Coluna Econômica - 25/03/2013
Tenho insistido que o novo já nasceu, mas não consegue ser apresentado ao Brasil.
De fato, há um turbilhão de fatos novos, ideias novos, mudanças socioeconômicas, regionais, uma ânsia de discutir o Brasil que se espalha pelas redes sociais.
O novo não está exclusivamente nos jovens. Há velhos jovens e jovens velhos.
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Neste fim de semana, em Parati, o Seminário Pensa Brasil - com a participação do sociológo italiano Domenico de Masi - juntou um grupo de sonhadores que trouxeram elementos relevantes sobre o novo e o velho novo. Especialmente na apresentação do economista Ladislau Dowbor.
Ladislau é especializado em economia alternativa, em novas formas de organização social e econômica. E discípulo e colega do notável Ignacy Sachs, um dos faróis do pensamento humanista do século 20.
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Joachim Kollreutter, maestro, músico, humanista, costumava descrever o mundo, os tempos, com um espiral: volta-se sempre para a posição anterior, mas um patamar acima.
Para muitos pensadores, a Segunda Guerra significou o fim do cientificismo, da ilusão de que o conhecimento humano e as forças de mercado levariam a um mundo melhor.
Descrentes do regime comunista, como o polonês Sachs - que veio com a família para o Brasil, tentou voltar à Polônia, até ver seu país sufocado pela ditadura soviética - refugiados do nazismo, como Albert Hirschman e outros, ajudaram a montar o Banco Mundial e a plantar no multilateralismo a semente da equidade social, do apoio ao desenvolvimento e ao combate à miséria.
O grande ideólogo do grupo era um brasileiro, que acabou meio esquecido no tempo: Josué de Castro, autor de obras essenciais sobre a fome.
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Todos eles criaram utopias que não se tornaram hegemônicas, mas que se constituíram em ferramentas de luta para humanizar o modelo econômico.
Desde os anos 90, Sachs tornou-se o principal ideólogo de uma espécie de volta às origens, ao campo, vislumbrando nas novas ferramentas tecnológicos e econômicas modelos de sustentabilidade que permitirão a constituição de comunidades agrícolas autossuficientes e, principalmente, felizes.
Por sua vez, Dowbor é um entusiasta das redes sociais, do trabalho colaborativo vendo na Internet - assim como o sociólogo espanhol Manuel Castels - o ambiente ideal para a construção do trabalho em rede, do exercício de novas formas de organização social.
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Dowbor enaltece o Banco de Palmas - banco comunitário que criou uma moeda para circulação interna. Há experiências culturais extraordinárias no Fora do Eixo - sistema de apoio aos artistas que também criou sua própria moeda, que pode ser trocada por serviço dos membros da comunidade.
O discurso de Dowbor entusiasma, ao mostrar uma nova sociedade com os bens culturais e tecnológicos sendo compartilhados, com as pessoas tendo tempo para ter felicidade, com a riqueza sendo dividida.
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É um sonho pouquíssimo viável. Com a força da Internet certamente cativará mais pessoas que o movimento hippie, ou que as comunidades rurais dos anos 40. Jamais se imporá como um sistema.
Mas são esses sonhos, essas utopias dos sonhadores que ajudarão a economia a ser um pouco mais humana e solidária, nesse enorme esforço para reconstruir os valores, depois da crise de 2008.
IPCA-15 varia 0,49% em março
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) atingiu 0,49% em março, abaixo dos 0,68% de fevereiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Considerando os últimos 12 meses, o índice situou-se em 6,43%, também acima dos 12 meses anteriores (6,18%). Tanto os produtos alimentícios (de 1,74% em fevereiro para 1,40% em março) quanto os não alimentícios (de 0,35% para 0,20%) tiveram resultados inferiores àqueles registrados no mês anterior.
BC 01: Balanço de pagamentos tem superávit
O balanço de pagamentos encerrou o mês de fevereiro com um superávit de US$1,9 bilhão, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Ao mesmo tempo, o déficit em transações correntes atingiu US$ 6,6 bilhões, levando o total acumulado em 12 meses para uma perda de US$ 63,5 bilhões, equivalente a 2,79% do PIB (Produto Interno Bruto). A conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$ 8,5 bilhões, e a conta de serviços apresentou déficit de US$ 3,2 bilhões.
BC 02: Reservas externas apresentam queda
O estoque de reservas internacionais no conceito liquidez somou US$376,5 bilhões em fevereiro, queda de US$1,3 bilhão ante janeiro, segundo o Banco Central. A receita de juros que remuneram os ativos de reservas somou US$ 285 milhões. As variações por paridades reduziram o estoque em US$2,4 bilhões, e as variações por preços provocaram elevação de US$905 milhões. Já a posição estimada da dívida externa total totalizou US$316,3 bilhões, acréscimo de US$3,4 bilhões em relação a dezembro de 2012.
Arrecadação federal soma R$ 76,052 bi em fevereiro
A arrecadação de impostos e contribuições federais caiu 0,51% em fevereiro ante o mesmo período de 2012, chegando a R$ 76,052 bilhões em termos nominais. No acumulado do ano, a arrecadação total somou R$ 192,118 bilhões, com crescimento real de 3,67%. Segundo a Receita Federal, os resultados foram afetados pelos indicadores macroeconômicos, redução na arrecadação de alguns encargos e pelas desonerações tributárias empregadas para enfrentar a crise.
Saldo do fluxo cambial continua negativo em março
As saídas de dólares do país superam as entradas em US$ 726 milhões, neste mês, até o último dia 20, segundo informações do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel. No mês, até o dia 20, foi registrado saldo negativo de US$ 1,727 bilhão no fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações), enquanto o segmento comercial registrou resultado positivo de US$ 1,001 bilhão.
Crise cambial avança na Argentina
As medidas anunciadas no início da semana pelo governo da presidenta Cristina Kirchner atingiram o mercado cambial da Argentina. Pelas normas anunciadas, o governo aumentou as taxas para gastos com cartão de crédito no exterior e outros itens do setor de turismo, como pacotes de viagens. Analistas econômicos atribuíram ainda à nova onda de nervosismo fatos como a reunião de emergência, convocada pela presidenta na última quarta-feira, algo considerado pouco comum na agenda presidencial.
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