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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | 2 people following this article.
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'Os Jordis estão injustamente presos, mas isso não os torna prisioneiros políticos'

29 de Outubro de 2017, 19:25, por Feed RSS do(a) News

Entrevista de Carles Vallejo (prisioneiro político do regime franquista) a Juan Miguel Baquero, de Barcelona

Vallejo 00 O presidente da Associação Catalã de Ex-presos Políticos do Franquismo qualifica a comparação entre o conflito da Catalunha e a luta anti-franquista

"Parece-me perigoso entrar na equação de diferentes situações. Você não pode brincar com a banalização do franquismo, do fascismo e do nazismo"

"Hoje temos instrumentos para lutar contra as injustiças que nos diferenciam do estado que é vivido numa ditadura"

"É um assunto delicado na Catalunha. Tentei ser o mais honesto possível - refere-se à sua participação no programa de televisão Intermediário da Sexta -, mas aqui se exaltam com qualquer coisa". O presidente da Associação Catalã de Ex-presos Políticos do Franquismo, Carles Vallejo, inicia a entrevista para eldiario.es com uma declaração preventiva. Mas reafirma: a prisão provisória ditada pela Audiência Nacional para os líderes sociais independentistas e presidentes do ANC e do "Milênio Cultural", Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, não os torna "prisioneiros políticos".

Suas declarações ao mexer com a irrupção dessa idéia no conflito na Catalunha levantaram posições conflitantes. "Estes são os tempos que correm", diz ele.

O próprio Vallejo foi preso e torturado por combater a ditadura de Franco. Ele diz que a diferença entre as duas eras é "abismal". Enquanto isso, o "chouqe de trens" continua em direção de um território desconhecido com uma passagem com destino ao artigo 155 e outro à DUI - Declaração Unilateral de Independência.

Pelo modo como começa, sente-se a respiração das vozes encontradas.

Depois do que eu disse, tive muitas demonstraações de apoio enquanto outras pessoas me atacaram sem muito motivo. Estes são os tempos que correm.

Então, não há prisioneiros políticos na Catalunha?

Há pessoas injustamente detidas, presas injustamente. Como é o caso do Jordis. O magistrado não deveria colocá-los na prisão. Se você os acusou de um crime, você deve processá-los e apresentar uma ação judicial. Eu entendo que o juiz se excedeu.

E se eles não estão presos de maneira justa ...

Eles estão injustamente presos, por causa de tudo o que está acontecendo. Não devemos entrar no tema semântico da definição. O que me parece perigoso é entrar na equação de diferentes situações. Você não pode brincar com a banalização de Franco, fascismo e nazismo. Muito levianamente se entra nessas comparações. Eles são injustamente detidos, mas não quero entrar nessa definição. Os Jordis não pode ser equiparados aos prisioneiros políticos de uma ditadura.

Vallejo 01
Carles Vallejo, lutador anti-franco.

Você não vê nenhuma semelhança entre a situação atual, com exemplos como a repressão policial nas ruas ou a prisão dos líderes do ANC e do "Òmnium Cultural" e o contexto da luta social que vivia nos anos 70 contra o regime de Franco?

Hoje temos instrumentos para combater as injustiças que nos diferenciam do estado vivido em uma ditadura. Não gosto de falar de franquismo, mas sim de fascismo espanhol, e talvez este país não tenha explicado bem o que significa não ter direitos e quais são detenções arbitrárias. A democracia espanhola pode ser imperfeita, e muitos lutam para mudar isso, mas temos instrumentos para lutar. Isso não é comparável com um regime em que não há liberdades. A diferença é abismal.

E por que está indignado que compare as duas situações?

Porque o fascismo e o nazismo são o mal absoluto, que é o que foi praticado aqui durante 40 anos. E não podemos subestimar as vítimas do franquismo. Comparando a situação atual com a anterior, diminuímos de alguma forma a dignidade dessas vítimas.

Você vê traços de franquismo no governo atual da Espanha?

Eu percebo traços autoritários. Para defini-los como um franquismo, penso que seria uma análise superficial a respeito da situação política atual. Nós experimentamos involuções políticas como a Lei da Mordaça. Os primeiros que sofreram com isso foram os Trabalhadores e o movimento operário e esses políticos que agora tentam comparar as situações, antes não criticaram essas medidas. O mesmo passou quando cercaram o Parlamento da Catalunha e ninguém levantou a voz. As posições devem ser aplicadas a todos igualmente. A hipocrisia não deve ser praticada com essas coisas delicadas. É muito mais perigoso, por exemplo, o que acontece em outros estados da União Européia, onde há um crescimento muito preocupante de partidos xenófobos.

Como vê a polarização entre o artigo 155 e a DUI?

Como a maioria das pessoas na Catalunha, não acreditamos que a questão política seja resolvida sem diálogo. Não acreditamos no unilateralismo, nem no 155 e nem queremos a DUI. Exigimos e pedimos mais oportunidades de diálogo. Chegamos ao temido "choque entre os trens" e nós da associação de ex-presos políticas advertimos que esta não era a maneira de resolver os problemas. Tudo isso é um beco sem saída.

"No final, que vai pagar a conta somos nós, trabalhadores, como sempre"

A fratura social e política é irreparável?

É o que mais nos preocupa, além do artigo 155 e da DUI: a divisão gerada na sociedade catalã. Levará anos para superar esta situação que foi criada nos últimos anos. E isso não existia. Quebrou todo o trabalho feito especialmente em minha geração e nos últimos anos da ditadura, que conseguiu incorporar a classe trabalhadora na luta pelos direitos sociais e dos Estatutos, incorporando setores que vinham de imigração e que se colocaram na vanguarda da luta pelos direitos do povo catalão... A situação criada agora é um passo para trás que nos custará muito trabalho para voltar ao conquistado anteriormente.

Você suspeita do que está no território desconhecido o que parece ser o conflito catalão?

É difícil. Viveremos uma situação de judicialização e conflito social. Tudo está se precipitando. Desde o início, houve falta de inteligência política de todos os lados. E isso deveria fazer com que muitas pessoas pensassem. É muito preocupante. Estamos dando um salto no vazio. No final, quem pagará a conta somos nós, os trabalhadores, como sempre.

A luta pelos direitos nacionais catalães está sendo vivida hoje de uma forma que coloca uma realidade de costas em relação a outra. Nos últimos anos, não fez trabalho de inteligência suficiente para incorporar certos sectores, com mais financiamento ou auto-governo e, por isso, passamos do chamado 'cinturão vermelho' para algo que poderia ser definido como 'cinturão laranja'. E a UE é um clube de estados, contra o qual lutamos por uma Europa dos povos, mas o status quo e não quer nenhuma interferência popular. Embora eu não queira dar lições a ninguém, meu trabalho, se útil, é pedagógico sobre o que o franquismo representou e não banalizar e acabar fazendo comparações simplistas.

Os atores envolvidos cometem erros primários que terminarão em uma sucessão temerária de patadas lá na frente?

A primeira coisa é ver qual a força que você tem. Propor uma luta frontal, como foi feito, pressupõe que a levará a situações muito difíceis. Você deve alcançar objetivos alcançáveis ​​de acordo com a correlação de forças que você possui. Analisar quais aliados você tem, você não pode ficar com cada vez menos... E encontrar metas e soluções viáveis ​​para problemas que não deixam as pessoas a descoberto.

Assim vocês propunham a luta política durante o fim da ditadura de Franco?

A luta política era continua. Não havia nada legal. Havia um único partido, um único sindicato, uma organização estudantil, uma organização feminina... Sem liberdade. Enfrentávamos a censura e não havia liberdade de imprensa. A luta contra um estado fascista não pode ser comparada a atual. Aqueles que se rebelaram, deixaram o caminho da submissão e lutaram contra o fascismo, foram para a prisão. Não sei o que as pessoas pensam sobre o regime franquista, mas é preciso recordá-las constantemente sobre o que o fascismo. É por isso que eu recuso comparações fáceis.

E como o regime de Franco reprimiu e proibiu? O que os presos políticos sofreram então?

Desde o início, a tortura. Eles te prendem e vem o de costume, a tortura como método para te rebaixar como pessoa e obter informações para ver se acabas traindo os camaradas da luta política e sindical. A tortura não tinha limites. E os crimes foram tipificados pelo TOP (Tribunal de Ordem Pública).

Você foi preso em 1970. Como e por que foi sua detenção? Você sofreu tortura?

Fui submetido a 20 dias de tortura. Ele foi acusado de propaganda ilegal e reunião ilícita. Cheguei a acumular 20 anos de detenção.

Dizem que entrar na prisão era uma espécie de descanso, uma saída para a violência policial.

Para mim, ir para a prisão e o tribunal foi um alívio, pois saí da tortura. Uma maneira de pararem com os maus tratos nas delegacias de polícia e nas masmorras. Os tribunais eram de exceção, sem qualquer equivalência ou razão democrática como orgão jurisdicional. Eles se dedicavam à repremir e as prisões eram terríveis.

O que passavam com os prisioneiros políticos do regime franco quando estavam atrás das grades?

Falta de higiene, aglomeração de prisioneiros, praga, sem espaços de intimidade ou para fazer nossas necessidades, percevejos ... Tudo era cinza e preto. Foram prisões destinadas a humilhar mais. Nas solitárias, por exemplo, eles nos traziam à noite um colchão daqueles que se enrola e pela manhã o levavam. O resto do dia você ficava ali sozinho, sem nada e isolado. Era outra tortura dentro da prisão e se passava toda vez que reindicávaos algo. Por isso tivemos que organizar greves de fome para exigir condições mínimas para os prisioneiros, exigindo dignidade dentro da prisão. Nem podemos comparar a situação das prisões agora e antes.

Qual era o papel desempenhado pelos membros da Brigada de Políticas Sociais?

Elas eram o instrumento de detenção do regime fascista. A ferramenta de repressão política, social, trabalhista e sindical. Elas tinham delatores em todos os lugares, desde os porteiros de edifícios até os "serenos", que eram vigilantes noturnos. Em qualquer lugar, eles poderiam coletar informações sobre pessoas que entendiam minimamente conflitantes. Vivíamos em uma sociedade de repressão e castigo projetada para que ninguém se movesse. Hoje podemos conversar como nessa entrevista, antes não podíamo fazer isso. Não podemos comparar. Antes esta entrevista teria sido clandestina e, se possível, para correspondentes estrangeiros. A imprensa local poderia fazer muito pouco, porque o regime seqüestrava os jornais em circulação e lhes impunha enormes multas. Agora é diferente.

Fonte e Fotos: El diario

Tradução: Sérgio Luís Bertoni



A universal música brasileira

29 de Outubro de 2017, 19:25, por Feed RSS do(a) News


O Brasil tem hoje um número de ótimos instrumentistas inversamente proporcional ao de políticos e autoridades que verdadeiramente se dedicam ao serviço público.

Parece que os jovens - e mesmo as pessoas de mais idade - estão procurando alguma forma de se distanciar da realidade, triste, suja, quase insuportável, que afronta a vida de cada um.

A arte, em geral, é uma fuga deste mundo que nos oprime - o artista não só busca retratar, a seu modo, a sua existência, mas pretende construir, seja com cores, letras ou sons, um universo particular onde possa se refugiar das misérias do dia a dia.

A música popular, especialmente, de alguns anos para cá, tem abrigado uma extraordinária safra de artistas, seja compositores, seja instrumentistas, que, por motivos óbvios, é desprezada pelos meios de comunicação de massa, ou, como queiram, pela indústria cultural - no caso brasileiro, muito mais indústria de entretenimento.


Essa exuberância se dá em todos os gêneros musicais, desde o samba, o mais executado e conhecido, até outros de difícil classificação - o que dizer das dezenas de "filhotes" do mago Hermeto Pascoal, do gênio Egberto Gismonti, ou dos chorões dos velhos tempos, que, em síntese, simplesmente misturam tudo e mandam ver?

Se a receita é antiga - afinal, muitos músicos, no mundo todo, já juntaram estilos diversos para formar o seu, único -, no caso brasileiro se pode dizer que da geleia geral que vem se solidificando nas últimas décadas está nascendo, se já não nasceu, uma das mais originais manifestações musicais do planeta.

Na semana passada, em Piracicaba, interior paulista, o Festival de Jazz Manouche mostrou um pouco dessa nova música: seus participantes não se limitaram a tocar o estilo criado por Django Reinhardt. Vários deles utilizaram a música brasileira - samba, choro, baião... - como base para o exercício de sua criatividade, aproveitando a característica do jazz cigano de usar e abusar da improvisação.

Um dos mais destacados foi Marcelo Cigano, acordeonista nascido em uma família cigana, que começou a tocar aos oito anos de Idade influenciado pelo seu pai, também acordeonista. Marcelo é um virtuose autodidata que passeia com extrema facilidade por diversos gêneros musicais - samba, choro, forró, bossa nova, tango ou jazz. 

É um colecionador de prêmios. Em 2008 ganhou o 2º Concurso Internacional de Acordeão, promovido pela Associação dos Acordeonistas do Brasil, e em 2010 venceu o Festival Roland de Acordeão, indo representar o Brasil na final mundial do 4º Festival Roland, em Roma. No mesmo ano participou da 63ª Coupe Mondiale, se apresentando no estande da Roland com Ludovic Beier. Desse  encontro nasceu uma parceria que resultou em uma série de shows no Teatro Paiol, em Curitiba, em fevereiro de 2014, e um projeto para futuros Intercâmbios musicais entre Brasil e França.

Em 2014 Marcelo Cigano lançou o CD "Influência do Jazz ", com direção musical de Oliver Pellet e participações especiais de Hermeto Pascoal, Toninho Ferragutti, Lea Freire e Thiago Espírito Santo, entre outros. Cada faixa exemplifica a rica música instrumental que se faz no Brasil e a excelência de seus intérpretes. 

Outro CD notável de Marcelo é o gravado ao vivo no Teatro Paiol com o Jazz Cigano Quinteto, intitulado Gypsy Night Riat Romani, que reúne clássicos do gênero.

Atualmente ele prepara o repertório de mais um disco. Entre as músicas estarão "Pra Nós 2", de Hermeto Pascoal, e "El Cigano", de Ludovic Beier, compostas em homenagem a Marcelo, um músico que, talvez inconscientemente, aplicou em sua arte a característica mais conhecida do povo do qual descende, o nomadismo: da mesma forma que seus ancestrais, Marcelo não se fixa num gênero musical, transita por vários com a intimidade de quem sabe que a música não tem fronteiras.

O trabalho de Marcelo Cigano pode ser ouvido e visto nos seguintes endereços:

gramofone.com.br/produto/marcelo cigano

www.facebook.com/musico.marcelo.cigano

www.youtube.com/channel/UC2UBSB7L7GyJCfm1X1g_7FQ

soundcloud.com/gramofone/sets/marcelo-cigano-influ-ncia-do



Um país de convicções

29 de Outubro de 2017, 19:25, por Feed RSS do(a) News
 
Carlos Motta
 

Não sei quanto ao resto do planeta, mas o Brasil é um país pleno de convicções.

Nesta terra todos sabem de tudo todo o tempo, acham que cada achado que acham é um primor e consideram o considerado o mais acabado babado.

O brasileiro, sem querer, é doutor em tudo.

Ele tem total convicção, pode discorrer horas sem parar sobre verdades incontestáveis como a que atesta que o mundo é plano, que foi criado em seis dias, que Deus comanda as ações de cada um dos bilhões de habitantes humanos, e que se o dízimo for pago pontualmente, seu lugar no paraíso estará garantido e, melhor, sua vida terrena será confortável, até mesmo luxuosa.


Os convictos são tantos que se atropelam nas ruas, nas casas, nos escritórios, nas fábricas - nas redes sociais, então, nem se fala!

Há convicções de toda espécie.

Uns acham que tudo estará melhor se todos nós saíssemos disparando balas do mais grosso calibre nos desafetos, adversários, inimigos, sujeitos antipáticos ou faladores, palmeirenses ou corintianos, homossexuais e negros e comunistas e gordos e magros.

O mundo sem essa gente estaria muito melhor para quem tem essas convicções.

Outros não guardam tanto ódio nos seus corações.

Ou não o expressam assim tão abertamente.

Esses têm convicções sutis, porém fortes, inabaláveis.

Estão convictos de que o mal supremo da sociedade é a corrupção.

E, portanto, tratam de combatê-la com suas convicções emanadas das esferas superiores, tão altas e intangíveis que se confundem com o divino.

De posse de tais convicções, estão certos de que nunca erram, nunca erraram e nunca errarão nos julgamentos que fazem daqueles que levam a marca intolerável - que só eles têm a capacidade de ver - dos malignos e dos abomináveis.

Para esses, os convictos reservam punições mais que exemplares, mais que severas - punições absolutas.

Com tantas convicções à flor da terra, é justo dizer que este é um país que vai para a frente.

Seu destino, a cada convicção nova que surge, a cada velha e arraigada convicção que se proclama em alto e estridente som, é marchar para um futuro radiante, onde todos estarão convictos de que nenhum problema, nenhuma patologia, nenhum contratempo, grande ou pequeno, deixará de ser superado pela força do pensamento positivo, da oração, do trabalho, da meritocracia, do empreendedorismo, do Estado mínimo, da família, do direito à propriedade, do Domingão do Faustão, do Jornal Nacional, da Veja, de O Globo, da Folha de S. Paulo, e, é claro, dos homens de bem.

Fé em Deus e pé na tábua! 



Jazz cigano, música brasileira

24 de Outubro de 2017, 5:37, por Feed RSS do(a) News

 

Carlos Motta


O Brasil é um país surpreendente.

Tem de tudo, basta procurar que se acha.

Seu caldo cultural é riquíssimo, uma mistura colorida de povos de caracteres díspares, que resultou numa monumental e maravilhosa confusão de sentimentos e ideias.

Em certas áreas é imbatível - o futebol, apesar dos 7 a 1 que tomou da Alemanha, as praias e o Carnaval não contam, da mesma forma que a vexaminosa desigualdade social.

A música popular, por exemplo, está no topo do ranking planetário das mais criativas, férteis, empolgantes e admiradas.


Se o samba é um dos maiores fatores de unificação nacional, tocado e cantado em todos os cantos do país, outros ritmos, como o chorinho, também são conhecidos por praticamente todos os brasileiros.

A cada geração surgem músicos mais talentosos e estudiosos, que ganham plateias internacionais de maneira natural, unicamente por força de seu trabalho.

Parece que a música está no gene de cada um que nasce no Brasil.

Para algumas pessoas se transforma numa paixão arrebatadora.

É o caso do juiz de direito José Fernando Seifarth de Freitas, que idealizou e promove, na raça, anualmente, o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, que, no sábado, 21 de outubro, mostrou, no palco externo do Teatro Erotídes de Campos, no Engenho Central, em Piracicaba, interior de São Paulo, durante 4 horas e meia, uma performance extraordinária de bambas, nacionais e internacionais.

Para quem não sabe, o jazz manouche, ou jazz cigano, é aquele que bebe da mistura que o lendário violonista Django Reinhardt fez do jazz de New Orleans com a música de seu povo, lá na década de 30 do século passado. 

O gênero se consolidou com o quinteto que Django formou para se apresentar no Hot Club de Paris, no qual se destacava, além dele, o violinista Stéphane Grappelli - hoje tem milhões de fãs e milhares de executantes em todo o mundo.

Piracicaba, graças ao festival, que está em sua quinta edição, e ao pessoal do Hot Club local, é considerada a capital do jazz manouche brasileiro.

No sábado, além dos músicos da cidade, Fernando Seifarth incluído - ele é um violonista dos bons -, se revezaram no palco, entre os estrangeiros, Robin Nolan, Dario Napoli, Walter Coronda, Sebastian Abuter e Rudi Bado, e entre os brasileiros, Gilberto de Syllos, o incrível Bina Coquet, Marcelo Cigano, Tadeu Romano, Mauro Albert, Ernani Teixeira, Flavio Nunes e a cantora Patrícia Moreno.

Um time de virtuoses.

O festival se estendeu a várias jam sessions em bares da cidade, e ao palco do Sesc local.

Fernando Seifarth que fez as vezes de apresentador das atrações, definiu, sucintamente, o que é para ele o evento, depois de agradecer a extensa lista de apoiadores, desde a padaria que forneceu o lanche para os artistas até a prefeitura que cedeu o local dos shows: "Todo ano, assim que acaba o festival eu penso 'este vai ser o último que farei', para logo em seguida começar a organizar o próximo."

E assim, entre sábios e loucos, entre o desprezo dos poderosos e a dedicação dos pequenos, caminha, aos trancos e barrancos, o Brasil, esta terra em que, como disse o primeiro cronista, se plantando tudo dá. 

P.S.: O contrabaixista Gilberto de Syllos, o "seo Manouche", e o violonista Bina Coquet, lançaram recentemente discos nos quais, seguindo a tradição de monstros sagrados do gênero, como o inacreditável Jimmy Rosenberg, usam e abusam da música brasileira como base para as estrepolias sonoras do delicioso jazz cigano. É ouvir para crer!



O Brazil de volta aos trilhos!

20 de Outubro de 2017, 10:25, por Feed RSS do(a) News

Precisa dizer algo mais?

Desenhado está!

Ração com totó



O País da Suruba

18 de Outubro de 2017, 12:21, por Feed RSS do(a) News

 Um partido das mulheres sem mulheres, um deputado que discursa em defesa de um bombom, um senador que se apresta a nomear uma melancia, um presidente que troca Paraguai por Portugal e confunde Noruega com Suécia. 

É o que acontece em um lugar que ficou muito estranho nos últimos anos. Que país é este? Ora, é o país onde o líder do governo no Senado fala assim: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada.” Pode-se chamá-lo então de “O País da Suruba”. Esse o título do livro do jornalista Ayrton Centeno que a editora Libretos está lançando , com o subtítulo “155 provas - e não apenas convicções - de como o golpe de 2016 diminuiu, ridicularizou e emburreceu o Brasil”.

"O País da Suruba" terá tarde de autógrafos na Feira do Livro de Pelotas no dia 5 de novembro. E na Feira do Livro de Porto Alegre no dia 11 do mesmo mês, acompanhado de debate com o ilustrador Edgar Vasques e o jornalista Elmar Bones.

Usando a farsa para contar onde o Brasil foi parar, o autor singra as mesmas águas que outro jornalista, Sérgio Porto, navegou para recontar a explosão do bestialógico depois do golpe de 1964. Na época, tornou-se o Febeapá, ou seja, o “Festival de Besteira que Assola o País”. Como todo regime espúrio aumenta exponencialmente a produção da besteira nacional, a história se repete agora e, claro, novamente como comédia. Ou, mais precisamente, como tragicomédia. 

Uma das afinidades entre os golpes de 1964 e de 2016 está no regressismo, a revanche do velho contra o novo, do arcaico contra o moderno, do passado contra o futuro. “O golpe apresentou-se como uma gigantesca volta ao que a modernização havia relegado”, escreveu o crítico literário Roberto Schwartz sobre 1964. Figuras apagadas, muitas vezes caricatas, ergueram-se das sombras para encenar aquilo que Schwartz definiu como “um espetáculo de anacronismo social”.

Anacrônico é justamente o picadeiro feroz em que o Brasil se converteu pós-golpe de 2016. O Executivo, sob o tacão de um bando de homens brancos, ricos, velhos, retrógados e, dizem por aí, corruptos, remete diariamente à sociedade decisões toscas, cabeçadas na parede e gafes em escala industrial. 

O insaciável Legislativo disputa com o Executivo quem é o mais impopular. O Judiciário, antes discreto, move-se para o centro do palco, jogando-se também na fogueira das vaidades, fascínio que também engolfou promotores, procuradores e policiais, além dos donatários das capitanias hereditárias da mídia e seus comunicadores, quase todos atrelados ao discurso patronal.

Autor de outros três livros, entre eles "Os Vencedores", de 2014 (Geração Editorial), onde resgata o combate dos jovens à ditadura de 1964, Centeno compilou na imprensa, ao longo dos dois últimos anos, centenas de situações pitorescas, que selecionou para recontá-las agora com permanente bom humor e ironia cortante.

O País da Suruba, com 128 páginas, tem capa e ilustrações de Edgar Vasques. 



Senado comprova: as instituições estão funcionando perfeitamente

17 de Outubro de 2017, 21:47, por Feed RSS do(a) News

Quem não se engana sabia que os iguais fariam o que fizeram. As instituições funcionam perfeitamente. Para a Casagrande vassala e entreguista!

Cdb17102017

Não me venham com coxinhadas nem mortadeladas. A absolvição do moleque era fava contada

Todos que não se iludem e não fazem isso com os outros sabiam que o senado absolveria o moleque.

"Com STF, com tudo!"

Já se esqueceram?

Não?

Por que seguem se iludindo, então?

As instituições funcionam perfeitamente. Só resta aos da senzala entender que elas (instituições) não foram feitas para eles.

As instituções neste país de bananas são da Casagrande, para a Casagrande e pela Casagrande.

Pode me xingar, mas não vou posar de surpreso ou indignado. A direita sempre se defende. Quem fode com companheiro, com seu igual, é a esquerda.

Ah! E fica sentadinho aí acreditando em pesquisa. Não haverá eleição em 2018.

A crença na realização delas só serve para desmobilizar mais ainda a resistência popular



Maradona, craque que não esqueceu suas origens

17 de Outubro de 2017, 11:23, por Feed RSS do(a) News

Presidente podrido
"Venezuela tem um Presidente Maduro, EUA tem um podre"

Diego Maradona, o maior craque de futebol argentino. 

Dentro das quatro linhas só não foi maior que Pelé.

Em compensação fora delas faz Pelé passar vergonha sempre.

Maradona é um craque que não esqueceu suas origens.

É uma lástima que os craques brasileiros em sua grande maioria se esqueçam de onde vieram e passem a defender seus exploradores.

Foto: retirada do perfil de chambero



Escola para quem, para quê?

17 de Outubro de 2017, 11:23, por Feed RSS do(a) News


Parte da explicação da situação trágica em que o país se encontra está nessa informação: a cada ano, quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil, segundo o estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens, de autoria do Insper, instituição de ensino superior.

No fim deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de pessoas (27%), entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola.


Desse total de 10 milhões de jovens, cerca de 15% ou 1,5 milhão, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante, entre aqueles que se matriculam, cerca de 7% ou 700 mil jovens vão abandonar a escola antes do fim do ano. Além disso, cerca de 600 mil alunos (5%) serão reprovados por faltas, o que completa os 2,8 milhões de jovens que estarão fora da escola a cada ano.

Segundo o estudo, mais da metade desses jovens (59% do total ou cerca de 6,1 milhões) vai concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de atraso. A evasão (ausência de matrícula no início do ano letivo) e o abandono escolar (desistência durante o ano escolar) dos jovens também implica prejuízo econômico: cerca de R$ 35 bilhões por ano são desperdiçados no país por causa dessa realidade.

O estudo mostra ainda que houve uma estagnação na matrícula dos jovens entre 15 e 16 anos e que a porcentagem de jovens de 17 anos fora da escola cresceu 6 pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34% para 39,8%. Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial: dados da Unesco apontam que 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15 a 17 anos que o Brasil.

Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se mantiver esse ritmo, o país levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação: universalizar o atendimento escolar para essa faixa etária – que, pelo plano, deveria ter sido concluída no ano passado.

As principais razões para o chamado “desengajamento dos jovens”, segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços oferecidos pela escola.

Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de políticas públicas para diminuir o desengajamento como a garantia de acesso principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma deficiência ou para jovens que cumprem pena privados de liberdade.

O estudo também propõe a criação de cursos profissionalizantes, um sistema de aconselhamento, práticas esportivas e artísticas, aumento das atividades à distância e flexibilização dos horários das aulas e do modelo de avaliação para ajudar a reduzir a evasão escolar.

E pensar que a presidenta Dilma Rousseff pretendia destinar 80% do dinheiro da exploração do petróleo do pré-sal para a educação...

E pensar que o pré-sal vai ser agora explorado pelas petroleiras internacionais, que vão abocanhar praticamente toda a sua riqueza...



Origens da polarização brasileira: guia para entender a nossa política

17 de Outubro de 2017, 10:38, por Feed RSS do(a) News


Ao contrário do que muitos dizem, o PT não dividiu o Brasil; a nossa polarização política é inevitável e é uma consequência do nosso passado escravocrata.

VOYAGER - Gostaria de começar esse texto pedindo para o leitor imaginar um caso hipotético, prometo que não será muito complicado. Numa terra muito distante, um político foi eleito para o cargo máximo, com uma plataforma que buscava fortalecer o mercado interno desse país e expandir a sua capacidade industrial. Numa democracia ideal, após eleito, o novo chefe da nação teria a liberdade (ou melhor, a obrigação) de colocar em prática aquilo que havia sido debatido e decidido durante a campanha eleitoral.

Mas o nosso país tinha um longo passado escravocrata, uma sociedade estratificada e aristocrática. Lá nada era simples. O novo presidente já vinha sendo acusado de ditador e populista (que na linguagem vulgar desse país significava aquele que se aproveitava dos mais pobres para angariar prestígio político). Ele, em busca da governabilidade, havia convidado um político conservador para ser seu vice-presidente. Acreditava que, desse modo, acalmaria os mercados e a oposição. Após as eleições, a vitória do nosso político hipotético foi contestada na justiça. Queriam impugnar sua candidatura. Não deu certo. Quando o novo presidente finalmente assumiu o governo, ele tentou montar um governo de coalizão, chamando políticos de todas as legendas para compor o ministério. A ideia era arquitetar uma conciliação entre as forças políticas. No poder, ele adotou uma postura ambígua, ora acenando para os nacionalistas, ora para os liberais. O país, porém, estava polarizado. A imprensa, esmagadoramente ao lado da oposição, acusava o governo de corrupção. Uma quadrilha estaria no poder e o chefe era o presidente eleito. A classe média estava apavorada.

Foi então que, depois de um escândalo político, o vice-presidente se aproximou da oposição. A união da parte da base do governo e a oposição, somado ao apoio a mídia e a sucessão de denúncias, delações e convicções, emparedou o presidente e colocou fim ao seu governo. O vice-presidente, um homem fraco, com baixíssimo carisma e nenhuma base social, assumiu o governo. Apoiado pela oposição e por empresários, ele passou a adotar o programa de governo que havia sido derrotado nas urnas.

Essa historinha poderia parecer absurda em muitos lugares do mundo. O leitor brasileiro, contudo, sabe que esse país é real. Quem está acompanhando esse texto também já imagina que eu estou falando do Brasil. Porém, o que você provavelmente ainda não descobriu é que eu não estava me descrevendo o atual presidente Michel Temer, mas ao obscuro Café Filho. E o presidente não era um político do PT, mas nada mais nada menos que Getúlio Vargas.

Se eu disse no início que se tratava de um “lugar distante”, era em função do espaço temporal. Mas, como se estivéssemos preso a uma cápsula do tempo, a um passado que não passa, essa terra nos é familiar. Não é curioso que eu tenha descrito de forma genérica um governo dos anos 1950 e muito leitores tenham confundido com o momento atual? Muitos irão dizer, com razão, que eu montei a narrativa de modo proposital, com o intuito de confundir. Assumo que essa era a intenção. Mas eu não menti. De fato, tal qual em 2016, em 1954 houve um golpe (que não se concretizou em função do suicídio), com o objetivo principal de colocar em prática o projeto da oposição, que havia sido derrotado anos antes.

O método científico trabalha com as regularidades. Nas ciências humanas não é diferente, apesar de essas regularidades serem mais problemáticas que no mundo natural. Se um fenômeno perdura no tempo, talvez ele esteja relacionado com causas mais profundas e não apenas com eventuais erros de cálculo político. Precisamos, portanto, entendê-lo melhor.

Muitos têm dito, recentemente, que a sociedade brasileira está dividida. O que é uma verdade. Fala-se também que é preciso fugir da polarização (eu tendo a concordar, mas há alguns problemas nessa afirmação que serão explicitados mais adiante). Outros afirmam que Lula e o PT dividiram o Brasil. Esse ponto eu rejeito completamente. Como no exemplo acima, nossa polarização, nossas paranoias e nossos golpes, possuem longa tradição. Este texto pretende fazer alguns apontamentos que podem ajudar na compreensão desse fenômeno da política brasileira, sem, obviamente, ter a pretensão de esgotar o assunto.
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