Coluna Econômica - 19/07/2012
Tempos atrás, um consultor de motivação deu palestra a um grupo de oficiais da Aeronáutica norte-americana. Tentou convencê-los de que o estímulo é mais eficaz do que a bronca para motivar subordinados. Para sua surpresa, a resposta unânime dos oficiais é que um aviador elogiado não melhorava a performance, enquanto um que levava bronca, melhorava.
O que ocorria é que o aviador que recebia elogios estava em seu momento de pico. Nos dias seguintes, a tendência seria cair de volta ao seu desempenho normal. E vice-versa, o aviador em momento de mau desempenho, independentemente da bronca, a tendência seria melhorar para voltar ao seu nível normal.
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Esse desafio de identificar causas é particularmente complexo na economia.
Em geral, economistas pegam séries históricas, colocam na planilha e definem correlações – isto é, se uma série caminha em determinada direção, a outra também caminha com determinadas defasagens de tempo ou intensidade e assim por diante.
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Acontece que a economia é muito mais do que duas variáveis. Por isso mesmo, para analisar com competência as correlações, economistas necessitam de uma visão sistêmica, muito mais ampla do que as conclusões tiradas de duas séries.
Tome-se o gráfico abaixo, reproduzido do artigo “Filme velho, final infeliz”, de Pedro Ferreira e Renato Fragelli, professores de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
O gráfico se refere à Produtividade Total dos Fatores (PTF), isto é a quantidade de pessoas, máquinas, insumos etc. utilizados para na produção.
A conclusão dos dois: quando a economia cresce, cresca a PTF; e vice-versa.
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A explicação é óbvia. Se uma fábrica trabalha com 60% da sua capacidade e passa a trabalhar com, digamos, 80, sem aumentar proporcionalmente a força de trabalho, obviamente cada trabalhador (e cada fator de produção) será melhor utilizado. É função exclusiva do aumento das vendas.
No entanto, eles invertem a relação de causalidade e sustentam que a economia cresceu em 2008 por conta da melhoria da PTF na década anterior; e caiu em 2010 por conta da queda da PTF no período de 2008 a 2010, em que a economia mais cresceu.
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Ora, de 1994 a 2010, com FHC ou Lula, a carga fiscal cresceu assustadoramente, os juros tornaram o crédito irrespirável, os investimentos públicos foram reservados para pagamento do serviço da dívida, não se cuidou de desburocratizar a economia, o câmbio encareceu mais ainda os produtos brasileiros, não se flexibilizou a legislação trabalhista. A única mudança relevante foi no aumento do consumo, em função das politicas inclusivas dos últimos anos.
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Quando esses economistas se apresentam como professores de pós-graduação da FGV, estão se apropriando de uma reputação construída ao longo de décadas por economistas da estirpe de Mário Henrique Simonsen, Paulo Guedes, Paulo Nogueira Batista Jr, Chico Lopes. E estão desmoralizando o legado.
Faria bem o presidente da FGV, Carlos Ivan Leal Simonsen em constituir um comitê de avaliação para decidir quem pode publicar em nome da FGV e quem está proibido de levantar seu santo nome em vão.
Confiança empresarial no menor patamar desde 2009
A confiança do empresário da indústria atingiu no mês de julho o menor patamar desde abril de 2009: o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ficou em 53,3 pontos, um recuo de 2,8 pontos ante junho – a maior queda em pontos desde julho de 2010 - e de 4,5 pontos na comparação com igual mês do ano passado. “A retração na confiança é reflexo do ritmo de queda da produção industrial”, avaliou o economista da CNI Marcelo de Ávila
Fluxo cambial apresenta déficit
O fluxo cambial apresentou um déficit de US$ 609 milhões durante a segunda semana de julho, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O resultado se deve à saída de US$ 1,02 bilhão da conta comercial, e à entrada de US$ 412 milhões da conta financeira. Com o resultado, o total acumulado no mês apresenta uma perda de US$ 212 milhões. No ano, o saldo é positivo em US$ 22,73 bilhões, 53,8% abaixo do registrado no mesmo período de 2011 (US$ 49,2 bilhões).
FMI questiona continuidade do euro
A crise econômica vista na zona do euro chegou a um nível considerado "crítico" na visão do FMI (Fundo Monetário Internacional), e esse quadro acaba por gerar uma série de dúvidas quanto a continuidade do grupo. Em relatório, a entidade afirma que os laços ruins apresentados entre as finanças dos Estados, os bancos e a chamada economia real "são mais estreitos do que nunca" e, por conta disso, recomenda que uma união bancária seja adotada o mais rápido possível na zona do euro.
Dívida dos bancos espanhóis bate recorde
A taxa de inadimplência dos bancos espanhóis voltou a subir em maio, alcançando seu nível mais alto desde 1994, ao se situar em 8,95%, segundo informações divulgadas pelo Banco da Espanha. Os atrasos de pagamento do crédito, principalmente por hipotecas imobiliárias que poderiam não ser reembolsadas, atingiram um total de 155,841 bilhões de euros durante o mês de maio, ou seja, um total de 8,95%, contra os 8,72% em abril e dos 8,37% em março.
Inflação americana deve ficar perto de 2%, diz Bernanke
Em segundo dia de discurso, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, afirmou no Congresso dos Estados Unidos, que a inflação no país deve permanecer próximo ou abaixo da meta de 2% do banco central após os preços do petróleo reverterem seus ganhos no início deste ano. O presidente do Fed também afirmou que o Banco Central norte-americano está pronto para adotar mais incentivos à economia caso seja necessário.
Construções residenciais avançam 6,9% nos EUA
As construções de imóveis residenciais nos Estados Unidos apresentaram um crescimento de 6,9% no mês de junho em relação a maio, atingindo uma taxa anualizada de 760 mil unidades, o patamar mais elevado em quase quatro anos, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Em maio, o resultado reportado apontou uma queda de 4,8% no comparativo com abril, atingindo um total de 711 mil unidades (dados revisados).
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