O barbeiro e a Fundação Getulio Vargas
March 31, 2017 9:32Segundo a Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança do Comércio (ICC) subiu 3,1 pontos entre fevereiro e março, ao passar de 82,5 para 85,6 pontos, em uma escala de zero a 200. Para a entidade, a confiança do empresário do comércio sai dos níveis “atipicamente baixos” do biênio 2015/2016 e entra em uma faixa considerada “moderadamente baixa”.
A alta do indicador foi provocada por melhoras nas avaliações dos empresários em relação ao futuro, já que o Índice de Expectativas avançou 4,1 pontos, atingindo 95,6 pontos. O quesito que mais avançou foi o otimismo com as vendas nos três meses seguintes, que subiu 5,7 pontos em relação ao mês anterior.
Já para o meu barbeiro, que sabe tudo sobre a vida de Serra Negra, os comerciantes da cidade rezam para que os turistas não os decepcionem e venham visitar a estância hidromineral nos feriados de abril.
- O movimento está muito ruim. Essa loja aí na frente [especializada em tintas] ficava o dia todo com um entra e sai de gente. Agora, olha só, não tem ninguém. Os hotéis e restaurantes, tudo vazio...
Duas versões sobre o mesmo tema.
Mas entre a FGV e o meu barbeiro, fico com ele. (Carlos Motta)
Nova política de conteúdo local vai provocar demissões em massa
March 30, 2017 22:11A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) reforçou nesta quinta-feira (30/3) na Câmara dos Deputados, em Brasília, seu posicionamento contrário à política de conteúdo nacional definida pelo governo federal. Na oportunidade, a entidade voltou a defender que o governo reveja as regras a fim de auxiliar a retomada da produção industrial e geração de empregos.
A resistência da FNE, entidade representativa de 500 mil engenheiros em todo o país e de vários sindicatos, associações patronais e ligadas aos trabalhadores, em relação à nova política de conteúdo nacional foi manifestada durante reunião da comissão geral realizada no plenário da Câmara Federal para debater as novas regras de conteúdo local para petróleo e gás.
A FNE foi representada pelo consultor Artur Araújo que expôs, na tribuna do plenário da Casa, a perda da oportunidade de novo ciclo de desenvolvimento e risco de demissão maciça de engenheiros e de trabalhadores. "Ou o governo modifica essa política e retoma os percentuais anteriores de conteúdo local ou o país abandonará uma rota de desenvolvimento do valor agregado" afirmou Araújo.
Em fevereiro, o governo federal definiu uma nova política de conteúdo local reduzindo os percentuais mínimos exigidos. Foi decidido que para a área marítima (atividade que concentra a exploração e produção de petróleo no Brasil) os percentuais mínimos de conteúdo local serão de 25% para a construção de poços e de 18% na atividade de exploração.
A FNE vem ressaltando que esses percentuais são baixos e que a mudança prejudicará o setor industrial nacional, impedindo os fabricantes brasileiros se tornem fornecedores os segmentos de petróleo e gás e naval - decisão que é vista como retrocesso na área da engenharia, tecnologia e inovação.
A federação destaca que essa definição vai na contramão de um contexto que requer a retomada da atividade industrial e estímulos à geração de vagas de trabalho após dois anos de grave recessão. "A estimativa da FNE é que essa política custará, em nossa categoria, 5 mil empregos. E estamos falando de 5 mil empregos dos mais categorizados, 5 mil fontes de conhecimento", enfatizou.
O alerta sobre o risco de demissão foi feito também por outras entidades representativas da classe trabalhadora a exemplo dos petroleiros e metalúrgicos e trabalhadores da indústria naval.
Representantes do setor produtivo também firmaram posição na reunião da Comissão Geral expondo a contrariedade dos empresários em relação à nova política de conteúdo nacional.
O presidente executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse que a recente medida do governo federal levará à demissão de mais de 1 milhão de trabalhadores. "Iremos demitir em vez de gerar trabalho e poderíamos estar gerando mais de 1,5 milhão de empregos", disse. Ele informou que nos últimos anos o setor industrial vez investimentos de US$ 60 bilhões para se preparar para a ampliação do setor de indústria e gás. “Isso será perdido.”
Deputados de vários partidos subiram à tribuna do plenário durante a reunião para lamentar a decisão do governo de reduzir os níveis mínimos de conteúdo local.
Esses novos níveis serão parâmetros para a 14ª rodada de licitação de campos de petróleo e gás prevista para setembro e para o leilão de blocos do Pré-Sal em novembro.
Ao presidir a Comissão Geral, o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) disse que representantes de sete frentes parlamentares pedirão audiência aos presidentes da Câmara e do Senado para negociar um encontro com Michel Temer.
“Vamos articular essa reunião conjunta para levar representares do setor produtivo e dos trabalhadores para uma reunião com o presidente Temer a fim de tentarmos mudar as regras para a 14ª rodada.”
Os deputados Henrique Fontana (PT), Luiz Sérgio (PT-RJ) e Soraya Santos (PMDB-RJ) também foram à tribuna fazer críticas à nova política de conteúdo nacional.
A comissão geral que debateu as regras de conteúdo nacional para os segmentos de petróleo e gás reuniu parlamentares de sete frentes parlamentares, entre as quais a Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento, criada a partir do apoio da FNE.
A caminho do precipício
March 30, 2017 17:03E lá vai o Brasil Novo descendo descontroladamente a ladeira:
- O Governo Central registrou o maior déficit primário da história para meses de fevereiro. No mês passado, o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central gastaram R$ 26,263 bilhões a mais do que arrecadaram, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Com o resultado de fevereiro, o déficit primário acumulado nos dois primeiros meses do ano soma R$ 7,222 bilhões. O resultado é o segundo maior da história para o período, perdendo apenas para o primeiro bimestre do ano passado, quando o resultado negativo tinha somado R$ 10,167 bilhões.
- O volume de vendas do comércio varejista caiu 0,7% entre dezembro de 2016 e janeiro deste ano. É a segunda redução consecutiva do indicador, que já havia recuado 1,9% entre novembro e dezembro do ano passado. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro. As vendas também recuaram 0,6% na média móvel trimestral, 7% na comparação com janeiro de 2016 e 5,9% no acumulado de 12 meses. Na comparação com dezembro de 2016, houve queda em seis das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, com destaque para equipamentos e material de informática (-4,8%) e combustíveis e lubrificantes (-4,4%).
- O setor de serviços no Estado de São Paulo registrou saldo negativo no número de empregos criados pelo quinto mês consecutivo. Em janeiro, segundo pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), foram cortados 1.498 postos de trabalho no setor, resultado da diferença entre admissões (176.131) e demissões (177.629).
- O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista caiu 0,5% em fevereiro na comparação com janeiro, sem considerar as influências sazonais, informou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 5,1%.
- O Brasil ocupa a 115ª posição no ranking mundial de presença feminina no Parlamento dentre os 138 países analisados pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI). com base no banco de dados primários do Banco Mundial (Bird) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As nações que apresentam maior percentual de mulheres no Parlamento são Ruanda (63,8%), Bolívia (53,1%), Cuba (48,9%), Islândia (47,6), Suécia (43,6%), Senegal (42,7%), México (42,4%), África do Sul (41,8%), Equador (41,6%) e Finlândia (41,5%). No Parlamento brasileiro, há somente 10% de mulheres. Os Estados Unidos detêm a 74ª colocação, com 19,4% de mulheres no Parlamento.
Periferia absorve valores liberais e rejeita partidos políticos
March 30, 2017 16:07Os moradores da periferia de São Paulo acreditam na política, mas não nos partidos políticos; reconhecem a importância da coletividade, mas almejam crescer individualmente; buscam transformações, mas são pouco afeitos a rupturas; anseiam por novas idéias, mas são também pragmáticos.
Em resumo, esse é o resultado de uma pesquisa qualitativa feita pela Fundação Perseu Abramo sobre o imaginário social dessa população, que nos últimos anos sentiu o avanço do consumo, do neopentecostalismo e do empreendedorismo popular.
A pesquisa demonstrou uma intensa presença dos valores liberais do “faça você mesmo”, do individualismo, da competitividade e da eficiência.
A conclusão é que esse novo caldo cultural exige renovações tanto na forma como se realiza a política partidária quanto no conteúdo das políticas públicas que se implementam.
A mistura entre valores do liberalismo, do individualismo, da ascensão pelo trabalho e do sucesso pelo mérito, com valores mais solidários e coletivistas relacionadas à atuação do Estado, à universalização de direitos, à ampliação da inclusão social, permeiam a visão de mundo e o imaginário dessa nova classe trabalhadora das periferias de São Paulo.
A íntegra da pesquisa está aqui.
O maior perigo para o Brasil
March 30, 2017 10:59O maior perigo para o restinho de democracia que o Brasil tem não é o seu simulacro de Judiciário, nem os políticos corruptos até o fundo da alma, nem a sua polícia política ou a monumental máquina de propaganda disfarçada de imprensa que dita o pensamento único. O maior mal que ronda esse mínimo de liberdade oferecido ao povo brasileiro é a ascensão ao Executivo central de um "outsider", um salvador da pátria, um novo Collor, o caçador de Marajás, enfim.
Há anos que a oligarquia vem preparando o terreno para que isso ocorra, com uma campanha incessante de criminalização da política, perseguição implacável às lideranças do maior partido progressista, e, por fim, o golpe que trocou uma presidenta honesta, eleita com 54 milhões de votos por um anão moral que tem como única tarefa sepultar todos os avanços sociais conseguidos, com muito esforço, na última década.
No momento, a ameaça se chama Dória, João, o almofadinha que se elegeu prefeito de São Paulo, o "gestor", o "trabalhador", o fabricante de factoides diários, que exerce o cargo como se estivesse num baile à fantasia.
Não por acaso Dória está sendo aclamado pelos seus pares, seus iguais, o 1% do povo brasileiro que se julga "homens de bem", como a grande esperança para que o Brasil fique eternamente à sua imagem e semelhança, eles, o topo da pirâmide social, no controle de absolutamente tudo, e o resto, a imensa maioria, vivendo - ou sobrevivendo - na ilusão de que algum dia, quem sabe, graças a muito, mas muito esforço, alguns poucos, pouquíssimos, deixem a miséria para trás.
Dória é o candidato a ser batido pelo campo progressista.
Ele tem dinheiro, tem apoio de quem tem dinheiro, é frio e calculista, sabe perfeitamente onde quer chegar, e até agora a sua estratégia não tem apresentado erros: ataca sem dó o inimigo, conta com a cobertura da totalidade dos meios de comunicação, é vendido como o novo, o honesto, o homem que deixou de lado uma bem sucedida carreira de empresário para se dedicar ao "povo".
Se as esquerdas pensam em ter alguma chance de sucesso em 2018 devem, desde já, começar a combater tal adversário e não subestimá-lo, tratá-lo como uma piada ou como um acidente que dificilmente tornará a ocorrer.
Dória é uma certeza tão grande para a direita que já começam a surgir imitadores, todos, como ele, se apresentando como não contaminados pelo lixo da política, e puros como os santos de pau oco. (Carlos Motta)









