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April 3, 2011 21:00 , par Inconnu - | 2 people following this article.
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ONU critica ‘rentismo’ e práticas monopolistas das grandes corporações globais

September 14, 2017 20:11, par Feed RSS do(a) News
Edifícios nos arredores de Wall Street. Foto: Michael Aston/Flickr (CC)

Edifícios nos arredores de Wall Street. Foto: Michael Aston/Flickr (CC)

A hiperglobalização tem alimentado práticas restritivas de negócios como abuso de posição dominante e restrição à competição, segundo novo relatório da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) divulgado nesta quinta-feira (14). Os rendimentos derivados dessas práticas têm aumentado a desigualdade, “em um mundo onde o vencedor leva (quase) tudo”, disse o documento.

“Para impedir que esse ciclo saia do controle, as autoridades públicas, nos planos nacional e internacional, devem resgatar o caráter de bens públicos do conhecimento e da concorrência”, disse o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, para o lançamento do “Trade and Development Report, 2017: Beyond Austerity – Towards a Global New Deal” (Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2017: para além da austeridade – rumo a um novo pacto global).

Lucrando com o poder, sem gerar prosperidade

O relatório mostra que, com o aumento contínuo de seu poder de mercado e de lobby, as grandes empresas inflam seus lucros pela manipulação das regras do jogo. A crise de 2008 expôs essas práticas nos mercados financeiros; o uso dos paraísos fiscais por parte do 1% mais rico é fato conhecido. Contudo, tais práticas também têm se estendido a setores não financeiros.

“O poder de mercado e a concentração têm aumentando de forma aguda também em termos de receita, ativos físicos e ativos como direitos de propriedade intelectual”, disse o secretário-geral da UNCTAD.

Por meio de uma análise de dados de companhias não financeiras em 56 países desenvolvidos e em desenvolvimento, o relatório mostrou que os ganhadores levam (quase) tudo. Entre 1995 e 2015, os lucros “extraordinários” (lucros que não decorrem das atividades centrais da empresa) passaram de 4% para 23% do lucro total do conjunto das empresas, e de 19% para 40% nas 100 maiores empresas. Em 1995, a capitalização de mercado das 100 maiores empresas globais era 31 vezes maior que a das 2 mil empresas no piso da pirâmide; 20 anos depois, passou a ser 7 mil vezes maior.

Os economistas da UNCTAD constataram que grandes empresas de países emergentes começaram a se tornar globais, em grande parte devido ao boom de seus mercados domésticos. Contudo, as empresas de países desenvolvidos ainda dominam, particularmente em setores de alta lucratividade como medicamentos, mídia e tecnologia da informação e comunicação, respondendo pela maior parte das remessas internacionais de lucros.

Mas o crescimento do controle dos mercados pelas grandes empresas não tem sido proporcional ao crescimento do emprego por elas oferecido. Medida pela capitalização de mercado, a participação das 100 maiores empresas quadruplicou, mas sua participação no emprego apenas dobrou.

“Estamos enfrentando um mundo de ‘lucros sem prosperidade’, onde o poder de mercado assimétrico é um fator que contribui fortemente para a desigualdade de renda”, disse Kituyi.

A hiperglobalização criando novas formas de protecionismo

Segundo o relatório, monopólios naturais decorrentes de avanços tecnológicos são apenas uma pequena parte da história. As chamadas superstar firms devem seus impérios tanto às proezas tecnológicas quanto à ineficiência da legislação antitruste, à excessiva proteção da propriedade intelectual e às agressivas estratégias de fusão e aquisição.

Com base em dados de filiais de empresas norte-americanas no Brasil, na China e na Índia, o relatório mostra que, em três setores intensivos em tecnologia (tecnologias da informação e comunicação, químico e farmacêutico), o aumento da proteção por patentes está associado à crescente rentabilidade das filiais, deixando para trás as empresas locais.

Elisão fiscal, liquidações de ativos públicos, subsídios públicos para grandes corporações e recompras de ações têm oferecido novas oportunidades de rentabilidade e aumentado a remuneração de diretores-executivos.

De acordo com o relatório, um círculo vicioso em que poder de mercado gera poder de lobby deu legitimidade ao submundo do “rentismo” empresarial (corporate rent-seeking), contribuindo sistematicamente para o aumento das desigualdades de renda e para os desequilíbrios de poder na economia global.



Finanças sem regulação são fonte de instabilidade e desigualdade, diz ONU

September 14, 2017 20:11, par Feed RSS do(a) News
O fracasso em domar o mercado financeiro e em lidar com as desigualdades tem prejudicado os esforços para a construção de economias inclusivas, aponta relatório das Nações Unidas. Foto: Rafael Matsunaga/CC Flickr.

O fracasso em domar o mercado financeiro e em lidar com as desigualdades tem prejudicado os esforços para a construção de economias inclusivas, aponta relatório das Nações Unidas. Foto: Rafael Matsunaga/CC Flickr.

A desregulação das finanças está no cerne do mundo hiperglobalizado de hoje. O fracasso em domá-la e em lidar com desigualdades arraigadas tem prejudicado os esforços para a construção de economias inclusivas, aponta relatório das Nações Unidas publicado nesta quinta-feira (14).

Segundo o relatório da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) “Trade and Development Report, 2017: Beyond Austerity – Towards a Global New Deal” (Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2017: para além da austeridade – rumo a um novo pacto global), a despeito de toda a discussão ocorrida após a crise financeira de 2008 sobre a urgência de reformas e das declarações recentes de que o sistema financeiro tornou-se mais seguro, simples e justo, as ações regulatórias até agora fizeram pouco mais do que aparar as asas das finanças de alto risco, aumentar o lastro em capital dos empréstimos e coibir ligeiramente as operações nos mercados paralelos.

“Os cofres públicos foram generosamente usados para impedir a quebra do setor financeiro em 2007/2008, mas as causas profundas da instabilidade financeira não foram abordadas pelos governos nacionais ou em escala global”, disse o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi.

Nas últimas décadas, o controle de economias inteiras pelas finanças se intensificou, como mostram múltiplos indicadores. Os ativos totais do setor bancário mais do que duplicaram desde a década de 1990 na maioria dos países, com picos de mais de 300% do Produto Interno Bruto (PIB) em algumas economias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O relatório da UNCTAD estima que os ativos do setor bancário em países desenvolvidos chegam a 100 trilhões de dólares, o que agora excede o PIB global. De forma semelhante, as tendências para economias em desenvolvimento e em transição mostram picos acima de 200% do PIB em alguns casos.

Um sistema financeiro global instável

O grau de concentração bancária permanece alarmantemente alto. Em muitos países, os balanços consolidados dos cinco principais bancos são maiores do que o PIB nacional. Para muitas economias, o total de ativos e passivos externos também são maiores que o PIB. “Esta é uma situação de instabilidade para o sistema financeiro global”, disse Kituyi.

A “financeirização” tem sido acompanhada pelo aumento do endividamento no setor não financeiro, cuja dívida havia chegado a 188% do PIB global antes da crise. Apesar das desastrosas consequências vistas em 2008 do modelo de crescimento impulsionado por dívida, esta atingiu um pico de 230% do PIB mundial em 2016. Com o aumento da dívida das famílias e a queda da participação dos salários, os vínculos entre endividamento e insegurança são cada vez mais difíceis de ignorar.

A desigualdade de renda aumenta ainda mais

O relatório discute como essas tendências estão intimamente relacionadas ao aumento da desigualdade. Os dados mostram que a diferença de renda entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres aumentou durante as trajetórias que conduziram a quatro das cinco crises financeiras globais desde o final da década de 1970. Na esteira das crises, a desigualdade continuou a aumentar em dois terços dos casos.

Os mecanismos são complexos e variam de país para país, mas o resumo da história é simples: a “grande escapada” dos rendimentos no topo da pirâmide produz subconsumo, dívida privada e investimento especulativo em um contexto de captura crescente das instâncias reguladoras, tornando o sistema financeiro mais vulnerável; daí as crises. No processo de recuperação, os mais pobres sofrem as consequências dos ajustes, perdendo renda e emprego com as políticas de austeridade.



Em palestra magna do Consenge, senador Requião defende soberania nacional

September 12, 2017 13:03, par Feed RSS do(a) News

Durante o evento, Requião afirmou que a Reforma Trabalhista, proposta por Temer, significa a precarização absoluta da força de trabalho.

“Soberania, desenvolvimento e o papel do Estado brasileiro” foi o tema da palestra magna do 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge) ministrada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). Durante o evento, Requião afirmou que a Reforma Trabalhista, proposta por Temer, significa a precarização absoluta da força de trabalho.

O senador ainda destacou que, ao propor tais medidas, o atual governo imaginou que o Brasil receberia investimento norte-americano, com o objetivo de utilizar mão de obra barata. Segundo ele, os formuladores dessa reforma apostaram, também, na ideia de que a oportunidade de trabalho extraordinariamente mal remunerada poderia barrar a possibilidade de revolta das camadas populares. Contudo, o senador acredita que o Brasil viveu um período de conquistas sociais e que os trabalhadores jamais se conformarão com uma regressão para uma posição de colônia.

Tragédia anuncia

“Essa política moribunda da Europa financia o golpe e derrubou um governo eleito pelo voto popular”, disse o senador. Segundo ele, o governo toma decisões referenciadas no documento chamado “Ponte para o Futuro”, elaborado pelo economista gaúcho que escreve no jornal Estado de São Paulo, Marcos Lisboa, e por alguns economistas de bancos ou financiados pela estrutura bancária brasileira. “Nós temos que enfrentar o capital financeiro no Brasil, que tem Meirelles na fazenda”, pontuou.

Requião consenge 2017(Foto: Joka Madruga)

“É uma tragédia anunciada”, enfatizou. De acordo com ele, essas propostas estão de acordo com as considerações do Consenso de Washington e com a teoria da dependência, formulada por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Paleta, economista italiano naturalizado argentino. Essa teoria diz que “nós brasileiros não temos empresários capazes e esgotamos nossa capacidade de criação e construção, que nossa engenharia não vale nada e que os nossos trabalhadores são incapazes. E aponta como solução para a retomada do crescimento a dependência absoluta ao comando de empresários capazes de construir os países de primeiro mundo”, explicou.

Celeiro do mundo

Requião também declarou que se essa política prosseguir, o país irá regredir no tempo e se transformar no “celeiro do mundo”. Isso significa que o Brasil será mero fornecedor de commodities, produtos agropecuários ou minerais com baixo custo, para os países desenvolvidos do mundo. “Este cenário interessa fundamentalmente ao bloco norte americano, bem como à China, que se transformou na “fábrica do mundo”, associada à Rússia. Nós passamos a ser objeto de cobiça dessa guerra que não é mais ideológica. É uma guerra geopolítica de potências tentando viabilizar suas economias internas sem se preocupar com o que acontece com o país provedor das matérias primas”, analisou.

Venda territorial

O senador avaliou que a agricultura brasileira possui grande produtividade. “Nós temos uma produtividade igual ou superior à norte-americana. Mas eles querem expandir isso. Expandir como? Com a venda de propriedades agrícolas, de espaços territoriais brasileiros para estrangeiros de qualquer natureza. Dessa forma, nós não estaríamos alavancando a produtividade”, comentou.

Para Requião, essa política avança sobre as reservas naturais da Amazônia, de forma a liberar áreas de proteção ambiental para produção de cobre por mineradoras, principalmente para as canadenses, que são as que se demonstram mais interessadas.

Esse “aumento de produção”, com abertura de espaço e uma tecnologia que já é nossa, com uma injeção maior de recursos financeiros e mecanização nos levará, necessariamente ao desemprego.

“Quando nos transformamos em “celeiro do mundo”, não estamos viabilizando os empregos necessários para conseguirmos uma relativa paz social para sobrevivência dos trabalhadores, das suas famílias e garantia de seus salários”, disse.

Contramão das soluções

Para Requião, a reforma trabalhista e o fim dos investimentos públicos atua na contramão das soluções apontadas pela história de superação de crises econômicas e sociais, como as tomadas nos Estados Unidos, durante a grande recessão com a crise imobiliária da Flórida na década de 30. “Ela foi superada com políticas extremamente claras, por meio de uma aliança entre o capital produtivo e o trabalho. Ao contrário de toda asneira que faz o atual governo do Brasil, a Ford propõe a diminuição da carga horária, ou seja, menos horas e mais gente trabalhando, garantindo por lei o salário mínimo, para viabilizar o poder aquisitivo”, disse.

“O Brasil tem saída. Se nós nos inspirarmos nesse modelo de recuperação de crise, nós saímos da mesma forma e muito rapidamente”, ratifica. O senador acredita que a atual conjuntura é resultado de um projeto do imperialismo que defende seus interesses próprios, “na desgraçada luta pela dominação dos recursos minerais do petróleo e do minério”.

Retomada do crescimento

A recuperação e a valorização da Petrobras são apontadas por Requião como caminho principal para o crescimento e a retomada de desenvolvimento do país. “No Brasil, a Petrobras é a responsável por 70% dos investimentos realizados no país, e são esses os investimentos e a política de compra de sumos nacionais que alavancavam nossa economia”, defende. “A história do mundo é a guerra do petróleo. O petróleo é o sangue mineral que impulsiona as economias. E nós estamos entregando sem conflito, na bandeja”.

Requião avalia que é imprescindível conter o processo de entrega do patrimônio nacional. Neste sentido, foi criada no Congresso Nacional, uma Frente Nacionalista pela Soberania, que conta com 201 deputados e 18 senadores. Uma das propostas da Frente é a realização de um referendo popular, junto às eleições de 2018, “para que o povo diga SIM ou NÃO para essas medidas de entreguismo de terra, de reforma trabalhista, de entrega da Amazônia, de entrega da Petrobras”.

Ele defende, também, mobilização popular. “Com certeza, conseguiremos alguma coisa a partir de mobilizações populares, sindicatos, movimentos populares, presença nas ruas e protestos”.

Texto: Katarine Flor (Senge-RJ) e Marine Moraes (Senge-PE)
Edição: Camila Marins
Foto: Joka Madruga/Fisenge



Um Brasil para inglês ver

September 11, 2017 1:01, par Feed RSS do(a) News

Ao dizer que “é impossível não sentir vergonha do que acontece no Brasil” Barroso, lamentavelmente, “se incluiu fora”. Nesse ponto ficou na defensiva.

 

Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro

 

Falando nos Estados Unidos, o ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, disse muitas coisas absolutamente verdadeiras. Há um “pacto oligárquico firmado no Brasil entre políticos, empresários e a burocracia estatal” e “eles querem manter as coisas como sempre foram nos últimos 500 anos”. Corretíssimo!

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil

Mas ao dizer que “é impossível não sentir vergonha do que acontece no Brasil” ele, lamentavelmente, “se incluiu fora”. Nesse ponto ficou na defensiva, afirmando que a Corte do país tem sido acusada, injustificadamente, de fazer política e defendeu que os ministros têm cumprido seu papel corretamente.

Corrupção no Brasil

Fazer cara de paisagem diante de um impeachment sem crime de responsabilidade é a maior vergonha de todas, já que o STF tem por função constitucional defender justamente a Constituição. Fingir ignorar as prisões preventivas ilegais e os vazamentos de delações seletivas, não terá o perdão da história. Será que isso não é fazer política, tomar partido?

Se a corrupção generalizada é de fato uma vergonha para o cidadão brasileiro honesto, que vive de seu trabalho e suado salário, deveria ser também uma vergonha o fato da quase totalidade dos juízes e procuradores públicos ganhar ilegalmente acima do teto e viver como uma casta aristocrática, acima do bem e do mal.

Mas sobre isso, nem uma palavra do ministro Barroso. Deve também achar natural ser casta num país de excluídos.

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.

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Todo poder ao alcaguete!

September 7, 2017 17:43, par Feed RSS do(a) News
 
Carlos Motta
 

A realidade se impõe: temos de aprender a viver numa sociedade regida pelo dedo-durismo.

Mais que o presidente da República, mais que qualquer um que se julgue autoridade, o poder real está com o alcaguete, que até outro dia era uma figura execrável, repudiada por todos - e até mesmo pela marginalidade.

"Fecharam o paletó do dedo duro
Pra nunca mais apontar
A lei do morro é barra pesada
Vacilou levou rajada na ideia de pensar
A lei do morro é barra pesada
Vacilou levou rajada na ideia de pensar

A lei do morro é ver ouvir e calar
Ele sabia, quem mandou ele falar
Falou demais e por isso ele dançou
Favela quando é favela, não deixa morar delator"

Assim cantou Bezerra da Silva ("Dedo Duro"), num dos inúmeros sambas que gravou abordando esse detestável personagem.

E Bezerra sabia das coisas da malandragem e do povo, conhecia a alma profunda das periferias.

Hoje, para espanto quase geral, o delator é aclamado como herói, não importa se ele, antes de ser um X-9, era um ladrão que passou a vida toda roubando os cofres públicos, corrupto ou corruptor, e que para se livrar da cana pesada, entregou os comparsas, ou pior, falou aquilo que a meganhagem, suas excelências, os doutores - seja lá quem for -, queriam que ele falasse.

Apodrecendo numa prisão imunda, sem ter sido julgado, sem perspectiva de ser libertado, com seus carcereiros todos os dias passando a ele o roteiro do que deve dizer para o "meritíssimo", o sujeito entrega a própria mãe, é capaz de dizer que fulano de tal incendiou Roma ou que sicrano bolou o plano de derrubada das Torres Gêmeas.

Da mesma forma, são poucos os que resistem a uma oferta de ver sua pena de 40 anos de prisão ser reduzida a uns dois, três anos, para serem cumpridos em sua mansão, com o único inconveniente de ter de usar um aparelho eletrônico em seu tornozelo, se disserem que beltrano, apesar de sua aparência de coroinha de missa dominical, é na verdade um vilão mais terrível que o professor Moriarty dos livros de Sherlock Holmes.

Afinal, nestes tempos de Brasil Novo, palavra de cagueta é lei.

Há uma fila de candidatos a Silvério dos Reis ou Judas Iscariotes.

Portanto, todos nós devemos ter muito cuidado com tudo o que fizermos no dia a dia, mesmo as coisas mais triviais.

Se for atravessar uma rua, dê preferência aos carros.

Trate os policiais como se fossem a encarnação dos reis Luíses da França.

Não ria nem fale alto em locais públicos.

Não dirija devagar nas estradas e sempre ultrapasse na contramão na faixa contínua.

Em resumo: não chame a atenção, seja anônimo, não se destaque em nada, não tenha opinião sobre coisa nenhuma e, se for forçado a dar algum palpite, que seja o mais idiota possível, revelador de sua notável ignorância e mediocridade.

Lembre-se sempre: em cada esquina, em cada canto, em cada mesa do bar, do restaurante, do trabalho, atrás de cada porta, num banco da praça, ou no volante do carro que parou ao lado do seu no semáforo, pode estar um dedo-duro.

E, a apoiá-lo em suas delações, a transformá-las em "colaborações" para o bem da Justiça, para o combate do câncer da corrupção, para a salvação do páis, está um doutor daqueles tão distintos e bem apessoados que dá a impressão que suas camisas e seu terno foram comprados em Miami, coisa fina, nada comparável a qualquer um desses tantos que se veem por aí em lojas de shopping centers .

Delatores e doutores, um time imbatível! 

Com eles, não há perigo de a saúva acabar com o Brasil.



A herança de exclusão na história do Brasil

September 4, 2017 18:44, par Feed RSS do(a) News

Há que reconhecer que continuamos periferia de países centrais que desde o século XVI nos mantém a eles atrelados. O Brasil não se sustenta, autonomamente, de pé

Por Leonardo Boff – do Rio de Janeiro:

O processo de colonização de ontem e de recolonização atual, imposta pelos países centrais, está tendo o seguinte efeito: a produção, a consolidação e o aprofundamento de nossa dependência e a fragilidade de nossa democracia, sempre ameaçada por algum golpe das elites endinheiradas, quando se dão conta da ascensão das classes populares vistas como ameaça aos altos níveis de sua alta acumulação. Assim foi com o golpe de 2017 atrás do qual estavam e estão os donos do dinheiro.

A maioria da população é composta de sobreviventes de uma grande tribulação histórica de submetimento e de marginalização

Brasil

Há que reconhecer que continuamos periferia de países centrais que desde o século XVI nos mantém a eles atrelados. O Brasil não se sustenta, autonomamente, de pé. Ele jaz, injustamente;  “deitado eternamente em berço esplêndido”. A maioria da população é composta  de sobreviventes de uma grande tribulação histórica de submetimento e de  marginalização. 

A Casa grande e a Senzala constituem os gonzos teóricos articuladores de todo o edifício social. A maioria dos moradores da Senzala, entretanto, ainda não descobriu que a opulência da Casa Grande foi construída; com seu trabalho super-explorado, com seu sangue e com suas vidas absolutamente desgastadas. 

Nunca tivemos uma Bastilha que derrubasse os donos seculares do poder e do privilégio  e permitisse a emergência de um outro sujeito de poder; capaz de moldar a sociedade brasileira de forma que todos pudessem caber nela. As classes abastadas praticaram a conciliação entre elas, excluindo sempre o povo.

O  jogo nunca  se mudou, apenas embaralham-se diferentemente as cartas do mesmo e único baralho como o mostrou Marcel Burztyn, O país das alianças, as elites e o continuísmo no Brasil (1990) e mais recentemente por Jessé de Souza. “Atraso das elites: da escravidão até hoje em dia” (2017). 

Sociedade

A filósofa Marilena Chauí resumiu sinteticamente o legado  perverso desta herança: “A sociedade brasileira é uma sociedade autoritária, sociedade violenta; possui uma economia predatória de recursos humanos e naturais, convivendo com naturalidade com a injustiça; a desigualdade, a ausência de liberdade e com os espantosos índices das várias formas institucionalizadas; formais e informais, de extermínio físico e psíquico e de exclusão social, política e cultural”(500 anos, cultura e política no Brasil, 1993, p. 51-52).O golpe parlamentar, jurídico e mediático de 2016 se inscreve nesta tradição.

A ordem capitalista se encontra absolutamente hegemônica no cenário da história, sem oposição ou alternativa imediata a ela.

Como nunca antes, a ordem e a cultura do capital  mostram inequivocamente o seu rosto inumano; criando absurda concentração de riqueza à custa  da devastação da natureza, da exaustão da força de trabalho e de uma estarrecedora pobreza mundial.

Há crescimento/desenvolvimento sem trabalho porque a utilização crescente da informatização; e da robotização dispensa o trabalho humano e cria os desempregados estruturais, hoje totalmente descartáveis. E somam-se aos milhões nos países centrais e entre nós, particularmente; após o golpe parlamentar  de 2016. 

O mercado mundial

O mercado mundial, caracterizado por uma concorrência feroz, é profundamente vitimatório. Quem está  no mercado existe, quem não resiste, desiste, inexiste e deixa de existir. Os países  pobres  passam da dependência para a prescindência. São excluídos da nova ordem-desordem mundial e entregues a sua própria miséria como a África ou então incorporados de forma subalterna como os países latino-americanos, notadamente, o Brasil do golpe parlamentar.  

Os incluídos de forma agregada assistem a um drama terrível. Veem criar-se dentro deles ilhas de bem-estar material  com todas as vantagens dos países centrais; atendendo a  cerca de 30% da população ao lado de um mar de miséria e de exclusão  das grandes maiorias que no Brasil alcançam mais da metade da população.  Eis  a perversidade da ordem do capital, um sistema de anti-vida  como frequentemente o tem incriminado o Papa Francisco.

Não devemos poupar-lhe a dureza das palavras, pois a taxa de iniquidade social para grande parte da humanidade se apresenta insustentável para um senso de uma ética mínima e de compaixão solidária. 

Globalização

Uma razão a mais para nos convencermos de que não há futuro para o  Brasil inserido nesta forma na globalização econômico-financeira; excludente e destruidora da esperança como está sendo imposta com a máxima celeridade pelo novo governo ilegítimo.

Há que se buscar um outro paradigma  diferente e alternativo não só para o Brasil mas para o mundo.  Lentamente está sendo gestado nos movimentos de base e em sectores progressistas do mundo inteiro com sensibilidade ecológico-social; fundada no cuidado e na responsabilidade coletiva. Caso contrário podemos ser conduzidos por um caminho sem retorno.

 

Leonardo Boff é teólogo, escritor e professor universitário, expoente mundial da Teologia da Libertação.

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Chineses recebem efusivamente o Mister Fora Temer

August 31, 2017 21:21, par Feed RSS do(a) News

O golpista Temer é recebido na China com todas as honras protocolares que o momento exige.

#ForaTemer

Fora temer foto china visita



Baques, golpes, e a morte das almas

August 31, 2017 21:21, par Feed RSS do(a) News
Carlos Motta


Todos nós, humanos, sofremos, em algum período de nossas vidas, baques que machucam, desesperam, nos fazem perder a esperança, são capazes de arrancar lágrimas e soluços, ou, ao contrário, despertam a ira, o ódio, a violência.

Pode ser a morte de um parente, a perda de um emprego, a descoberta de uma traição, a derrota do time do coração, pode ser tanta coisa, pode ser apenas uma sensação indescritível de desconforto sem causa definida.

Cada um de nós é diferente do outro.

Cada um tem valores diversos, reage de modo distinto às situações que defronta no cotidiano.


Há pessoas que só pensam nelas próprias; há as que dedicam seus esforços em ajudar o próximo e desejam que todos sejam felizes.

Como as pessoas, uma nação, formada por elas, tem seus altos e baixos, seus momentos de glória e danação.

É o caso do Brasil, que hoje vive um inferno, do qual ninguém sabe de como vai se livrar.

O golpe que trocou uma presidenta honesta por uma quadrilha, que trocou uma democracia por uma cleptocracia, em um ano arrasou o país e destruiu seus sonhos de se tornar, ao menos em médio prazo, uma nação desenvolvida, com menos desigualdade e mais justiça para seus cidadãos.

Este novo golpe não segue igual àquele outro, de 53 anos atrás, mas da mesma maneira que seu antecessor, vai espalhando a incerteza e o desânimo, que vão corroendo o ânimo, o humor e a alma.

Em 1964 eu tinha dez anos e morava em Jundiaí. Minha lembrança do que ocorreu é apenas de alguma movimentação inusitada na cidade. Ou talvez eu tenha sonhado com isso. Não importa, pois ainda sinto os danos causados pela ditadura militar. Não, não sofri nenhum tipo de violência física, não participei de nenhum movimento contra o regime. 

O mal foi de outra ordem.

Meu pai era militar. Na época, com cerca de 50 anos, estava na reserva, ou reformado, não me lembro. O capitão Accioly havia escolhido Jundiaí para viver com sua família - minha mãe, eu e minha irmã. Autodidata, lia muito, gostava imensamente de política, e como o partido de seu coração estava na clandestinidade, militava no PSB. Foi até secretário do diretório municipal.

Mas seu ídolo era outro militar de rígidas convicções ideológicas, que depois de percorrer o país com seus companheiros numa empreitada épica, foi chamado de Cavaleiro da Esperança.

Não sei exatamente o que levou o capitão Accioly a ser comunista, mas acho que foi o fato de ele não suportar injustiças, de procurar fazer sempre as coisas certas, de não transigir no que achava correto.

Sua escolha ideológica foi natural. Naqueles tempos de guerra fria muitas pessoas acreditaram sinceramente que o marxismo-leninismo poderia redimir a humanidade. 

O capitão Accioly era calmo, metódico, disciplinado e caseiro. Pelo menos aparentava ser. Mas interiormente creio que carregava a inquietação daqueles tempos de forma silenciosa, mas intensa. Procurava acompanhar tudo o que ocorria no mundo. Comprava o Estadão pelo volume do noticiário, mas ignorava seus editoriais. Votou no marechal Lott contra Jânio, era admirador de Jango e Brizola, detestava Lacerda e a UDN.

O golpe militar foi uma surpresa para ele. Mas não me recordo de vê-lo nem agitado nem preocupado. Mantinha, pelo menos para a sua família, a calma dos que nada devem. Não foi incomodado por ninguém. Naquela Jundiaí, os comunistas eram notórios e inofensivos aos olhos da autoridades de plantão.

O capitão Accioly aparentemente seguiu sua vida de maneira normal. Porém, com o fortalecimento da ditadura, algo foi mudando nele. Passou a se interessar menos por política, a discutir menos intensamente com os amigos, a mostrar um amargor que não exibia antes. Era como se, lenta e inexoravelmente, a chama que fazia brilhar os olhos daquele homem quieto fosse se apagando.

Poucos anos antes de sua morte, o capitão Accioly já não mais existia.

Pelo menos a pessoa com a qual vivi minha juventude e com quem aprendi os valores que mais prezo e que me transformaram em quem sou.

Hoje, muito depois do fim da ditadura, ainda penso nos anos em que vi o capitão Accioly definhar física e intelectualmente. Não consigo separar essas coisas. Para mim, sempre, aquele será um tempo que aniquilou a esperança de um país, os sonhos de gerações e a grandeza de muitos homens.

Não sei o que o Brasil poderia ter sido se não tivesse passado pela ditadura. 

Sei apenas que o capitão Accioly teria vivido mais e melhor. 

E isso já é motivo suficiente para que eu despreze imensamente todos os responsáveis por essa tragédia que mancha a história brasileira.

Agora, a história se repete. 

Meu medo é que, como o capitão Accioly, muitos sucumbam ao pessimismo e deixem as suas vidas se esvair num cotidiano de frustrações, desesperança e desespero. 



A sujeira do urubu

August 31, 2017 21:21, par Feed RSS do(a) News

Carlos Motta

Uma das histórias mais famosas entre o pessoal que trabalhou no Jornal da Tarde e Estadão - eles eram divididos por um corredor - é a do urubu.

Contam - não presenciei o ocorrido porque estava em férias - que a ave entrou por um dos janelões e deu alguns sobrevoos pela redação, que entrou em pânico.

Foram registradas, enquanto o animal reconhecia o terreno desconhecido, cenas de histeria, de choro e de nervosismo.

Quanto mais faziam para pegar a negra ave, mais ela se amedrontava, até que entrou numa sala e ficou acuada pelos seguranças, chamados para dar fim ao pandemônio.

Sem saída, com medo, a sua reação foi regurgitar, ou vomitar, como queiram.

Todos sabem que o urubu é considerado o lixeiro da natureza.

Tem uma incrível capacidade de comer qualquer coisa, até mesmo carne pútrida.

Por isso o conteúdo de seu estômago não é muito agradável.

E o cheiro, idem. 

Acabaram capturando o bicho, mas o ar ficou empesteado. 

A redação demorou para se recuperar do susto.

Da mesma forma que os faxineiros, que tiveram muito trabalho para limpar a sujeira toda.

A aventura do urubu aconteceu há muitos anos. 

O Jornal da Tarde nem existe mais.

Mas a ave e o pessoal que se espantou com os rasantes que ela deu no enorme salão do jornal servem como metáfora para o Brasil de hoje, invadido não só por um urubu, mas por um bando deles, cada qual com mais fome, cada qual mais disposto a se empanturrar com qualquer carcaça que encontre.

A diferença entre os dois casos é que agora quem vomita não é o urubu, mas o povo brasileiro, que, atônito com o apetite desses abutres, não sabe como se livrar deles.

Nem estimar quanto tempo será necessário para limpar, se algum dia eles forem embora, a sujeira que estão fazendo.