Periferia absorve valores liberais e rejeita partidos políticos
March 30, 2017 16:07Os moradores da periferia de São Paulo acreditam na política, mas não nos partidos políticos; reconhecem a importância da coletividade, mas almejam crescer individualmente; buscam transformações, mas são pouco afeitos a rupturas; anseiam por novas idéias, mas são também pragmáticos.
Em resumo, esse é o resultado de uma pesquisa qualitativa feita pela Fundação Perseu Abramo sobre o imaginário social dessa população, que nos últimos anos sentiu o avanço do consumo, do neopentecostalismo e do empreendedorismo popular.
A pesquisa demonstrou uma intensa presença dos valores liberais do “faça você mesmo”, do individualismo, da competitividade e da eficiência.
A conclusão é que esse novo caldo cultural exige renovações tanto na forma como se realiza a política partidária quanto no conteúdo das políticas públicas que se implementam.
A mistura entre valores do liberalismo, do individualismo, da ascensão pelo trabalho e do sucesso pelo mérito, com valores mais solidários e coletivistas relacionadas à atuação do Estado, à universalização de direitos, à ampliação da inclusão social, permeiam a visão de mundo e o imaginário dessa nova classe trabalhadora das periferias de São Paulo.
A íntegra da pesquisa está aqui.
O maior perigo para o Brasil
March 30, 2017 10:59O maior perigo para o restinho de democracia que o Brasil tem não é o seu simulacro de Judiciário, nem os políticos corruptos até o fundo da alma, nem a sua polícia política ou a monumental máquina de propaganda disfarçada de imprensa que dita o pensamento único. O maior mal que ronda esse mínimo de liberdade oferecido ao povo brasileiro é a ascensão ao Executivo central de um "outsider", um salvador da pátria, um novo Collor, o caçador de Marajás, enfim.
Há anos que a oligarquia vem preparando o terreno para que isso ocorra, com uma campanha incessante de criminalização da política, perseguição implacável às lideranças do maior partido progressista, e, por fim, o golpe que trocou uma presidenta honesta, eleita com 54 milhões de votos por um anão moral que tem como única tarefa sepultar todos os avanços sociais conseguidos, com muito esforço, na última década.
No momento, a ameaça se chama Dória, João, o almofadinha que se elegeu prefeito de São Paulo, o "gestor", o "trabalhador", o fabricante de factoides diários, que exerce o cargo como se estivesse num baile à fantasia.
Não por acaso Dória está sendo aclamado pelos seus pares, seus iguais, o 1% do povo brasileiro que se julga "homens de bem", como a grande esperança para que o Brasil fique eternamente à sua imagem e semelhança, eles, o topo da pirâmide social, no controle de absolutamente tudo, e o resto, a imensa maioria, vivendo - ou sobrevivendo - na ilusão de que algum dia, quem sabe, graças a muito, mas muito esforço, alguns poucos, pouquíssimos, deixem a miséria para trás.
Dória é o candidato a ser batido pelo campo progressista.
Ele tem dinheiro, tem apoio de quem tem dinheiro, é frio e calculista, sabe perfeitamente onde quer chegar, e até agora a sua estratégia não tem apresentado erros: ataca sem dó o inimigo, conta com a cobertura da totalidade dos meios de comunicação, é vendido como o novo, o honesto, o homem que deixou de lado uma bem sucedida carreira de empresário para se dedicar ao "povo".
Se as esquerdas pensam em ter alguma chance de sucesso em 2018 devem, desde já, começar a combater tal adversário e não subestimá-lo, tratá-lo como uma piada ou como um acidente que dificilmente tornará a ocorrer.
Dória é uma certeza tão grande para a direita que já começam a surgir imitadores, todos, como ele, se apresentando como não contaminados pelo lixo da política, e puros como os santos de pau oco. (Carlos Motta)
Direita e esquerda rejeitam governo golpista
March 29, 2017 19:15No dia 15 de março, mais de 200 mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra as reformas do governo ilegítimo de Michel Temer, que punem os trabalhadores. Convocado pela CUT, frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato teve seu ápice no discurso do ex-presidente Lula. Segundo os organizadores, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o Brasil nessa data, quando houve paralisação de diversas categorias profissionais, inclusive metroviários e motoristas de ônibus em São Paulo.
No dia 26, manifestantes convocados pelo MBL e Vem Pra Rua, entre outros movimentos de direita, também foram às ruas protestar. Até o momento, os organizadores e a PM não divulgaram estimativa de público, mas quem esteve na Avenida Paulista, em São Paulo, não encontrou mais que 10 mil participantes em torno dos sete carros de som que disputaram o público com pautas variadas.
Em ambas as datas, o Núcleo de Estudos e Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo foi às ruas para acompanhar as manifestações. Assim como nos anos de 2015 e 2016, o objetivo foi traçar o perfil dos manifestantes e mapear suas principais demandas e opiniões em relação ao momento político e econômico atual, possibilitando uma análise comparativa com os atos de março dos anos anteriores.
Novamente, os resultados apontam para manifestações bastante distintas. A do campo progressista, identificada com o campo da esquerda e simpatizante do PT, teve perfil mais jovem e diversificado quanto à raça, com renda média familiar em torno de cinco salários mínimos e, dessa vez, com forte participação de funcionários públicos, ameaçados pelas perdas de direitos propostas nas reformas de Temer.
A do campo conservador, composta principalmente por homens, com idade mais avançada, maior participação de brancos e mais elitizada quanto à renda, identifica-se no espectro político com o centro e com o PSDB. O que conservam em comum politicamente é a preferência pela democracia sobre qualquer outro tipo de governo.
A reforma da Previdência foi a pauta que mobilizou 82% da manifestação do dia 15, enquanto a do dia 26 foi mais dispersa e genérica, com maior adesão ao combate à corrupção (61%), contra a reforma da Previdência (22%) e em apoio à Operação Lava Jato e à Polícia Federal (21%).
As redes sociais foram a principal forma de divulgação de ambos os protestos, liderados pelo Facebook, mas com participação de grupos de ação política como sindicatos e movimentos sociais, na convocação do dia 15, e de movimentos ligados à direita, como o MBL e o Vem pra Rua, no dia 26.
A corrupção é considerada o principal problema do Brasil por ambos os grupos (41%, entre os do dia 15, e 71%, entre os do dia 26), mas a política do governo atual e a educação foram problemas também levantados por quem esteve nas ruas no dia 15 (com 18% e 12%, respectivamente).
Comparando com cerca de dez anos atrás, a maioria dos entrevistados de ambos os protestos considera que o país está pior (69% e 68%). Porém, o campo popular tem percepção mais positiva de que sua vida melhorou nesse período (42%), contra 32% entre os mais conservadores, cuja maior parcela sente que sua vida pessoal piorou (46%, contra 39% dos progressistas).
Em ambos os estratos, a avaliação positiva do governo atual é baixa, não ultrapassa 13% entre os que foram as ruas dia 26. Quase a totalidade dos manifestantes do dia 15 (95%) considera o governo atual ruim ou péssimo, avaliação que também predomina entre os manifestantes do dia 26, com índices inferiores, mas ainda bastante elevados (49%).
Cerca de dois terços (62%) dos manifestantes do dia 15 perceberam aumento da inflação nos últimos dez meses, depois que Temer assumiu o governo, além de 29% dos que saíram no dia 26, cuja maior parte indica que a inflação diminuiu (42%, opinião compartilhada por apenas 10% do campo progressista). Ambos os grupos notaram o aumento do desemprego nesse período (86% entre manifestantes do dia 15 e 56% nos do dia 26).
As expectativas são negativas entre os manifestantes do dia 15, com 68% de percepção de que daqui para a frente a inflação vai aumentar e 77% de que o mesmo vai acontecer com o desemprego. Entre os manifestantes do dia 26, 39% compartilham essa opinião sobre o desemprego e 31% acham que a inflação vai nessa mesma direção.
A maioria dos manifestantes do campo popular (85%) acha que a situação do país piorou depois do golpe em que a presidenta Dilma foi destituída. No campo conservador, as opiniões se dividem, com 32% que acham que melhorou, 32% que piorou e 34% que não houve mudança. Para 51% dos manifestantes do dia 15, a vida pessoal piorou desde que Temer assumiu, opinião compartilhada com 26% dos manifestantes do dia 26, embora a maior parte destes não perceba mudanças (53%, 39% entre os manifestantes do dia 15).
Mais da metade dos que protestaram dia 15 (53%) acreditam que daqui para frente sua vida pessoal vai piorar, enquanto os convocados pelos movimentos de direita são mais otimistas e metade acredita que daqui pra frente sua vida pessoal vai melhorar.
A reforma da Previdência é rejeitada por 93% dos manifestantes do dia 15 e 60% dos que foram às ruas no último domingo. Entre esses, 64% afirmaram que serão pessoalmente prejudicados pela reforma, percepção que atinge 95% dos manifestantes do dia 15.
A reforma trabalhista é rejeitada por 84% dos que foram às ruas dia 15 e 87% deles acreditam que sua vida será prejudicada. Entre os que foram às ruas no dia 26, 43% são igualmente contra essa reforma e 47% sentem que serão prejudicados por ela. Índices idênticos aos dos que rejeitam a lei de terceirização, que prejudicará diretamente a vida de 80% dos manifestantes progressistas e 40% dos conservadores.
Já a reforma do ensino médio é rejeitada por 84% dos que se manifestaram no dia 15. Entre estes, 69% serão prejudicados pela reforma, enquanto entre os manifestantes do dia 26, 29% rejeitam essa reforma e 26% serão afetados por ela.
Por fim, a PEC do Teto de Gastos foi rejeitada por 79% dos que estavam nas ruas dia 15 e 29% dos manifestantes do dia 26, público em que sua aceitação chegou a 55%. Na opinião dos entrevistados, as principais áreas nas quais governo deveria reduzir gastos são os salários de políticos e parlamentares, mencionada por 35% dos manifestantes do dia 15 e 32% dos do dia 26; e cortes de gastos com a máquina pública, gastos de comissionados e cargos de confiança dos políticos, mencionados por 37% dos manifestantes do dia 26 e 15% dos do dia 15. Por outro lado, as áreas em que o governo mais deveria investir são educação (82% e 79%), saúde (72% e 70%), segurança pública (20% e 34%) e geração de emprego (18%, entre ambos). (Vilma Bokany, socióloga/Fundação Perseu Abramo)
O vício da filha do governador
March 29, 2017 17:10Ah, o mundo dos ricos e famosos!
Se bem que não é preciso nem ser muito famoso para fazer parte deste universo maravilhoso, onde tudo são flores, cores, rios de leite e mel.
A filha do governador paulista, por exemplo, aquela que ficou conhecida por ter "trabalhado" na butique que encantou o jet set brasileiro, a Daslu, o paraíso da moda que depois descobriu-se ser uma enorme fachada para negócios um tanto quanto fora da lei.
Por onde Sophia anda, um tapete vermelho (ops!) é estendido, pois afinal, ela é, como dizem nos círculos dos privilegiados, uma "influenciadora" - pelo menos é essa a definição que lhe cabe no press release que, pasmem todos, faz a incrível revelação de que Sophia é, quem poderia suspeitar, uma "chocólatra assumida"!
Para quem duvida, a íntegra da peça publicitária é a seguinte:
Sophia Alckmin revela ser chocólatra assumida
Durante evento, a influenciadora disse que vício pelo doce vem de família e que evita se privar de comer o que gosta
Nesta última terça, 28 de março, Sophia Alckmin participou de um evento da Kopenhagen, realizado na Casa Petra, para apresentar a sessão de fotos clicadas pelo renomado Bob Wolfenson para a Páscoa da tradicional marca de chocolates.
Durante o evento, que também contou com a presença de Carol Celico, Maria Rudge, Helena Lunardelli e Cris Tamer, a influenciadora assumiu que não abre mão de comer chocolate. “Eu amo chocolate, assim como o meu pai. Acho que isso vem de família, porque meu filho mais velho também adora e vive me pedindo um pedacinho. Sou fã de Nhá Benta e hoje fiquei sabendo que a Nhá Benta pequena possui apenas 90 calorias. Achei um máximo, pois agora posso comer todo dia sem culpa”, disse rindo a filha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
São Paulo à venda
March 29, 2017 16:52João Dólar, ou melhor Dória, e sua fúria privatista: sai a lista dos 55 projetos e equipamentos do programa de desestatização da Prefeitura de São Paulo, no melhor figurino neoliberal.
Não sobrou nada.
Salve-se quem puder!
Serviços Municipais
1. Gestão de resíduos sólidos, coleta e centrais de reciclagem
2. Serviço de varrição e limpeza urbana (PPP)
3. Cemitérios
4. Crematórios
5. Serviços funerários
6. Sistema de compartilhamento de carros elétricos
7. Acesso à internet por meio de um sistema de Wi-Fi em espaços públicos
8. Serviço de transporte escolar
9. Serviço de transporte para pessoas com deficiência
10. Equipamentos e serviços culturais
11. Sistema municipal de transporte hidroviário
12. Sistema municipal de compartilhamento de bicicletas
13. Serviço de iluminação pública
14. Pátio e serviço municipal de guincho
15. Equipamentos e serviços de educação infantil
16. Serviços hospitalares e de atendimento da rede de saúde
17. Mercados Municipais
18. Parques, praças e planetários municipais
19. Sistema de Estacionamento Pago Rotativo (nova Zona Azul)
Gestão Municipal
20. Arquivo público municipal de São Paulo
21. Sedes administrativas das prefeituras regionais
22. Bilhetagem do sistema de transporte municipal
23. Exploração de edifício público para conectividade (ERB)
Projetos Urbanísticos
24. Projeto Nova Luz
25. Habitação de interesse social
26. Requalificação do Vale do Anhangabaú
Ativos Municipais
27. Terrenos com cessão de uso
28. Autódromo José Carlos Pace e demais áreas
29. Complexo Desportivo Pacaembu
30. Áreas e equipamentos do Complexo Desportivo Canindé
31. Imóveis de herança vacante
32. Complexo Anhembi
33. Hospitais Municipais
34. Imóveis passíveis de IPTU progressivo e desapropriação
35. Prédios públicos
36. Imóveis na região central
37. Terrenos na Rua Sumidouro
38. Gleba Santa Etelvina III-B
39.Constâncio Vaz Guimarães (Ginásio do Ibirapuera)
Infraestrutura Urbana
40. Enterramento da fiação
41. Sistema de drenagem urbana 42. Manutenção e requalificação de vias
43. Manutenção e requalificação de passarelas, pontes e viadutos
44. Terminais de ônibus
45. Infraestrutura cicloviária
46. Requalificação e manutenção de passeios públicos e calçadas
47. Corredores de ônibus
48. Garagens públicas municipais
49. Gestão e revitalização da rede semafórica
50. Exploração de baixos de viadutos
51. Abrigos de ônibus
52. Relógios em espaços públicos
53. Totens em espaços públicos
54. Bancos, lixeiras e outros mobiliários urbanos
55. Sinalização viária