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Segundo Clichê

February 27, 2017 15:48 , par Blogoosfero - | 1 person following this article.

No tempo da Guerra Fria

September 20, 2017 14:25, par segundo clichê


Carlos Motta


A polêmica criada pelo general que acenou com a possibilidade de uma "intervenção militar" para acabar com a bagunça institucional do país é menos importante que a defesa de seu discurso, feita por um colega, também general, mas da reserva. 

No seu Facebook, o oficial escreveu o seguinte: “Em resposta a uma pergunta, colocada diante de uma plateia restrita, ele limitou-se a repetir, sem floreios, de modo claro e com sua habitual franqueza e coragem, o que está previsto no texto constitucional. A esquerda, em estado de pânico depois de seus continuados fracassos, viu nisso uma ameaça de intervenção militar. Ridículo.”


"A esquerda, em estado de pânico depois de seus continuados fracassos..."

O trecho, por si só, exprime de modo categórico o que pensam os militares brasileiros sobre a causa dos males que o país sofre: a culpa de tudo o que há de ruim é da esquerda, sempre ela.

É triste constatar que, passados tantos anos do fim da era dos generais presidentes, ainda perdure na caserna o espirito da guerra fria, quando o mundo era dividido entre os bons e os maus, entre o saudável capitalismo e o doentio socialismo.

A União Soviética deixou de existir, seus países satélites mergulharam de cabeça na economia de mercado, o muro de Berlim foi derrubado, a China se tornou uma superpotência econômica, a Terra foi sacudida por crises diversas e profundas, John Lennon foi assassinado, a seleção brasileira de futebol sagrou-se pentacampeã mundial em 2002, a internet se espalhou com a velocidade da luz para revolucionar a informação global, mas a cabeça dos militares brasileiros continua a mesma da metade do século passado, não houve uma mísera mudança no que eles pensam sobre política, economia, relações sociais, geopolítica, costumes...

Os governos trabalhistas trataram os militares com o devido respeito à sua importância para a nação, concederam reajustes salariais que estavam congelados havia anos e investiram bilhões de reais para reequipar e modernizar as Forças Armadas.

Nada disso, porém, parece importar para eles, contaminados profunda e irremediavelmente pelo vírus do anticomunismo ingênuo e infantil.

Esses oficiais de pijama podem não ter mais o comando da tropa, mas, não há dúvida, seus discursos refletem a opinião da maioria de seus companheiros da ativa.

O Brasil tem inúmeros problemas sérios, a crise política e econômica que atravessa é gravíssima, mas achar que a causa de todos os males é a "esquerda" denota um pensamento primário e profundamente contrário aos esforços para afastar o país do abismo, que é, pelo que se sabe, também o desejo das Forças Armadas.

É quase certo que os militares não vão se arriscar novamente numa aventura que comprometeria ainda mais o desenvolvimento do Brasil rumo à civilização, mas é preocupante saber que a instituição vive ainda nos tempos que lembram o faroeste americano, povoado por mocinhos e bandidos, xerifes e foras da lei, entre o 7º de Cavalaria do general Custer e os pérfidos sioux de Cavalo Doido e Touro Sentado. 



A cara do Brasil Novo

September 19, 2017 10:15, par segundo clichê


Carlos Motta

No país onde a Justiça dá respaldo à "cura gay", ao mesmo tempo em que proíbe a exibição de peças teatrais e absolve um pai que espancou a filha por ela ter perdido a virgindade, entre outros disparates, não pode causar espanto o fato de um fascista de quatro costados ser um dos favoritos da corrida presidencial.


O Brasil se transformou num Estado kafkiano.

A impressão é de que estamos presos num pesadelo surrealista.

Não há mais lógica, nem regras ou leis no funcionamento das instituições.

O salve-se quem puder e o locuplete-se enquanto dá tempo dominam as ações das "autoridades".

O governo central é comandado por uma quadrilha.

No Congresso instalou-se um imenso bazar de negócios.

Judiciário e Ministério Público atuam despudoradamente apenas em defesa dos interesses da oligarquia.

A imprensa virou uma incansável máquina de propaganda reacionária.

Uma grande parcela da população vive em permanente estado de histeria, atacando tudo o que tem cheiro de civilização.

Outra parte do povo age movida a mentalidade infantil, moldada por mensagens que substituem o raciocínio crítico por uma visão mágica do mundo, como se vivêssemos no alvorecer dos tempos.

Sobram alguns poucos gritos, alguns fracos alertas de que, a caminhar nesse passo, muito em breve estaremos queimando bruxas, perseguindo grupos minoritários e prendendo quem discordar da ideologia dominante.

É um contexto mais que favorável ao surgimento de um messias, um "duce", um "führer", um salvador da pátria e condutor das massas ignorantes rumo ao paraíso.

O deputado fascista que promete levar o mar até Minas Gerais e conceder licença para a polícia matar quem quiser é o produto pronto e acabado deste Brasil Novo surgido das entranhas de um golpe que afastou da presidência da República uma mulher honesta, eleita com mais de 54 milhões de votos.

A cada discurso que faz, a cada entrevista que dá, fica mais evidente que ele é a cara de um país que perdeu o passo que poderia fazê-lo menos desigual social e economicamente, e mais democrático - que poderia, enfim, levá-lo ao século 21. 



Nem o Conselheiro Acácio discursaria melhor

September 18, 2017 10:52, par segundo clichê


A nova procuradora-geral da República disse, em seu discurso de posse, que o povo brasileiro "não tolera a corrupção".

Disse ainda que é dever do Ministério Público defender a Justiça e garantir que ninguém esteja acima da lei, mas que também ninguém esteja abaixo da lei.

E mais: que o devido processo legal é um direito de todos os cidadãos e que a harmonia entre os Poderes é requisito para a estabilidade do Brasil. 

“O país passa por um momento de depuração. Os órgãos do sistema de administração de Justiça têm no respeito e harmonia entre as instituições a pedra angular que equilibra a relação necessária para se fazer justiça em cada caso concreto”, afirmou.

Já o Dr. Mesóclise, líder da quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto, afirmou, na mesma solenidade, que a autoridade suprema não está nas autoridades constituídas, mas na lei, e que toda vez que se ultrapassa os limites da Constituição há um abuso de autoridade. 

Também falou sobre a importância da harmonia entre os poderes, ao comentar o discurso da procuradora empossada. “Não é sem razão que a ouvi dizer, solenemente, da necessidade da harmonia entre os poderes e nesse capítulo entra o Ministério Público”. 

E completou: “As características do Ministério Público são as mesmas dos demais poderes de Estado."

Impressionante.

Se juntarmos os dois, não dá meio Conselheiro Acácio, mestre da obviedade, imortal e genial criação de Eça de Queiroz.

O Brasil Novo, com o exemplo dado por autoridades, continua a sua caminhada desenfreada rumo ao precipício. (Carlos Motta)




"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação"

September 16, 2017 10:11, par segundo clichê


Carlos Motta


Virou moda neste Brasil Novo grupos fundamentalistas religiosos, formados por imbecis ignorantes dos mais elementares princípios civilizatórios, se acharem no direito de agir de modo truculento para impedir manifestações artísticas.

E, pior, muitas vezes contam com o respaldo de integrantes do Judiciário, como o ocorrido em Jundiaí, onde um juiz proibiu a apresentação de uma peça teatral com temática LGBT.

A onda pseudomoralista e ultraconservadora cresce no país, é fato notório.

Portanto, é importante, neste momento, lembrar a todas as autoridades que ainda existe uma Constituição que rege a todos nós, cidadãos brasileiros, e que seria interessante obedecê-la, se quisermos viver fora da leis das selvas.

Para refrescar a memória desses magistrados que alicerçam os delírios ditatoriais desses bandos de idiotas que vivem na Idade Média, vai aí um pequeno trecho da Constituição, que eles têm a obrigação de defender e cumprir:   

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.



Juiz proíbe peça teatral em Jundiaí

September 15, 2017 23:02, par segundo clichê



Notícia do site OA Jundiaí relata mais um caso de censura em obra de arte por causa da intolerância religiosa. 

Desta vez a vítima foi a peça teatral "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu".

O Brasil corre celeremente rumo à Idade Média - se é que já não a alcançou.

Aí vai a reportagem, na íntegra: 


A escalada fascista na cidade atinge agora o Sesc, o principal centro difusor de cultura da cidade. Um grupo de manifestantes religiosos, segundo informações de pessoas que chegavam para o espetáculo, munidos de uma liminar conseguiu cancelar a apresentação da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu que seria encenada nesta sexta-feira, às 20 horas dentro do projeto “(há) diversidades?” 

O número do processo é 1016422.86.2017.8.26.0309 da Comarca de Jundiaí.  

A liminar foi requerida pela advogada Virginia Bossonaro Rampin Paiva e concedida pelo juiz Luiz Antonio de Campos Junior, da primeira Vara Cível.  

No texto da liminar o juiz justifica sua decisão da seguinte maneira:  “Cuida-se na verdade de impedir um ato desrespeitoso e de extremo mau gosto, que certamente maculará o sentimento do cidadão comum, avesso à esse estado de coisa. Lado outro, irrelevante para o Juízo o fato de esta peça teatral ser gratuita ou onerosa. A consequência jurídica é idêntica em ambas as situações. Vale dizer, não se pode produzir uma peça teatral de um nível tão agressivo, ainda que a entrada seja franqueada ao público”.  

“Não se olvida a liberdade de expressão, em referência no caso específico, a arte, mas o que não pode ser tolerado é o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro”. 

“Nessa esteira, levando-se em conta que a liberdade de expressão não se confunde com agressão e falta de respeito e, malgrado a inexistência da censura prévia, não se pode admitir a exibição de uma peça com um baixíssimo nível intelectual que chega até mesmo a invadir a existência do senso comum, que deve sempre permear por toda a sociedade”. 

A Constituição Brasileira, no entanto, em seu Artigo 19 estabelece o Estado Laico (não religioso). 

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;  O grupo fez uma manifestação na porta do Sesc e entregou a liminar. Depois da proibição da peça, a atriz Renata Coelho conversou com o público no saguão do Sesc. 



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