Um novo projeto Indiegogo, o Afrimakers, espera trazer um programa de computadores e criatividade para as crianças através de todo o continente Africano ao tentar um financiamento online para o desenvolvimento de 14 kits ‘Maker Box’ que serão distribuídos para sete hubs tecnológicos em sete países, junto com material de aprendizado e sessões de treinamento já para o próximo ano. Com uma mistura de Arduino, Raspberry Pi e muita diversão, a start-up Maker Box espera melhorar o futuro da África com conhecimento sobre tecnologia. Lições sobre Raspberry Pis, Arduinos, microscópios e e técnicas de soldagem para ajudar crianças a aprenderem por si mesmas o conhecimento STEM que é vital para o desenvolvimento econômico.
Todo esse esquema é criação de Stephanie Druga, uma ex-engenheira do Google nascida na Romênia e fundadora do HacKIDemia, uma rede de escolas e organizações através do globo que ensina as crianças como utilizar ferramentas de baixa-tecnologia para tornar a computação uma tarefa divertida, tudo isso através de sessões de ensino práticas.
Stefania Druga cresceu próximo ao Castelo de Drácula, e de certa forma, essa ainda não é a coisa mais legal de conhecer sobre ela. Essa Transilvânia sangue-puro também é a fundadora do Afrimakers, um projeto financiado online para trazer Arduinos, Raspberry Pis e outros aparatos hacker para escolas pobres através de toda a África, e assim criar uma geração inteira de indivíduos tecnológicos a autodidatas. A parte boa dessa história é que o financiamento via Indiegogo já possui verba suficiente para levar o Afrimakers pra dois de sete países que o projeto gostaria de visitar no próximo ano.
Cada Maker Box contém um Raspberry Pi, um controlador Arduino, um starter kit para RFID, uma estação de solda e vários sensores e demais ferramentas. Druga disse que a ideia para o HacKIDemia surgiu enquanto estudava para seu mestrado em Educação e Tecnologia da Informação no Peru. Ao visitar escolas rurais, ela percebeu que os professores sempre recebiam pedidos para ensinar computação para os estudantes sem que eles mesmo entendessem do assunto.
Mas foi apenas alguns anos depois que suas ideias começaram a tornar uma forma real. Após um curto tempo no Google, essa engenheira de 26 anos se viu trabalhando em um orfanato no Camboja. “A coisa mais bonita aconteceu” disse ela. “Eu estava ensinando as crianças mais velhas em Inglês, e ensinando elas como passar seus conhecimentos para os mais jovens que falavam apenas o Khymer (língua local) que é um idioma realmente difícil de aprender, mesmo se você for bom em idiomas”. Ela se perguntou se o conhecimento em TI poderia ser passado da mesma maneira, através de uma cadeia de aprendizes de todas as idades aprendendo e vivenciando juntos, e compartilhando seus conhecimentos com os demais em uma rede de escolas em expansão. E a pergunta mais importante: isso seria divertido?
Devido a seu tempo junto a Singularity University, Druga teve a oportunidade de descobrir isso. Atualmente o HacKIDemia já alcançou mais de 8.000 crianças em 25 cidades através do globo terrestre, com um programa que foi projetado para inspirar mentes jovens a fazer mais com a tecnologia do que simplesmente acessar o Facebook. Druga disse que ela tem ensinado crianças de 6 anos de idade (junto de seus pais ao mesmo tempo) a realizarem soldas e a utilizar robôs com Arduino.
Assim como nos projetos similares como Black Girls Code, Druga trabalhou para a criação de um programa bem elaborado que foi projeto para ajudar crianças em condições desprivilegiadas que tenham dificuldade de acessar uma educação formal no seu país.
Uma das histórias mais recentes de sucesso aconteceu em uma comunidade Parisiense consistindo de uma alta população de imigrantes. “As crianças que haviam desistido da escola eram muito inteligentes” ela disse. “Eles apenas preferiam aprender de uma maneira diferente. Eles eram muito energéticos, e não falavam Francês muito bem, mas você podia ver o brilho nos olhos quando eles diziam ‘Eu criei um robô, eu fiz isso’”.
Entretanto, Diferente do projeto Black Girls Code, ela preferiu não inserir uma barreira de gênero no HacKIDemia, mesmo sabendo que ela faz o possível para motivar a participação de garotas, ao incluir cursos como criação de vestuário utilizando materiais locais. Porém, uma vez dentro do local, elas rapidamente se mostram mais espertas e eficientes que os garotos ao construírem máquinas com Arduinos. Druga disse que “A parte mais importante é que toda vez nós treinamos uma equipe de tutores que podem tornar os workshops sustentáveis”.
África: Foco de Investimento de Grandes Empresas de Tecnologia
Treinar a próxima geração de técnicos e engenheiros está sendo prioritário através do continente por companhias como Microsoft, que trabalha através do projeto 4Africa para alavancar os conhecimentos de desenvolvimento e empreendedorismo. O problema, identificado em um relatório enviado no início deste ano de 2013 pelo Centro Sul-Africano para o Desenvolvimento e Empreendimento, afirma que a maioria dos programas focaliza apenas em aprendizes mais velhos ou estudantes graduados, e são projetados para preencher os vazios deixados pela péssima qualidade do ensino médio e superior.
Porém, o real problema começa muito antes disso. Ao discutir sobre a África com um todo, sem considerar as falhas nos sistema de saúde e estabilidade econômica em relação aos demais países no que se refere ao resultado educacional, o autor do relatório Nicholas Spaull diz que “Pupilos adquirem falhas no aprendizado mais cedo em suas carreiras acadêmicas, e o atual relatório propões um novo método para analisar as trajetórias de aprendizado para os pupilos acima dos 12 graus de escolaridade”. E completou que “Isso se mostrou que para os pupilos em desvantagem, as falhas entre o que eles deveriam saber e o que eles tem de conhecimento, cresce com o tempo. Isso significa que com o tempo passando, as crianças ficam cada vez mais para trás no currículo, até chegar em uma situação onde a remediação é praticamente impossível no colegial, já que essas falhas no aprendizado foram deixadas sem correção por muito tempo”.
Assim sendo, quando os vários programas de desenvolvimento surgiram, já era tarde demais. Fazer com que uma criança se interesse em temas científicos em uma idade inicial é vital. Após levar o HacKIDemia para o Make Fair Lago no ano passado, Druga iniciou o primeiro branch Africano da organização em Lagos. “O modelo que nós utilizamos é um pouco parecido com Robin Hood” disse Druga. “Você o aplica em escolas particulares que irão pagar por isso, e então utiliza o dinheiro para cobrir os custos nas escolas públicas onde oferecemos isso de graça”.
E foi se reunindo com os líderes de rede de tecnologia AfriLabs na conferência RE:Publica raizada em Berlin no mês de Setembro de 2013, e ouvindo sobre seus desafios que Druga decidiu tentar levantar dinheiro para tornar o HacKIDemia pan-continental. Tayo Akinyemi, o diretor de tecnologia do AfriLabs, disse que seus membros tem interesse de trazer a equipe de Druga para seus espaços. “Para algumas áreas de conhecimento e algumas geografias” disse Akinyemi, “É fácil e mais apropriado ajudar localmente. Mas com o Afrimakers os hubs envolvidos se reuniram com Stefania, reconheceram o que ela estava fazendo e querem participar com ela em suas comunidades”.
É importante destacar que o dinheiro conseguido via Indiegogo irá cobrir apenas o mínimo de despesas necessárias para os tutores, que serão praticamente auto-custeados.
“Eu tenho as mesmas preocupações como as crianças quando elas brincam” disse Druga “Eu me sinto muito sortuda. Foi muito difícil para mim quando me desliguei do meu trabalho no Google. Eu peguei Salmonela no Camboja, mas agora eu entendo que quando você segue no trabalho do que você realmente ama é absolutamente válido. Eu me sinto bastante privilegiada por fazer o que faço”.
Veja o vídeo abaixo e conheça mais sobre o projeto Afrimakers. Quem sabe o mesmo não o incentiva a ter ideias que possam ajudar o mundo a ser um lugar melhor para todos? Quanto mais gente ajudando, melhor.
HacKimedia Afrimakers
Acredito que muitas pessoas aqui no Brasil possuem conhecimento o suficiente para criamos um pólo de desenvolvimento e aprendizado que possa contribuir para o aprendizado de crianças em áreas pobres de nosso país. E não são poucas (nem as crianças, nem as áreas pobres). O problema na África é similar ao de diversos países que não dão o real valor (e investimento) a uma educação de qualidade para seus cidadãos. Principalmente quando o assunto é o ensino fundamental.
E a tecnologia está presente para ajudar o ser humano a ter uma vida melhor. E não escravizá-lo no Facebook e demais armadilhas da Grande Rede para capturar a mente dos incautos e torná-los seres aprisionados, acéfalos e improdutivos em nossa sociedade. Se conseguirmos desde cedo libertar nossas crianças, poderemos garantir um futuro melhor para toda uma nação, já na próxima geração. Percebam que, por pior que possa parecer o estrago causado nesses mais de 500 anos de manipulação de nossa sociedade, só precisamos de uma geração para corrigir todos os problemas de nossa civilização. Mãos à obra!
Com informações de Slashdot e Under-Linux.
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