Petrobrás
O que faz uma estatal na crise
A Petrobrás elevou em US$ 12 bilhões de dólares seu programa de investimentos para o período 2012/2016 em comparação com o planejado anteriormente (2011/2015). No total, a empresa brasileira investirá nesse quadriênio US$ 236,5 bilhões de dólares, a contrapelo da retração econômica mundial. Trata-se do maior plano de investimentos do mundo ancorado em uma única companhia, envolvendo uma massa de recursos bem maior do que os EUA gastaram para enviar o homem à lua.
O nome disso é política contracíclica. Desse total, quase US$ 142 bilhões (60%) serão destinados à exploração e produção, o que significa uma fabulosa injeção de demanda por máquinas, serviços e equipamentos da cadeia petrolífera, que já representa 12% do PIB nacional. A confraria dos acionistas reagiu mal. Ações da empresa caíram na Bolsa. O 'mercado' preferia que a estatal brasileira investisse menos e bombeasse mais óleo para o exterior de modo a regar os bolsos dos acionistas com dividendos mais suculentos.
O ideal dessa confraria era a administração garimpeira do tucano Roger Agnelli, na Vale, baseada num tripé devastador: embarques crescentes de minério bruto ao exterior; dividendos polpudos aos acionistas e um legado de crateras às futuras gerações.
O que a Petrobrás anunciou nesta 5ª feira afronta essa lógica. Um dado resume todos os demais: só as encomendas previstas de 65 sondas de exploração em águas profundas --com progressivo índice de nacionalização-- equivale a quase dobrar a frota mundial desse equipamento, formada de 70 unidades hoje. Em meados de fevereiro, a Petrobrás aprovou a encomenda de 26 sondas de perfuração para o pré-sal. É apenas um aperitivo do impulso industrializante embutido no ciclo de exploração das maiores reservas do planeta descobertas nos últimos 30 anos.
Por que a Petrobrás é capaz de fazer, enquanto outras instancias do governo patinam? Um caso é o do setor de transporte. Levantamentos do Ipea mostram que, dos R$ 13,661 bi destinados a construir rodovias em 2012, apenas R$ 2,543 bilhões (18,6%) foram gastos até maio. Pior: somente 7% desse desembolso - R$ 197,4 milhões - diz respeito a despesas do orçamento deste ano. Os demais 93% são restos a pagar.A diferença entre essa contabilidade imobilizante e a Petrobras é que a estatal preservou sua capacidade de planejamento, manteve quadros de alto nível de engenharia e aprimorou sua capacidade de gestão. Ou seja, fez tudo o que foi esfarelado no interior do Estado brasileiro nas últimas décadas, para abrir espaço à autossuficiencia dos mercados. O resultado é a brutal dificuldade enfrentada pelo país para destravar investiments em infra-estrutura. Os ditos 'mercados' não fazem; o Estado foi programado para não fazer.
Para quem acha que destacar a singlaridade da estatal brasileira afronta o espírito da 'Rio+20' é importante lembrar: graças à Petrobrás a soberania no pré-sal é efetiva; por ser efetiva, em vez da exploração predatória dessa riqueza pelos 'mercados', o país pode ncorporá-la a uma estratégia de futuro, que inclui a instalação de um Parque Tecnológico de ponta na Ilha do Fundão, no Rio -- justamente para pensar os desafios da energia e do meio ambiente no século XXI.
Postado por Saul Leblon
CEMIG
A estatal CEMIG. governada pelos tucanos há décadas, tem apenas 23,3% do seu capital sob controle do governo do Estado de Minas Gerais e 76,6% privatizado (deste 46% capitais estrangeiros). Veja abaixo artigo dos trabalhadores da empresa.
CEMIG – Uma empresa pública a serviço do capital financeiro
*Marcos Túlio Silva
A Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG está prestes a completar 60 anos e depois de servir como indutora do desenvolvimento econômico e social no Estado, nos últimos anos, precisamente nos 09 anos de governo tucano, a empresa redefiniu seu planejamento estratégico. Atualmente, a companhia de energia tem como objetivo principal garantir o retorno financeiro para seus acionistas. Conseqüência disso é a distribuição de cerca de 80% na forma de dividendos, enfim, a maior parte do lucro que a empresa aufere anualmente é repassada para os aplicadores, investidores, acionistas, minoritários ou não. Dinheiro do povo mineiro que deveria ser aplicado em melhor atendimento para população que é detentora da empresa.
O Governo do Estado irá pagar a dívida que tem com a empresa, que gira em torno de 5 bilhões de reais, à vista, cujo valor chegaria a 3 bilhões de reais. Desse dinheiro recebido, 17% a Cemig já anunciou o repasse extraordinário de 800 milhões de reais para os acionistas. Esse ano já são 1,8 bilhões de reais e no ano passado, 2 bilhões de reais. Quase 4 bilhões de reais distribuídos para os acionistas. O restante do recebimento da dívida, a empresa anuncia que irá às compras de outras empresas do setor. Nada de concurso público ou valorização dos trabalhadores e trabalhadoras.
Os empregados da Cemig também penam com a lógica de uma gestão voltada para o lucro acima de tudo, para manter o moto-contínuo do capital especulativo. Já fomos 19.000 empregados da maior empresa “pública” de Minas Gerais, hoje o quadro de empregados é de pouco mais de 8.000. A empresa retirou direitos históricos da categoria como o anuênio e o 14º salário, também chamado de Maria Rosa. Reduziu o quadro de dirigentes sindicais com estabilidade e no ano passado, retirou a cláusula de nosso Acordo Coletivo que limitava o poder de demissão da empresa. Além do mais, ela mais que dobrou o quadro de trabalhadores terceirizados que já são perto de 17.000, trazendo como conseqüência um quadro de precarização inédita na história da empresa, com elevados índices de acidentes fatais. Só esse ano são 07 e todos com os companheiros terceirizados e perfazendo o triste quadro de um acidente fatal a cada 45 dias. Um dos índices de acidentes fatais mais altos do Brasil.
Além da precarização nas relações de trabalho com a intensificação da terceirização, há uma precariedade absurda no atendimento à população. A frase que mais escuto pelas ruas é, “choveu, vai cair a luz.” Isso não é uma pesquisa de campo empírica, mas constatação. Basta observar os índices que medem a qualidade do serviço prestado pela Cemig na ANEEL, infelizmente, demonstram o quanto a população tem sido penalizada pelo serviço prestado pela empresa.
E os acidentes com a população? Esse ano aconteceu o triste acidente de Bandeira do Sul onde 16 pessoas morreram após a queda de um cabo de energia sobre elas. Bueiros estouraram no centro de Belo Horizonte e um motociclista ao passar com a moto sobre o cabo energizado no chão também faleceu. E a conta de energia? O Estado de Minas Gerais cobra o ICMS sobre a conta de energia elétrica mais caro do país. Enquanto que aqui em Minas se cobra 32% sobre a tarifa, estados como o Distrito Federal e São Paulo cobram 17%. Ou seja, alimentamos a roda da fortuna dos investidores com tarifa de energia alta, precariedade no atendimento a população e redução dos custos com a folha de pagamento.
Mas essa denúncia já fazemos há anos. A novidade nesse ano é que a CEMIG quer premiar seus empregados de salários mais altos como gerentes e superintendentes, com uma bolada na distribuição da PLR. Um superintendente da empresa, com a proposta de remuneração diferenciada feita pela empresa aos sindicatos que negociam com a mesma, irá receber uma bonificação de quase 200.000,00 enquanto, um trabalhador de salário menor receberia em torno de 10.000,00. Por essas e outras é que a Cemig tenta por anos a fio, ser classsificada entre as 500 melhores empresas para se trabalhar e não consegue. O pior disso tudo é que a Cemig para justificar essa absurda diferença entre o menor salário e o maior, parte da teoria de qual atividade agrega valor para empresa ou qual atividade tem mais talento que outra. Sempre lutamos pela distribuição da participação nos lucros de forma linear.
Na proposta apresentada também, não oferece nada de aumento real, na contramão de diversas categoria que conquistaram aumento real. Mas a principal bandeira dos eletricitários e eletricitárias é a contratação de novos empregados para empresa. A nossa reivindicação é a abertura de concurso público para 2.000 trabalhadores em 2012 e 2013, sendo 50% de eletricistas, para tentar diminuir os malefícios da terceirização desenfreada na companhia.
Mas a categoria eletricitária é de uma história de lutas, resistências, mobilizações incontestáveis. Já passamos por momentos grandiosos na história dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, como as grandes greves da década de 80, a greve de fome de 95, a luta contra a privatização da empresa nos anos 90 do século passado. A nossa luta atual é por emprego decente, por melhoria na prestação de serviço à população, enfim, para que a CEMIG retome seu importante papel de empresa pública, promotora do desenvolvimento, defensora da vida.
*Coordenador Regional do Sindieletro no Vale do Aço
Posted by Blog do Trabalhador Mineiro
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