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Blog do Freitas

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Finalmente Chatô

2 de Dezembro de 2015, 14:01, por Eduardo Freitas

“Chatô - O Rei do Brasi” é um filme que tem a história de sua produção quase tão interessante quanto a história contada na tela.

Foram diversas polêmicas - envolvendo desde denúncias de mau uso de dinheiro público, passando por condenações judiciais e até mesmo a participação do renomado cineasta Francis Ford Coppola - que rechearam as duas décadas de produção da película - iniciada em 1995 pelo diretor Guilherme Fontes - concluída e lançada nos cinemas no último dia 19 de novembro.

No entanto, a espera valeu a pena.

O temor, devido a todos os problemas pelo qual o filme passou, era de que a obra seria uma espécie de colcha de retalhos, sem nexo e cheia de remendos. Felizmente o filme surpreende positivamente. Sobretudo aos interessados na figura do grande magnata do jornalismo brasileiro da primeira metade do século 20, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, o Chatô.

Guilherme Fontes se revela um grande diretor, que espero não demore mais duas décadas para fazer outro filme. Apesar de que Chatô já se candidata a ser sua obra-prima.

Já o ator Marco Ricca talvez tenha realizado uma das maiores interpretações da história do cinema brasileiro. Bem como Andréa Beltrão, que também atua vigorosamente. Não posso esquecer do Getúlio hipercaricato de Paulo Betti. Deliciosamente bizarro.

Por fim, como pano de fundo, vemos a história do Brasil da Era Vargas e suas relações com a grande imprensa - devedora de sua "modernização" naquele período à verve do canalha-mor Assis Chateaubriand - esteticamente embalada numa farsa brilhante.

A história de Chatô, tortuosamente contada por Guilherme Fontes, revela a essência do Brasil: um carnaval delirante, triste e mal-ajambrado.



A longa noite de Paris

14 de Novembro de 2015, 12:38, por Eduardo Freitas

 

 

Os atentados de ontem em Paris remontam a acontecimentos ocorridos ainda durante a Guerra Fria. Com a invasão soviética ao Afeganistão em 1979 os EUA se viram obrigados a agir de alguma forma. A maneira encontrada foi prestar "apoio logístico" (armas, armas e armas, como diria Fred 04) aos mujahidins, guerrilheiros muçulmanos que resistiam ao invasor soviético.


É no seio dos mujadins que surgirá a Al-Qaeda. Esta organização, portanto uma cria dos norte-americanos, em torno de 20 anos depois será a responsável pelos atentados contra as Torres Gêmeas em NY. A criatura voltava-se contra o criador.


Este episódio deflagrou a chamada Guerra ao Terror do presidente Bush, cristalizada em um evento principal: a invasão ao Iraque. A posterior deposição de Saddam Hussein, ditador sanguinário dos iraquianos, jogaria o país em um caos onde ao invés de "apenas um ditador, passaram a existir 200 pequenos ditadores", conforme declarou um cidadão iraquiano certa vez.


Hussein, assim como Kadhaf na Líbia, foi durante um bom tempo aliado dos EUA e, da mesma forma que Kadhafi (deposto e morto em 2011 por uma coalização entre França, Estados Unidos e Reino Unido), mesmo que de forma autoritária e violenta, promovia o equilíbrio entre sunitas e xiitas, a principal divisão política entre os árabes. Em outras palavras: Hussein e Kadhafi conseguiam esmagar a maior parte dos grupos terroristas que tentavam se estruturar.


Portanto, EUA, Reino Unido e França, dentre outros países, na figura da OTAN, promoveram um forte desequilíbrio político-militar nos países do Oriente Médio, a partir de suas intervenções desastradas da Guerra ao Terror. É dessa forma, em meio ao caótico Oriente Médio pós Guerra ao Terror, que ocorre a ascensão do totalitário Estado Islâmico, provavelmente responsável pelo banho de sangue parisiense de ontem à noite.

O que vimos ontem em Paris, infelizmente, é mais um capítulo desta história, possivelmente ainda longe de acabar e que acarretará em novos e graves acontecimentos no futuro. Os atentados não surgem do nada. Eles têm origem histórica.


A história não acontece da noite pro dia, espontaneamente. Ao contrário, ela se desenrola na longa duração, não existindo espaço para simples coincidências ou maniqueísmos, havendo sim ações e reações, permanências e rupturas.


A longa noite de Paris começou há muito tempo.

 



Star Trek: Renegades: o sacrifício não honrou

18 de Setembro de 2015, 22:34, por Eduardo Freitas

A premissa de Star Trek Renegades é interessante: uma grave ameaça ao fornecimento de cristais de Dilithium à Federação expõe o que parece ser uma conspiração envolvendo seu alto comando. Até aí tudo bem, afinal é completamente verossímil o fato de que qualquer organização - mesmo aquelas da evoluída sociedade do século 24 do universo de Star Trek -  possam conter elementos que destoem do restante do grupo. Por sinal, já vimos isso em Star Trek Into Darkness, quando o militarista Almirante Marcus conspirou no sentido de provocar a guerra total contra os klingons, a despeito do caráter pacífico da Federação.

O filme, dirigido por Tim Russ (Voyager), que também volta a interpretar Tuvok, nos apresenta a formação de um grupo de “renegados”, dez anos após o retorno da nave Voyager ao quadrante beta. O objetivo do grupo será enfrentar o terrível Borrada - uma mistura de Khan, Shinzon e Nero -,líder do planeta Syphon, que vem destruindo planetas inteiros, coincidentemente grandes fornecedores de Dilithium. De mãos atadas, devido a impossibilidade de atacar diretamente Borrada em seu planeta, por conta da Primeira Diretriz, o almirante Pavel Chekov (Walter Koenig), agora com 143 anos, pede ajuda a Tuvok (Tim Russ), responsável pela Seção 31, para a organização de um grupo de mercenários que possa salvar a Federação desta ameaça.

E é justamente por aí que Star Trek Renegades começa a resvalar, jogando na lata do lixo os ideais de Gene Roddenberry presentes quando este, há quase 50 anos, criou a franquia.

Nesta produção atual, investe-se na violência e nas batalhas espaciais, em detrimento dos diálogos inspirados e inspiradores, construídos sobre a diplomacia e sobre o lema “pesquisar novas vidas, novas civilizações”, que caracterizaram Star Trek por tantos anos. Star Trek Renegades é um filme feito para uma geração que mais valoriza as imagens do que as falas; que prefere a violência gratuita aos aborrecidos ideais humanistas, que sempre nortearam Jornada nas Estrelas. É notória a opção pela ação, deixando-se a ficção científica de lado.

No entanto, estes são apenas alguns dos aspectos negativos de Star Trek Renegades.

Muitas cenas são extremamente prosaicas, revelando problemas de roteiro e de direção. A cena na qual Lexxa (Adrienne Wilkinson), após ser resgatada de uma prisão por Tuvok, retoma o controle da nave Icarus  a fim de liderar o grupo dos renegados, é patética. Ao invadir a nave, simplesmente vaporiza o capitão usurpador, senta-se em sua cadeira e diz: “Mais alguém se opõe que eu comande minha nave de novo?”. Ao que Ragnar (uma espécie de Hans Solo) responde: “Muito bom tê-la de volta!”. Tudo muito simples e sem o menor dilema em relação ao extermínio de vidas. Apesar de Lexxa afirmar que não é parecida com o seu pai (é filha de Khan Noonien Singh!), estes são os novos heróis, nem um pouco éticos, de Star Trek. Porém, há um acerto na construção da personagem Lexxa: o uso do poema vitoriano "Invictus", de William Ernest Henley, que tem a função (um pouco didática demais) de apresentar  ao público o seu perfil.

Outro problema do filme é carregar as tintas no sentimentalismo, como fica evidente nas cenas que mostram o relacionamento do Almirante Chekov e sua tataraneta. A cena na qual é descoberta uma nano-bomba implantada em sua mão, havendo a necessidade de decepá-la com um phaser, ganharia qualquer prêmio na categoria “melhor cena piegas”, devido ao abusivo uso do slow, que por sinal já havia sido usado equivocadamente em cena de Lexxa, fazendo-a parecer uma supermodel desfilando.

Mas nem tudo são horrores.

Um dos pontos positivos de Star Trek Renegades é apresentar, embora de maneira superficial, os conflitos entre as diferentes raças: bajorianos, cardassianos, betazóides e borgs desassimilados nos convidam a uma reflexão (dentro dos limites de Renegades, obviamente) sobre as relações de alteridade, sobre o convívio com o outro.

Positivamente surpreendente também, é o fato do filme possuir uma personagem LGBT, a hacker andoriana Shree, interpretada por Courtney Peldon - contudo é uma personagem muito sexualizada e, nesse sentido, ajuda a reforçar estereótipos. Igualmente interessante é a participação de diversos medalhões de Star Trek, como Walter Koenig, Tim Russ e Robert Picardo, dentre outros, além da atriz Sean Young, de Blade Runner, que, contudo, não conseguem salvar a produção.

Respeito muito toda produção relativa à Jornada nas Estrelas, sobretudo as que não se tratam de produções oficiais dos grandes estúdios. Star Trek Renegades demonstra muita boa vontade por parte dos realizadores em fazer algo bem feito. Porém, existem muitos problemas, que descaracterizam a produção como uma produção que leva o nome de Star Trek. Espero que a ideia do filme - que também é o piloto de uma nova série - não seja comprada pela CBS. Não seria nem um pouco interessante o retorno de Star Trek à televisão com uma história tão pobre.

O vilão Borrada, antes de matar seus inimigos, sempre diz "seu sacrifício o honrará". Infelizmente, com Star Trek Renegades o sacrifício não honrou o legado da franquia.



Da era das barcas à era das pontes

17 de Setembro de 2015, 11:53, por Eduardo Freitas

Através das primeiras fundações que surgem próximas à antiga ponte, a nova travessia do Guaíba começa a tomar forma. Mais uma vez, temos diante dos olhos um evento histórico, que seis décadas depois guarda semelhanças com os capítulos iniciais da longa e tortuosa história da travessia a seco do Guaíba.

A partir da década de 1940, as dificuldades geradas pela questão da travessia do Guaíba - que não apenas fazia a ligação entre duas cidades, mas sim, a ligação entre as metades sul e norte do estado, a ligação deste com o restante do Brasil e do Brasil com os países do mercosul -  se tornavam cada vez mais graves.

O substancial aumento do tráfego de veículos e passageiros naqueles anos tornava o serviço de barcas - administrado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem desde 1941 e que realizava a travessia até então - completamente obsoleto. Segundo dados do próprio DAER, no ano de 1942, pouco mas de 13 mil veículos e 63 mil passageiros fizeram a travessia, que ligava o bairro Assunção, em Porto Alegre, ao local onde atualmente funciona o Terminal Hidroviário dos catamarãs, no centro de Guaíba. Aliás, parte da estrutura que ainda existe ali foi construída naquela época. Contudo, apenas 12 anos depois, no ano de 1954, os dados se tornam surpreendentes: foram 246 mil veículos e 827 mil passageiros a atravessar o Guaíba. Um aumento de mais de 13 vezes no número de passageiros e de 18 vezes o número de veículos, revelando assim que o processo rodoviário estava a pleno vapor, com cada vez mais veículos rodando pelas estradas brasileiras, sem que houvesse estrutura adequada para este aumento de tráfego. Não precisamos de grandes exercícios de imaginação para constatarmos o verdadeiro caos que se instalara no transporte entre Guaíba e Porto Alegre.

A travessia por meio das barcas (que eram apenas duas: Francesca e 13 de maio) definitivamente não atendia mais a demanda, que era crescente. Neste período, o processo completo de travessia entre as duas cidades demorava quatro horas ou mais. A travessia a seco se impunha.

Um velho sonho, a travessia a seco do Guaíba era imaginada desde o século 19, porém discussões sérias a respeito iniciaram somente no início dos anos 1950, quando o DAER criou uma espécie de comissão da travessia, destinada a realizar os estudos necessários para a obra. Em relação aos debates técnicos existem alguns aspectos curiosos. A primeira discussão, realizada também na Assembleia Legislativa, defendia melhorias no sistema de barcas. Como um deputado comentou à época, devido ao lamentável estado das estradas gaúchas, construir a ponte seria como “vestir calças de veludo e andar descalço”. Todavia, a melhoria do serviço de barcas foi logo descartada, havendo grande interesse por parte do DAER em realizar a gigantesca obra. Um dos projetos defendia a construção de um túnel subfluvial, que ligaria à Ponta da Cadeia em Porto Alegre à Ilha da Pintada. Para o correto funcionamento do túnel, haveria a necessidade de um torre de ventilação, no meio do percurso. Porém, este projeto também foi logo descartado.

O projeto vencedor previa a utilização da própria geografia, ligando as ilhas por meio de um complexo de pontes, tendo início as obras em outubro de 1955. A solução para o Guaíba, devido à intensa navegação de petroleiros, foi a construção da ponte com um vão móvel. Projeto realizado por uma empresa alemã e construído pela Companhia Siderúrgica Nacional. Embora sem estar completamente pronta, a Travessia Régis Bittencourt foi inaugurada em 28/12/1958, pelo governador Ildo Meneghetti. Leonel Brizola, que já havia sido eleito governador dois meses antes, ao assumir tentou trocar o nome da obra para Travessia Getúlio Vargas, no entanto a alteração nunca foi homologada pelo governo federal, que realizara a obra através do DNER em parceria com o DAER.

Durante sua construção e após sua inauguração “a nova ponte dos suspiros” gerou grandes expectativas, tanto em porto-alegrenses, quanto nos guaibenses. Havia o entendimento de que a obra por si só traria desenvolvimento para a região, havendo inclusive projetos para a construção do Aeroporto Internacional de Guaíba, que faria parte de uma conurbada “cidade industrial linear Jacuí-Guaíba”. A euforia pode ser sintetizada através de expressões utilizadas pela imprensa da época, que via acontecer no Rio Grande do Sul a superação do atraso e a chegada do progresso.

Passava-se da era das barcas para a era das pontes.

 

 



Jennifer Lien: um prato cheio para a mídia sensacionalista

17 de Setembro de 2015, 11:51, por Eduardo Freitas
 
Ontem, lamentavelmente, ficamos sabendo da notícia da prisão da atriz Jennifer Lien, por atentado ao pudor. Lien, que interpretou a ocampa Kes nas três primeiras temporadas de Voyager é uma atriz norte-americana, de 41 anos, e que após sua participação em Voyager, fez alguns pequenos trabalhos, por exemplo, na série animada Men in Black, onde foi a responsável pela voz da personagem Elle. Também fez uma enfermeira no filme Rubbernicking, de 2001 e a voz de Alora, na série Battle Force: Andromeda, de 2003. 
 
De lá pra cá, no entanto, Lien tem se envolvido em vários problemas com a polícia. Já foi presa por assalto e agressão e por falta de cuidados em relação ao seu filho Jonah, nascido em 2002. As imagens que a imprensa divulgou mostram uma Lien quase irreconhecível, quando comparada à meiga Kes de Voyager. 
 
É muito triste perceber como tem sido problemática a vida pessoal de uma atriz que encantou a todos os trekkers pela sua ótima atuação, em uma personagem cativante da franquia, e que possui o carinho de uma legião de fãs. Esperamos que Lien, exercendo a carreira de nutricionista desde que abandonou o ofício de atriz, não se torne objeto da exploração desenfreada dos meios de comunicação de massa, que privilegiam as coberturas sensacionalistas em detrimento dos aspectos culturais mais elevados. 
 
Lien, com mais esta prisão, referente à exposição sexual a uma criança, infelizmente entra em uma lista interminável de atores e atrizes que, devido ao ostracismo, enveredam pelo caminho do álcool, das drogas ou do crime. Ficamos na torcida para que Lien acerte suas contas com a justiça, que se recupere desta aparente doença mental que a impede de levar uma vida normal e volte a atuar, seja em Star Trek ou não. 



Leia mais: http://star-trek-brasil.webnode.com/news/jennifer-lien-um-prato-cheio-para-a-midia-sensacionalista/



Uma missão de quase 50 anos

12 de Setembro de 2015, 17:46, por Eduardo Freitas

 
“Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em sua missão de cinco anos... para explorar novos mundos... para pesquisar novas vidas... novas civilizações... audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.”
 
Raras são as pessoas que não reconhecem estas palavras, religiosamente repetidas a cada abertura da série original de Jornada nas Estrelas (EUA, 1966). O seriado, que na semana passada completou 49 anos, arrebata até hoje corações e mentes de aficcionados pelo gênero ficção científica em todo o mundo.
 
Star Trek, ou Jornada nas Estrelas na versão brasileira, é um fenômeno cultural de quase cinco décadas que continua mais vivo do que nunca. Basta lembrarmos da verdadeira comoção que se instalou nas redes sociais em fevereiro deste ano quando faleceu o ator Leonard Nimoy, intérprete do Sr. Spock. 
 
O gesto característico do personagem, com a mão levantada e os dedos separados, formando um “V”, ao desejar “vida longa e próspera” é tão conhecido quanto à frase inicial deste texto. Aliás, este gesto tem origem na letra hebraica Shin e Nimoy, que era judeu, gostava de contar que viu, durante a infância, um rabino fazer o gesto e decidiu anos depois incorporá-lo ao seu personagem, talvez o mais querido pelos trekkers (fãs de Jornadas nas Estrelas) até hoje. 
 
A missão original da Enterprise, prevista para durar cinco anos (e que durou apenas três, devido ao cancelamento da série no ano de 1968) chegou ao século 21 e mantém seu legado em cinco séries derivadas e em doze longas metragens, com o 13º filme sendo realizado neste momento e com estreia prevista para 2016, na ocasião que a franquia comemorá seus 50 anos.  Tudo isto e mais as incontáveis produções realizadas por fãs, muitas delas com qualidade profissional e com histórias que merecem espaço no cânone das melhores já contadas por Jornada nas Estrelas.
 
E por que a razão de tanto sucesso? 
 
Os ideais humanistas de liberdade, igualdade e fraternidade impressos na série por Gene Roddenberry, criador de Jornada nas Estrelas, talvez sejam uma boa explicação. Em plena guerra fria, a Enterprise original era composta por uma tripulação multiétnica, com homens e mulheres em condições de igualdade nas posições de comando. Na década de 60 os direitos dos negros nos Estados Unidos não eram garantidos e Jornada nas Estrelas foi o primeiro programa de TV a transmitir um beijo interracial, entre o Capitão Kirk (William Shatner) e a Tenente Uhura (Nichelle Nichols). Aliás, Nichols, quando decidiu deixar o seriado, foi convencida por Martin Luther King em pessoa a prosseguir e continuar sendo uma inspiração para a juventude negra norte-americana. 
 
E funcionou, pois uma menina que assistia aquele seriado espacial e comentava com sua mãe ter visto uma atriz negra que não fazia um papel de empregada acabou, duas décadas depois, interpretando a personagem Guinan em Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. 
 
Seu nome? Whoopi Goldberg.



Star Trek Beyond: Imagens do Futuro

4 de Setembro de 2015, 13:23, por Eduardo Freitas

No século 21 - diferentemente do que aconteceu ao longo da história das comunicações e dos produtos culturais até aqui -, o fluxo de informações a que somos submetidos diariamente é gigantesco. Toda atividade humana atual é sistematicamente registrada e compartilhada com o mundo inteiro em questão de segundos: de uma manifestação por mais direitos do outro lado do planeta - passando pelo novo cabelo de uma cantora adolescente da moda -  ao sushi que você está comendo com seus amigos.

Evidentemente, este fenômeno também acontece com o processo de realização de um filme. Hoje em dia os estúdios investem somas consideráveis na divulgação de cada etapa de suas produções; seja explorando a interatividade das mídias sociais; seja por meio de campanhas criativas, que inserem o público consumidor de maneira intensa na rotina das filmagens. Ou nada disso: apenas um “espião”, munido de um smartphone, que simplesmente faz algumas fotos e as compartilha, gerando em seguida uma verdadeira avalanche de comentários e hashtags.

Com Star Trek não poderia ser diferente. Sobretudo por haver a concepção de que os filmes de Jornada nas Estrelas, a partir do reboot de JJ Abrams em 2009 (Star Trek, 2009), devem alcançar uma fatia maior do mercado, não se restringindo a produções exclusivas para os fãs de longa data.

Em 2016, ao completar 50 anos de idade, Star Trek contará com seu 13º longa metragem. Dirigido por Justin Lin (Velozes e Furiosos) e com o título de “Star Trek Beyond”, o filme tem despertado polêmicas na internet, muitas delas por conta das várias imagens “vazadas” da produção, onde aparecem atores em ação, cenários, bastidores e novos uniformes da Frota Estelar.

Quem poderia imaginar, na longínqua década de 70, durante a produção de “Star Trek: The Motion Picture” (Robert Wise, 1979), receber fotografias em tempo real dos sets de filmagem? Talvez nem o trekker mais imaginativo e confiante no avanço das tecnologias poderia fantasiar desta maneira. Um exemplo pontual a respeito do ritmo mais lento de circulação das informações há apenas algumas décadas é o primeiro piloto de Star Trek, (The Cage, 1965). Rejeitado na década de 60, foi ao ar somente em 1988, portanto, mais de 20 anos após ter sido filmado.

Quase 50 anos depois, os tempos são outros.

A primeira imagem de Star Trek Beyond surge, rapidamente, no primeiro dia de filmagens, postada pelo próprio diretor em seu perfil no twitter, em 29/06/2015. Foi apenas um close da insígnia da Frota, no braço de algum ator ou figurante, porém o suficiente para inflamar as discussões nas redes e despertar a curiosidade dos trekkers.

Muito habilmente, Justin Lin, ao mesmo tempo em que deu uma prévia do que será o uniforme da tripulação da Enterprise no terceiro filme da nova fase, revelou o título da produção. Imediatamente a hashtag #StarTrekBeyond tomou conta do twitter e permaneceu por vários dias agitando as discussões naquela rede social.

Mas este foi só o primeiro movimento de divulgação do novo filme. Em seguida, uma campanha de caridade entrou no ar (http://www.omaze.com/pt/experiences/startrek), através de diversos vídeos que apelam para a solidariedade dos fãs, que poderão ser premiados com uma participação no 13º filme da franquia. Sem dúvida, algo sem preço para aquele que vier a ganhar, comparável, guardadas as devidas proporções, com a sensação daqueles que conseguiram colocar suas fotografias fazendo a saudação vulcana no mosaico em homenagem a Leonard Nimoy organizado recentemente por William Shatner. Uma forma que os fãs tiveram de unir para a posteridade sua história pessoal com a história de Star Trek.

Em um destes vídeos referidos acima, somos apresentados a Idris Elba (Thor, Prometheus, Avengers: Age of Ultron), que faz uma entrada épica no universo de Jornada nas Estrelas, ao dançar break na ponte da Enterprise. Elba interpretará o vilão, ainda envolto em mistério, em Star Trek Beyond.

Mas voltemos às fotos. Uma nave da Federação destruída? Esta foi a grande discussão nas redes sociais no dia 15/08/2015 com a publicação de diversas imagens que, aparentemente, mostram a tela principal de uma nave (no estilo da Federação) em meio a destroços. Veja a imagem e tire suas próprias conclusões.

Alguns dias depois outras imagens apareceram na internet e causaram sensação entre os trekkers. Desta vez foram fotografias onde Chris Pine (Kirk), Anton Yeltin (Chekov) e Simon Pegg (Scotty) aparem contracenando com uma alienígena interpretada por Sofia Boutella. O grande mérito destas imagens foi revelar na íntegra o que parece ser o novo estilo de uniforme da Frota Estelar. Além disto, provocou discussões de diversas teorias sobre a natureza da espécie alienígena interpretada por Boutella. Muitas pessoas no facebook e no twitter defenderam a tese de que se trata dos Nibirans, agora  evoluídos tecnologicamente após a influência derivada da violação da Primeira Diretriz levada a cabo por Kirk em Star Trek Into Darkness (2013). Será?



Contudo, o grande campeão de postagens de fotos que revelam os bastidores das filmagens de Star Trek Beyond tem sido Zachary Quinto, que utiliza o instagram para suas publicações. O ator, que interpreta Spock, aparentemente sente muito orgulho por levar adiante o legado deste papel e, sobretudo, nutre profundo respeito e admiração pelo intérprete original, Leonard Nimoy, como já expressou em algumas declarações.

A primeira foto publicada por Quinto, seguindo o exemplo do diretor Justin Lin, também aconteceu no seu retorno ao set de filmagens e dá destaque a sobrancelha característica dos vulcanos. Como legenda desta imagem o ator chamou Nimoy de seu “querido amigo” e pediu apoio para o documentário “For the love of Spock” que está sendo realizado por Adam Nimoy, filho de Leonard.

 

Após esta primeira foto, Quinto já mostrou que tem o hábito de levar um banjo para as filmagens, dizendo ser o instrumento sua “companhia constante”; postou também uma foto no camarim, fazendo testes de perucas para o personagem, na qual existe um detalhe interessante: uma pequena fotografia de Chris Pine colada ao lado do espelho; e, a mais recente publicação: uma enigmática imagem de Spock com os dedos manchados de verde (provavelmente sangue vulcano), com a sugestiva legenda: “tudo ficará bem (provavelmente)”.


Faltando pouco menos de um ano para a estreia de Star Trek Beyond (a data oficial para o lançamento nos EUA é 08/07/2016) nos resta aguardar ansiosamente as próximas imagens que antecipam o futuro e que enchem todos os trekkers de grande expectativa: o que mais vem por aí?



Star Trek nos jornais e nas revistas brasileiras: o início de uma jornada pela imprensa

11 de Julho de 2015, 11:51, por Eduardo Freitas

 

Star Trek é um fenômeno da cultura pop que completará 50 anos em 2016. Nestas cinco décadas o amor dos fãs - autointitulados trekkers - só cresceu e o carinho pelos personagens e histórias passou de pais para filhos, de avós para netos.

É uma verdadeira paixão que move os trekkers, que colecionam e catalogam tudo que diga respeito ao universo startrequeano e muitas vezes vestem-se de maneira idêntica aos seus personagens favoritos. Além disso, existe toda uma subcultura própria, com a  produção de fans-fics, de blogs dedicados ao assunto (a atualização dos fanzines, típicos das décadas de 80 e 90), de produções cinematográficas independentes e diversas outras manifestações em homenagem às aventuras dos célebres personagens.

Depois de quatro séries derivadas da série original da década de 60, e 12 filmes - com o 13º a caminho -, a franquia cinquentona (à imagem do oitentão com pique de guri William Shatner) parece ter ainda uma vida longa e próspera pela frente.

Obviamente, por se tratar de um sucesso mundial, Star Trek (ou Jornada nas Estrelas para os íntimos) sempre foi retratada pela imprensa cultural ao longo de todo este tempo que esteve no ar, seja na cobertura das produções para a TV ou para o cinema, seja na abordagem do fenômeno cultural em si.

Desta forma, iniciei uma pesquisa, buscando reconstituir a trajetória de Jornada nas Estrelas na grande imprensa brasileira. Até o momento já obtive muito material, a princípio no jornal O Estado de S. Paulo e na revista Veja, mas ainda existe muita coisa a se garimpar nos acervos. Tenho certeza que aparecerão materiais divertidos e interessantes, como já vem acontecendo.

Neste post vocês poderão conferir o material resultante do início desta pesquisa, que ainda está em andamento. Desejo a todos uma ótima viagem pelos registros de Star Trek realizados pela nossa imprensa.

LLAP

 

 

 

 



As redes sociais chocaram o ovo da serpente

3 de Julho de 2015, 19:03, por Eduardo Freitas

Em um primeiro momento, as redes sociais surgiram e deram coragem para as pessoas falarem o que não falariam sozinhas em um quarto escuro. A proteção do anonimato ou do semi-anonimato, a comodidade de estar proferindo depautérios do conforto do la - de pijama e pantufa -  tudo isso agiu como um facilitador para que os dementes pudessem despejar toda sua fúria obtusa, diariamente, na internet.

A internet, sobretudo as mídias sociais da internet, encorajaram a psicose coletiva. E deram fôlego a uma criança medonha, que cresce a olhos vistos. Portanto, a coisa ainda fica pior.

Há um passo seguinte, um desdobramento perigoso, naturalmente consequente do estado anterior, pois eles se acostumaram a falar, a vociferar, a praguejar, a falar muita merda; se sentiram seguros, pois quanto mais imbecilidades, mais imbecis os aplaudiam e realmente não dava nada.

Então, a segunda estapa está acontecendo: um daqueles que só ameaçava no facebook, agora interpela uma deputada no shopping dizendo que a sua hora vai chegar; outro, não se contentando mais em aplaudir Olavo de Carvalho no twitter e replicar suas asneiras, se imiscui em meio à comitiva presidencial e xinga a presidenta; outros, entediados em somente postar fotos enrolados na bandeira do Brasil, se sentem confortáveis em dar discurso em restaurante ao perceber a presença de ex-ministro da Fazenda; e outros ainda, cansados de apenas criarem e gerenciarem páginas que denunciam o estado comunista implantado pelo Foro de São Paulo no Brasil, colocam as garrinhas de fora e humilham (registrando tudo no smartphone) haitianos que vêm para o país em busca de trabalho.

E aí, qual será o próximo passo?

São tempos terríveis. 



O dia que Deep Space Nine encontrou Star Trek TOS

29 de Junho de 2015, 19:48, por Eduardo Freitas

Sisko meets kirk

Deep Space Nine está longe de ser a minha favorita. Mas ela tem um episódio que considero um dos mais incríveis de todas as séries derivadas de Star Trek.

"Trials and tribble-ations" (5x06, 1996) merece todos os prêmios: roteiro, edição, atuações...

Se trata de um episódio onde os oficiais da DS9 voltam ao passado, na Enterprise comandada por Kirk, durante os eventos relatados no episódio "The trouble with tribbles" (2x13, 1967).

Para isso, o episódio se utiliza das imagens originais da década de 60, havendo a interação - muito bem realizada - dos personagens de DS9 com os de TOS.

Fascinante!

Fora as dezenas de referências nos diálogos sobre características da série.

Por exemplo, Dr. Bashir dizendo ""I'm a doctor, not an historian!", como sempre Dr. McCoy fez. Há também a engraçadíssima questão de mudança de aparência dos klingons, um dos pontos altos do episódio. Bem como o encontro entre Sisko e Kirk: dois capitães, separados por um século na ficção e três décadas na vida real, ali, frente à frente na mesma cena.

Enfim, é um daqueles episódios homenagem, antológico, e que proporciona à série rir de si mesma (por exemplo: a tiração de sarro da estética sessentista, presente nos equipamentos, nos uniformes etc. ), assim como os fãs, que riem e se emocionam.



Tags deste artigo: história política brasil