Coluna Econômica - 20/9/2013
Toda decisão econômica ou política tem prós e contra. E deve ser analisado pelo que se propõe.
Digo isso a propósito das críticas ao chamado conteúdo nacional nas plataformas marítimas e na exploração do pré-sal, especialmente à luz do leilão dos campos de Libra.
Há um dado negativo: até se completar a curva de aprendizado, o custo das plataformas será levemente maior, já que existem parâmetros máximos de preço para a substituição do importado pelo nacional.
Há um positivo: o fortalecimento das empresas, do emprego e da tecnologia nacional.
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Todas as grandes potencias modernas – da Inglaterra do século 18 à China do século 21 – se formaram trilhando o caminho da industrialização, através de estratégias utilizando o poder de compra do Estado, ou do mercado interno, para atrair tecnologia ganhar autonomia tecnológica e consolidar a estrutura industrial do país.
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Mais importante que isso, foi a maneira como foi moldada a política industrial em torno da exploração do petróleo.
Em 1997 a ANP (Agência Nacional de Petróleo) fez um estudo sobre experiências internacionais, visando estruturar instituições com foco no desenvolvimento da cadeia local.
Espelhada nas organizações europeias, do estudo nasceu a ONIP (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) juntando setor público (Ministério do Desenvolvimento, ANP, Finep) e setor privado (Firjan, federações de indústria etc).
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Em 2003, em articulação com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) foi criado o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) visando adensar o contato com os governos estaduais, através dos fóruns regionais.
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Há um bom histórico de empresas de médio porte que se tornaram “epecistas” (montadoras), atuando na engeharia, no fornecimento de bens e serviços e na construção.
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Em 2012, amadureceram projetos de arranjos produtivos locais desenvolvidos em parceria com o sistema Sebrae.
O modelo de suprimento é obrigatoriamente descentralizado e, em um país continente, aparecem novos empreendimentos em áreas historicamente sem estrutura, como é o caso das refinarias do Nordestes, a refinaria de produtos de alta qualidade no Ceará e no Maranhão. O desafio consiste em criar a inteligência de suprimento para dar sustentação a esses empreendimentos.
Em Suape, há um estaleiro com grau tecnológico 4 (no mundo, o rating é de 1 a 5), Atlantico Sul, com vocação para chegar a 5. Na Bahia, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu. No Rio, o Comperje, a 40 quilômetros da cidade. No Rio Grande do Sul, dois estaleiros no meio do nada. Em Ipatinga, Minas Gerais, um polo metal-mecânico candidato a ser base de indústria de transformação.
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O desafio do Sebrae foi montar APLs (Arranjos Produtivos Locais) de médias empresas. No prazo de um ano – dezembro de 2012 a dezembro próximo – irá colocar no entorno desses empreendimentos 6 empresas âncora de médio porte para serviços industriais – mecânica, caldeiraria, eletricidade, controle, mecânica e serviços auxiliares.
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Essa será a maior herança deixada pelas reservas de petróleo: a montagem de uma estrutura industrial que forme fornecedores globais e garanta emprego e desenvolvimento.
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