Coluna Econômica - 30/10/2012
Eleito prefeito de São Paulo, o economista, cientista social e filósofo Fernando Haddad terá pela frente um dos maiores desafios da gestão pública mundial: como humanizar uma grande metrópole, no caso, uma das maiores e mais desiguais do planeta.
É tarefa ciclópica que exigirá não apenas determinação política mas, também, diganósticos precisos.
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Tome-se o caso do ex-prefeito José Serra. Foi um belo Ministro da Saúde porque encontrou prontos, no MInistério, diagnósticos, conceitos e planos de ações, esperando apenas o empurrão. E atuou politicamente com coragem e determinação.
Na Prefeitura, sem dispor dessa visão completa que havia na Saúde, e aparentemente abrindo mão de qualquer esforço de aprendizado, Serra nada fez. Foi incapaz de pensar diagnósticos, não atraiu pensadores, gestores e, de olho nas campanhas futuras, flexibilizou o sistema de licenciamento de construção em níveis anteriormente só vistos na gestão Paulo Maluf,.
Entrou prefeito e, depois, deixou a Prefeitura, sem entender pontos básicos de administração de metrópoles. A ponto de , tempos atrás, em um evento em São Paulo - presente um economista norte-americano especialista em economia das cidades - criticar os ônibus por "atravancarem" o trânsito.
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Haddad entra com outro pique. Com uma formação mais vasta que Serra, já na montagem do seu plano de governo conseguiu trazer de volta para o PT grupos intelectuais que haviam debandado em função do escândalo do "mensalão". E também toda uma geração de urbanistas que desiludiu-se com a prefeitura depois que ela subordinou as principais decisões urbanísticas aos interesses da indústria imobiliária.
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Haddad assume com a intenção de retomar as rédeas do plano diretor, mas sabendo que a construção civil é um aliado imprescindível para a melhoria da cidade - desde que a prefeitura defina claramente as prioridades. O descontrole imobiliário, atendendo a temas imediatistas, no final do processo acaba sendo ruim para todos, inclusive para o setor imobiliário.
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Um dos pontos centrais da reforma urbana será o de aproximar os moradores do emprego. Haddad já apontou a política fiscal como indutora para levar mais empresas para as regiões pobres da cidade.
Há outros temas mais complexos, especialmente o da segregação de moradias, que faz com que toda a cadeia produtiva das classes de maior poder aquisitivo - empregados domésticos, prestadores de serviços, empregados de comércio - morem a quilômetros de distância do local de serviço.
Há um enorme espaço de reurbanização em zonas de interesse social nas quais se deverá experimentar a convivência de moradias caras com moradias populares.
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Mas o ponto central de uma administração moderna - enfatizada por Haddad em seu discurso inicial - será promover o diálogo com todas as formas de organização que habitam o microcosmo riquíssimo da metrópole.
Tomem-se as Organizações Sociais (OSs) de saúde. Úteis, sim. Mas, a exemplo do PAS de Paulo Maluf, anunciou-se mas não se implementou a perna principal: dar força aos conselhos de saúde, capazes de fiscalizar não apenas a qualidade dos serviços como os gastos de cada unidade.
A promoção dessa diálogo amplo - com intelectuais, especialistas, organizações populares e empresariais - poderá ser o ponto de partida para o reencontro da metrópole com seus moradores.
Governo Central tem pior resultado mensal desde 2009
O Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) fechou o mês de setembro com um superávit fiscal de R$ 1,256 bilhão, o pior resultado para o período desde setembro de 2009, e 76,8% abaixo do visto em 2011, segundo o Tesouro Nacional. O resultado só não ficou negativo porque algumas estatais pagaram R$ 3,602 bilhões em dividendos ao Tesouro Nacional. O esforço fiscal registrado no ano chega a 27,3% a menos do que os R$ 75,291 bilhões economizados no mesmo período de 2011.
Confiança industrial avança no mês
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas avançou 1% entre setembro e outubro ao passar de 105 para 106 pontos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O indicador apresentou nível superior ao da média histórica recente, e atingiu seu maior resultado desde junho de 2011. No período, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 1,7% para 106,8 pontos, o maior patamar desde julho de 2011. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,3% em outubro, para 105,2 pontos.
Perspectiva de atividade sobe 0,3% em agosto
A perspectiva de atividade econômica em agosto subiu 0,3% frente ao mês imediatamente anterior, atingindo o total de 100,3 pontos, segundo a consultoria Serasa Experian. Esta foi a maior alta mensal desde março de 2010, e reforça a perspectiva de que a economia brasileira, que iniciou um processo de reativação do seu crescimento a partir do terceiro trimestre de 2012, irá ganhar velocidade, e abrir o ano de 2013 numa trajetória mais acelerada de expansão.
Produção de petróleo e gás cai 3,7% em setembro
A produção de petróleo e gás natural dos poços da Petrobras no Brasil e no exterior somou 2,47 milhões barris por dia no mês de setembro, segundo a Petrobras. Na semana passada, a empresa confirmou que entre janeiro e setembro, foram produzidos, em média, 2,5 milhões de barris por dia, valor 1% menor ante 2011. Em setembro, a produção média diminuiu 3,7% ante agosto. A produção fora do país aumentou 4,8% na comparação com agosto, e chegou a 249 mil barris de petróleo e gás natural por dia.
BC terá mais tempo no caso Cruzeiro do Sul
O Banco Central (BC) prorrogou por 120 dias o prazo para a conclusão do inquérito instaurado no Banco Cruzeiro do Sul e empresas do grupo. A informação foi publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União. O banco designou o servidor Paulo Cesar Fernandes da Silva para ser o relator do inquérito. Em 14 de setembro, o BC determinou a liquidação extrajudicial do banco após processo de intervenção, e determinou o afastamento da família Índio da Costa do controle do banco.
FOCUS: IPCA mantém ritmo de alta
Os analistas do mercado financeiro voltaram a elevar os dados para a taxa oficial de inflação neste ano, segundo o relatório Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central. Os dados para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao fim deste ano foram ampliados pela décima sexta semana consecutiva, de 5,44% para 5,45%. Na avaliação mensal, os dados para outubro subiram de 0,55% para 0,56%, e is s números para 2013 desaceleraram de 5,42% para 5,40%.
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