Raul Longo
Nada mais apropriado para identificar a esquerda da capital de Santa Catarina do que a ilustração acima.
Foi utilizada pelo Portal Desacato para a publicação de matéria do respeitado jornalista Celso Martins, denunciando as ameaças de um candidato e um dirigente do PCdoB à sua pessoa, pelo simples fato de ter publicado o indeferimento de uma candidatura à vereança pelo TSE.
Como historiador que é, Celso se ateve à reprodução do documento expedido pela Ministra do Tribunal. E como jornalista, que também é, consultou a opinião do candidato e do dirigente, conforme se confere em: “Problemas na filiação motivam o indeferimento da candidatura”.
Considerando que a base eleitoral do candidato se concentra na região à qual reporta e se dirige o Portal Daqui na Rede, administrado por Celso Martins, é de se questionar qual seja a dúvida sobre o processo democrático: no que se refere às normas estabelecidas pelo TSE ou quanto às funções do jornalismo que, quando sério e comprometido com a verdade, se faz necessário e útil a políticos bem intencionados?
A seriedade e ocomprometimento de Celso Martins o acompanham por toda sua história jornalística, desde quando em Santa Catarina correspondia o semanário Movimento, expoente nacional da imprensa em oposição à ditadura. Realizou uma das mais completas coberturas fotográficas da Novembrada, manifestação popular contra o General Figueiredo e Bornhausen, então interventor dos militares no estado.
Isso de divergências entre as esquerdas não é de hoje, nem exclusividade de militantes e políticos catarinenses. Na verdade é coisa histórica e muito já beneficiou os interesses de direita em todo o mundo. Mas em Florianópolis toma-se de contornos de histeria personalista.
Na mesma edição do Portal Desacato onde Celso aponta as ameaças recebidas de equivocados partidários de esquerda, um ex-integrante do PT se defende das acusações de outro ainda integrado ao partido que o acusa de se opor à candidatura da aliança PCdoB e PT. E, por sua vez, o acusado denuncia aquele que se mantêm petista, embora integrado a atual administração municipal como aliado ao prefeito de Florianópolis, hoje do PMDB e antes PFL e PSDB, com candidato próprio à sua sucessão.
Como se fosse pouco, pela minha caixa de correio abaixam outros Exus Tranca-Rua e um desses, emigrado do PT ao PSOL, sugere que os ecologistas da cidade estejam perplexos pela falta de respostas da candidata da frente de esquerda liderada pela coligação PCdoB/PT ao que foi intitulado de “Plataforma Ecológica”. Na verdade se trata de um questionário sobre promessas eleitorais, distribuído a todos os candidatos -- de esquerda e direita -- pela Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses - FEEC.
Não se pergunte como é isso de uma entidade coordenada por moradores de uma mesma capital, ser uma federação! Por federação se compreende algo de representatividade nacional, mas o realmente difícil de compreender é qual seja a perplexidade pelo fato de em meio ao fim de campanha eleitoral, a equipe da candidata Ângela Albino não ter se dedicado a responder as 67 questões no prazo de menos de três dias, estabelecido pela federação da Ilha de Santa Catarina.
No entanto, perplexidade de fato é provocada pela utilização do questionário para indicar entre os candidatos majoritários a César Souza comoo mais identificado aos ideais preservacionistas da FEEC. Da coligação de direita formada pelos que há décadas se sucedem nos governos do estado e do município utilizando os órgãos públicos como balcões de negócios para viabilização de empreendimentos predatórios, César pertence ao grupo político que perpetrou crimes ambientais que deram origem a operações da Polícia Federal. E Federal no sentido de federação brasileira.
Apesar da principal concorrente da direita, Ângela Albino, ser a candidata que mais enfaticamente se pronuncia sobre questões ambientais, apresentando soluções e propostas realistas e comprometidas com a preservação do que restou de natureza após décadas de governos da coligação Amin/Bornhausen, para um segundo turno em Florianópolis os ecologistas de esquerda ou vice-versa - talvez nem tão versa ou nem tão vice quanto alardeiam - acenam apoio e voto à elite econômica do município, afamada e historicamente predatória aos interesses sociais e ecológicos. Sem dúvida, uma perplexidade!
Enquanto a capenga esquerda da capital catarinensecontinuar usando da foice para ceifar a si mesma, os leiloeiros da direita continuarão batendo o martelo a cada lance administrativo a que forem eleitos.
Até quando? Quando a esquerda perder todas as pernas? Ou quando a direita arrematar, aos interesses privados de todas as origens -- federais ou estrangeiras -- o pouco que ainda resta aos munícipes e demais cidadãos de todo o estado?
Texto e ilustração enviados pelo autor.
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo