Em um primeiro momento, as redes sociais surgiram e deram coragem para as pessoas falarem o que não falariam sozinhas em um quarto escuro. A proteção do anonimato ou do semi-anonimato, a comodidade de estar proferindo depautérios do conforto do la - de pijama e pantufa - tudo isso agiu como um facilitador para que os dementes pudessem despejar toda sua fúria obtusa, diariamente, na internet.
A internet, sobretudo as mídias sociais da internet, encorajaram a psicose coletiva. E deram fôlego a uma criança medonha, que cresce a olhos vistos. Portanto, a coisa ainda fica pior.
Há um passo seguinte, um desdobramento perigoso, naturalmente consequente do estado anterior, pois eles se acostumaram a falar, a vociferar, a praguejar, a falar muita merda; se sentiram seguros, pois quanto mais imbecilidades, mais imbecis os aplaudiam e realmente não dava nada.
Então, a segunda estapa está acontecendo: um daqueles que só ameaçava no facebook, agora interpela uma deputada no shopping dizendo que a sua hora vai chegar; outro, não se contentando mais em aplaudir Olavo de Carvalho no twitter e replicar suas asneiras, se imiscui em meio à comitiva presidencial e xinga a presidenta; outros, entediados em somente postar fotos enrolados na bandeira do Brasil, se sentem confortáveis em dar discurso em restaurante ao perceber a presença de ex-ministro da Fazenda; e outros ainda, cansados de apenas criarem e gerenciarem páginas que denunciam o estado comunista implantado pelo Foro de São Paulo no Brasil, colocam as garrinhas de fora e humilham (registrando tudo no smartphone) haitianos que vêm para o país em busca de trabalho.
E aí, qual será o próximo passo?
São tempos terríveis.