Trazendo à tona novas perspectivas sobre cultura livre, Copyfight chega a sua quinta edição com um encontro na Caixa Cultural, de 29 de julho a 1° de Agosto. Os compositores Marcelo Yuka e Leoni, o co-fundador da rede de Centro de Mídia Independente (Indymedia) no Brasil, Pablo Ortellado, e Felipe Fonseca, co-fundador da rede MetaReciclagem, são apenas alguns dos convidados do evento.
O primeiro dia de debate abordará os desafios atuais do direito autoral em um cenário de crescente compartilhamento, onde a noção de “propriedade intelectual” encontra-se cada vez mais questionada frente às dinâmicas emergentes de produção colaborativa e anônima. O segundo é dedicado à discussão dos desafios e potências das redes de produção cultural no país. No dia seguinte, serão discutidas relações entre cultura livre e o espaço público, abordando as transformações nas cidades no contexto de realização de grandes eventos.
Por fim, o último debate apresenta uma reflexão original sobre as biotecnologias, tendo como ponto de partida a revalorização dos saberes tradicionais dos povos originários, em oposição aos mecanismos de patenteamento do conhecimento e da natureza pela indústria. Durante todos os quatro dias do evento, na parte da tarde, será realizado uma oficina de experimentações artísticas e midiáticas com tecnologias livres e abertas.
COPYFIGHT
A crítica à propriedade intelectual é um tema chave para a compreensão dos processos contemporâneos que envolvem arte, cultura e sociedade. A partir de diferentes dispositivos jurídicos e institucionais (copyright, patentes e marcas) este conceito encontra-se presente em diferentes campos de nossa vida cotidiana. Sobre estes temas, o Copyfight aprofunda questões críticas através de diálogo entre convidados com diversificadas experiências em suas áreas e o público.
O primeiro encontro foi realizado em 2010 no Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação da UFRJ, durante um seminário, reunindo dezenas de artistas, pesquisadores e produtores para debater temas ligados à crítica da propriedade intelectual na sociedade contemporânea. No ano seguinte, o segundo encontro marcou o lançamento de trabalhos sobre os temas que deram origem ao livro “Copyfight – Pirataria e Cultura Livre”, publicado em 2012 pela editora Azougue.
As atividades do Copyfight são consideradas hoje referência nos estudos sobre cultura livre, direito autoral e propriedade intelectual no século XXI não só no Brasil, como no mundo. Seus organizadores já foram convidados para palestras e debates em São Paulo, Porto Alegre, Recife e Medellín. A pesquisa de perfil do público mostra ainda dezenas de pessoas interessadas em outros países, como EUA, França, Uruguai, Chile, Itália dentre outros.
Agenda
Dia 29 de julho, terça-feira
*Coautores: Qual a relação de artistas e produtores culturais com o conceito de “propriedade intelectual” hoje, em um contexto crescente de livre distribuição de conteúdos? Qual a diferença entre iniciativas de reforma dos mecanismos de propriedade intelectual e as propostas ligadas ao movimento copyleft? Um debate aberto sobre autoria, licenciamento e produção cultural em tempos de uploads e downloads.
Debatedores:: Leoni, Marcelo Yuka, Thiago Novaes e Miguel Said
Dia 30 de julho, quarta-feira
*Redes.br: Quase duas décadas depois de sair das academias para chegar à sociedade civil, as tecnologias digitais e a comunicação em rede são hoje não apenas uma ferramenta de divulgação, mas sobretudo de articulação e produção conjunta para diversas redes no Brasil. A cultura digital foi devorada, degultida e hoje é expressa em uma infinidade de práticas no Brasil. Rumo à descolonização tecnológica e cultural, eis a nossa digitofagia das mídias.
Debatedores: Dudu de Morro Agudo, Felipe Fonseca, Jaborandy Yandê e Pablo Meijueiro.
Dia 31 de julho, quinta-feira
*Mega.eventos: Como se dá a relação entre propriedade intelectual, produção cultural e o uso do espaço público no contexto de preparação para os grandes eventos esportivos? Como lidar com as transformações em curso e como estas mudanças impactam a produção cultural e os ambientes comuns das grandes cidades? Uma reflexão coletiva sobre transformações urbanas e aproximações entre arte, mídia e política.
Debatedores: Alexandre Mendes, João Roberto Lopes, Pablo Ortellado e Victor Ribeiro.
Dia 1 de agosto, sexta-feira
*Bio.tecnologias: Qual o papel da tecnologia na relação entre cultura e a natureza? De um lado, a “alta tecnologia” de manipulação e patenteamento genético de organismos vivos. De outro, temos a “baixa tecnologia” da sabedoria tradicional sobre o meio ambiente e da lógica DIY: “Do-It-Yourself¨. Faça-você-mesmo. Da ciência das erveiras e dos xamãs à construção de ambientes sustentáveis em espaços urbanos e rurais. Quais os desafios para a construção de biotecnologias baseadas na autonomia e em conhecimentos comuns?
Debatedores: Giuseppe Cocco, Cinthia Mendonça, Aderbal Ashogun e Sarita Albagli.
Oficina:
Durante os 4 dias de encontros na Caixa Cultural, também haverá uma oficina sobre hardware livre e software livre para poéticas computacionais.
A oficina terá inscrições antecipadas e partirá de práticas simples com eletrônicos acessíveis, voltadas para a experimentação artísticas e midiáticas com tecnologias abertas.
Não é necessário nenhum conhecimento prévio.
Para se inscrever: http://copyfight.me/inscricoes/
Sobre os participantes :
Adriano Belisário
Co-idealizador do Copyfight e do livro homônimo publicado pela Editora Azougue. Jornalista e pesquisador de cultura livre e tecnologias abertas, desenvolveu diversos projetos de cultura digital e elaborou o primeiro edital público na área de cultura voltado para lanhouses no Brasil, na Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, onde atuou por dois anos formulando e executando políticas públicas para cultura digital. Durante três anos, foi coordenador do Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação da UFRJ e atuou como coordenador-geral do Laboratório de Comunicação Compartilhada da Cúpula dos Povos/Rio+20, em 2012.
Leoni
Cantor e compositor, ex-integrante da banda Kid Abelha e atual colaborador de iniciativas a favor de reformas nas leis de direito autoral, como o Movimento Música Para Baixar e o Movimento Compartilhamento Legal.
Marcelo Yuka
Músico e compositor, ex-integrante da premiada banda O Rappa. Atualmente, dedica-se a projetos sociais e políticos em sua organização não-governamental (ONG). Sua trajetória pessoal, artística e social foi retratada no documentário “Marcelo Yuka – No Caminho Das Setas”,exibido em diversos festivais de cinema no Brasil e na Europa.
Thiago Novaes
Coordenou ações de Cultura Digital junto ao Ministério da Cultura, integrando a Coordenação Nacional do Casa Brasil do Instituto de Tecnologia da Informação da Presidência da República em 2006. Doutorando em Antropologia Social na Universidade de Brasília (2012), apresentou o projeto “A noção de pessoa e as novas mídias” aprovado em primeiro lugar na seleção de Mestrado em Antropologia Social da UNICAMP. Colaborador de redes de mídia livre, trabalhou como pesquisador no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) de 2003 a 2004 no Projeto do Sistema de Televisão Digital Brasileiro (SBTVD).
Miguel Said
Doutor em Filosofia da Educação, na Universidade de São Paulo, pesquisa bens comuns, acesso ao conhecimento, direitos autorais, propriedade intelectual, produção colaborativa e mercantilização na sociedade contemporânea. Possui graduação em Comunicação Social e Filosofia pela Universidade de São Paulo (2003); especialização em Gestão da Propriedade Intelectual pelo convênio Universidad Bolivariana de Venezuela, Servicio Autónomo de Propiedad Intelectual e Oficina Cubana de la Propiedad Industrial (2008).
Felipe Fonseca
Felipe Fonseca é pesquisador independente e articulador de projetos relacionados a apropriação crítica de tecnologia, estética da gambiarra e lixo eletrônico, cultura digital experimental e colaboração em rede. É co-fundador da rede MetaReciclagem (2002), que desenvolveu uma metodologia colaborativa considerada referência em apropriação tecnológica pela UNESCO. Participou ainda da criação do coletivo Desvio (2009), do blog Lixo Eletrônico (2008), da plataforma Rede//Labs (2010), apoiada pelo Ministério da Cultura, além de diversas outras iniciativas como o projeto Ubalab e o coletivo editorial MutGamb. Já foi convidado para eventos na Holanda, Finlândia, Estados Unidos e outros países.
Pablo Meijuero
Artista gráfico, produtor cultural e poeta. É membro do coletivo Norte Comum, rede que atua desde 2011 promovendo eventos e intervenções artísticas em praças e outros espaços públicos na Zona Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Nos últimos dois anos, o Norte Comum produziu mais de 60 eventos culturais, por onde circularam centenas artistas, e expôs seus trabalhos no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica. Atualmente, o Norte Comum coordena o projeto Geringonça do SESC-Tijuca e participação da ocupação cultural Hotel da Loucura, ação realizada no Instituto Municipal de Psiquiatria Nise da Silveira, que trabalha com arte e cultura no tratamento psiquiátrico.
Jaborandy Yandê
Desde 2006, é membro da Rede de Comunicação Indígena “Índios Online”, uma das principais articulações para fortalecer o uso e a apropriação das tecnologias digitais de comunicação pelas comunidades indígenas. Em sua trajetória, trabalhou em programas do Ministério da Comunicação para promoção de Inclusão Digital em aldeias no Estado da Bahia e realizou também projetos para o Governo Estadual na área de produção cultural, tecnologias digitais e redes.
Dudu do Morro Agudo
Rapper, criador do Movimento Enraizados, uma rede de artistas e produtores culturais ligados ao hiphop e cultura negra, que atua desde 1999 e hoje está presente em todo território nacional e mais 11 países. É autor do livro ‘Enraizados: Os Híbridos Glocais’, publicado pela Editora Aeroplano. O trabalho de Dudu do Morro Agudo em prol do fomento a redes de produção cultural no hiphop recebeu ainda diversos prêmios, tais como: Prêmio Cultura Hip Hop – Edição Preto Ghóez; Prêmio Cooperifa; Personalidade Negra, oferecida pela Coordenadoria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial do Município de Nova Iguaçu.
Victor Ribeiro
Diretor de cinema e radialista, Victor Ribeiro desenvolve projetos e ações artísticas sobre direito à cidade e grandes eventos. Atualmente, trabalha em uma série de vídeos e pesquisas intituladas “Novas Fronteiras de Controle” no Brasil, Palestina e Colômbia em parceria com o coletivo colombiano Antena Mutante.
Alexandre Mendes
Professor de Direito Urbanístico e Instituições de Direito – PUC-RJ. Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (2012). Foi Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro, entre 2006 e 2011, tendo coordenado o Núcleo de Terras e Habitação (2010). No mesmo ano (2010), o Núcleo de Terras e Habitação foi agraciado com a Medalha Tiradentes,mais alta condecoração da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, participa da rede internacional Universidade Nômade e é pesquisador associado do Laboratório Território e Comunicação – LABTEC / UFRJ.
Pablo Ortellado
Co-fundador da rede do Centro de Mídia Independente (Indymedia) no Brasil, que completa 14 anos de existência e é considerada uma das principais precursoras do movimento de mídia livre no país. É professor da pós-graduação do Programa de Estudos Culturais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades e do curso de Políticas Públicas, na Universidade de São Paulo (USP). Colaborou com o Seminário Desafios dos Marcos Legais para a Economia Criativa’ e possui diversos trabalhos publicados sobre sociedade da informação, indústrias criativas e economia do conhecimento.
João Roberto Lopes
Professor do Departamento de Estudos Políticos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e Universidade de Paris X Nanterre, João Roberto é co-fundador e coordenador do Instituto Mais Democracia, onde desenvolve pesquisas e projetos relacionados às transformações no espaço urbano no contexto de preparação para grandes eventos no Rio de Janeiro.
Giuseppe Cocco
Giuseppe Cocco é professor, considerado uma referência no pensamento pós-operaista e pós-autonomista, tendo escrito em co-autoria com o filósofo Antonio Negri (autor da trilogia: Império, Multidão e Commonwealth). Mestre e doutor em História Social pela Universidade de Paris I – Panthéon- Sorbonne, atualmente leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É editor das revistas Global Brasil, Lugar comum e Multitudes (França).
Aderbal Ashogun
Aderbal Ashogun é Mestre Ashogun. Produtor cultural, realizador de encontros e pesquisas vinculadas à cultura dos saberes tradicionais. Organizou vários seminários internacionais, entre eles os de cultura afro brasileira em Madrid, Londres (London School of Quilombo, 1998) e intercâmbios na África do Sul, Cuba, Panamá, Taiwan, China. É fundador da RedeAfroAmbiental, que se propõe a discutir o conhecimento ambiental dos povos afrodescendentes e indígenas.
Sarita Albagli
Autora do livro ‘Geopolítica da biodiversidade’, Sarita é Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Fez pós-doutorado na London School of Economics and Political Science e já desenvolve projetos e pesquisas sobre circulação e apropriação da informação, territorialidade e inteligência local.
Cinthia Mendonça
Co-idealizadora do projeto Nuvem, uma estação de arte e tecnologia em Mauá, um hacklab rural que hospeda diversos encontros nacionais e internacionais entre pesquisadores de tecnologias livre, arte e meio ambiente. Participou de diversos festivais internacionais (Argentina, Colômbia, Espanha, etc) e sua produção artística é marcada pelo hibridismo: circula por teatro, dança, performance, intervenção urbana e tecnologia.
Copyfight – Ciclo de Debates e Oficinas sobre Cultura Livre
Data: de 29 de julho a 01 de agosto (de terça-feira a sexta-feira)
Horário: Oficina – 14h :: Debate – 18h30
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Sala Margareth Margot e Sala de Cinema 2
Endereço: Avenida Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca)
Telefones: (21) 3980-3815
Lotação: 80 lugares (mais 3 para cadeirantes)
Entrada Franca – Retirada de senha 1h antes do evento por ordem de chegada
Classificação etária: Livre
Acesso para pessoas com deficiência
Fonte: ARede
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