Gehe zum Inhalt
oder

Thin logo

castorphoto

Dr. Cláudio Almeida

 Zurück zu Blog Castorphoto
Full screen

A “ECOFESTA” de Florianópolis -SC

October 9, 2012 21:00 , von Castor Filho - 0no comments yet | No one following this article yet.
Viewed 124 times

Raul Longo

 

Quem não viveu os anos 60/70 não tem noção de quanto a então afamada esquerda festiva colaborou com a repressão.

 

Evidente que mesmo sem os festivos a repressão se exerceria, pois como na época confirmou Moura Cavalcanti, o interventor da ditadura militar em Pernambuco, para um programa de TV: “Claro que sou repressor! Afinal eu sou o governador!”. Mas o recrudescimento da repressão ao movimento estudantil se estendendo ao movimento operário teve por respaldo e desculpa a ação da também chamada esquerda “oba-oba”.

 

No DOPS eram conhecidos como “2 Tapas”, apelido aclarado pela explicação: “Um para falar, outro para calar a boca!” E entre um e outro tapa a esquerda festiva prejudicou a vida de muita gente que até sem a vida ficou.

 

Depois de obrigados a oferecerem ambas as faces, ressabiados se escondiam por uns tempos na casa de praia, alguma fazenda, ou iam dar um passeio na Europa. Mais tarde voltavam e enquanto se sucediam os desaparecimentos e torturas, prosseguia a festa pelos bares, centros acadêmicos, sala de espera de cinemas de arte, escadarias de bibliotecas e outros daqueles pontos de encontro da esquerda festiva, tão manjados que os agentes só os visitavam quando necessário unir os pontos de uma história inacabada por alguém que não resistiu à cadeira do dragão ou ao pau-de-arara e, por real engajamento na luta contra a repressão do regime, era dado como desaparecido ou suicidado.

 

Entre os da festa alguns ficaram bem famosos, como ocorreu com o porteiro do cativeiro do embaixador sequestrado dos Estados Unidos. Fernando Gabeira, segundo depoimento dos sobreviventes daquela ação no documentário “Hércules 56” de Silvio Darin, nem fazia ideia de a quem guardava, mas quando todos caíram acabou indo parar na Europa. Na bagagem da anistia retornou com novas bandeiras, entre elas a da ecologia.

 

Publicou livros, virou herói e Celso Furtado se pronunciou sobre eles todos em Paris:

 

Se tivesse de, em poucas linhas, traçar o retrato típico do intelectual nos nossos países subdesenvolvidos, diria que ele reúne em si noventa por centro de malabarista e dez por cento de santo. Assim, a probabilidade de que se corrompa, quando já não nasce sem caráter, é de nove em dez. Se escapa à regra será implacavelmente perseguido e, por isso mesmo, uma reviravolta inesperada dos acontecimentos poderá transformá-lo em herói nacional. Se persiste em não se corromper, daí para a fogueira a distancia é infinitesimal. De resto, por maior que seja a sua arrogância, nunca entenderá o que lhe terá acontecido.

 

Mas o que importa mesmo é que a festa continua e o realce à frase do eminente economista paraibano, aqui mantido, foi originalmente utilizado por um dos que em Florianópolis encarnam esse espírito e com seus companheiros se sente recompensado por um segundo turno eleitoral a ser disputado entre ARENA 1 e a ARENA 2.

 

No município a ARENA 2 é revivida por Dário Berger (atual PMDB, ex-PSDB e PFL) que vem se esforçando para evitar a ingerência popular no Plano Diretor, o que possibilitará a aprovação de construção de edifícios na orla marítima da Ilha de Santa Catarina, hoje limitados a 2 andares.

 

Berger postula à sucessão de seu 4º mandato consecutivo (2 como prefeito da vizinha São José e 2 na capital) a Gean Loureiro que superou Ângela Albino da coligação PCdoB/PT em alguns décimos de votos.

 

La “isquierda pero no mucho”, também autoconsiderada como militância ecológica, em verdade apoiou mesmo foi ao candidato do Bornhausen da ARENA 1 tradicional e seu nova versão PSD (ex-DEM, ex-PFL, ex-ARENA e ex-UDN) que, postulando a manutenção do coronelato através do afilhado César Souza Jr., conseguiu levar o neófito para segundo turno com pouco mais de 1% de diferença à frente de Loureiro.

 

Bornhausen dispensa apresentação, mas para melhor se dimensionar o porre ou a ressaca da ecofesta que alia inimigos figadais do ano retrasado, é preciso lembrar que o último capataz do feudo catarinense foi o agora Senador Luís Henrique, encalacrado até o pescoço na Operação Moeda Verde que, entre outros enormes crimes ambientais, investigou inclusive as autorizações às invasões dos principais mangues da Ilha de Santa Catarina por grandes empreendedores nacionais e estrangeiros.

 

O desfecho da ecofesta se dará após a definição da votação de segundo turno e até lá não se sabe se o César Souza será capaz de promover o efeito Engov ou será superado pelo provável efeito do voto ao “menos pior”.

 

No segundo caso a ressaca moral será daquelas, pois muitos dos convivas já vieram embriagados das festinhas dos anos 70/80. Tanto que não só destacam a “homenagem” dirigida por Celso Furtado como, menos discretos do que a velha esquerda festiva, comemoram esse lamentável resultado de primeiro turno das eleições de Florianópolis congratulando-se com frases sintomáticas como: “Ecos em 'estado de graça'”.

 

Nem foi preciso nenhuma tapa, pois maior evidência é impossível! E desnecessária.

Texto enviado pelo autor


Tags zu diesem Artikel: eleições em florianópolis raul longo ecologia

0no comments yet

    Einen Kommentar schreiben

    The highlighted fields are mandatory.

    Wenn Sie ein registrierter Nutzer sind, dann können Sie sich anmelden und automatisch unter Ihrem Namen arbeiten.