Em 9 de dezembro de 1968, em San Francisco, Douglas Engelbart protagonizou um evento que veio a ser chamado, anos depois, de “A Mãe de Todas as Demonstrações”. O engenheiro fez a primeira apresentação pública de tecnologias como o mouse, a videoconferência, o hipertexto e o processador de texto, resultados de seu trabalho à frente de um laboratório no Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI, na sigla em inglês).
Há quase 45 anos, Engelbart demonstrou conceitos que viriam a dominar a computação décadas depois. Naquela época, a comunicação homem-máquina era feita através da linha de comando. As pessoas precisavam digitar alguns códigos específicos que eram entendidos pelos computadores. Hoje parece comum, mas Engelbart foi o primeiro a colocar em prática a interface gráfica, mais intuitiva, em que as pessoas precisam somente apontar e clicar.
O mouse demorou a se popularizar. O Centro de Pesquisas de Palo Alto (Parc, na sigla em inglês), da Xerox, trabalhou os conceitos criados por Engelbart e lançou, em 1973, o Alto, um computador que já tinha, além do mouse, ícones e janelas em sua tela. Mas a Xerox não enxergava valor no computador em si, encarando-o como um dos elementos de seu sistema de impressão e edição de documentos. Cerca de mil unidades foram distribuídas para universidades e centros de pesquisa, e a máquina nunca foi colocada no varejo.
Steve Jobs, da Apple, tentou colocar essas novidades no mercado com o Lisa, em 1983, mas o computador era muito caro. Custava US$ 9.995. No ano seguinte, acertou a mão com o Macintosh, que tinha mouse e interface gráfica e poderia ser comprado por US$ 2.495. No ano seguinte, a Microsoft lançou o sistema operacional Windows, e as tecnologias criadas por Engelbart se tornaram o padrão da interface dos computadores.
Sentidos imitados
Engelbart morreu na terça-feira passada, aos 88 anos, na cidade de Atherton, nos Estados Unidos. Diferentemente de outros gênios do Vale do Silício, ele não ficou bilionário com suas invenções. O SRI licenciou a tecnologia do mouse para a Apple por apenas US$ 40 mil.
A morte do engenheiro ocorreu num momento em que o mouse começa a ser superado por outras formas de interação homem-máquina. Os smartphones e os tablets popularizaram as telas sensíveis ao toque e o reconhecimento da fala. Sistemas que leem movimentos, como o Kinect, da Microsoft, apareceram no mundo dos videogames e já invadem outras áreas dos eletrônicos. Os sistemas operacionais começam a abandonar a metáfora do desktop, do computador como uma mesa virtual onde estão os objetos necessários para trabalhar.
A tendência é que, mais e mais, as máquinas passem a imitar os sentidos humanos, com visão, audição, tato e até olfato e paladar, e que a comunicação entre homem e máquina se aproxime da linguagem natural.
Com informações de Observatório da Imprensa.
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