Disponibilidade e retenção de mão de obra fazem organizações repensarem as estratégias de formação de pessoal e os planos de carreira
Em uma conversa rápida, Yara Senger, representante no Brasil da JCP (Java Community Process) e diretora educacional da Global Code, contou cerca de 50 vagas abertas na área de desenvolvimento, em apenas três empresas de software. “O profissional de TI não tende a ser estável. Alguns saem por uma remuneração um pouco melhor, mas também pesa muito a vontade de participar de projetos interessantes. Se ele se depara com tecnologia defasada, ou perspectivas limitadas, já quer trocar de trabalho”, diagnostica.
Yara constata que, apesar da demanda e da escassez de pessoal qualificado, a maioria das organizações quer contratar profissionais plenos e seniores, enquanto poucas corporações investem na qualificação de iniciantes. No Brasil, a situação das áreas de TI é agravada por uma visão verticalizada de carreiras, o que frustra os técnicos de gostarem realmente do que fazem. “Em outros mercados, vemos os gringos velhos nos times técnicos. Aqui, a empresa quer necessariamente transformar os mais experientes em gerentes ou diretores”, diz.
Devido às defasagens dos dirigentes e dos gestores de RH, as áreas de TI acabam se ressentindo da figura do arquiteto de soluções. “Além de ter pelo menos 6 ou 7 anos de experiência com Java, o arquiteto tem conhecimento de rede, infraestrutura, banco de dados; sabe qual o framework mais aderente a cada projeto, as melhores práticas de escalonamento; e domina os conceitos de gestão e governança”, enumera. “Contratar esse tipo de profissional é praticamente impossível no Brasil”, lamenta.
Marlon Luz, evangelista para desenvolvedores da Nokia, informa que se enfrentam carências de pessoal nos níveis mais básicos. “Os cursos técnicos têm melhorado muito, mas ainda não é suficiente. Tivemos muita dificuldade de contratar gente em Manaus e eu mesmo tive que migrar do Rio Grande do Sul para o Amazonas”, conta.
Gente feita em casa
Oferecer treinamento para 40 pessoas e ao final do processo contratar pelo menos 1 profissional especializado em Java. Essa é a estratégia da 9ª edição do programa Caça Talentos, desenvolvido pela 4Linux. “A concorrência por gente qualificada em Linux e java acaba inflacionando o mercado de trabalho. Por isso, criamos uma incubadora e semestralmente fazemos o Caça Talentos”, conta Rodolfo Gobbi, diretor-geral da 4Linux.
Tradicionalmente especializada em educação e treinamentos, a 4Linux se envolveu em um grande projeto corporativo – de uma camada multicanal para um grande banco público – sustentado em infraestrutura open source e aplicações em JEE (Java Enterprise Edition). Esse projeto acabou dando origem ao Jware, uma suíte que integra sistema operacional (Linux), banco de dados (Postgre SQL), servidor de aplicações (JBoss), e monitoramento de transações e performance (Zabbix e Imeter). A 4Linux também agregou a essa plataforma soluções em software livre para BPM (Bonita Software, da Espanha), BI (Spago, da Itália); gestão de documentos (OpenKM, da Espanha); e portais corporativos (eXo, dos EUA). “Hoje há muito espaço no mercado de middleware. Para ser especialista nessa plataformas de integração, é preciso conhecer código”, explica Rodolfo.
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