Foi durante um protesto nas ruas de Berlim, em 2010, que o brasileiro Fabricio Martins do Canto descobriu o Partido Pirata. Ex-executivo da área de marketing, morando na Alemanha desde os anos 90, ele estava no último ano de sua década “nômade sabática” quando a política entrou em sua vida. “Cheguei lá, tinha um monte de bandeiras de arco-íris, e eu me senti em casa vendo aquele povo. Me uni a eles”, contou ele. Um ano depois, Canto se tornaria um dos responsáveis pela maior vitória da história do Partido Pirata no mundo.
Os piratas abocanharam 9% dos votos para as eleições estaduais de Berlim – isso deu a eles 15 cadeiras no Parlamento. Uma vitória que nem eles, nem os políticos tradicionais, imaginariam. Foi o quarto partido mais votado – atrás apenas do Partido Social Democrata, União Democrata-Cristã (CDU) – da chanceler Angela Merkel – Partido Verde e A Esquerda. “A principal força do Partido Pirata nessas eleições foi a transparência, além da insatisfação com a política que está sendo feita aqui”, explica Canto.
Neste último sabado, dia 16 de Março, Fabricio foi eleito o Candidato Direto do Partido Pirata Alemão para o 76o distrito eleitoral de Berlim, equivalendo ao Distrito de Pankow. Fabrício é Brasileiro e obteve a cidadania Alemã em 2004 para exercer seus Direitos Políticos neste país. Ele representa os Piratas como membro do Conselho de Integração em Pankow. Afora isto, é Deputado Cidadão Suplente na Comissão de Integracao da Comuna (BVV) de Pankow pelo Partido Verde. Ele é casado com uma Indu-americana e tem com ela três filhos tri-língues, nascidos em Prenzlauer Berg. Ele é formado em administração de empresas e foi gerente de produto e criou diferentes produtos, como o Power-Strips System. Depois da eleição, ele foi entrevistado pela coordenadora do Partido Pirata em Pankow, Petra Wille:
O que você fez depois de ter abandonado a carreira como gerente de marketing?
Eu viajei por dez anos e trabalhei como voluntário criando projetos para educação intercultural e integração de pessoas com deficiências na India, no Brasil e em Berlim. Depois da catástrofe em Fukushima eu comecei com amigos artistas o Open Home Projekt para ajudar as vítimas.”
Quais eram seus objetivos?
Todos falavam sobre os acontecimentos, e percebemos que muitos queriam ajudar os que viviam lá. Através do projeto, algumas familias com crianças vieram a encontrar um novo lar em Berlin. Foi um grande exemplo de calor humano e solidariedade dos Alemães e de Berlinenses num momento de necessidade.
O que você faz atualmente?
Estou criando minha empresa e trabalho juntamente com minha exposa tentando colocar em prática uma nova forma de negocios. Um exemplo é a nossa “Mier”, uma cerveja de erva mate em Licença CC. Esta é uma nova forma de negócio que propõe a transferência de tecnologia e a transparência como contribuição à sustentabilidade econômica, e nós tentamos ativamente viver esta filosofia.
Porque você se candidata ao Parlamento Alemão?
Eu me candidato por que eu me engajo por liberdade e diversidade no Partido Pirata e quero fazer isso mais intensivamente. Eu já faço isto há três anos em contato com Piratas em Brasil pela internet e localmente em Pankow, onde eu já fui coordenador do Partido e também onde fui direto candidato para a Câmera de Berlin. Eu desejo que as “pessoas normais” finalmente sejam atingidas e possam tomar decisões na politica.
O que você quer conseguir concretamente, se as pessoas te elegerem?
No Parlamento Alemão, eu desejo promover o tema Direito de Voto a todos. Começamos pelas crianças: “Para quem devemos ser sustentáveis?” Quem vai viver mais tempo neste país ou neste planeta? Exatamente, as crianças, e exatamente por isto acho excelente que os Piratas Alemães queiram dar o direito de participação e votos às criancas. Afora isto, um direito de votos para os imigrantes. Só em Berlim, são 480.000, e em Pankow, quase 30.000. Isto seria ótimo.
Para mim também é importante uma politica não só para a Alemanha, mas que seja correta internacionalmente. Imigrantes que moram na Alemanha, assim como minha esposa e eu, são muito conscientes da relação entre entre Alemanha e seu Países de origem.
Como assim?
Por exemplo, a Alemanha exporta tecnologia para usinas nucleares para o Brasil. Com um apoio financeiro estatal alemão em caso de inandimplência (“Hermesbürgschaft”), a construção de Angra III deveria ser financiada. A tecnologia empregada nesta usina é tão antiga e perigosa que não seria permitida sua construção na Alemanha. Nós do Partido Pirata Alemão somos contra em nossa iniciativa foi discutida e obteve o apoio de piratas no Brasil. Nós desejamos que a ética nos negócios seja a mesma para todos, consumidores e produtos, não interessando se aqui em Pankow ou em outros países.
Fontes: Piraten Partei Berlin e Estadão
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