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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , von Blogoosfero - | 1 person following this article.

Crédito está cada vez mais difícil

July 5, 2017 17:47, von segundo clichê


O Indicador de Uso do Crédito, apurado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), revela que 25% dos brasileiros tiveram crédito negado no mês de maio ao tentar fazer uma compra a prazo ou contratar algum tipo de empréstimo ou financiamento. A principal razão para a negativa foi o fato de estarem com o nome inserido em cadastros de inadimplentes (10%) ou a falta de comprovação de renda (4%).

Dado que reforça o comportamento mais restritivo por parte dos credores é que 46% dos brasileiros consideram "difícil ou muito difícil" contratar empréstimos ou linhas de financiamento. Apenas 13% dos consumidores avaliam o processo como fácil.


De forma geral, seis em cada dez (58%) consumidores brasileiros não utilizaram nenhuma modalidade de crédito no mês de maio, como empréstimos, linhas de financiamento, crediários e cartões de crédito. O restante (42%), porém, mencionou ao menos uma modalidade a qual tenham recorrido no período. Os cartões de crédito (35%) e os cartões de loja e crediário (16%) foram as modalidades mais usadas no último mês. O cheque especial foi citado por 7% da amostra. Há ainda, 5% de consumidores que recorreram à empréstimos e 4% que buscaram financiamentos.

Em maio, o Indicador de Uso do Crédito, que mensura a propensão ao consumo, marcou 27,5 pontos, estável em relação aos 27,6 pontos observados em abril. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior a disposição do consumidor e tomar crédito.

“Com a inadimplência em patamar elevado, desemprego crescente e recessão ainda longe do fim, tanto bancos como financeiras têm restringido o crédito no mercado, o que dificulta a contratação por parte do consumidor. Além disso, as taxas de juros, ainda muito elevadas, acabam inibindo o apetite do brasileiro na busca de recursos financeiros para consumir”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.



Brasileiro vive de "bicos"

July 5, 2017 17:40, von segundo clichê


A taxa de desocupação foi estimada em 13,3% em maio de 2017, permanecendo relativamente estável em relação ao que foi apresentado em 2017 até o momento. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando a taxa foi estimada em 11,2%, o quadro foi de elevação (2,1 pontos percentuais). Essa foi a maior taxa de desocupação para um período terminado em maio desde o início da série da pesquisa, em 2012. Infelizmente, ainda levará algum tempo para que o mercado de trabalho se recupere da crise, na realidade, será uma das últimas variáveis macroeconômicas a mostrar resposta à recuperação da atividade econômica.


O que chama mais atenção nesse número são os detalhes, envolvendo as pessoas empregadas (população ocupada, na terminologia do IBGE). Desde os primeiros efeitos da crise sobre o mercado de trabalho, a população ocupada com carteira de trabalho (emprego formal) caiu consideravelmente, enquanto as pessoas que trabalham por conta própria (vivem a base de "bicos", autônomos), têm crescido muito: em maio de 2014, havia 21,08 milhões de pessoas trabalhando dessa forma, enquanto maio de 2017, 22,37 milhões. 

Em 2017, entre abril e maio, a população que trabalha por conta própria cresceu 0,4%, mas ao comparar o número de maio com o mesmo mês do ano anterior, observa-se uma queda de 2,6%. Isso pode ser um bom sinal se for analisada a população que se intitula empregador (trabalha explorando o seu próprio empreendimento, com pelo menos um empregado): aumentou em 9,3% entre 12 meses. Ou seja, muita gente está se ocupando ao abrir empreendimentos.

Pontua-se que a agricultura, construção civil e indústria foram os ramos que mais perderam trabalhadores, e não tiveram nenhuma reação até o momento.

O rendimento médio real efetivo do trabalho principal foi de R$ 2.047, um aumento de 1,4% ao comparar com maio do ano passado, o qual mostra que em alguma medida, os rendimentos nominais estão aumentando mais do que a inflação. (Francisco Lira/Lafis Consultoria)



A estranha lei do Brasil Novo

July 5, 2017 14:24, von segundo clichê


Está cada vez mais perigoso viver no Brasil. 

E nem é por causa da violência urbana, porque a essa, o brasileiro já se acostumou há muito tempo.

O perigo agora mora ao nosso lado, pode partir de um vizinho, de um colega de trabalho, de qualquer pessoa que, por um motivo ou outro, não goste de nós.

É que, desde que o STF participou, com grande entusiasmo, da farsa intitulada Mensalão, quando uma ministra condenou um réu sem prova cabal, sob a justificativa de que a "literatura jurídica" permitia, e esse engodo denominado Operação Lava Jato passou a usar a tortura psicológica do encarceramento sem condenação e a palavra de delatores como verdade, o país é refém de uma ditadura judicial.


Nessa nova ordem ditada por juízes, promotores, procuradores e toda a meganhagem, um dos princípios basilares do direito foi invertido: agora, como nos tempos da Inquisição, o delatado tem de provar que é inocente, e as provas do crime foram substituídas pelas convicções dos acusadores.

Ninguém, à vista de tais inovações, pode dizer que o brasileiro não é criativo.

Assim, nesta república, o cidadão comum, o homem ordinário, o pobre coitado, se antes tinha pouca garantia de ver seus direitos constitucionais assegurados, agora se encontra inteiramente desprotegido, à mercê dos humores das "autoridades".

Um porteiro que não chame o "doutor" de doutor pode virar réu de um processo massacrante.

Uma denúncia anônima pode acabar com a carreira de um político honesto.

Integrar um partido político de esquerda pode ser tão perigoso quanto escalar o Everest de bermuda e chinelo.

Participar de um ato público contra a retirada de direitos trabalhistas ou contra um governo ilegítimo e corrupto é certeza de ser vítima de gentis borrachadas e ardor nos olhos, generoso patrocínio de bestas-feras uniformizadas.

O Brasil Novo tem tudo para durar por muito tempo, talvez para sempre.

A receita para isso é manter, e se possível, aumentar, o estado de exceção que amedronta a todos os excluídos do círculo de mando.

A receita é mostrar que ninguém está acima da lei, mas que essa lei tem a mão pesada somente para os que ousam desafiar a nova ordem.

Nunca antes na história deste país tantos homens de bem tanto fizeram para conservar seus privilégios e manter intacto seu poder - é um vale-tudo cujas regras são definidas ao sabor das circunstâncias, e sempre em benefício dos ungidos pelos céus. (Carlos Motta)



Livreiros e comerciantes

July 4, 2017 11:17, von segundo clichê


A julgar pelos dois únicos livreiros que conheci, essa é uma profissão de inestimável valor pelo tanto de bem que faz à sociedade.

Na provinciana Jundiaí dos anos 70 do século passado bati longos papos com o Cláudio Trevisan, que foi à cidade montar a Livraria Don Quixote, durante anos a única opção que tínhamos para comprar livros decentes.

O Cláudio, falecido precocemente, era uma grande figura, culto, inteligente, e que fazia da livraria um verdadeiro centro cultural, promovendo todo tipo de atividade artística.

O outro livreiro que conheci é uma pessoa muito querida pelos jornalistas que, como eu, passaram parte da vida em redações paulistanas. 

Trata-se do João Carlos Antipon, ou o João Livreiro, como o chamávamos. 


Durante anos ele fez a festa para todos os que, como eu, têm uma relação especial, íntima, quase mística, com os livros.

Bastava a gente vê-lo chegando, na redação do Estadão, carregando umas bolsas enormes, cheias dos mais tentadores livros, para que interrompêssemos o que estávamos fazendo e fôssemos, apressadamente, conhecer as novidades que ele espalhava generosamente em alguma mesa que estivesse desocupada.

Como o Cláudio, o João sempre nos proporcionava uma boa conversa e nunca nos deixava na mão, atendia a todos os nossos pedidos.

Os dois, além de ajudarem muito na minha formação intelectual - e creio, na de muitas outras pessoas -, me fizeram entender que existem comerciantes e comerciantes, ou seja, que o sujeito, ao vender o que quer que seja, também pode transmitir aos seus fregueses uma mensagem de que a cortesia e a civilidade são atitudes imprescindíveis para que vivamos numa sociedade sadia.

Essa lembrança do Cláudio e do João me ocorreu quando li uma entrevista que o dono da Livraria Cultura, Pedro Herz, deu ao Estadão.

Fiquei impressionado com o quanto as suas respostas se distanciam daquilo que, graças ao Cláudio e ao João, sempre achei que um livreiro pensava.

Destaco algumas de suas respostas que, sei lá, revelam um indivíduo que parece entender pouco o mundo em que vive, ou que, preso a uns tantos preconceitos, o vê sob uma óptica estreita e excludente, bem ao contrário do que o extraordinário universo dos livros proporciona a todos nós:

"A maneira de fazer política está errada. No meu entender, cultura é a maneira que eu tenho de enriquecer o meu saber. Que saber eu tenho pra ser enriquecido se eu vou tão mal na escola? Para que precisamos de um Ministério da Cultura? Melhor ter um bom ministro da Educação para ter gente que lê e depois falarmos de cultura. Fazer essas tais de viradas culturais no Brasil inteiro… o que elas trazem? Nada. Bebedeira. É muito mais virada etílica do que qualquer outra coisa. É uma ofensa à palavra. Elas não trazem nada."

"Houve uma somatória de desmandos que aconteceram e que surgiram com a entrada do Lula no governo. O país se desarranja já naquela eleição. Eu lembro que o dólar disparou, diziam até que nossas casas iam ser invadidas e todas aquelas histórias. São muitas coisas somadas ao mais grave: o custo Brasil. A máquina estatal brasileira faliu. Se fosse possível privatizar o Estado, eu diria que essa é a solução."

"Ninguém tem 30 dias de férias com 11 meses de trabalho, gente. Só no Brasil. E querem que este seja um país de Primeiro Mundo."

"Diretas agora não. Ela têm que caber na Constituição, aí sim. Qualquer coisa que fira a Carta eu já fico meio…"

"Desde que eu existo a cidade só vem piorando. Você pode melhorar alguma coisa pontual em algum lugar. Faz uma praça, alguma coisa. Mas acaba transferindo os problemas de lugar. Eu aprecio a tranquilidade de acordar às três da manhã e poder dar uma volta. Isso pra mim é qualidade de vida, mas não consigo mais fazer isso em São Paulo. Não dá mesmo. Eu vivo com pouco, sou modesto. Meu carro tem nove anos. Eu tenho medo de andar de bicicleta por isso, mesmo com a ciclofaixa.
Eu andava de bicicleta no tempo do bonde. Eu tenho medo hoje, não ando mais. Aqui. Eu ando de bicicleta quando vou pra fora, aí alugo bicicleta. Vou pra Berlim, pego a bike e vou embora. Vou ver museus, estaciono, amarro ela num canto lá e faço tudo o que quero."

"Façam rua de lazer, mas não prejudiquem todos os cinemas, os teatros, as pessoas que precisam dos automóveis. E depois, no Rio de Janeiro já fizeram: tem duas pistas em Copacabana e uma delas é aberta e a outra fechada. Normal. Divide o espaço. Aqui [Avenida Paulista] tem um comércio na rua de umas coisas no domingo, sabe lá o que você está comprando."

Pois é. 

A cabeça do dono da Cultura explica, em parte, por que as livrarias estão desaparecendo no Brasil. (Carlos Motta)



A falta que faz ao Brasil o João Sem Medo

July 3, 2017 10:59, von segundo clichê


O brasileiro João Alves Jobim Saldanha, nascido há exatos 100 anos em Alegrete, no Rio Grande do Sul, está sendo homenageado país afora pela sua importância para o futebol e o jornalismo - os mais velhos certamente não se esqueceram da seleção que montou, base daquela que, sob a direção de Zagallo, sagrou-se tricampeã mundial, em 1970, no México, e de suas crônicas e comentários em jornais, emissoras de rádio e de televisão.

O pessoal dessa geração provavelmente conhece muitas histórias que cercam a trajetória de vida desse brasileiro, que recebeu de um de seus mais famosos amigos, o também jornalista, igualmente fanático por futebol, Nelson Rodrigues, o epíteto de "sem medo".

Há vários casos que se tornaram lendas: a perseguição, revólver em punho, a Manga, então goleiro do Botafogo; a invasão da concentração do Flamengo, também de revólver em punho, para tirar satisfações de seu técnico, Yustrich, que o havia criticado; a briga com o cartola e bicheiro Castor de Andrade, em plena transmissão do programa de TV Revista Facit; e a resposta que deu a um jornalista que o informou que o presidente da época, o tenebroso general Médici, queria que ele convocasse para a seleção o centroavante Dario, o Dadá Maravilha ("O presidente manda no seu ministério, na seleção mando eu").

Mas é uma das histórias menos conhecidas que dá a dimensão do caráter do João Sem Medo, que foi um ativo integrante do Partidão, o Partido Comunista Brasileiro, e um inimigo feroz da ditadura militar - a recíproca era verdadeira, os militares e apoiadores do regime também o odiavam.

Ela se passou em 1987 e envolveu a empregada doméstica que trabalhava para a sua família, Josefa Eduardo do Amaral, a dona Zefa, que foi comprar pilhas para um brinquedo que João trouxera do Paraguai para sua neta. As pilhas estavam com defeito, e ao voltar à drogaria onde as comprara para trocá-las, dona Zefa foi maltratada pelo gerente, um português de nome Ibajones Lemos Leão. 

Ao saber do que se passara, João não teve dúvida: foi à farmácia resolver o caso.

Como o gerente se recusou a trocar as pilhas defeituosas ou a devolver o dinheiro, João chamou-o de ladrão e ao ver que o homem, com a ajuda de outros dois, partia para cima dele, sacou o seu revólver, um Colt 32 que chamava de "Ferrinho", e deu um tiro no chão para assustá-los. 

No fim da história, todo mundo foi para a delegacia, e lá, João resumiu aos jornalistas o que se passara:

- A vítima aqui sou eu e dona Zefa. Se ela fosse loura, talvez ele [o gerente da farmácia] até trocasse a pilha. Mas como é velha e crioula, é esse desrespeito.

O resultado da confusão foi um processo, do qual ele acabou absolvido.

João Saldanha, ou o João Sem Medo, morreu no dia 12 de julho de 1990, em Roma, onde estava a trabalho para a Rede Manchete, cobrindo a Copa do Mundo.

Dá para imaginar quantas histórias ele ainda viveria se tivesse nascido mais tarde e estivesse vendo o seu Brasil ser destruído por essa quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto.

Um dos maiores problemas do país é justamente esse: a falta de quem, a exemplo desse João centenário, não tenha medo. (Carlos Motta)






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