Coluna Econômica - 15/02/2013
Ontem expus as dificuldades principais para a consolidação de valores e de políticas públicas no país: a falta de âncoras conceituais, de valores incutidos no pensamento nacional, que definam ações permanentes, independentemente do governante de plantão.
Historicamente, a rigor apenas a Escola Superior de Guerra (ESG) (e as Forças Armadas), talvez o Itamarati, em alguns momentos o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) lograram alguma espécie de pensamento estratégico sistemático.
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A grande âncora do desenvolvimento chinês é o Partido Comunista Chinês e suas correias de transmissão de conceitos. É um modelo autocrático que não serve para o Brasil.
No modelo democrático norte-americano, há uma correia de transmissão que começa na academia, propaga-se pelos chamados think tanks (centros de pensamento estratégico), de lá para os partidos políticos e, deles, para os correligionários, incluindo a mídia aliada.
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Aqui é mais difícil.
A indústria possui instituições como o IEDI (Instituto para Estudos de Desenvolvimento Industrial), importante para acompanhamento conjuntural mas que há tempos deixou de ser um propagador dos ideários do setor. O mercado de capital teve o IBMEC. Mas a ideologia de mercado atual é defendida por sites preocupados exclusivamente em demonizar gastos públicos e políticas sociais - o melhor caminho para estigmatizar uma ferramenta relevante, como o mercado.
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E os partidos políticos muitas vezes patinam nessas definições programáticas.
Tome-se o caso do PT. Em 1993, a cúpula partidária - conduzida pelo então economista Aloizio Mercadante - soltou um manifesto puxando o PT para o centro, à luz dos ventos liberalizantes da era Thatcher. Houve grita geral obrigando a um recuo. De lá em diante, evitaram-se definições programáticas mais nítidas, para não provocar dissensões.
Só após a eleição de Lula em 2002, com a Carta aos Brasileiros, permitiram-se definições mais claras, que terminaram por consolidar o partido no espectro da social democracia.
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Já o PSDB beneficiou-se de uma sólida aliança com a grande mídia do eixo Rio-São Paulo. Mas não havia nenhuma definição programática, nem do lado do partido nem de seus candidatos. Consequência: todo o aparato midiático foi utilizado somente para propagar o "anti" - o antipetismo, o antilulismo, o antipolíticas sociais, o anti-Bolsa Família.
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O novo não surgirá do velho.
A nova militância e as novas formas de propagação do novo pensamento estão sendo formados nas redes sociais. Novos personagens estão surgindo, novas formas de participação, do botão "curtir" às petições online.
É apenas o início. O futuro dos partidos políticos está naqueles que entenderem a dimensão das redes sociais.
Não se trata de armar correligionários para batalhas sangrentas e inconsequentes em Twitters e Facebooks, mas de saber captar os grupos de interesse especializados, desde as manifestações culturais do Brasil profundo e os movimentos de favela e periferia, até os novos empreendedores, os grupos de interesse regionais e o pensamento acadêmico de ponta.
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É tarefa que exige desprendimento para se abrir para novo, para democratizar as instâncias internas do partido e definir formas permanentes de renovação dos seus quadros.
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Consumidor aumenta demanda por crédito em janeiro
A quantidade de pessoas que procurou crédito em janeiro avançou 2,2% ante dezembro, segundo a Serasa Experian. No comparativo com 2012, a demanda cresceu 12,3%. Na análise regional, houve recuo apenas nas regiões menos desenvolvidas: no Norte a queda foi de 1% e na região Nordeste o recuo foi de 1,4%, em comparação com dezembro. Segundo os economistas, a regularização de pendências reduz gradualmente a inadimplência dos consumidores e reabilita-os a novamente a buscar crédito no mercado.
Inadimplência no varejo sobe 11,8%
Por outro lado, o endividamento no comércio varejista avançou 11,8% em janeiro no comparativo com 2012, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a partir de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Em relação a dezembro de 2012, o atraso no pagamento de contas recuou 3,27%, na série sem ajuste sazonal. A entidade afirma que esse aumento no atraso no pagamento é consequência das medidas de estímulo ao consumo somadas à falta de planejamento do consumidor.
Fluxo cambial tem déficit de US$ 67 milhões
As saídas de dólares têm superado as entradas no país. Segundo dados do Banco Central (BC), o saldo negativo (mais saída do que entrada) do fluxo cambial ficou em US$ 67 milhões, na apuração até o dia 08. No período de seis dias úteis de 2012, o saldo era positivo em US$ 7,216 bilhões. Em janeiro deste ano, o resultado negativo ficou em US$ 2,386 bilhões. De janeiro a 8 de fevereiro, o déficit apresentado pelo fluxo cambial está em US$ 2,453 bilhões.
FMI descarta risco de guerra cambial
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou "exagerados" os temores sobre uma guerra de moedas. Os temores de uma desvalorização que favoreça a indústria local e os exportadores via uma moeda mais fraca vieram à tona pelo Japão, que emite dinheiro para sustentar sua economia e devem ser parte central das discussões entre ministros das Finanças e bancos centrais dos países do G20 que se reúnem na sexta-feira e sábado em Moscou.
Recessão avança na zona do euro
A recessão da zona do euro foi aprofundada ao longo do quarto trimestre de 2012, principalmente depois que as economias de Alemanha e França encolheram no período. O Produto Interno Bruto (PIB) contabilizado nos 17 países da zona do euro recuou 0,6% no quarto trimestre, segundo dados da agência de estatísticas da UE, Eurostat, após uma queda de 0,1% no terceiro trimestre. A queda foi a mais acentuada desde o primeiro trimestre de 2009. Para o ano como um todo, o PIB caiu 0,5%.
Portugal registrou 16,9% de desemprego em 2012
O ano de 2012 não foi dos melhores para Portugal. Em meio a uma forte crise, o país contabilizou crescimento no total de cidadãos desempregados ao longo de 2012 - dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que o país fechou 2012 com 923,2 mil pessoas desempregadas, uma taxa de 16,9%. O número de desempregados relativo aos meses de outubro a dezembro é 1,1 ponto percentual superior ao do trimestre anterior e 2,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2011.
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