Coluna Econômica - 09/04/2013
Há uma boa e uma má notícia em relação à estabilidade política do país.
A boa notícia são os índices de aprovação da presidente Dilma Rousseff, inéditos na moderna história política do país.
Mantidos nesse nível - e sem a presença de José Serra na corrida eleitoral - provavelmente não se repetirá o vale-tudo de 2010, o maior festival de mentiras, baixarias e irresponsabilidade institucional da história política do país.
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A má notícia são também os índices de aprovação de Dilma.
Certamente reforçarão o sentimento de onipotência do governo, a fé cega de que está fazendo tudo corretamente, a autossuficiência cada vez maior e a falta de visão prospectiva para identificar fontes futuras de problemas.
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É necessário livrar-se da armadilha da popularidade.
Nos quatro primeiros anos de seu governo, sem problemas maiores pela frente - a ponto de conseguir a reeleição facilmente - FHC enterrou o segundo mandato e liquidou para sempre com os sonhos de perpetuidade do PSDB.
Sua arma era a ausência total de iniciativas. A de Dilma é o excesso de ativismo. Em comum a falta de uma visão estratégica de longo prazo e a crença de que basta resolver pontualmente problemas de curto prazo para se construir o médio prazo.
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Nesses dois anos, a Fazenda limitou-se a ligar o automático e a trabalhar exclusivamente com bondades para os diversos setores da economia, sem apresentar uma visão de conjunto, uma estratégia de médio prazo.
Matou dois anos de crescimento com as medidas prudenciais de 2011. Até hoje não apresentou um estudo consistente garantindo a sustentabilidade da Previdência com esse festival de isenções. Além de ter caído na armadilha das isenções de IPI para setores selecionados – se tira IPI pressiona a inflação e compromete o crescimento.
Fechou os olhos para a deterioração das contas externas e para a necessidade de reformas institucionais.
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A gestão Antônio Palocci pecava pela absoluta incapacidade de romper as amarras do orçamento para investimento público. Mas cuidava de reformas institucionais que lograram resultados - como o conjunto de reformas conduzidas por Marcos Lisboa que destravaram o crédito imobiliário.
O governo Lula conseguiu desenvolver políticas inovadoras abrindo-se para as sugestões externas. Foi assim com Minha Casa, Minha Vida, com o crédito consignado. Em todos esses momentos, havia a abertura para as sugestões de fora e uma cabeça organizada - da Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff - consolidando as sugestões e transformando-as em planos de ação.
Até isso se perdeu.
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Os problemas enfrentados para destravar o investimento são a comprovação de que uma boa ideia (concessões tendo como foco a queda das tarifas) não avança se não vier respaldada em uma estratégia eficaz - só possível de montar por quem está aberto aos inputs externos.
Dilma tem o fogo sagrado de quem quer melhorar o país. Tem coragem e popularidade.
Precisa temperar com um pouco de humildade e visão estratégica.
A melhor coisa que poderia acontecer para seu governo seria alguma liderança da oposição levar as eleições para o segundo turno.
As críticas destrutivas
Contribui para a autossuficiência do governo Dilma a perda de legitimidade das críticas midiáticas. As críticas consistentes acabam encobertas pelas críticas levianas, pela briga com os fatos, como mostram o alarmismo com o "apagão" elétrico que não houve e o terrorismo em relação à inflação que está sob controle. Hoje em dia, as críticas consistentes se perdem em meio à falta de critérios.
A muleta das reservas cambiais
A constituição de reservas cambiais robustas foi boa por reduzir o risco de novas crises cambiais. E foi péssima ao permitir o acomodamento em relação ao câmbio. Não fosse esse colchão ilusório – já que para cada dólar de reserva existem investidores que poderão sair quando quiserem – há muito o Banco Central teria acordado para a deterioração das contas externas. Ganha-se um ou dois anos para se empurrar a questão com a barriga.
IPC-S estável na primeira semana do mês
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) atingiu 0,71% na primeira prévia de abril, resultado 0,01 ponto percentual abaixo da taxa da apuração anterior (0,72%). Cinco das oito classes de despesas que compõem o índice reduziram suas taxas, com destaque para o grupo educação, leitura e recreação, que caiu de 0,24% para 0,06%. Por sua vez, o avanço mais expressivo ficou com a categoria Alimentação, que passou de 1,31% para 1,49%.
Pedidos de falências fecham primeiro trimestre em queda
Os pedidos de falência foram menores no primeiro trimestre deste ano, segundo a consultoria Serasa Experian. Ao todo, foram 424 requerimentos de janeiro a março de 2013, contra 449 em igual período do ano anterior. Do total, 264 foram feitos por micro e pequenas empresas, 103 por médias e 57 por grandes. Para os economistas, a recuperação gradual da economia e o recuo na inadimplência do consumidor facilitou a melhoria da situação financeira das empresas.
FOCUS: Mercado ajusta PIB anual
A estimativa de analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano foi ajustada de 3,01% para 3%, enquanto a projeção para 2014 foi mantida em 3,5%. Ao mesmo tempo, a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2013 passou de 5,71% para 5,70%. Para 2014, a estimativa foi ajustada de 5,68% para 5,70%.
Preço da cesta básica aumenta em 16 capitais
O preço da cesta básica subiu em março em 16 das 18 capitais, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As maiores elevações foram apuradas em Vitória (6,01%), Manaus (4,55%), e Salvador (4,08%), enquanto a diminuição de preços ocorreu em Florianópolis (-2,25%) e Natal (-1,42%). São Paulo seguiu com a cesta mais cara do país, com R$ 336,26, seguida por Vitória (R$ 332,24), Manaus (R$ 328,49) e Belo Horizonte (R$ 323,97).
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