Livro traz peça inédita no Brasil de Maiakóvski
August 14, 2018 9:30O livro “Uma Poética em Cena”, além de trazer a inédita tradução em língua portuguesa da peça de Vladimir Maiakóvski “Os Banhos – Drama em Seis Atos com Circo e Fogos de Artifício”, feita pelo poeta Luiz Sampaio, contém ainda um ensaio de Reni Chaves Cardoso (1945 – 2008), pesquisadora de teatro e doutora pela Universidade de São Paulo, sobre a encenação original por Meyerhold e Maiakósvki (Moscou – 1930). Inclui, também, o texto da peça “A Barraca de Feira”, de Alexandr Blok (1906).
Luiz Sampaio, que estudou literatura em Moscou, aprendeu a admirar Maiakóvski como um dos mais importantes poetas do século XX, grande inovador da língua russa, que se entregou de corpo e alma à revolução socialista de 1917 e à criação de uma linguagem poética que espelhasse na arte o espírito revolucionário daquele momento da história de seu país e de toda a humanidade.
“Os Banhos – Drama em Seis Atos com Circo e Fogos de Artifício” foi a última peça de Maiakóvski, escrita em 1930 a pedido do diretor e seu grande admirador Meyerhold e encenada no Teatro Estatal V. Meyerhold, há exatos 29 dias antes do suicídio do grande poeta.
Maiakóvski, que desde os 15 anos de idade havia dedicado toda sua vida e sua arte aos ideais da revolução de 1917, treze anos após a tomada do poder pelos soviéticos estava muito decepcionado pelos rumos tomados pela história e criticava duramente a burocracia que havia se instaurado no poder. “Os Banhos” criticava os burocratas e tipos antirrevolucionários que, segundo Maiakóvski, provocavam desvios nos caminhos que poderiam levar ao futuro e à construção do socialismo na União Soviética.
Como era de se esperar, a peça foi muito criticada pelos órgãos do poder. Imagina-se que esta tenha sido mais uma das inúmeras decepções que levaram ao suicídio do poeta, em 14 de abril de 1930.
“Os Banhos” foi proibida por Stálin e voltou a ser encenada, poucas vezes, somente depois de 1955.
A presente tradução do original russo, inédita em português, foi elaborada para a tese de doutoramento de Reni Chaves Cardoso, na USP, sobre a encenação original da peça.
Além de tradutor, Luiz Sampaio é poeta e lançará em breve seu blog “Arca de Palavras” (https://www.luizsampaio.com ), onde publicará três audiovisuais inéditos produzidos e dirigidos por ele, gravados no estúdio Dublavideo em São Paulo.
O primeiro audiovisual reunirá fotos da montagem original de “Os Banhos”, com a gravação, em áudio, do primeiro ato da peça.
O segundo apresentará os poemas/palavras de ordem de Maiakovski, escritos em cartazes e pendurados no palco e na plateia na encenação original de “Os Banhos”, gravados em russo e em português e montados sobre fotos do poeta.
O terceiro constará da gravação, em áudio, de um texto de Jacó Guinsburg, professor emérito da Universidade de São Paulo, fundador e diretor da editora Perspectiva, sobre a peça “A Barraca de Feira”, incluindo palavras do diretor Meyerhold sobre sua montagem original em 1908. Neste audiovisual serão projetados os desenhos da proposta de encenação elaborada por Reni Chaves Cardoso.
Luiz Sampaio, por Luiz Sampaio
Sou as palavras que sou.
São de mim o que restará, além das memórias dos meus gestos a se dissiparem rápida ou lentamente em direção ao sempre.
Cresci entre leitores e livros. Aos nove anos ganhei um diário encadernado em azul, com a palavra “Pensamentos”. Ali copiei poemas e me dediquei a grafar os sentimentos que me afligiam. Nunca mais parei.
Estudei literatura, sonhando-me poeta.
A sobrevivência arremessou-me à deriva, a mares mais que distantes: ao espaço. Trabalhei uma vida implantando planetários e observatórios astronômicos públicos. Hoje me dedico especialmente aos planetários e à criação de centros de ciências para a educação não formal.
Sou perseverante. Cruzei desertos e anos escrevendo apesar do silêncio.
Do francês, traduzi “Esperando Godot” de Samuel Beckett. Do russo, poemas de Púshkin e Liérmontov, além de “Os Banhos – Drama em Seis Atos com Circo e Fogos de Artifício”, de Maiakóvski.
Sigo vivo e ativo na sonora companhia das minhas palavras.
Minha canoa do amor não se espatifou no cotidiano.
Uma homenagem a um gigante musical
August 13, 2018 9:58Carlos Motta
A escola de samba X-9 Paulistana vai homenagear, no carnaval de 2019, um dos fenômenos da música popular brasileira, o compositor, cantor e instrumentista Arlindo Cruz, que há pouco mais de um ano sofreu um AVC e, desde então, se encontra em recuperação.
Arlindo, pasmem, tem cerca de 750 músicas gravadas por ele e dezenas de outros artistas, e mais de mil músicas compostas.
Se a quantidade de sua produção artística é impressionante, é mais impressionante ainda a sua qualidade.
Arlindo Cruz, pode-se dizer sem nenhum medo de errar, já integra a lista dos mais importantes criadores da música popular brasileira de todos os tempos.
Que falem por ele, sem ir muito longe, as mais conhecidas composições suas, como Meu Lugar, O Que é o Amor, Meu Nome É Favela, O Show Tem Que Continuar, Chegamos ao Fim, Não Penso em Mais Nada, A Pureza Da Flor, Quem Gosta de Mim, O Bem, Sambista Perfeito, Será que é Amor, Além do Meu Querer, Amor Com Certeza, Favela, Camarão que dorme a onda leva, Chegamos ao Fim...
É beleza que não acaba mais.
O vídeo oficial do samba-enredo de 2019 da X-9 Paulistana dá uma ideia do que Arlindo Cruz representa para os músicos do país. O número de artistas que participa do filmete é sintomático. Nele estão Beth Carvalho, Arlindo Neto, Fundo De Quintal, Xande De Pilares, Péricles, Dudu Nobre, Turma Do Pagode, Os Prettos, Reinaldo, Ronaldinho, Leandro Sapucahy, Grupo Molejo, Leandro Lehart, Marquynhos Sensação, Embaixada Do Samba Paulistano e Armando Polêmico. O intérprete é Darlan Alves, e o bonito samba-enredo foi composto por Arlindo Neto, André Diniz, Claudio Russo, Márcio André Filho, Marcelo Valencia e Darlan Alves.
Ah, e o enredo tem um nome comprido: O Meu Lugar é Cercado de Luta e Suor, Esperança Num Mundo Melhor! O Show Tem Que Continuar!
Poderia, muito bem, ser simplificado para "Obrigado, Arlindo Cruz!"
Samba de Arerê pra você voltar
Zona Norte é Madureira
Ando louco de saudade olha o povo pedindo bis
Ainda é tempo pra viver feliz
Não subestime um filho de Xangô
A recompor a vida
O alujá ecoar forte no rum
E o ylê de Ogum, convida
O ídolo parceiro companheiro, irmão
Símbolo maior do samba em minha geração
Gênio pai herói o clarão da lua cheia, Candeia
Nos versos que ele semeou
Gira bailarina seu eterno amor
A porta bandeira frutos na tamarineira
Lalaia laia laia
Com o banjo no peito, sambista perfeito o mestre imortal
Lalaia laia laia
O samba gradece, Floresce no fundo do nosso quintal
Aos olhos graciosos de Oxalá
Serrinha marejou o seu olhar
Que brilha na coroa imperial
Um lume imponente e divinal
Da lança se São Jorge rotetor
A esperança de um Quixote sonhador
É voz dos humildes por um pedaço de chão
Voz dos humildes por um pedaço de pão
Favela de gente sofrida, mas que valoriza a própria raiz
Aquela que sente na pele as chagas da vida, a dor do país
X-9 a cantar, conduz até seu lugar a luz
Pra continuar o show de Arlindo Cruz
Deus já deve estar de saco cheio
August 10, 2018 10:34Carlos Motta
Época de eleição, não tem candidato que deixe de beijar as criancinhas, de comer pastel de feira, de apertar as mãos do pessoal na fila de ônibus - e de agradecer a deus por qualquer coisa, falar em deus por qualquer motivo, convencer o eleitor de que deus está do seu lado, o do candidato, claro.
A propósito, os candidatos deveriam se lembrar que o segundo mandamento dos católicos proíbe o uso do nome de deus em vão - caçar votos certamente está incluído no rol das superficialidades desprezadas pelo divino.
O grande, eterno, Almir Guineto, o "sambista completo", como muita gente o definia, também se sentiu incomodado com a liberalidade dessas pessoas que invocam o nome de deus a todo momento, e por isso gravou um samba feito por sua mãe, a lendária Dona Fia, em parceria com Marco Antônio.
Seu título, "Saco Cheio", é um ótimo resumo do inconformismo de alguns com essa mania do ser humano de atribuir todas as bobagens que faz ao divino e de, a qualquer sinal de perigo, pedir socorro a ele - ou votos...
https://www.youtube.com/watch?v=SySUdRKL0bw
Os habitantes da Terra
Estão abusando
Ao nosso Supremo Divino
Sobrecarregando
Fazendo o quê?
Fazendo mil besteiras
E o mal sem ter motivo
E só se lembram de Deus
Quando estão no perigo...
Deus lhe pague!...
Deus lhe pague!
Deus lhe crie!
Deus lhe abençoe!
Deus, é vosso pai
É vosso guia...
Tudo que se faz na Terra
Se coloca Deus no meio
Deus já deve estar
De saco cheio...
Os habitantes da Terra
Estão abusando
Ao nosso Supremo Divino
Sobrecarregando
Fazendo o quê?
Fazendo mil besteiras
E o mal sem ter motivo
E só se lembram de Deus
Quando estão no perigo...
Deus lhe pague!...
Deus lhe pague!
Deus lhe crie!
Deus lhe abençoe!
Deus, é vosso pai
É vosso guia...
Tudo que se faz!
Tudo que se faz na Terra
Se coloca Deus no meio
Deus já deve estar
De saco cheio...
Diretor de documentário sobre palestinos no Brasil debate com o público
August 9, 2018 10:48O diretor do documentário “A Palestina Brasileira”, Omar Barros Filho, participará, na programação da 13ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, de dois encontros com o público, nesta quinta-feira, dia 9, no CineSesc, e na sexta, dia 10, no CCBB-SP. A Mostra está em cartaz até 27 de agosto.
O filme integra a sessão Diálogos Árabes-Latinos, que reúne filmes realizados na América Latina com temática voltada à imigração árabe, aos países da região e sua relação com o Brasil e outros países latinos, possibilitando paralelos entre a cultura árabe e a formação da sociedade brasileira e latina. É promovida em parceria com o Cine Fértil e com o Latin Arab International Film Festival (Laiff – Buenos Aires).
Entre América Latina e mundo árabe, os universos entrelaçados são aqueles do olhar ao outro, da empatia, da assimilação de nossa identidade diversa e do humanismo. A tendência mais contemporânea na região indica a preferência por temáticas que dialogam com a questão palestina.
Programação especial de “A Palestina Brasileira”
- 9 de agosto, quinta-feira - 19h - Exibição de “A Palestina Brasileira” e bate-papo com o diretor brasileiro Omar Barros Filho
- 10 de agosto – 18h - Exibição de “A Palestina Brasileira” e debate às 19h30 com o diretor brasileiro Omar Barros Filho
Para programação completa da Mostra, acesse
www.mundoarabe2018.icarabe.org
Circo da Turma da Mônica estende temporada em SP
August 9, 2018 10:39A superprodução Circo da Turma da Mônica – O Primeiro Circo do Novo Mundo, maior espetáculo já produzido pelos estúdios da Mauricio de Sousa Produções, estreou em 7 de julho na capital paulista e confirma sessões extras, nos dias 11 (às 11h e 16h), 12 (às 11h e 16h), 18 (às 16h), 19 (às 11h e 16h), 25 (às 16h) e 26 de agosto (às 11h e 16h), no Teatro Opus (Shopping Villa-Lobos). Os ingressos permanecem à venda pelo site da Uhuu e na bilheteria do teatro.
Depois da temporada na capital paulista, o espetáculo segue para Curitiba – Teatro Positivo Grande Auditório (1/9 e 2/9), Porto Alegre – Teatro do Bourbon Country (8/9 e 9/9), Recife – Teatro Rio Mar Recife (15/9 e 16/9), Natal – Teatro Riachuelo Natal (22/9 e 23/9) Fortaleza – Teatro Rio Mar Fortaleza (29/9 e 30/9), Goiânia – Teatro Rio Vermelho (6/10 e 7/10), Belo Horizonte - SESI (12/10, 13/10 e 14/10), e Rio de Janeiro – Teatro Oi Casa Grande (20/10, 21/10, 27/10 e 28/10).
O espetáculo tem direção e produção geral de Mauro Sousa, supervisão geral de Mauricio de Sousa e participação de Dedé Santana como mestre de cerimônia, além de Rodrigo Robleño, reconhecido internacionalmente por seu trabalho no espetáculo Varekai do Circo Du Soleil.
Repleto de números circenses aéreos e de solo, iluminação de led, cores e figurinos glamourosos o Circo Turma da Mônica reserva muitas surpresas com aparições de parte do elenco na plateia, bolhas de sabão e muitas outras impressões sensoriais que fascinam a todos. “O Circo Turma da Mônica é um projeto totalmente diferente do que já fizemos até hoje, é desafiador e grandioso. As cenas são muito dinâmicas e a música dá o tom da trama somada ao figurino e aos números que impressionam. Esperamos que o espetáculo cumpra o seu papel de entreter e emocionar, que são características intrínsecas da Turma da Mônica, mas que também alcance um patamar de excelência de superprodução brasileira”, afirma Mauro Sousa.
O espetáculo já recebeu desde sua estreia na capital paulista mais de 12 mil pessoas,