Uma porta-voz da Microsoft disse na última segunda-feira (28) que autoridades do governo chinês visitaram os escritórios da companhia na China nas cidades de Pequim, Xangai, Cantão e Chendgu. Apesar de não ter revelado os motivos dessas visitas súbitas, a companhia afirmou via e-mail em um comunicado oficial de que está colaborando com os inspetores locais.
Fontes da multinacional americana confirmaram as investigações ao jornal South China Morning Post. De acordo com a agência de notícias Reuters, as inspeções foram conduzidas pela Administração Estatal para Indústria e Comércio da China (AIC, na sigla em inglês), que atua como órgão de registro de patentes e também é responsável pela fiscalização de leis antitruste do país asiático.
“Buscamos desenvolver produtos que entregam os recursos, a segurança e a confiabilidade que os consumidores esperam e ficamos felizes de responder às perguntas do governo”, disse a porta-voz Joan Li no comunicado enviado à imprensa internacional, sem entrar em mais detalhes.
Sites estrangeiros apontam que um dos motivos que teria levado a China a começar suas investigações foram as denúncias de Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), responsável por revelar ao mundo em meados do ano passado um gigantesco esquema de ciberespionagem comandado pela entidade norte-americana. Na época, Snowden divulgou uma série de documentos que acusavam a Microsoft de colaborar com a NSA e o FBI na coleta de dados e comunicações de serviços da empresa, como o Outlook.com, SkyDrive e Skype.
O programa em questão supostamente usado pela Microsoft e outras gigantes da tecnologia ficou conhecido como PRISM, mantido em segredo desde 2007. Trata-se de um software que monitora comunicações estrangeiras e nacionais consideradas valiosas e que podem servir para proteger os EUA e seus aliados. Conforme os documentos vazados alegam, o PRISM está ligado a servidores de todo o mundo e pode supervisionar dados de qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
Os documentos divulgados por Snowden revelam que Facebook, Yahoo!, Google, Apple, AOL e YouTube são algumas das empresas que colaboraram com o programa, fornecendo informações cibernéticas para alimentar todo o banco de dados do PRISM. Elas coletam os dados dos usuários de seus serviços e enviam ao programa para permitir que os funcionários da NSA, bem como os do FBI, visualizem os seus históricos de pesquisas, conteúdos de e-mails, vídeos, fotos, chamadas de voz e vídeo, transferências de arquivos, informações confidenciais disponíveis nas redes sociais, logins e senhas.
Assim como todas as outras companhias, a Microsoft negou as acusações. Contudo, desde as revelações de Snowden, a mídia estatal chinesa tem atacado inúmeras empresas de tecnologia dos EUA, alegando que essas entidades têm colaborado com a espionagem americana.
As investigações da AIC acontecem dois meses depois que o governo chinês anunciou a proibição do uso do sistema operacional Windows 8 em todos os computadores de instituições oficiais da China. A decisão aconteceu como parte de uma campanha de contenção de gastos do governo, que também teme falhas de segurança recorrentes na plataforma da Microsoft.
Poucas semanas depois, a TV estatal CFTV exibiu um programa com o depoimento de vários especialistas alertando que o Windows 8 havia sido utilizado para obter informações confidenciais de cidadãos chineses. A mesma emissora também levantou suspeitas sobre a segurança do iPhone no começo de julho, quando classificou o smartphone como um “problema de segurança nacional” devido às suas funções de rastreamento e localização. A Apple negou as acusações.
Com informações do Canaltech
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