Il Capitale Umano (2014)
24 de Agosto de 2014, 17:27 - sem comentários aindaUma realização franco italiana premiadíssima na Itália (ao lado do A Grande Beleza, do Sorrentino), Il Capitale Umano tem uma trama intrincada e inteligente que nos deixa exclamando alto, quando termina: “Excelente! Excelente!”
O filme tem três capítulos que contam a mesma história sobre a ótica de três diferentes personagens.
O plano central, a partir do qual se desenrolam os enredos, são duas famílias italianas, uma de classe média e outra de classe alta, cujos filhos adolescentes estariam namorando.
O filme começa com Dino Ossola (Fabrizio Bentivoglio), o pai de Serena (Matilde Gioli) levando-a a mansão da família do namorado, Massimiliano (Guglielmo Pinelli), e acabando por penhorar sua casa para investir nos fundos da família, após um joguinho de tênis, no qual um parceiro dos ricaços faltara e para o qual o oportunista se escalara.
Adaptação do próprio diretor, Paolo Virzì, o filme é baseado no livro de Stephen Amidon, que tem o mesmo nome.
Na família de Dino, sua segunda esposa Roberta (Valeria Golino) é psicóloga e anuncia que está grávida de gêmeos. A filha de Dino, Serena, está desencantada com o namorado rico e se envolve com Luca Ambrosini (Giovanni Anzaldo), um jovem problemático e suicida que conhece na sala de espera do consultório da madrasta Roberta.
O patriarca da família Bernaschi, Giovanni (Fabrizio Gifuni), está preocupado com a queda brusca das ações do fundo Bernaschi, enquanto sua esposa Carla (Valeria Bruni Tedeschi), compra um teatro e tem um caso com o professor Donato Russomanno (Luigi Lo Cascio).
Queda brusca das ações no fundo Bernaschi – aquele no qual Dino penhorou a casa para poder investir e ai se fecha o círculo central do filme.
O recheio deste círculo, entretanto, é o atropelamento de um ciclista, atribuído, ora ao filho da família rica, ora a filha da família pobre, cuja verdade vai sendo desvendada, paulatinamente, no transcorrer dos três capítulos do filme.
As misérias humanas também vão sendo reveladas ao tempo em que a verdade se descortina:
“O seguro do carro de Massimiliano negociou com a família de Fabrizio Lupi, vítima do acidente, um ressarcimento no valor de €218.976 mil. Valores como esses são calculados com base em parâmetros como: expectativa de vida, capacidade para o trabalho e a quantidade e qualidade dos lações afetivos. Os avaliadores de seguro o chamam de CAPITAL HUMANO”.
BRAVÍSSIM@S TOD@S! Do realizador Paolo Virzì ao mais secundário no elenco, tudo reflete com coerência um drama coeso e impecável no qual estão inseridas as misérias humanas, no mais particular, operístico e delicioso jeito italiano de fazer cinema.
Eu super recomendo.
Confira o trailler:
O dia em que o Jô errou e eu percebi
29 de Julho de 2014, 10:12 - sem comentários aindaFalar só uma coisa do Jô, que eu tava pra falar desde o final de semana.
Semana passada ele entrevistou Jaqueline Bisset e deu tanta bola fora que até eu fiquei com vergonha por ele.
A atriz (que é uma antipática!) disse que já tinha estado antes no Brasil para filmar Orquídea Selvagem (com o Mickey Rourke, no tempo em que ele era gostosão!) e, então o Jô falou: "ah, sim, Orquídea Selvagem, que é o mesmo filme Nove e 1/2 Semanas de amor, né?"
Ela olhou pra ele com aquela cara de não sei o que vc. tá falando e ele concluiu, afirmando com a mais absoluta certeza: "é sim! Orquídea Selvagem aqui no Brasil ganhou o nome de Nove e 1/2 Semanas de Amor!"
Nããããão, Jô! Os dois filmes são eróticos e igualmente interessantes, mas Orquídea Selvagem é do diretor Zalman King e Nove Semanas foi dirigido por Adrian Lyne.
São dois filmes distintos, ainda que o Mickey Rourke (no auge de sua forma e beleza!), tenha atuado nos dois, Orquídea teve Jaqueline Bisset e Nove semanas foi com a Kim Basinger.
Ao final, ele ainda jurou que a Bisset era francesa, mas para sua decepção ela disse que o Bisset, de seu pai, vem da Suécia.
O palestino "Omar" (2013)
27 de Julho de 2014, 12:13 - sem comentários aindaDirigido por Hany Abu-Assad, Omar foi o segundo longa metragem palestino a ter uma indicação para o Oscar (Melhor Filme Estrangeiro, em 2014 – perdeu para o italiano A Grande Beleza, do Sorrentino).
O primeiro fora Paradise Now-2006, do mesmo diretor Hany Abu-Assad, que perdeu para o sul-africano Tsotsi.
Omar foi gravado em Nazaré, norte de Israel, e em vários lugares dos territórios palestinos ocupados, na Cisjordânia e venceu o prêmio do júri no Festival de Cinema de Cannes, em 2013, ocasião em que foi ovacionado, em pé, por cerca de cinco minutos.
De fato, o desejo que se tem, ao final do filme, é de aplaudi-lo em pé, por pelo menos cinco minutos (e a gente sabe das dificuldades que os filmes palestinos têm para ser indicados a premiações internacionais devido ao não reconhecimento da Palestina como um Estado soberano).
O filme nos oferece uma trama inteligente, misturando uma história amorosa e as relações políticas do cenário palestino, ambas dramáticas.
Omar (Adam Bakri) é um jovem padeiro que ama Nádia (Leem Lubany), irmã de seu amigo de infância e procurado líder da resistência, Tarek (Eyad Hourani).
Em meio às juras de amor trocadas em segredo por Nadia e Omar, o conflito é travado entre a perseguição implacável do serviço secreto israelense e o ativismo junto aos guerrilheiros palestinos.
Difícil saber qual dos três é mais cruel: o serviço secreto israelense, os guerrilheiros palestinos ou as armadilhas do amor.
Através do triângulo amoroso formado entre Omar, Nádia e Amjad (Samer Bisharat) - outro jovem, também amigo de infância de Omar e Tarek -, somos conduzidos ao cenário da implacável impiedade na qual se constitui a Ocupação Palestina.
Além da direção, Hany Abu-Assad também assina o roteiro dotado de inteligência e profundidade e que gira em tono do eixo central constituído pela filigrana da alma humana, fruto e origem da extrema vilania na qual se constitui a questão palestina.
Omar teve o custo equivalente a menos de um quinto do preço de uma produção hollywoodiana: dois milhões de dólares.
A exemplo do saudita O Sonho de Wadjda, custeado com ajuda de empresários e solidários à questão feminina no mundo Árabe, Omar foi completamente financiado por cidadãos e empresários palestinos.
Segundo o diretor Hany Abu-Assad, é a primeira vez que os empresários palestinos se convenceram a investir na indústria cinematográfica do país. “Isso é incrível!", declarou o diretor.
The Railway Man (2013)
25 de Maio de 2014, 21:57 - sem comentários ainda
Uma Longa Viagem é um filme australiano que se baseia na história real de Eric Lomax, engenheiro que, como oficial britânico, foi capturado em Singapura pelos japoneses durante a 2ª Guerra e enviado como prisioneiro para construir a Ferrovia da Birmânia (também conhecida por Ferrovia da Morte).
A ferrovia foi construída e percorre 415 km entre Banguecoque, na Tailândia, e Rangum, na Birmânia (actual Myanmar).
O filme se baseia na obra do próprio Lomax, que morreu com 93 anos, em 8 de Outubro de 2012, depois de iniciada a produção do filme.
Dirigido por Jonathan Teplitzky, o drama nos coloca diante de um grupo de veteranos ingleses da 2ª guerra, cinquenta anos depois dos episódios da construção da ferrovia.
Eric Lomax, interpretado por Colin Firth, tem por hábito andar em trens, fruto das questões vividas durante a guerra, e um dia conhece e se apaixona por Patti (Nicole Kidman), com quem se casa e a quem acaba demonstrando seu comportamento traumático, decorrente da guerra das torturas sofridas.
O assunto é tabu entre os veteranos, mas Patti procura o melhor amigo de Lomax, Finlay (vivido pelo ótimo Stellan Skarsgård – o Seligman de Nymphomaniac) na tentativa de ajudar o homem que ama e salvá-lo de si mesmo.
Na conversa entre Patti e Finlay, é nos dado a conhecer os absurdos causados pela guerra e as horrendas torturas a ele impingidas pelos japoneses, após Lomax e seus amigos ingleses terem sido pegos ouvindo um rádio que construíram, apenas para recepção das notícias a respeito do que estava se passando no mundo.
O filme, então, se desdobra em dois: passado e presente. Jeremy Irvine vive o Jovem Lomax e somos apresentados a Takashi Nagase (Hiroyuki Sanada), o mais cruel torturador de Lomax.
O velho Lomax, na interpretação extraordinária de Colin Firth, é colocado diante do dilema de ter que resolver seus traumas do passado para salvar seu casamento e a si mesmo.
Descobrindo que Nagase estava vivo, empreende viagem à Tailândia para acertar as contas com seu torturador.
O que se passa a partir daí é uma história delicada, expressão do melhor e maior que o ser humano pode conter em seu coração.
Mandou bem o diretor australiano, que tem apenas outros três filmes em seu currículo [Better Than Sex (2000), Gettin' Square (2003) e Burning Man (2011).]
Um belo filme. Eu recomendo!
Veja o trailler: