Método inovador para violão usa folclore como base
29 de Maio de 2018, 10:09Ao longo das últimas décadas, os trabalhos desenvolvidos na área da educação musical vêm se aperfeiçoando e seus métodos passaram a ter um cuidado maior ao aliar arte, técnica e conteúdo. Apesar dessas mudanças, os trabalhos voltados para a iniciação musical ainda são pouco adotados pelos profissionais, que, em sua maioria, utilizam empiricamente seus conhecimentos adaptados para o universo iniciante. Talvez pelo fato dos músicos, em geral, objetivarem o seu próprio desenvolvimento como instrumentistas e galgarem postos nos meios acadêmicos, faça com que, muitas vezes, se distanciem do ensino do instrumento para os novatos, especialmente se forem crianças. Foi pensando na importância de lhes oferecer uma educação musical ou violonística de qualidade que o violonista e educador Max Riccio lança o método “O violão entrou na roda – um guia prático para principiantes” (Editora Irmãos Vitale), visando, principalmente, a inclusão e também ao surgimento de novos bons profissionais e à ampliação de novas plateias, conhecedora dos encantos e desafios que o instrumento apresenta.
Nesse guia, Max criou arranjos coletivos para grupos de violões, baseados no folclore brasileiro e estruturados de forma lúdica, podendo ser usados em diversas situações (como aulas individuais ou em grupo), permitindo aos professores a flexibilidade de manusear os conteúdos de acordo com as suas necessidades. Baseado em anos de experiência lecionando gratuitamente no Projeto Social da Associação de Violão do Rio (AVRio) para faixas etárias mais jovens (de 8 a 13 anos), o violonista oferece, por meio desse guia, uma alternativa à literatura de iniciação ao violão do nosso país, buscando proporcionar um aprendizado seguro para o iniciante e ao mesmo tempo versátil para o professor de ensino coletivo.
Para o guia foram selecionadas canções do livro “500 Canções Brasileiras”, da renomada pesquisadora Ermelinda A. Paz, que não hesita em inserir o autor no hall dos maiores educadores musicais, autores de importantes trabalhos didáticos voltados para o ensino do violão, como Henrique Pinto, Isaías Sávio, Silvana Mariani e Turíbio Santos - todos eles autores de livros que são referência na área. Especialmente no que tange ao trabalho com o folclore e à cultura oral, pilares do livro “500 Canções Brasileiras”, um campo ao qual se somam ainda criadores como Albéniz, Camargo Guarnieri, De Falla, Dvorák, Glinka, Grieg, Granados, Itiberê, Janacek, Kodály, Rimsky-Korsakov, Sibelius, Siqueira, Smetana, Villa-Lobos e a educadores musicais como Anamaria Peixoto e Linda Kruger, Emma Garmendia, Joel Barbosa, Shinichi Suzuki e Violeta Gainza.
Segundo a pesquisadora, “Max Riccio soma em qualidade os anteriormente citados. Para mestres e aprendizes esse é um método de grande importância e que deve estar à cabeceira dos violonistas que buscam introduzir através da música de tradição oral os pequenos aprendizes do instrumento violão”.
A partir de sua própria vivência e inicialização no instrumento, o autor aprimorou-se como educador, desenvolvendo metodologias que considerassem os diferentes públicos iniciantes. Após um aprendizado autodidata, usando cifra e “tocando de ouvido”, Max experimentou a dificuldade comum aos iniciantes de corrigir os próprios “vícios” desenvolvidos nessa iniciação inconsistente. A partir de aulas com professores qualificados, deparou-se com colegas desistindo, frente às dificuldades no aprendizado. “Nunca aceitei isso, temos que criar caminhos para atingir os objetivos desejados, principalmente quando há motivação para aprender”, aponta o autor.
Após sua qualificação profissional, e tendo decidido dedicar-se ao ensino de violão, começou a observar que cada aluno ou grupo de nível inicial demonstra dificuldades e interesses específicos. Algumas crianças querem apenas fazer uma prática musical divertida. Já determinados adolescentes pretendem ser músicos profissionais, enquanto outros somente desejam tocar músicas de seus ídolos. Uma parte dos adultos buscam as experiências auditivas da sua adolescência, enquanto outros ambicionam poder exercer uma atividade profissional na música. E finalmente, alguns idosos visam exercer uma prática social através da música.
Foi pensando nesta amplitude e na importância da figura do educador nesta condução que este guia começou a se materializar. A diversidade de objetivos se amplia quando se aborda estilos ou linguagens musicais específicas que estão intimamente conectadas ao violão, como a música popular ou clássica, o flamenco ou samba, o choro e a bossa-nova. E ainda existem as variantes ligadas à situação didática, que a grosso modo podem ser simplificados para ensino coletivo ou individual. “São infinitas as combinações. Com isso, o didata é obrigado em muitas situações a trilhar diversos caminhos metodológicos, e não são raros os casos em que não consegue adequar o ensino às vontades e aspirações de determinados alunos”, ressalta o educador. “Foi pensando cuidadosamente em cada um desses pontos que arranjei as músicas da forma mais simples e progressiva possível. Entretanto, como o escopo do livro é limitado, nas suas atividades didáticas o mestre pode adaptar essa metodologia de arranjos para qualquer repertório”, afirma.
Max Riccio
Natural de Natal-RN, se formou Bacharel em Violão pela Escola de Música da UFRJ. É Mestre pela UNIRIO no programa de Mestrado Profissional (PROEMUS/UNIRIO), sob orientação de Nicolas de Souza Barros e Ermelinda Paz Zanini, desenvolvendo o livro O violão entrou na roda: um guia prático para principiantes, publicado pela Editora Irmãos Vitale. Ultimamente, no duo The Biedermeiers, que compõe junto com o csakanista e flageoletista Rubens Küffer, tem tido uma notável presença no cenário da música clássica nacional, com apresentações no programa “Partituras”, da TV Brasil, totalmente dedicado ao duo, e na programa Antena MEC FM, da Rádio MEC FM (Rio de Janeiro).
O concerto de lançamento do disco homônimo, pela A Casa Discos, teve lotação máxima no Espaço Guiomar Novaes da Sala Cecilia Meireles. O álbum foi indicado como o CD da Semana pela Rádio Cultura FM (SP) e mencionado como um dos mais originais lançamentos musicais do ano de 2016, pelo jornal O Globo. Como solista, vem se apresentando regularmente em importantes séries de concertos do Rio de Janeiro e festivais internacionais e nacionais de violão pelo país. Também, tem participado de diversos programas de rádio e TV, podendo destacar gravações de obras inéditas de Quincas Laranjeiras no programa Violões em Foco da Radio MEC FM, bem como a participação na trilha sonora de novelas da Rede Globo, como O Astro (Remake 2011) e Gabriela (Remake 2012); nestes, toca alaúde árabe.
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Luis Leite e Erika Ribeiro apresentam “Vento Sul” na Casa do Choro
28 de Maio de 2018, 13:13Nesta quarta-feira, dia 30 de maio, a Rua da Carioca, no Centro do Rio, vai receber novos ventos sonoros com a apresentação, a partir das 19 horas, na Casa do Choro, dos músicos brasileiros Luis Leite (violão) e Erika Ribeiro (piano).
Artistas de visão singular, Luis e Erika usam sensibilidade e técnica para a construção de uma intensa expressividade musical, se destacando por sua versatilidade, lirismo e refinado virtuosismo. Juntos fazem uma música viva e cosmopolita, que abraça as diferentes nuances e possibilidades expressivas de seus instrumentos.
Na Casa do Choro, o duo apresentará músicas do último álbum de Luis Leite, “Vento Sul”, com direção musical do duo. Neste que é seu terceiro álbum autoral, Luis buscou inspiração na riqueza poética da música da América do Sul, evocando o colorido plural de nossos países vizinhos, e que aqui ganha emoção particular através da interpretação em formato de duo.
Em “Vento Sul” Luis Leite une grande sofisticação na interpretação e na composição a uma fértil imaginação de referências advindas do universo da improvisação musical. Por meio dessa concepção, usa de todas as suas virtudes em prol do bonito encontro entre o erudito e o popular, o chamado third stream diluindo as fronteiras existentes entre os dois gêneros através de linguagens da música instrumental latino-americana.
O violonista e compositor Luis Leite é um dos principais violonistas brasileiros em atividade. Vencedor de vários concursos nacionais e internacionais de violão, possui intensa atuação internacional – se apresentou em mais de 20 países tocando em salas como a Wiener Musikverein e Wigmore Hall. (“Um verdadeiro virtuose do violão” – Revista Concerto, Viena).
A pianista Erika Ribeiro é considerada uma das mais proeminentes musicistas de sua geração. Vencedora de 10 concursos de piano no Brasil e premiada em mais de 20, Erika é solista convidada de várias orquestras brasileiras e colabora intensivamente como camerista junto às mais diversas formações.
Serviço
30/9 – quarta-feira - Luis Leite e Erika Ribeiro apresentam “Vento Sul” na Casa do Choro
Horário: 19 horas
Endereço: Rua da Carioca, 38 - Centro, Rio de Janeiro
Informações: (21) 2242-9947
Ingressos: R$40,00 (inteira) / R$20,00 (meia-entrada)
Classificação livre
Comprar ingressos
https://www.ticketplanet.com.br/marcas/casa-do-choro
Ouvir e adquirir o CD “Vento Sul”
www.luisleite.art.br/ventosul
E o mundo não se acabou. Será?
28 de Maio de 2018, 9:58Carlos Motta
O baiano Assis Valente, que se suicidou aos 46 anos de idade, em 1958, é autor de algumas das mais belas canções da música popular brasileira. São dele os deliciosos sambas "Camisa Listrada", "Brasil Pandeiro", "Uva de Caminhão" e "Fez Bobagem", e a marcha natalina "Boas Festas", uma obra-prima com versos capazes de amolecer o mais empedernido coração:
"Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem"
Valente compôs ainda um samba que trata de um tema perene, as profecias sobre o fim do mundo, regravado inúmeras vezes.
"E o Mundo Não se Acabou" foi lançado em 1938, há exatos 80 anos, portanto.
Continua atual, principalmente nestes dias em que as crenças de que um cataclisma não se abaterá sobre o planeta são abaladas pelo esforço que o ser humano faz para destruir a si próprio - esforço, no caso brasileiro, redobrado.
https://www.youtube.com/watch?v=5GxA4Elbx80
Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar
Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou
Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada
Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de quinhentão
Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou
O bagaço da laranja
25 de Maio de 2018, 19:04Carlos Motta
Nestes dias sem gasolina, diesel ou etanol, com os preços de tudo na estratosfera, e com as prateleiras dos supermercados cada vez mais vazias, é impossível não se lembrar da grande Jovelina Pérola Negra, cantora e compositora das melhores da riquíssima música popular brasileira, infelizmente fora do nosso convívio desde o ano de 1998.
É por causa dela que o partido alto "Bagaço da Laranja", de autoria de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, se tornou um sucesso, cantado até hoje no país todo.
Seu refrão é um retrato fiel da situação de 90% da população deste enorme país, que começa a ter a amarga experiência de viver no bagaço.
Fui no pagode
Acabou a comida
Acabou a bebida
Acabou a canja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja (BIS)
A mulher do anjo é anja
Eu falei pra você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Vou engomar meu vestido
Todo enfeitado de franjaEu falei pra você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Fui no pagode
Acabou a comida
Acabou a bebida
Acabou a canja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Eu te dou muito dinheiro
E tudo você esbanjaEu já disse à você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Olha lá seu Coronel
O soldado que é peixe, se enganjaE o que sobrô pra mim
O bagaço da laranja
Sobrô pra mim
O bagaço da laranja
Toma cuidado Pretinha
Que a polícia já te manjaEu já disse à você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranjaNão lhe dou mais um tostão
Vê se você se arranja
Eu falei prá você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Só caroço de azeitona
Que veio na minha canjaEu já disse à você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Vou vender minha fazenda
Vou vender a minha granjaEu falei pra você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Você sempre foi solteira
Um marido não arranjaEu já disse à você
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Fui no pagode
Acabou a comidaAcabou a bebida
Acabou a canja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja
Sobrou pra mim
O bagaço da laranja (BIS)
Exposição comemora centenário de Antonio Candido
24 de Maio de 2018, 10:02Para marcar o centenário de nascimento de Antonio Candido, em 24 de julho deste ano, o Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, São Paulo) promove, até o dia 12 de agosto, uma exposição em homenagem ao escritor. O crítico literário, sociólogo e professor é apresentado em primeira pessoa, abrangendo registros desde a infância, com peças inéditas de seu acervo pessoal. Além disso, até amanhã (25), um colóquio internacional debaterá a vida, obra e militância de Candido.
Para Claudiney Ferreira, gerente do Núcleos de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, o autor teve uma atividade de pesquisa extremamente importante e bem documentada, o que se confirma na exposição. “É uma pesquisa fartamente documentada. Antonio Candido sempre anotou o que ele pensava, ele sempre teve um trabalho de muito apuro, muita profundidade nas pesquisas, isso vem até de uma indicação da mãe dele, quando ele era criança, de ele anotar tudo que ele lesse”, disse. “Os documentos mais antigos que temos são dois cadernos de Antonio Candido, um em que ele anota alguns livros, ele copia trechos de alguns livros de que ele mais gostou e um outro caderno de quando ele tinha 12 anos em que ele faz uma tese sobre o pronome se, então é um acervo que pega praticamente quase 90 anos da vida dele”, acrescentou.
O público terá acesso às anotações, cadernos de estudos, textos revisados mesmo depois de publicados, estudos para importantes obras como Formação da Literatura Brasileira e Parceiros do Rio Bonito, além de objetos, vídeos, documentação do acervo pessoal e fotos com seus irmãos, Roberto e Miguel, e os pais Clarisse e Aristides, imagens do ambiente que fez parte de sua infância, as cidades de Poços de Caldas e Santa Rita de Cássia (MG), com alguns registros feitos pelo próprio Candido. Há referências também ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi professor; ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores (PT), o qual ajudou a fundar.
A mostra é traçada a partir do caminho percorrido por Antonio Candido, cujo trabalho entende o estudo e a criação como atos libertadores, para marcar posições político-sociais. O processo criativo do autor será exibido de modo a permitir que o visitante acompanhe como ele planejava seus trabalhos, como retornava, corrigia, reelaborava raciocínios.
“A exposição mostra o Antonio Candido militante, ele desde jovem, por influência do Paulo Emílio Sales Gomes, teve um pensamento político, escreveu sobre isso; mostra o Antonio Candido educador, principalmente através dessa ideia da formação de gerações futuras; tem o Antonio Candido intelectual que reflete sobre o Brasil e mais especificamente sobre a literatura brasileira”, diz Ferreira.
O público poderá ter acesso ainda à documentação sobre Os Parceiros do Rio Bonito – resultado da tese de doutorado defendida por ele na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1954, transformada em livro 10 anos mais tarde – e Formação da Literatura Brasileira, escrita entre 1945 e 1951.