessão.
O Banco Central deveria acelerar a redução da Selic, junto com outras ações anticíclicas, como uma maior participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e demais bancos públicos, assim como um programa de investimentos em infraestrutura muito mais ambicioso.
Isto é, o investimento público deveria ser complementar ao privado. Medidas assim ensejariam um maior dinamismo na economia e ajudariam a repor as receitas fiscais solapadas com a perda da atividade econômica. (Igor Rocha, economista/Fundação Perseu Abramo)
Chilenos querem desprivatizar a Previdência Social
апреля 3, 2017 15:39Em 1981, em plena ditadura militar no Chile, o governo Pinochet, por orientação dos monetaristas norte-americanos que o assessoravam, privatizou a Previdência Social. O sistema existente era parecido com o brasileiro, baseado na repartição e sustentado pelas contribuições de trabalhadores e empregadores, administrado pelo Estado.
Quem preferisse, poderia permanecer no sistema existente, como a maioria dos contribuintes fez, mas os recém-ingressados no mercado de trabalho foram obrigados a aceitar o novo sistema privado. Ele era composto por fundos individuais reunidos em diferentes “Administradoras de Fondos de Pensiones” (AFPs), aos quais os trabalhadores aderiam e contribuíam com 10% de seus salários.
Os “Fondos” aplicavam essas contribuições de acordo com as escolhas dos trabalhadores por investimentos de maior ou de menor risco. Quando cumprissem 65 anos, homens, e 60 anos, mulheres, poderiam começar a receber suas aposentadorias mensalmente, de acordo com o resultado das aplicações dos fundos individuais. A propaganda governamental a favor dos “Fondos” era forte e afirmava que os trabalhadores estavam se tornando sócios das empresas por meio dos investimentos em ações.
O movimento sindical chileno, na medida em que readquiria presença política no país, denunciava a falácia e os riscos do sistema, mas poucos lhe davam atenção, pois os que aderiram às AFPs, em 1981, somente agora começaram a receber suas aposentadorias e verificar na prática o mau negócio que fizeram.
Em primeiro lugar, o montante de cada fundo individual depende do sucesso dos investimentos que muitas vezes foram de baixo retorno e algumas AFPs chegaram a falir. Segundo, o que cada um receberá por mês, depende também da expectativa de vida que os “Fondos” lhe atribuem e que buscam esticar ao máximo para não correr o risco de os recursos serem todos pagos antes do falecimento do aposentado. Para isso, argumentam que “não há problemas”, pois, o saldo dos fundos individuais gera heranças para esposas ou filhos dos aposentados.
A consequência do engodo é que mais de 90% dos aposentados atuais recebem menos do que meio salário mínimo chileno que é PCh 154.000,00 equivalente a aproximadamente R$ 730,00. Diante disso, os protestos vêm se avolumando. Em julho de 2016, houve uma mobilização contra o sistema de aposentadoria sob a consigna “No + AFP”, que reuniu 750 mil pessoas em todo o país. Em agosto, a mobilização cresceu e envolveu 1,3 milhão de pessoas e, por último, no dia 26 de março deste ano, somente em Santiago reuniram-se 800 mil manifestantes e 2 milhões em todo o país.
O “No + AFP” se deve à proposta do governo de Michele Bachelet de criar uma AFP estatal para incluir os trabalhadores que não tem acesso aos “Fondos” privados e dar garantias contra maus investimentos e falências. No entanto, o povo chileno reivindica um sistema de repartição com financiamento tripartite, como o que ainda existe no Brasil, apesar de os golpistas querer reformá-lo para reduzir o valor das aposentadorias e fazer que os trabalhadores usufruam o seu direito de se aposentar, o mais tarde possível.
O governo neoliberal de Menem, na Argentina, no início dos anos 1990, introduziu um sistema semelhante ao chileno. Posteriormente a presidenta Cristina Kirchner, diante das reivindicações dos trabalhadores, o reestatizou. Reflitamos: se o sistema privado fosse bom, nem argentinos, nem chilenos reclamariam, não é verdade? Então, por que nós, brasileiros, deveríamos aceitá-lo? (Kjeld Jakobsen, consultor em cooperação e relações internacionais/Fundação Perseu Abramo)
Reforma trabalhista provoca mais desemprego
апреля 3, 2017 15:31Artigo dos pesquisadores Dragos Adascalitei e Clemente Pignatti Morano, publicado no IZA Journal of Labor Policy, aponta que medidas de desregulamentação do mercado de trabalho aumentam a taxa de desemprego no curto prazo quando aprovadas em momento de crise.
Em momentos de estabilidade econômica, no entanto, a implementação de reformas de desregulamentação do mercado de trabalho não tem efeito estatisticamente significante na taxa de desemprego.
O artigo utiliza dados de 110 países desenvolvidos e em desenvolvimento entre 2008 e 2014 e defende que a prevalência de desemprego alto e crescente afeta positivamente a probabilidade de desregulamentar as leis trabalhistas.
Os resultados do artigo podem ajudar na compreensão das medidas propostas pelo governo Temer, na medida em que apontam que reformas trabalhistas no sentido de flexibilizar ou desregulamentar as relações de trabalho (como a terceirização), se realizadas em momento de crise econômica como a que vivemos, podem aumentar o desemprego no curto prazo, retroalimentando a depressão econômica em que o país se encontra. (Ana Luíza Matos de Oliveira, economista/Fundação Perseu Abramo)
As grandes esperanças brancas
апреля 3, 2017 11:07O Dr. Mesóclise é, sem nenhuma dúvida, o pior presidente da história do Brasil.
Bate com folga tipos como José Sarney, FHC e Collor.
Os ditadores militares são hors concours, evidentemente.
Político que viveu e cresceu nas sombras, à custa de esquemas e negociatas com pessoas da mesma dimensão, um "vice decorativo", como bem se definiu, o Dr. Mesóclise quando teve de se expor à luz do sol, simplesmente derreteu.
O fato de ter se cercado dos mais repulsivos representantes da classe política já seria um sinal mais que evidente de sua personalidade e caráter.
Mas ele foi muito além, ao propor - e pôr em execução - medidas radicalmente contrárias às da chapa que compôs e que venceu as eleições em 2014, numa demonstração de que, desde sempre, atuou como um cavalo de Troia, um infiltrado nas hostes do "inimigo" - um traidor, enfim.
Certo que o Dr. Mesóclise não age, no desmanche que promove no mínimo Estado de Bem-Estar Social montado pelos trabalhistas, sozinho, por inspiração e desejo próprios.
É apenas um pau-mandado da oligarquia nacional, essa que não suporta ver a diminuição das desigualdades sociais que fazem do país um imenso Haiti.
Mas como tudo, mais dia, menos dia, o Dr. Mesóclise desaparecerá, será substituído, muito provavelmente por outro fantoche dos endinheirados - o golpe que o colocou no comando do Executivo, afinal, também foi promovido para barrar qualquer pretensão do campo progressista de voltar ao Palácio do Planalto.
As opções que tem a Casa Grande não são, porém, muitas, ao contrário dos balões de ensaio que semanalmente aparecem nos jornalões.
Luciano Huck, francamente...
De todos, um dos mais seriamente considerados é o novo prefeito paulistano, portador de várias "qualidades" apreciadas pelos oligarcas nacionais.
Pode-se mesmo dizer que ele faz parte da turma.
O seu maior problema, no entanto, é justamente o mesmo do Dr. Mesóclise, ou seja, uma fraqueza intelectual de dar dó, que tem sido, por enquanto, mascarada por uma agressiva estratégia de marketing.
Todo embuste tem prazo de validade.
É bem provável que a máscara do engomadinho caia bem antes de a campanha eleitoral de 2018 começar - se é que haverá eleição nesse ano. (Carlos Motta)
O barbeiro e a Fundação Getulio Vargas
марта 31, 2017 9:32Segundo a Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança do Comércio (ICC) subiu 3,1 pontos entre fevereiro e março, ao passar de 82,5 para 85,6 pontos, em uma escala de zero a 200. Para a entidade, a confiança do empresário do comércio sai dos níveis “atipicamente baixos” do biênio 2015/2016 e entra em uma faixa considerada “moderadamente baixa”.
A alta do indicador foi provocada por melhoras nas avaliações dos empresários em relação ao futuro, já que o Índice de Expectativas avançou 4,1 pontos, atingindo 95,6 pontos. O quesito que mais avançou foi o otimismo com as vendas nos três meses seguintes, que subiu 5,7 pontos em relação ao mês anterior.
Já para o meu barbeiro, que sabe tudo sobre a vida de Serra Negra, os comerciantes da cidade rezam para que os turistas não os decepcionem e venham visitar a estância hidromineral nos feriados de abril.
- O movimento está muito ruim. Essa loja aí na frente [especializada em tintas] ficava o dia todo com um entra e sai de gente. Agora, olha só, não tem ninguém. Os hotéis e restaurantes, tudo vazio...
Duas versões sobre o mesmo tema.
Mas entre a FGV e o meu barbeiro, fico com ele. (Carlos Motta)