Exposição revela dimensão da obra de Cristiano Mascaro
12 de Março de 2019, 9:11O Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebe, de 29 de março a 23 de junho de 2019, a exposição “O que os olhos alcançam – Cristiano Mascaro”, que reúne cerca de 180 imagens do acervo do fotógrafo e de outras instituições, e traça um amplo panorama da trajetória do artista, atuante há 50 anos na cena fotográfica paulistana, brasileira e internacional.
A mostra revela fotografias e documentos variados que apontam os diversos caminhos percorridos por Mascaro. A exposição se organiza em diferentes núcleos, que criam uma espacialização sem ordem cronológica, mas quando articulados dão a exata dimensão de sua obra.
Mascaro teve como referências no início de sua carreira os trabalhos dos fotógrafos Henri Cartier-Bresson, Robert Frank, a coleção da revista Life e o poeta André Breton, entre outros. Com Breton, compartilha a proposição “a rua é o único campo legítimo de experiência”. Relativizando a afirmação, nota-se que Mascaro procura no seu caminhar por ruas, becos e praças das diferentes cidades onde passou o momento exato de fotografar algo inusitado.
“Fiquei entusiasmado com a possibilidade de viver fotografando o mundo de forma leve, descontraída e sincera”, ressalta Mascaro. E assim, foi revelando passo a passo esse processo que captura a crônica do cotidiano, a combinação das geometrias, o refinamento da cópia em preto e branco e sua permanente inquietação – do homem e do espaço urbano.
Mascaro carrega uma sensação nostálgica quando se refere às ruas da cidade, citando a Avenida São João com carinho, lembrando sua juventude quando passeava pelo centro. “São Paulo é uma referência porque vivo aqui. Ela não te deixa sossegado, para o bem ou para o mal. É uma cidade que te coloca sempre questões. É desafiadora e encantadora. Por ela ter características tão opostas, ela se torna muito interessante”, diz.
O processo curatorial da exposição, pelas mãos do pesquisador e curador Rubens Fernandes Junior, coloca as principais linhas de ação do percurso técnico e estético do artista visual. “Ao selecionar as fotografias dentro de um repertório eclético e versátil, trabalhamos com a possibilidade de elencar algumas potências que sua trajetória permite vislumbrar, por exemplo: a questão técnica (analógico e digital); diferentes câmeras e formatos (negativos 35 mm, 6x6, 6x9, matriz digital); a história do Brasil (ciclo da cana, do ouro, da borracha, do café); as questões políticas (centrada no início de sua trajetória no fotojornalismo); a arquitetura e os principais arquitetos do Brasil e do exterior; múltiplas narrativas e a influência da literatura em seu trabalho; as principais influências – Henri Cartier-Bresson, Robert Frank, G.E. Kidder Smith, entre outros; a história da fotografia, de São Paulo e de outras cidades por meio da arquitetura”, explica.
Além das fotografias, a exposição conta com vitrines em que são exibidos documentos originais (em sua maioria), que trazem evidências das relações afetivas e profissionais que Cristiano Mascaro vem mantendo ao longo de toda sua jornada. Cartas e bilhetes (como de Antonio Candido, Paulo Mendes da Rocha, Thomaz Farkas, Richard Serra, Lew Parrella, entre outros), além de catálogos, livros, capas de revistas, cartazes, convites de exposições, anotações, cópias vintage e retratos com amigos.
A exposição se configura em vários núcleos (grupo de imagens) que se conectam e criam uma espacialização sem ordem cronológica, destacando a diversidade e a criatividade do artista. São eles:
ENFOCO – Em 1975, Cristiano Mascaro realizou sua primeira exposição – Paisagem Urbana – na Galeria da Escola Enfoco de Fotografia, de Clodi Kubrusly e sua mulher Anucha Kubrusly. Após a experiência com o fotojornalismo, buscou um espaço para sua fotografia mais autoral e percebeu que a cidade de São Paulo era o cenário ideal para andar e fotografar anonimamente. Na ocasião, declarou: “para mim fotografia é uma maneira solitária e sorrateira de bisbilhotar por aí.”
FORMAÇÃO DO OLHAR – Desde o dia em que o jovem estudante de arquitetura Cristiano Mascaro se comoveu diante das imagens do livro Images à la Sauvette, do consagrado fotógrafo Henri Cartier-Bresson, nunca mais deixou de pensar o mundo por meio das imagens. Aprendeu minimamente a técnica e foi estimulado por professores da FAU-USP, entre os quais João Xavier, que lhe emprestou uma câmera Pentax para documentar suas viagens – tomou o "trem da morte" e foi até o Peru e Bolívia, depois Salvador e Ouro Preto. As viagens foram importantes para perceber a fotografia como um ato solitário e para aguçar sua curiosidade com a vida cotidiana.
FOTOJORNALISMO – Por indicação de Cláudia Andujar, Cristiano integrou o pioneiro time de fotógrafos da revista Veja, cuja primeira edição é de setembro de 1968. Aprendeu na rua e na lida diária a conquistar seu espaço para realizar a melhor fotografia possível. Como afirma, foi atuando no fotojornalismo que “aprendi a ser esperto, rápido e eficiente”. Sua primeira grande reportagem – “a mais emocionante e perturbadora” – foi em Cochabamba, Bolívia, no enterro do general Barrientos, um ditador latino-americano na época muito respeitado pelo povo.
BRÁS – Cristiano Mascaro e Pedro Martinelli, após algumas visitas ao Brás, propuseram à Comissão de Fotografia da Secretária Estadual de Cultura a realização de um ensaio fotográfico para documentar as transformações urbanas que seriam realizadas no bairro paulistano na década de 70. Cristiano Mascaro assume que foi este ensaio que definiu sua fotografia. No meio do processo, passou a usar uma câmera Hasselblad – mais pesada, no tripé, formato quadrado 6x6 cm com o visor invertido, diferente da câmera 35 mm. Sua fotografia passou a incorporar outros aspectos do cotidiano.
BOM RETIRO E LUZ – Em 1976, a então diretora da Pinacoteca do Estado, Aracy Amaral, convidou Cristiano Mascaro para realizar um ensaio sobre as proximidades do museu. O objetivo do projeto era atrair a comunidade e dar visibilidade ao entorno. Assim nasceu Bom Retiro e Luz: um roteiro. Foi sua primeira experiência de adentrar um universo desconhecido, conviver e aprofundar as micro-histórias de cidadãos anônimos daquela região de características bem específicas, de trânsito urbano intenso, de chegadas e partidas na Estação da Luz.
RETRATOS – Ao se aproximar dos transeuntes, Cristiano tenta entender melhor aqueles que vivem seu tempo naquele espaço e tenta captar o fantástico no real, sempre sob uma implacável curiosidade.
SÃO PAULO – Cristiano Mascaro sempre teve um fascínio muito grande pela cidade de São Paulo. Simultaneamente gigante e intimista, a cidade esteve presente desde o início de sua trajetória. Suas fotografias da metrópole evocam uma atmosfera raramente percebida, um espetáculo transitório e único. Em cada imagem existe algo inexplicável, momentos verdadeiros e profundamente humanos.
CIDADES BRASILEIRAS – Reconhecidamente, Cristiano Mascaro é um fotógrafo de cidades. Seu universo visual se ampliou naturalmente depois que suas fotografias de São Paulo foram publicadas. Produzindo relatórios anuais para bancos e empresas e, sobretudo, fotografando para o Programa Monumenta e para o livro O Patrimônio Construído, documentou cidades de todo o território brasileiro com exceção do Amapá.
POLÔNIA – Cristiano escolheu quatro cidades da Polônia para fotografar: Gdansk, Varsóvia, Lodz e Cracóvia. O artista revela um conjunto de velhas edificações que tiveram uma existência mais plena no passado e que agora clamam por uma nova visibilidade.
RICHARD SERRA – Há mais de meia década, Cristiano fotografa as obras do escultor norte-americano Richard Serra. Em suas imagens, Mascaro expõe as relações intrínsecas ao trabalho do artista plástico – peso, leveza, opacidade, elegância formal, escala e monumentalidade. A série de fotografias deste núcleo foi realizada na inauguração da instalação East-west/West-east na Reserva Natural Brouq, oeste do Qatar.
CASAS E INTERIORES – Grupo de fotografias que contempla o olhar afetivo sobre os interiores de casas brasileiras, destacando os diferentes arranjos especiais, que sempre atiçaram a curiosidade de Cristiano acerca do jeito de viver e morar do brasileiro.
PANORAMAS – Os panoramas de Cristiano Mascaro nascem de sua longa experiência com a imagem técnica. Quando usava sua Hasselblad, ficava difícil assumir a horizontalidade da imagem com naturalidade. Com sua câmera digital acoplada a uma lente específica de 24 mm foi possível registrar uma imagem em três cliques, que posteriormente foram “colados” com um software, gerando uma fotografia panorâmica. Com isso, alguns dos seus negativos 6x6 cm foram digitalizados, tratados e cortados para enfatizar alguns panoramas que já estavam pré-visualizados, mas intocados até então.
CELULAR – Cristiano Mascaro pertence a uma geração de fotógrafos que atravessou diferentes técnicas e formatos fotográficos. Recentemente, sem resistência nem críticas, aderiu à fotografia digital. Sempre que possível utiliza o celular como ferramenta de trabalho e, eventualmente, como o principal dispositivo de registro.
FORA DA CURVA – Este núcleo traz um conjunto de fotografias que, aparentemente, parece distante dos principais assuntos do fotógrafo. São imagens que recortam o mundo visível de outra forma, sem se distanciar da configuração estética que caracteriza sua obra.
TRABALHOS RECENTES – “Sou fotógrafo. Ainda hoje me surpreendo poder viver de fotografia”, reitera Cristiano Mascaro após 50 anos de atividade ininterrupta. A cada viagem se reinventa e cria novas imagens que surpreendem pelo rigor compositivo, pela busca constante de expandir seu trabalho visual, pela articulação diferenciada de sombra e luz.
Sobre Cristiano Mascaro
“Fotografar é criar com a força transfiguradora do olhar.” C . Mascaro.
O artista nasceu em 1944, na cidade paulista de Catanduva.
Doutor em arquitetura, realizou toda sua carreira acadêmica na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde dirigiu o Laboratório de Recursos Audiovisuais de 1974 a 1988.
Atuou como fotojornalista na revista Veja (1968 a 1972). Foi professor de fotojornalismo da Enfoco Escola de Fotografia (1972 a 1975) e de Comunicação Visual na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (1976 a 1986). Recebeu o prêmio Eugène Atget, Musée de l’Art Moderne de la Ville de Paris (1985), a Bolsa Vitae de Artes/Fotografia (1989), o prêmio de melhor exposição de fotografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (1996), três prêmios Abril de Fotojornalismo, o prêmio Especial de Fotografia Porto Seguro, pelo conjunto de sua obra, e o prêmio Narrativas Urbanas, outorgado pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Realizou extensa documentação fotográfica de 28 centros históricos de cidades brasileiras para o Programa Monumenta, fotografou os 110 edifícios considerados os mais significativos da arquitetura brasileira para a edição do livro O Patrimônio Construído e participou como arquiteto homenageado da VI Bienal de Arquitetura e Design apresentando a exposição O Brasil em X, em Y, em Z.
Desenvolve trabalho de expressão pessoal, fotografando as cidades e suas arquiteturas. Entre as mostras individuais, apresentam-se: Bom Retiro e Luz: um roteiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo (1976); Luzes da Cidade, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (1996); Cidades Reveladas, Museu da Casa Brasileira (2006); Todos os Olhares, Instituto Tomie Ohtake (2008); Turista Hotel, Casa da Imagem (2013); Traces of People, International Centre of Culture (Cracóvia, 2015), entre outras; e as coletivas: 9 Fotógrafos de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1971); Brésil des Brésiliens, Centre Georges Pompidou (Paris, 1983); Tradição e Ruptura, Fundação Bienal de São Paulo (1984); 2ª Bienal de la Habana (Havana, 1986), entre outras. Possui diversos livros publicados, entre os quais: A Cidade (Cia. Rhodia do Brasil, 1979); Luzes da Cidade (DBA, 1996); São Paulo (Editora Senac, 2000); Cidades Reveladas (Bei, 2006); Viagem a Tóquio (DBA, 2008); Rio Revelado (Casa da Palavra, 2015); Portugal (Bei, 2016). Entre 2010 e 2014, fotografou as sedes de fazendas representativas dos ciclos econômicos do açúcar, do ouro e do café para a edição de três volumes a respeito da arquitetura rural (Edições Fadel).
Sobre Rubens Fernandes Junior
Pesquisador e curador de fotografia, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professor e diretor da Faculdade de Comunicação da FAAP. Curador do Prêmio FCW de Arte – Ensaio Fotográfico desde 2003. Realizou inúmeras mostras no Brasil e no exterior.
Foi curador das exposições: Fotografia Publicitária Brasileira, na Casa da Imagem, da Secretária Municipal de Cultura de São Paulo (2016); Romance Postal, na Galeria Utópica (2017); Retrato – território da fotografia, no Museu de Arte Brasileira/MAB-FAAP (2017); Theodor Preising – Sinfonia de uma Metrópole, na Galeria do SESI (2018); German Lorca – Mosaico do Tempo, 70 anos de fotografia, no Itaú Cultural (2018).
Foi contemplado com o prêmio da Associação Paulista de Crítica de Arte (APCA), de melhor curadoria pelas mostras: Mário Cravo Neto, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (1995) e Geraldo de Barros, na Galeria Brito Cimino (2006). Recebeu o prêmio Marc Ferrez de Fotografia por seu projeto de produção de reflexão crítica sobre fotografia (2014).
É autor de Papéis Efêmeros da Fotografia (Tempo d’Imagem, 2016); Geraldo de Barros: Sobras + Fotoformas (Cosac Naify, 2006); Labirinto e Identidades – panorama da fotografia brasileira 1946-1998 (Cosac Naify, 2003), entre outros.
Serviço
“O que os olhos alcançam – Cristiano Mascaro”, curadoria de Rubens Fernandes Junior
Abertura 28 de março de 2019. Quinta, às 20h.
Visitação
De 29 de março a 23 de junho de 2019. Terça a sábado, 10h30 às 21h30. Domingo e feriado, 10h30 às 18h30.
Local: Espaço Expositivo (2º andar)
Visitação gratuita
Livre para todos os públicos
Sesc Pinheiros
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Tel.: 11 3095.9400
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: Credenciados plenos no Sesc: R$ 12 nas três primeiras horas e R$ 2 a cada hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 18,00 nas três primeiras horas e R$ 3 a cada hora adicional. Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500m / Estação Pinheiros – 800m
Sesc Pinheiros nas redes
Facebook, Twitter e Instagram: @sescspinheiros
Blues, baião, Jovem Guarda...Novo álbum do Costume Blue mistura tudo
11 de Março de 2019, 10:39O grupo Costume Blue, formado em 2106, está lançando seu segundo álbum, chamado "Ausência", no qual mistura o blues norte-americano com o baião de Luiz Gonzaga e o rock da Jovem Guarda, revelando as várias influências musicais de seus integrantes. O vocalista Marcelo Bulhões, que também assume em algumas faixas a guitarra, o violão dobro e instrumentos de percussão, como alfaia e triângulo, traz consigo o sangue nordestino, mais precisamente alagoano, na veia, e Cristiano Araújo, baterista, não esconde sua paixão pelo heavy metal. Aos dois, somam-se Ricardo Marins nos teclados, a pegada soul de raiz de Celso ”Blues” Ferreira no baixo, e a experiência de Alessandro Sá, produtor musical e responsável pela guitarra solo do álbum ”Ausência”. Para os shows, o Costume Blue conta com a guitarra do também experiente Rodney Nascimento.
A mescla de diferentes estilos reflete diretamente nas 14 faixas de ”Ausência”. A animada ”Fogo” finca os seus pés nos blues do Mississipi, flertando com o rockabilly e até mesmo o baião. ”Nunca precisamos fazer esforço para essas combinações, para forçar a costura. Já estava tudo ali, fundido”, diz Marcelo Bulhões.
O estilo musical surgido no fim do século 19 também se faz presente na balada ”Se Viesse Voltar”, enquanto a imagem do sertão e do agreste nordestinos aparecem em ”Fuligem” e ”Entulho do Tempo”, nas quais o instrumento dobro, violão típico do blues, faz a vez da viola nordestina.
Filho rebelde do blues, o rock está presente em ”Fósforo”, com influência da Jovem Guarda, e em ”Febre” e ”Contanto que eu Vá”. ”Acho que se alguém quiser classificar nossas composições pode chamar de blues-baião, rock-aboio, rock-xote ou balada-blues-canção-jovem-guarda”, diz o baterista Cristiano Araujo.
Do disco ”Ausência”, a banda gravou um videoclipe para a canção ”Febre”, com cenas captadas em pontos turísticos da cidade de São Paulo como a praça da Sé, a avenida Paulista e a rua Augusta. ”A ideia do clipe era traduzir em imagens um estado febril, angustiado e mesmo paranoico na metrópole”, diz Rubén Romero, cineasta peruano radicado em Paris que assina a direção do clipe.
O Costume Blue foi formado em 2016 por músicos que buscavam fundir o blues com a tradição da música nordestina da canção brasileira. Os integrantes se conheceram em Bauru, centro do Estado de São Paulo. ”É curioso que a gente tenha se conhecido lá. Se São Paulo é uma síntese do Brasil, pois tem gente de toda parte do país, o lugar de maior trânsito cultural, fomos nos conhecer justamente no centro desse território cultural”, especula Bulhões.
A partir desse encontro, perceberam afinidades musicais e começaram a se encontrar já com as cabeças pensando em gravar. O trânsito cultural de Marcelo ”entre Alagoas, Bahia, interior e capital paulistana” parece ter fomentado em Ricardo Marins, Celso Ferreira e Cristiano a disposição em ultrapassar barreiras. Quanto a Rodney Nascimento, o trânsito é mais intenso, migrando do Brasil para a França, onde tocou em clubes de jazz nas regiões de Lyon e Lorraine. Mas antes, o Costume fez uma lição de casa do blues, com o álbum de estreia ”que leva apenas o nome da banda” voltado explicitamente ao gênero afro-americano.
Agora, com ”Ausência”, o Costume Blue dá vazão à proposta de colocar no mesmo pacote gêneros musicais que, a princípio, não se misturariam. ”Isso de misturar gêneros não é nada forçado. É tão natural que nem percebemos tanto na hora de compor. Notamos mais no estúdio, com a criação dos arranjos”, diz Ricardo Marins. E por que misturar o blues a ritmos brasileiros: ”Olha, eu sempre gostei de blues, mas de Luiz Gonzaga também. E de Caetano, Gal, Roberto e Erasmo. O Cristiano gosta de rock pesado, mas também de uma balada de viés jovem guarda. O Ricardo gosta de Beatles e Bach, o Celso curte James Brow e música caipira. Por que não ”Se a gente respira uma época que quebra fronteiras de vários tipos, por que com a música seria diferente”, reflete Marcelo.
Nas redes sociais:
www.costumeblue.com
www.facebook.com/costumeblue
www.instagram.com/costume_blue
Clipe de "Febre" (segunda faixa do álbum "Ausência"):
http://www.youtube.com/watch?v=CzY1xYeTGxA
Clipe de "Aqui, Não Lá" (sétima faixa do álbum "Ausência"):
http://www.youtube.com/watch?v=sYlGvvOXsEY
Spotify - Álbum "Ausência":
http://open.spotify.com/album/6Pr9WZFtBfBCQAn3xQIOCC
Dala Stella expõe técnicas distintas em "Variáveis"
8 de Março de 2019, 10:36O artista plástico Carlos Dala Stella abre no dia 14 de março, quinta-feira, às 19 horas, no Museu Guido Viaro (Rua XV de Novembro, 1.348, Curitiba), a exposição "Variáveis", que, segundo ele, terá formato inusitado. A mostra reúne desenhos, recortes, telas e esculturas e poderá ser visitada até o dia 10 de abril.
Dala Stella conta que muitos trabalhos da mostra fazem referência a outros artistas, "citados mais ou menos explicitamente, o que resulta num subtexto cifrado e assim, decifrá-lo é mais do que uma charada: contribui para manter o sentido de cada trabalho momentaneamente em suspensão".
Segundo o artista,"a mostra propõe variações sobre incógnitas constantes e percorrer essas variações e identificar algumas de suas incógnitas é o convite que se faz ao espectador".
No espaço, o público poderá percorrer por pequenos núcleos temáticos, idealizados por Dala Stella: Ícaros, instrumentos musicais imaginários, gatos, cachorros. Embora figurativos, esses temas dialogam fortemente com a abstração, seja na construção da "figura", seja no uso da cor. Cada núcleo temático está composto de técnicas distintas, como desenho, recorte, pintura e escultura em madeira.
"Assim organizados, apesar da diversidade técnica e temática, os trabalhos delineiam um conjunto de 'variáveis' constantes, um fio condutor que está sempre propondo a suspensão do peso e do lugar-comum do sentido."
O Museu Guido Viaro fica aberto de terça a sábado, das 14 às 18 horas e tem entrada franca.
"Diversidade" apresenta trabalho dos gêmeos Porisse
7 de Março de 2019, 9:45Desde que a declarada paixão pelo Brasil foi descoberta pelos irmãos Julien e Liam Porisse, os gêmeos de dupla nacionalidade incluíram a metrópole paulistana como um de seus destinos. Filhos de uma galerista irlandesa e de um pintor francês, os também artistas, britânicos por nascimento, derivam de uma linha sucessória de apreço e intimidade com as várias formas de expressão artística.
A convite do Centro Brasileiro Britânico os irmãos reúnem seus trabalhos de forma inédita na exposição indicada como “Diversidade’’, onde poderão apresentar ao público seus distintos traços, apesar de suas equidades genéticas. A exposição contará com cerca de 30 obras, entre telas a óleo e três esculturas apresentadas por Julien, integrando aos tecidos dos canvas as múltiplas dimensões e texturas de materiais como acrílico, madeira e alumínio. O vernissage será no dia 9 de março, no Centro Brasileiro Britânico, em Pinheiros, em São Paulo.
O trabalho que Julien apresentará é geométrico e concretista. Suas principais inspirações, como Burle Marx e Volpi, são evidenciadas em suas peças eleitas, graças às suas abstrações e cores concretas. As formas exploradas são inspiradas nos chãos de taco brasileiro, os parquets.
Liam transforma suas referências pessoais em alusões cromáticas. Suas pinceladas flertam com a onda expressionista e suas aplicações conceituais de materiais diversos em suas telas, o figurativismo. Cores explosivas, contrapostas e muita textura, inseridas num trabalho tridimensional e metatextual.
O ateliê compartilhado dos irmãos Porisse poderia ser mais um fator de conflito ao evidenciarmos as diferentes personalidades profissionais entre eles, mas as manifestações físicas de suas peculiaridades artísticas por todo o ambiente reforçam, ainda mais, a distinção entre o processo criativo e resultado de cada um.
Apesar das décadas que distanciam as vanguardas que abrigam o conceito do trabalho de cada um, ambos insistem na afirmativa de que conseguem enxergar certa conexão entre suas obras, a despeito de suas pinceladas singulares.
Serviço
Exposição Diversidade, por Julien Porisse e Liam Porisse
Centro Brasileiro Britânico: Rua Ferreira de Araujo, 741, Pinheiros, São Paulo
Vernissage: 9 de março, das 10 às 16 horas
De 9/3 até 15/4
Segunda a Sexta: das 10 às 19 horas
Sábados, Domingos e Feriados: das 10h às 16h
Aos 93 anos, Antonio Arney é homenageado com livro sobre sua obra
7 de Março de 2019, 9:34A trajetória artística de Antonio Arney é celebrada no livro “Comparação de Valores – Antonio Arney”, a ser lançado no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, no dia 14 de março. A obra, organizada pela pesquisadora Giselle de Moraes, traça um panorama dos 50 anos de produção do artista paranaense e apresenta textos referenciais de importantes críticos como Adolfo Montejo Navas, Artur Freitas, Eduardo Rocha Virmond, Eliane Prolik e Fernando Bini.
“Arney é um personagem importante das artes visuais e a publicação de um livro sobre sua riquíssima obra ainda era uma lacuna a ser preenchida. São mais de 50 anos de uma intensa produção artística e uma trajetória com participações em importantes exposições do país”, diz a organizadora da publicação, Giselle de Moraes.
Nascido em Piraquara em 1926, Antonio Arney é autodidata e tem a madeira como principal matéria-prima de seu trabalho. Aprendeu o ofício de marcenaria com seu pai. Suas montagens revelam uma influência da arte construtiva e unificam elementos geométricos a materiais usados e de rejeitos, trazendo uma discussão muito atual sobre arquitetura, tempo e memória.
Sua trajetória profissional começou em Curitiba, no fim dos anos 1950, quando integra o Círculo de Artes Plásticas. Desde então destacam-se oito premiações no Salão Paranaense e a participação em importantes mostras nacionais e internacionais, entre elas: I e II Panorama de Arte Atual Brasileira – MAM/SP (1969 e 1970); XI Bienal Internacional de São Paulo (1971); Brasil Plástica 72; I e III Salão Nacional de Artes Plásticas (1978 e 1980), no Rio de Janeiro.
Serviço
Lançamento do livro “Comparação de Valores – Antonio Arney”, com a presença do artista Antonio Arney e dos autores Eduardo Virmond, Eliane Prolik, Fernando Bini e Giselle de Moraes. Mediação de Rafaela Tasca.
Data: 14/3/2019, quinta-feira, das 19 às 21 horas.
Local: Museu Oscar Niemeyer (Miniauditório). Rua Marechal Hermes, 999.
Curitiba, Paraná
Entrada franca. Os livros serão distribuídos gratuitamente aos participantes mediante preenchimento da ficha de inscrição no local.
Livro
“Comparação de Valores – Antonio Arney”
Organização: Giselle de Moraes
Textos: Adolfo Montejo Navas, Artur Freitas, Eduardo Virmond, Eliane Prolik e Fernando Bini.
Editora Intermeios, 2019
ISBN: 9788584991457
160 páginas