Caso Edward Snowden ainda está cheio de mistérios
6 de Outubro de 2015, 22:02Mais de dois anos após abalar o mundo ao revelar informações confidenciais sobre os recursos de espionagem do governo norte-americano, Edward Snowdem continua dando o que falar. Durante uma entrevista concedida à rede BBC, Snowden abordou temas interessantes sobre a sua relação com os Estados Unidos e o destino do material obtido na Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).
Ele se ofereceu para ser preso e voltar aos Estados Unidos
Edward Snowden disse que se ofereceu para voltar aos Estados Unidos e ir para a prisão por vazar detalhes do programa de interceptação de dados e comunicações eletrônicas em massa da Agência de Segurança Nacional.
O ex-prestador de serviços da NSA voou para Moscou, na Rússia, logo após vazar informações secretas sobre o poder de espionagem do governo e agora enfrenta acusações que poderiam levá-lo à prisão por até 30 anos.
Ele é acusado de três crimes: roubo de propriedade do governo, comunicação não autorizada de informações da Defesa Nacional e comunicação voluntária de informações classificadas do serviço de inteligência para pessoas não autorizadas.
Snowden afirma que “se ofereceu voluntariamente várias vezes ao governo para ir à prisão”, mas nunca recebeu uma oferta formal dos Estados Unidos. “Até agora eles [EUA] já disseram que não vão me torturar, o que é um começo, eu acho. Mas nós não fomos muito mais longe do que isso”, disse. Snowden diz ainda que ele e seus advogados estão esperando que as autoridades norte-americanas o chamem de volta.
Em julho deste ano, uma petição assinada por mais de 167 mil pessoas não foi suficiente para convencer os Estados Unidos a conceder o perdão a Edward Snowden. Por meio de um comunicado oficial, a Casa Branca disse que o ex-consultor da NSA deveria voltar aos EUA para ser julgado por suas ações. Snowden já havia dito que só voltaria para os EUA se tivesse direito a um julgamento justo.
Mistério ainda envolve o destino dos documentos roubados
Durante a entrevista, Snowden também afirmou que “deu todas as informações aos jornalistas americanos e à sociedade livre em geral”. Na verdade, este é apenas mais um capítulo de uma série de declarações aparentemente contraditórias sobre a questão central da história de Snowden: o que exatamente aconteceu com todos os documentos da NSA que ele roubou?
Anteriormente, o ex-colaborador da NSA havia dito que ele cedeu todo o material para jornalistas, mas em 12 de junho de 2013, dois dias após se apresentar ao mundo, ele disse que não havia dado todas as informações aos jornalistas, uma vez que precisava rever os dados que ele estava vazando.
Na ocasião, ele disse ao jornal South China Morning Post (SCMP) que não queria simplesmente despejar grandes quantidades de documentos sem levar em conta o seu conteúdo. “Eu tenho que rastrear tudo antes de liberar para jornalistas”, disse ele.
Supostamente, Snowden roubou até 1,77 milhões de documentos da NSA enquanto trabalhava em dois empregos consecutivos para fornecedores do governo dos EUA no Havaí entre março de 2012 e maio de 2013.
Entre estes arquivos estão, alegadamente, 200.000 documentos das camadas 1 e 2, que indicam informações mais detalhadas sobre os aparelhos de vigilância global da NSA e teriam sido entregues aos jornalistas Greenwald e Poitras em junho de 2013.
A equipe de inteligência norte-americana acredita que Snowden também levou 1,5 milhão de documentos da chamada camada 3, incluindo 900.000 arquivos do Departamento de Defesa e documentos que detalham as ciberoperações ofensivas da NSA. Aparentemente, o destino destes documentos ainda é incerto.
Em outubro de 2013, James Risen, do New York Times, informou que Snowden lhe disse que “deu todos os documentos classificados que havia obtido para jornalistas que ele conheceu em Hong Kong, antes de voar para Moscou, e não manteve nenhuma cópia”.
Posteriormente, Snowden disse durante uma entrevista concedida em Moscou à NBC que ele possuía documentos quando fugiu de Hong Kong, mas “destruiu” o cache antes de chegar à Rússia. Em maio de 2014, ele disse que destruí-los era a melhor forma de evitar que os russos “quebrassem seus dedos e comprometessem as informações” ou então batessem nele com um saco de dinheiro até que entregasse tudo.
As inconsistências destacam um mistério central da história de Snowden: se ele roubou até 1,77 milhão de documentos e deu aos jornalistas apenas cerca de 200.000 deles, conforme dito pelos profissionais, então o que aconteceu com o restante? Afinal, ele os destruiu ou entregou tudo aos jornalistas norte-americanos?
Com informações do Business Insider e ABC News e Canaltech.
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6 de Outubro de 2015, 21:48“Internet deve continuar cega”, avalia camara-e.net sobre neutralidade da rede que será discutida em audiência pública do Marco Civil
6 de Outubro de 2015, 10:53O modelo de internet sem discriminação de tráfego ou de dados é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da Economia Digital. “A internet precisa continuar cega”, diz Caio Faria Lima, coordenador adjunto do Comitê Jurídico da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net). A neutralidade da rede é um dos pontos polêmicos do Marco Civil que ainda carecem de regulamentação. Faria Lima participa de audiência pública que debaterá o tema em Brasília nesta terça-feira (6).
De acordo com o princípio da neutralidade, a rede deve ser igual para todos, não diferenciando o tipo de uso. Desta forma, o internauta paga pela velocidade e volume contratados e não pelo tipo de conteúdo que acessa. Isso significa que as operadoras de Telecomunicação que oferecem serviços de conexão à internet não podem discriminar ou degradar o tráfego de dados do usuário em razão do conteúdo que ele está acessando.
O que a audiência pública deve debater é a regulamentação das exceções à regra. As exceções dizem que as teles só podem discriminar/degradar o tráfego se ele comprometer a prestação de serviços adequada da operadora ou se houver interferência nos serviços de emergência.
A camara-e.net, entidade multissetorial de maior representatividade na América Latina, é a favor de um modelo regulatório que preserve a internet como plataforma aberta, sem interferência de governos ou empresas e que evite, ao mesmo tempo, regulações intervencionistas.
Com informações da Assessoria da Camara-e.net.
Defesa da Universalidade e da Web descentralizada marcam Web.br 2015
6 de Outubro de 2015, 10:26A Conferência Web.br 2015, principal espaço de discussão e networking da comunidade Web do Brasil, promoveu nos dias 22 e 23 de setembro, em São Paulo, uma acalorada defesa da Universalidade e da Re-descentralização da Web. Com a participação de palestrantes internacionais e nacionais, o evento, organizado pelo escritório brasileiro do W3C, instalado na sede do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), por iniciativa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mobilizou desenvolvedores, usuários, empreendedores e pesquisadores em torno do debate sobre a Internet e a Web do futuro.
A Universalidade, princípio do decálogo do CGI.br, e tema da 7ª Conferência CGI.br 20 anos, foi abordada por Sunil Abraham, diretor executivo do Centro para Internet e Sociedade (CIS India) e por Lêda Spelta, consultora de acessibilidade e sócia fundadora da Acesso Digital. Abraham trouxe a perspectiva tecnológica sobre as dificuldades para o acesso universal e falou sobre o que considera dois dos principais problemas a serem resolvidos, o hardware e o licenciamento de patentes. A acessibilidade, questão detalhada por Lêda Spelta, também deve ser considerada: apesar de 6% da população indiana ter alguma deficiência (no Brasil, essa proporção é de 20%), 37% dos adultos são analfabetos, indica Sunil.
O conteúdo foi outro ponto levantado pelo empreendedor indiano. “Pessoas não irão acessar a Internet se a rede não tiver informações que sejam do seu interesse”. Nesse cenário, as barreiras impostas por leis de direitos autorais foram listadas por Sunil, que apontou a utilização dos ganhos obtidos a partir do uso do espectro como uma das soluções possíveis para promover a universalidade da Internet.
“Há 14 anos apresentei o primeiro trabalho sobre acessibilidade na Web. De lá para cá, venho falando basicamente as mesmas coisas”, lamentou Lêda Spelta, no início de sua apresentação. Ela narrou dificuldades para realizar atividades simples na Web a partir de recursos de acessibilidade, como fazer reserva em sítios de hotéis, e questionou as razões para que o cenário tenha permanecido o mesmo. “Uma das hipóteses é de que os tomadores de decisões não se interessam por técnicas de acessibilidade na Web”, opinou.
Lêda aponta que não há medidas suficientes para que pessoas com deficiência vivam de forma autônoma no Brasil e lembra que, entre 2007 e 2010, foram fechados 42 mil postos de trabalho para pessoas com deficiência no País. Ela fez propostas para reverter esse cenário como, por exemplo, a eliminação da diferença entre código válido e código acessível nos padrões Web, a inclusão da disciplina obrigatória de Universalidade da Internet nos currículos e a sensibilização, para que indivíduos e empresas apoiem campanhas que respeitem a diversidade. “A acessibilidade não pode ser a cereja do bolo, tem que ser a massa, o suporte”, reitera.
Durante a Web.br, foram lançadas as inscrições para o Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web – Todos@Web, que terá a sua 4ª edição realizada pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br), com apoio do W3C Brasil, NIC.br e CGI.br. Hartmut Glaser, secretario executivo do CGI.br, que mediou a 7ª Conferência “CGI.br 20 anos”, destacou a importância da Universalidade para democracia e verdadeira inclusão digital. Ainda durante a Web.br, Glaser analisou o princípio da neutralidade da rede, tema que será discutido na 8ª Conferência “CGI.br 20 anos”, no dia 13 de outubro, em São Paulo.
Web livre e descentralizada
A “Re-descentralização da Web”, tema da Conferência Web.br deste ano, fez parte das apresentações doskeynotes speakers e painelistas, e foi lembrada por Vagner Diniz, gerente do W3C Brasil, na abertura do evento. Diniz destacou os princípios que motivaram a criação de uma Internet livre, robusta e colaborativa. “Esses princípios não morreram, assim como os valores que impulsionaram o surgimento de uma Web livre e descentralizada”, reforçou.
“No entanto, vivemos um momento em que organizações e Governos buscam nos aprisionar em jardins murados, ao limitar possibilidades de compartilhamento e o livre fluxo da informação”. Diniz enfatizou a importância de “re-descentralizar a Web para aproximá-la dos seus princípios originais, para que possamos inovar e criar sem medo”, e também criticou tentativas de impedir a construção de uma nova economia e modelos de negócios baseados na Web.
Os serviços e aplicações descentralizadas foram abordados por Andrei Sambra, pesquisador do MIT e membro do W3C, que propôs ainda uma reflexão sobre a privacidade e a proteção aos dados. Samba lembrou o volume de informações disponíveis online, que cresce exponencialmente com a Internet das Coisas. “Quem é dono desses dados? Quem vai decidir o que deve ser feito com eles? Toda vez que você usa um serviço gratuito na Web, você paga ao permitir acesso aos seus dados pessoais. E esse é um preço muito alto”, alertou.
Ele defende que cada indivíduo tenha o controle sobre suas informações e tenha a liberdade de escolher onde armazena-las – de preferência, em múltiplas fontes – para que empresas, em vez de coletar dados, se preocupem em melhorar a experiência dos usuários. Sambra também apresentou a plataforma SoLiD – Social Linked Data, que planeja mudar a forma como as aplicações na Web são criadas. E convocou a união de forças entre profissionais e usuários. “Devemos trabalhar juntos. O intelecto coletivo é nosso recurso mais valioso”, destacou.
Pagamentos na Web
O keynote speaker Adrian Hope-Bailie, da Ripple Labs, abordou a questão dos Pagamentos na Web – tema que tem sido discutido pelo grupo de trabalho do W3C. Para ele, movimentar dinheiro na Web de forma mais eficiente requer uma mudança na infraestrutura da Web e a chave está no desenvolvimento de novos protocolos que permitam a interação entre sistemas. “Transferir dinheiro deveria ser tão fácil quanto enviar um e-mail. Precisamos de um SMTP monetário”, disse, em referência ao protocolo utilizado para correio eletrônico.
Hope-Bailie argumentou em prol da utilização de padrões abertos e da colaboração de pessoas de diferentes países para chegar a soluções globais. “Mudar o comportamento do usuário é difícil. Precisamos tirar o usuário do fluxo”, afirmou, citando o exemplo de tecnologias como digital wallets que enfrentam resistência no mercado. E fez previsões sobre o futuro dos pagamentos. “Se a movimentação de dinheiroonline for tão fácil quanto é o trânsito de informações, podemos nos livrar de modelos de publicidade”.
Dados na Web
Os Dados Conectados usam conceitos e tecnologias da Web para descrever o mundo. Com base nesta afirmação, Phil Archer apresentou o que grupos de trabalho do W3C envolvidos com dados na Web têm feito e discutido sobre a questão. “Pessoas estão gerando e compartilhando informações sobre tudo, o tempo todo. Precisamos usar essa coisa incrível que é a Web para conectar tudo isso”, destacou. Para Archer, reunir informações das mais diversas fontes vai proporcionar insights que beneficiarão a sociedade. “Vamos encontrar as causas de problemas e suas soluções”.
Deirdre Lee alertou que, apesar da diversidade de fontes, os dados de qualidade e prontos para uso podem ser raros. “Quanto mais adotarmos padrões e seguirmos as melhores práticas, mais fácil e simples será o uso dos dados”, recomendou. Deirdre citou alguns desafios para quem publica dados como as licenças, a qualidade e governança, os recursos, impactos dessas informações e, especialmente, a privacidade. E defendeu, ainda, que as empresas sejam transparentes sobre o uso que fazem dos dados coletados. “Nós, como indivíduos, devemos ter escolha sobre os nossos dados”, sentenciou.
Trilhas
Além da 7ª Conferência CGI.br 20 anos e da apresentação dos keynotes speakers, a programação da Web.br 2015 contou com dezenas de atividades divididas em cinco trilhas: Segurança & Privacidade, Web Payments, Open Web, Trends, Workshops e Tutoriais. As vulnerabilidades na Web, por exemplo, foram abordadas por Miriam von Zuben e Dionathan Nakamura, do CERT.br, enquanto Newton Calegari e Deblyn Prado, do NIC.br, contaram um pouco sobre a rotina de trabalho e integração entre profissionais de desenvolvimento. Outros temas que estiveram em discussão foram: HTML5, CSS3, acessibilidade, web semântica, visualização de dados, Internet/Web das Coisas e digital publishing.
Com informações da Assessoria de Imprensa do CGI/NIC.Br.