No último final de semana, a revista norte-americana Proceedings divulgou um extenso estudo conduzido por cientistas do Facebook que analisou e “manipulou” informações na timeline de quase 700 mil usuários da rede social para descobrir (e de certa forma controlar) as emoções nas quais os internautas eram mais expostos durante a utilização da plataforma.
Embora o Facebook tenha garantido que os dados analisados foram “protegidos de forma apropriada”, o estudo secreto levantou sérios debates sobre como a empresa faz uso de informações pessoais dos cadastrados na rede. Agora, autoridades do Reino Unido abriram um processo que vai investigar se a pesquisa realizada pela rede social de Mark Zuckerberg violou leis de proteção de dados.
De acordo com a BBC, o Escritório Comissário de Informações (ICO, na sigla em inglês), órgão responsável por garantir a privacidade de informações sobre os cidadãos britânicos, disse que pretende questionar o Facebook sobre quais foram os objetivos reais do relatório. Um porta-voz do ICO contou ao site The Register e ao jornal Financial Times que entrará em contato com a sede europeia da companhia, que fica em Dublin, na República da Irlanda.
“Responderemos com prazer qualquer dúvida que os órgãos reguladores possam ter”, afirmou Richard Allen, diretor do Facebook na Europa. “Está claro que as pessoas ficaram chateadas e assumimos a responsabilidade por isso, e estamos melhorando nossos processos com base nessas opiniões. Posso entender a razão por que algumas delas estão preocupadas. [Mas] Nenhum dos dados utilizados foi associado com o relato de uma conta específica no Facebook. Eu e os outros coautores lamentamos a forma como o experimento foi descrito e qualquer ansiedade causada por ele”, explicou.
O estudo
Conforme reportagem divulgada pela Forbes, a pesquisa foi realizada pelo Facebook em colaboração com as universidades de Cornell e da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos. Os testes aconteceram durante uma semana de janeiro de 2012, e foram liderados pelo cientista de dados da rede social, Adam Kramer. Apenas 0,04% dos usuários serviram de “cobaias”, mas o problema é que esse “apenas” diz respeito a um número bastante significativo: 689.003 pessoas. Tudo isso sem a autorização prévia de nenhum internauta.
Segundo o relatório da pesquisa, “a experiência manipulou o quanto as pessoas foram expostas a diferentes emoções em seu feed de notícias”. A conclusão foi a seguinte: quanto mais conteúdos negativos os usuários recebiam, maior era a tendência de publicarem um post também negativo. O mesmo acontecia com mensagens positivas: quanto maior o número de posts bem humorados, maior era a chance de publicação de postagens positivas.
No entanto, para chegar a esse resultado, o Facebook manipulou as informações para que os usuários se sentissem dessa forma (positiva ou negativa). O caso é ainda mais grave porque, pelo o que está na pesquisa, não havia nenhum filtro de idade para internautas entre 13 e 18 anos, o que quer dizer que o estudo pode ter incluído usuários menores de 18 anos.
Além disso, a rede social mudou sua política de uso de dados quatro meses depois da pesquisa, em maio de 2012. Na época, a empresa alterou trechos importantes sobre o uso de informações pessoais do usuário, deixando claro que “podemos usar informações que recebemos sobre você (…) para as operações internas, incluindo a resolução de problemas, análise de dados, testes, pesquisa e melhoria do serviço”.
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