Lizza Dias sobe ao palco com seu amor à cultura afro-brasileira
November 18, 2019 9:29![]() |
Lizza Dias: show com músicas de seu EP e de outros autores |
A gaúcha Lizza Dias, há 13 anos radicada no Rio, tornou-se referência na busca e estudo da cultura afro-brasileira, cultivando, desde cedo, a paixão pelo extenso leque rítmico e folclórico que forma a música popular brasileira. Esse fascínio ganha, agora, o formato de EP, o “Caboclinhas”, gravado no Estúdio Afro Reggae e com show especial de lançamento nesta terça-feira, 19 de novembro, no Centro Cultural Justiça Federal.
No show, Lizza vai apresentar músicas que estão no novo EP, como “Pra te Adocicar”, composição de Laércio Lino e Flávio Moreira, um samba que ouviu pela primeira vez na Pedra do Sal, no Rio.
Uma rica mistura de samba com ijexá, “Eu cheguei na Mauá” é de autoria do DJ MAM, e tem a Zona Portuária e a raiz afro como temas, indo totalmente ao encontro da vivência da cantora gaúcha com a cultura afro no Rio Grande do Sul e, posteriormente, no Rio.
Já “Semeando o Amanhã” é uma composição da cantora com Marcelo Lehmann, inspirada a natureza e seus encantos, dedicada à fauna e às matas, florestas, cachoeiras e mares do Brasil.
Composição de Marcelo Bizar e Silvio Silva, “Tambor” atravessa fronteiras, buscando no candombe, ritmo afro-uruguaio, sua inspiração e, de certa forma, uma homenagem que Lizza faz a sua própria genealogia, por ser neta de uma uruguaia.
Do EP, serão apresentadas no show, ainda, o jongo “13 de Maio” e o ijexá “Eixo da imaginação”, do compositor Gegê de Itaboraí, da Velha Guarda da Portela, retomando sua adoração pela natureza e o respeito ao planeta.
Fazem parte também do repertório do show vários cocos de domínio público, incluindo o do candomblé, conhecido como “Coco Zé Pilintra”, e diversos jongos conhecidos, em “Axé pra Todo Mundo”. Em “Cabocla Jurema”, composição de Candeia - um forte ritmo afro influenciado pelo jongo e pelo candomblé - Lizza buscou inspiração na época em que trabalhou no Quilombo do Candeia, no Rio, juntamente com o Mestre Dinho, parceiro do compositor.
A luta da mulher negra e sua resistência ao longo da história são temas de “Seu Grito”, de Aurinha do Coco, e “Clementina no Morro”, fruto do seu trabalho de pesquisa sobre o maracatu e ritmos brasileiros, contando a história dos tambores, com foco na mulher guerreira.
A narrativa continua com “Zumbi”, de Gilberto Gil, dedicado ao líder Zumbi dos Palmares, e também em “Homenagem aos Orixás”, composição de Dona Onete, que remete ao tempo da escravidão, quando as mulheres empunhavam suas lanças e lutavam junto com seus familiares. Da compositora gaúcha Delma Gonçalves, “Sunga, a Nêga” traz elementos do hip-hop e do rap, dialogando com a modernidade, porém sem largar mão das raízes.
Gaúcha de Porto Alegre, Lisane Dias começou a cantar ainda criança em festas da sua escola. Aos 16 anos, obteve sua carteira de musicista profissional pela OMB - Ordem dos Músicos do Brasil, participando, logo em seguida, de um coral infantil no Quilombo do Paredão, no Rio Grande do Sul, onde também, por dois anos, ministrou oficinas. Fascinada pela cultura afro, descobriu-se filha de Yansã, passando a aprofundar sua ligação com a cultura africana e a sua diversidade musical.
Em Porto Alegre, cantou em grupos como “Afro-Tchê” (axé music) e “Toque Fatal”, com repertório variado de MPB e músicas internacionais. Participou ainda como backing vocal em shows de renomados cantores nacionais, como Alcione, Leci Brandão, Dudu Nobre e Almirzinho. A partir de 2000, passou a se dedicar também à dança, tendo aulas de balé, jazz e dança afro no Grupo Afro Gaden, de Porto Alegre, onde nasceu seu interesse pelo jongo.
Morando no Rio de Janeiro desde 2006, Lizza Dias atualmente se apresenta com sua banda, no projeto Caboclinhas, realizado uma vez por mês na Praça dos Estivadores (Zona Portuária do Rio), com um repertório variado de samba de raiz, forró, frevo, jongo, afoxé e ijexá. Realiza também a oficina "Vivência do Jongo", todas às quintas-feiras, na Casa da Tia Ciata, ensinando a história, passos e cantos ancestrais de antigos africanos que viveram em Quilombos.
Serviço
Data: 19/11 (terça-feira)
Local: Centro Cultural Justiça Federal (CCJF)
Horário: 19 horas
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia entrada legal)
Av. Rio Branco, 241 – Centro - Rio de Janeiro
Tel. (21) 3261-2550
Jazz volta a Ipanema em alto estilo
November 13, 2019 9:29![]() |
Alma Thomas se apresenta no Baretto-Londra no dia 21 de novembro |
A partir desta quinta-feira, dia 14 de novembro, o bairro de Ipanema, no Rio, voltará a ser palco de grandes encontros jazzísticos. Considerado pela revista "Wallpaper" o melhor bar de hotel do mundo, o Baretto-Londra, versão carioca do Baretto de São Paulo, passará a receber, às quintas-feiras de novembro, às 21h, o JAZZ +, com apresentações musicais de altíssimo nível e DJs com set lists diferenciados. O evento tem a curadoria e produção executiva de Teca Macedo, referência na área da música instrumental e do jazz – assinou a curadoria e produção de importantes shows no Blue Note Rio, além de ser a idealizadora do International Jazz Day Brasil (2018 e 2019), com a tarimba de ter produzido show de Wayne Shorter no Hollywood Bowl, em Los Angeles, dentre muitos outros feitos.
A estreia será em grande estilo, no dia 14, com o encontro de Luiz Otávio (teclado), Allen Pontes (bateria) e Alberto Continentino (baixo), contando com as participações especiais do guitarrista e compositor Celso Fonseca, de Mauricio Einhorn (gaita), Marcelo Martins (saxofone), Jessé Sadoc (trompete) e da cantora Barbara Lau, entre outros. O ator Lúcio Mauro Filho comandará as pick-ups, assinando um line up à altura dos músicos da noite.
No dia 21, será a vez da já consagrada cantora Alma Thomas, apresentando seu tributo a Ella Fitzgerald. Nova-iorquina radicada no Rio, despontou na cena jazzística brasileira especialmente a partir de sua celebrada participação no The Voice Brasil em 2012. Este tributo nasceu, inicialmente, a partir de pesquisas e transcrição de músicas dos discos gravadas por Ella e ícones do jazz. Em formato de piano trio, a cantora propõe um show peculiar sublinhando pontos característicos da diva do jazz.
Encerrando a programação do mês, haverá o encontro de Raul Mascarenhas e o Conexão Rio, composto por André Cechinel (piano), Fernando Barroso (baixo), Fernando Clark (guitarra) e Zé Mário (bateria). O saxofonista brasileiro, radicado na França, se junta novamente ao grupo com o show "As canções da minha vida". Raul Mascarenhas já acompanhou todos os grandes nomes da MPB, como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gal Costa, entre outros. Foi solista da Orquestra do Sporting Club de Mônaco acompanhando artistas como George Benson, James Brown e Jean Marc Jafet, e se apresenta regularmente no Hotel Byblos em Saint-Tropez. A noite será brindada ainda com o line up da DJ Luluta.
A produtora Teca Macedo é enfática em afirmar a importância do evento nos dias de hoje, segundo a qual “o jazz aproveita ao máximo a diversidade do mundo, cruzando fronteiras e unindo as pessoas”, lembrando que “desde suas raízes na escravidão, o jazz levanta uma voz apaixonada contra todas as formas de opressão falando a linguagem da liberdade que é fundamental em todas as culturas”. E complementa: “Esta belíssima forma de expressão é reconhecida mundialmente por erradicar a discriminação, a violência, a segregação, e promover a paz, o diálogo entre culturas, a diversidade, e o respeito aos direitos humanos”.
Programação
Dia 14/11, quinta-feira - Jam
Teclado - Luiz Otavio
Bateria - Allen Pontes
Baixo - Alberto Continentino
Participações: Celso Fonseca, Mauricio Einhorn, Marcelo Martins, Jessé Sadoc e Barbara Lau, entre outros
DJ Ramone e Lucio Mauro Filho
Dia 21/11, quinta-feira - Alma Thomas canta Ella Fitzgerald
Dia 28/11, quinta-feira - Raul Mascarenhas e Conexão Rio (DJ Luluta)
Serviço
Local: Baretto-Londra, no Fasano
Rua Vieira Souto, 80
Horário: 21 horas (2 sets)
Preço: R$ 80,00 inteira / R$ 40,00 meia (R$ 50,00 lista amiga)
Telefone: (21) 3202-4000
Classificação: 18 anos
Capacidade: 80 pessoas (sentadas)
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Músicos revelam os segredos do tango
November 5, 2019 21:50![]() |
Ricardo Pellican e Marcelo Cigano: a história do tango |
"O Tango em Perspectiva" é o título da série de palestras que o Sesc vai promover, de 11 a 14 de novembro, das 15h30 às 17 horas, na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar, Bela Vista, São Paulo. A atividade percorrerá uma paisagem histórica do fim do século 19 até os dias de hoje, enfatizando a evolução desse importante gênero musical argentino.
Serão abordados alguns aspectos técnicos e artísticos dos principais protagonistas da história do tango, analisando a estrutura harmônica-melódica-rítmica do repertório mais representativo.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e custam R$ 18 (credencial plena), R$ 30 (pessoas com mais de 60 anos, com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante) e R$ 60 (inteira). Depois desse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades do Sesc.
Os palestrantes serão Ricardo Marcelo Luiz, o Marcelo Cigano, Ricardo Pellican e Artur Luiz.
Marcelo Cigano é acordeonista autodidata de origem cigana. Em 2013 lançou seu primeiro CD, intitulado "Influência do Jazz", com direção de Oliver Pellet e participações de Hermeto Pascoal e Toninho Ferragutti, entre outros.
O argentino Ricardo Pellican é guitarrista, baixista, compositor, docente e produtor artístico. É o diretor-artístico do Festival Internacional de Jazz Django Argentina, que se realiza anualmente desde 2003. Participa de importantes festivais de Jazz pelo mundo com os grupos.
Artur Luiz é acordeonista e pianista autodidata.
Quadrinhos descobrem o universo caipira
October 31, 2019 10:31![]() |
Yuri Garfunkel: modas de viola inspiram história em quadrinhos |
O universo das histórias em quadrinho está povoado de personagens que voam, têm poderes sobre-humanos e transitam entre mundos mágicos - os super-heróis, como foram chamados, são hoje quase sinônimo das HQs, tal a quantidade desses seres que saiu da imaginação de roteiristas e desenhistas.
São poucos os criadores que ousam desafiar ou ir além desse senso comum. E quando surgem, merecem toda a atenção e incentivo, como é o caso do desenhista, músico e educador Yuri Garfunkel, autor de “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos", projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), do Estado de São Paulo, uma HQ baseada em temas sugeridos em mais de 80 canções do riquíssimo repertório caipira.
A obra, que será lançada no dia 9 de novembro na Livraria do Espaço (Rua Augusta, 1475, São Paulo ), tem texto introdutório de Ivan Vilela, violeiro, compositor, arranjador e pesquisador da música caipira, que não poupa elogios ao trabalho de Garfunkel: “Yuri teve a genial ideia de trazer este universo histórico da formação cultural do nosso povo para os quadrinhos. Ele traduziu em belas imagens tais narrativas reproduzindo cenas icônicas de modas e momentos. Além disso, a linguagem dos quadrinhos atinge um público diverso, inclusive mais jovem, e que desconhece essa história e essa música”, diz.
Dividida em dez capítulos, conforme as dez cordas da viola caipira, "A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos” retrata as aventuras dos amigos Vaqueiro e Violeiro em diversas situações recorrentes do cancioneiro caipira em viagens pelo interior do país. “A narrativa aborda a função social da viola desde suas origens rurais, o trabalho no campo e com o gado, as pescarias, o próprio ofício do violeiro que toca nas festas e nas fazendas. O ponto de partida da trama é o assassinato do Chico Mineiro. A partir daí busquei outras modas que esclarecesse esse mistério”, explica Yuri Garfunkel.
Garfunkel teve seu primeiro contato com a música caipira quando era criança, por causa das canções que suas avós cantavam. Com o passar dos anos, seu interesse pelo gênero aumentou e há cinco anos começou a tocar viola. “Desde então, o roteiro da HQ foi se formando na minha cabeça a partir do repertório que conheci ao longo da vida”, afirma.
Para ele, a música caipira destaca-se por sua sonoridade única. “Ela engloba uma grande variedade de ritmos e a qualidade das composições é impressionante”, diz.
Garfunkel já possuía o conhecimento do repertório caipira como músico, flautista e violeiro. Para contextualizar o enredo, convidou Ivan Vilela para compartilhar seu conhecimento histórico na introdução do livro.
Com 172 páginas, a obra conduz o leitor para uma viagem sonora afinada com as características históricas e visuais da flora e da fauna dos Estados brasileiros, fundamentais na formação da cultura caipira, numa jornada que percorre os sertões até chegar na cidade grande. Um dos diferenciais da produção é que os acontecimentos e paisagens descritos nas letras propõem ao leitor um encontro com a imaginação já que estão interligados visualmente, ou seja, sem textos ou balões de fala. Dessa forma, o leitor pode induzir o conteúdo do texto sugerido pelos títulos das canções de referência que são indicadas no rodapé das páginas e dispostas para conferência em uma playlist digital no Canal A Viola Encarnada no Youtube.
Yuri Carlos Garfunkel é desenhista, músico e educador desde 2004, criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, ilustração e design, com mais de dez anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura.
Ivan Vilela é violeiro, compositor, arranjador, e pesquisador da música caipira. É professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e também diretor da Orquestra Filarmônica de Violas.
Lendária banda Bacamarte encerra festival de rock progressivo
October 24, 2019 9:00A banda de rock progressivo Bacamarte (foto) comemora seus 45 anos de formação com um show nesta sexta-feira, 25 de outubro, no Teatro Municipal de Niterói, às 20 horas, encerrando o III Carioca Prog Festival. Fundada em 1974 por Mario Neto e Sergio Vilarim, a banda veio a gravar de forma independente o álbum “Depois do Fim”, em 1979. O disco, porém, foi lançado somente em 1983, depois de ter suas músicas entre as mais tocadas pela rádio Fluminense FM.
O álbum vendeu milhares de cópias em países como Alemanha, Itália, Rússia e, principalmente, Japão. Em 1999, foi lançado o álbum "Sete Cidades", que também teve sua tiragem esgotada rapidamente.
Em 2009, depois de vários anos desaparecido das prateleiras e tendo se tornado item de colecionador disputado por amantes do gênero no Brasil e no exterior, “Depois do Fim” foi relançado pela Som Livre, em versão remasterizada diretamente da fita master original.
No Teatro Municipal de Niterói, a banda será formada por Mario Neto (guitarra e violão), Marcus Moura (flauta e acordeon), William Murray (contrabaixo), Robério Molinari (piano e teclados) e Alex Curi (bateria), com a participação especial da cantora Jane Duboc. No show serão tocadas músicas dos discos "Depois do Fim", "Sete Cidades" e outras inéditas.
“Depois do Fim” é hoje citado como um dos melhores trabalhos do rock progressivo da década de 1980 e encabeça a lista das grandes obras do gênero produzidas no Brasil, como as do O Terço, Os Mutantes e O Som Nosso de Cada Dia. O reconhecimento internacional desse trabalho é constatável nos rankings dos melhores discos de rock e rock progressivo de todos os tempos.
A partir de 2012, o Bacamarte retornou aos palcos, se apresentando em shows no Teatro Rival – RJ (2012), Circo Voador – RJ (2012), Sesc Belenzinho – SP (2014), Teatro Municipal de São Paulo – SP (2015), Festival Psicodália – SC (2019) e Sesc 24 de Maio – SP (2019). (Foto: Liza Bueno)