O ministro do samba
18 de Dezembro de 2017, 9:44O pior presidente da história não poderia ter assessores piores.
Seus ministros são de provocar engulhos. O da educação não sabe conjugar o verbo haver; o da Fazenda não entende patavina de macroeconomia; o da saúde acha que o país tem muitos hospitais - e por aí vai o despropósito.
Oscar da Penha (Salvador, 5 de agosto de 1924 — Salvador, 3 de janeiro de 1997), o Batatinha, um dos maiores compositores nacionais, embora não tenha conhecido este Brasil Novo, era um sujeito que se preocupava com a qualidade dos nossos homens públicos - se não todos, pelo menos daquele que viesse a ocupar o ministério que julgava o mais importante - o do samba.
E para titular, a escolha de Batatinha foi certeira: Paulo César Batista Faria, o Paulinho da Viola, um artista popular irrepreensível, síntese das virtudes que fazem do samba, mais que um gênero musical, o maior fator de união deste imenso país.
"Ministro do Samba" está entre as melhores obras de Batatinha. Além de uma homenagem que um grande artista presta a outro, faz a gente pensar: como é que o Brasil, com tanta gente extraordinária, se transformou nessa terra onde só os desprezíveis têm vez?
Melhor nem pensar nisso.
Melhor ficar com Batatinha. E com seu ministro do samba:
Eu que não tenho um violão
Faço samba na mão
Juro por Deus que não minto
Quero na minha mensagem prestar homenagem
E dizer tudo que sinto
Salve o Paulinho da Viola
Salve a turma de sua escola
Salve o samba em tempo de inspiração
O samba bem merecia
Ter ministério algum dia
Se eu fosse Deus a vida bem que melhorava
15 de Dezembro de 2017, 10:46
Num país sério as músicas de Eduardo Gudin tocariam no rádio dia e noite, de tão boas que são.
Mas este é o Brasil, uma colônia cultural americana, depósito do lixo da indústria de entretenimento, um dos alvos prioritários do soft power do grande irmão do norte.
A música de Gudin faz bem para os ouvidos, para o cérebro e para o coração.
Não tem contraindicações.
Ele integra a santíssima trindade do samba paulista, ao lado de Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini, de quem foi parceiro.
Tem um sem número de composições gravadas, algumas já clássicas, como "Verde", parceria com J.C. Costa Neto, um hino à esperança de se viver num país melhor, e "Paulista", também com Costa Neto, de um lirismo arrebatador.
É dele, com Paulo César Pinheiro, uma das mais expressivas canções sobre o terrível período da ditadura militar, "Mordaça": "(...) E de repente o furor volta/O interior todo se revolta/E faz nossa força se agigantar/Mas só se a vida fluir sem se opor/Mas só se o tempo seguir sem se impor/Mas só se for seja lá como for/O importante é que a nossa emoção sobreviva (...)"
Mas é uma outra canção, em parceria com Roberto Riberti, que sintetiza o drama de uma sociedade que se nega a combater a terrível desigualdade que a macula e a impede de se livrar do atraso secular.
"Velho Ateu" é a música preferida de Gudin, segundo ele mesmo, e encerra todos os seus shows.
Uma obra-prima, um chamado à reflexão sobre que tipo de sociedade em que queremos viver.
Um velho ateu, um bêbado cantor, poeta
Na madrugada cantava essa canção, seresta
Se eu fosse Deus a vida bem que melhorava
Se eu fosse Deus daria aos que não tem nada
E toda janela fechava
Pr'os versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas
Fotos mostram cotidiano da URSS
15 de Dezembro de 2017, 9:22A vida cotidiana da extinta União Soviética, retratada por seis fotógrafos de renome internacional, pode ser vista em uma exposição no Paço Imperial, no centro do Rio. Realizada em parceria com o Museu Oscar Niemeyer (MON), de Curitiba, a mostra "A União Soviética através da Câmera" reúne cerca de 200 imagens em preto e branco que documentam o período que vai de 1956, ano em que Nikita Khruschev denunciou os crimes cometidos por Josef Stalin, a 1991, quando o Estado soviético se dissolveu e as 15 repúblicas que o formavam se tornaram independentes.
Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, a seleção de fotos enfatiza a estética do período, abordando temas de grande importância histórica para o entendimento do regime soviético, como educação, saúde, esporte, moda, juventude comunista, cultura, ciência e indústria. Os seis fotógrafos são Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev, Vladimir Bogdanov, Yuri Krivonossov, Victor Akhlomov e Antanas Sutkus.
"Lagrange e Lazarev continuam na ativa, são nomes de referência na fotografia contemporânea russa. Krivonossov e Bogdanov são mais conhecidos pelo que fizeram na era soviética, trabalhando para publicações oficiais", explicou a curadora Maria Vragova, produtora cultural russa radicada no Brasil. Falecido este ano, Victor Akhlomov foi um dos mais famosos fotojornalistas da antiga União Soviética e da Rússia atual, premiado quatro vezes pelo World Press Photo e detentor do maior prêmio fotográfico de seu país, o Olho Dourado.
Já o lituano Antanas Sutkus é considerado um dos mais expressivos fotógrafos da atualidade, além de fundador de uma escola de fotografia que deu grande impulso a essa arte nos países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia). Antanas Sutkus foi o fundador da escola de fotografia na Lituânia, dando assim um grande impulso à fotografia em todos os países bálticos. Durante o período soviético, a maior parte da produção fotográfica de Sutkus foi logo para os arquivos, sem nem mesmo ser mostrada ao público.
"Sutkus guarda um acervo de mais de 1 milhão de negativos, produzidos entre os anos 50 [1950] e 90 [1990]. São fotos que ele não revelava porque sabia que seriam censuradas. Na exposição, temos algumas dessas imagens que não foram exibidas", disse Maria Vragova. Hoje, exposições por todo o mundo são consagradas à obra do fotógrafo lituano, que integra o acervo de museus prestigiados, como o Victoria e Albert Museum, de Londres; o Nicephore, de Nice (França); o Museu de Fotografia, de Helsinki; e o Instituto de Arte de Chicago.
A exposição fica em cartaz até 25 de fevereiro de 2018 e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 12 às 18 horas, com entrada franca. O Paço Imperial fica na Praça XV de Novembro, 48, no centro do Rio. (Agência Brasil)
Partituras online levarão música brasileira a todo mundo
14 de Dezembro de 2017, 17:30A Fundação Nacional de Artes (Funarte) lança, na quarta-feira, dia 20, o projeto Partituras Brasileiras – Songbook Internacional Online. O trabalho reúne partituras de música brasileira, em música popular, música erudita e bandas de música, que estarão disponíveis online nos portais do MinC e da Funarte, em versões em português, inglês, espanhol e francês.
O lançamento será às 12h30, no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, haverá apresentação dos artistas convidados: Silvério Pontes, Andrea Ernest Dias, Silvan Galvão e do Grupo Vocal Ordinarius, com ingresso a R$ 1.
Organizado pelo Centro da Música – responsável pela produção do conteúdo e organização geral –, o projeto tem a parceria do Departamento de Promoção Internacional do Ministério da Cultura (Deint/MinC), encarregado da editoração e distribuição. A seleção das partituras conta com a participação de importantes instituições de pesquisa musical do Brasil, além de dois especialistas, os professores e pesquisadores Paulo Aragão e Marcelo Jardim, para o trabalho técnico na organização das partituras selecionadas.
A proposta principal do projeto Partituras Brasileiras – Songbook Internacional Online é contribuir para a difusão internacional da música brasileira, nas modalidades popular, erudita e bandas de música, por meio da organização de partituras selecionadas pelo Centro da Música da Funarte (CEMUS), com apoio de diversos institutos de música da sociedade civil e do Departamento de Promoção Internacional do Ministério da Cultura (Deint/MinC).
Serão organizadas partituras de música brasileira divididas da seguinte maneira: 1) partituras para música popular; 2) partituras para música erudita; 3) partituras para bandas de música.
A seleção das partituras terá como critério o equilíbrio na distribuição entre os autores, a excelência estético-formal do repertório e a relevância da obra e dos autores para a criação musical brasileira.
Os textos e índices será apresentados em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e francês, com possibilidade de extensão para o mandarim e o alemão. O objetivo é abranger o máximo possível de países para fortalecer a internacionalização da música brasileira.
Serão selecionadas partituras das seguintes instituições: Academia Brasileira de Música, Instituto Moreira Salles, Sesc Nacional, Casa do Choro, Centro Cultural São Paulo, Instituto Piano Brasileiro e Instituto Musica Brasilis, entre outros, além do acervo da própria Funarte. Depois da primeira seleção, os professores e pesquisadores contratados farão a análise técnica de todo o material e organizarão as partituras pelas três áreas.
A organização geral ficará sob responsabilidade do Centro da Música da Funarte (CEMUS), que se pautará pela análise técnica dos professores e pesquisadores contratados. Após a seleção, o diretor do Centro de Música, junto com os coordenadores de música popular, música erudita e bandas de música e com o coordenador do projeto de pesquisa musical, fará a seleção final.
Festival de Música Contemporânea Brasileira seleciona 13 propostas
14 de Dezembro de 2017, 17:18O Festival de Música Contemporânea Brasileira (FMCB), que chega à quinta edição em 2018, já tem os trabalhos selecionados entre as propostas enviadas por diversos profissionais da música de todo o país. Ao todo, foram selecionados 13 propostas de apresentações artísticas e comunicações orais que serão apresentadas durante o evento, de 20 a 24 de março de 2018, em Campinas.
Os trabalhos selecionados pelo Comitê Científico são voltados às obras dos homenageados: o multi-instrumentista Egberto Gismonti e a ganhadora da medalha Villa-Lobos, Marisa Rezende (foto). O edital ficou aberto do dia 15 de setembro a 25 de novembro de 2017, foram enviadas 46 propostas específicas sobre o tema, 25 classificadas e dessas, 13 alcançaram as maiores pontuações e vão se apresentar no 5º FMCB. Os profissionais selecionados estão sendo contatados por e-mail e devem confirmar a participação para garantir seus lugares nesta edição.
O Comitê Científico responsável pela seleção dos trabalhos foi composto por profissionais de instituições acadêmicas ligadas à música: Cristina Gerling (UFRGS), Daniel Luiz Barreiro (UFU), Fernando Rocha (UFMG), Ivan Vilela (USP), Liduino Pitombeira (UFRJ), Luiz Costa-Lima Neto (Unirio), Maria Bernadete Povoas (Udesc), Pedro Huff (UFPE) e Zé Alexandre Carvalho (Unicamp), com coordenação de Thais Nicolau (Udesc).
Com uma estrutura inovadora unindo pesquisa e performance, o festival se tornou um dos eventos culturais mais importantes da cidade de Campinas, reunindo músicos de todo o Brasil e do exterior em homenagem à música brasileira atual. Na edição de 2017 participaram 26 universidades, 240 cidades representadas e mais de 500 mil pessoas alcançadas, presencialmente e pelas redes sociais.
Destaque no cenário musical nacional pelo ineditismo de sua estrutura, o FMCB proporciona uma visão global da obra dos homenageados por meio de apresentações complementares de pesquisa e performances, além da oportunidade de contato estreito com esses compositores que além de estarem presentes durante todo o evento, também apresentam suas próprias obras.
Comunicações orais aprovadas
Água e Vinho: a velha mestra e o jovem poeta - Renato de Barros Pinto e Alexandre Fernandez Vaz
A Ginga de Marisa Rezende: processos composicionais em uma de suas obras para grupo de câmara - Potiguara C. Menezes
A sonoridade de Egberto Gismonti no início de sua trajetória (1969-1977) - Maria Beatriz Cyrino Moreira
Do ensaio ao palco: A “gramática” musical de Mário de Andrade em Egberto Gismonti - Renato de Sousa Porto Gilioli
Mutações e contrastes em duas peças para piano de Marisa Rezende - Tadeu Moraes Taffarello
Notas sobre a trajetória de Egberto Gismonti na ECM entre 1976 e 1995: interações, transculturalidade e identidade artística - Fabiano Araújo Costa
Ressonâncias e Miragem em casa e myths & visions: dois recitais de piano/performances interdisciplinares - Késia Decoté
Apresentações artísticas
A interpretação e o pianismo de Egberto Gismonti em sua obra “Sonhos de Recife - Cândida Borges
Egberto encontra Villa - Claudia Castelo Branco
Egberto Gismonti para violão solo - Daniel Murray
O Brasil de Egberto Gismonti: peças para violão solo - Eddy Andrade da Silva
O clarinete na obra camerística de Marisa Rezende - Matteo Ricciardi
Ponderações sobre a construção interpretativa da peça Contrastes de Marisa Rezende - Tatiana Dumas Macedo
Mais informações: www.fmcb.com.br ou contato@fmcb.com.br







