Coluna Econômica - 28/11/2012
Há algo que não bate na compra da Webjet pela Gol. Ou o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) está muito errado ou a Gol deu um tiro no pé.
O setor aéreo atravessa uma fase complicada. Há um duopólio – TAM e Gol – e três entrantes disputando mercado – Avianca, Azul e Trip – praticamente nas mesmas rotas.
Nos últimos anos, houve uma corrida insana de Gol e TAM pela conquista do mercado. Saíram na frente ampliando a oferta antes do aumento da demanda.
A estratégia funcionou enquanto o mercado cresceu. Com o base de 2008 e, agora, com a queda em 2011 – somada ao aumento dos combustíveis (reflexo da alta do dólar) – as duas empresas passaram a acumular prejuízos gigantescos. Seu nível de ociosidade bateu nos 30%, algo incompatível com o modelo de aviação de baixo custo adotado pela Gol e, agora, seguido pela TAM.
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Nesse contexto, a Webjet entra em crise, há um leilão e é arrematada pela Gol. Em seguida, a Gol fecha a empresa e absorve suas rotas. A ideia inicial é que a operação se constituiu em uma prática anti-concorrencial, de redução da oferta, que acabou aceita pelo CADE.
No entanto, as explicações do CADE sobre o acordo fechado com a Gol induzem a pensar que a companhia aumentou a oferta sem garantia de aumento da demanda.
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De acordo com as explicações de Ricardo Machado Muniz, conselheiro do CADE que deu o parecer pró-aquisição, foram analisados os seguintes aspectos concorrenciais:
1. Havia 100 rotas superpostas da Gol e da Webjet, todas elas expostas à competição com as quatro companhias de alcance nacional – TAM, Azul, Trip e Avianca.
2. Constatou-se que os concorrentes dispõem de capacidade técnica, organizacional e escala para ocupar qualquer espaço aberto pela Gol.
3. Consultada, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) respondeu que, em média, a autorização para novas rotas leva 30 dias; no máximo, 60 dias.
4. Pontos mais delicada: a infraestrutura portuária. A Anac informou que em 19 aeroportos existiam slots (espaço e hora para aterrisagem) disponíveis no montante idêntico àquele controlado pela Webjet pelo prazo de uma hora (tempo máximo para embarque e desembarque de passageiros).
Em dois, não havia essa possibilidade: Congonhas e Santos Dumont, com restrições graves de oferta, com mais de 95% de ocupação – contra 60% dos demais.
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No caso de Congonhas, a Webjet controlava slots apenas no sábado e domingo, dias de boa ociosidade. Assim, o problema maior era no Santos Dumont.
Pelo acordo firmado com o CADE, a Gol se comprometerá a operar em Santos Dumont com 82% da sua oferta de assentos. Caso contrário, terá que devolver os slots da Webjet para a Anac.
Para operar sem prejuízo, ou aumenta a demanda ou terá que colocar avião no ar praticamente sem passageiros.
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Ocorre que, ao acabar com a Webjet, a Gol deixou os clientes livres para escolher entre as cinco companhias remanescentes.
Portanto, a não ser que esteja apostando em uma recuperação rápida do mercado, a Gol pode ter dado um tiro no pé, algo surpreendente depois das trombadas dos últimos anos.
Faltam mais elementos para entender a lógica dessa operação.
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Copom deve manter juros em 7,25%
Na última reunião de 2012, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve avaliar o desempenho dos principais indicadores macroeconômicos nos últimos 45 dias, no Brasil e no exterior. A avaliação pode determinar uma correção de rumo na taxa básica de juros, mas a expectativa dos analistas é que a autoridade monetária interrompa o processo de queda e mantenha os juros em 7,25% ao ano. O presidente do BC, Alexandre Tombini, emitiu sinais nesse sentido durante a semana passada.
Confiança de serviços avança em novembro
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getulio Vargas subiu 3,2% entre outubro e novembro, na série com ajuste sazonal, ao passar de 121,5 para 125,4 pontos. Após uma terceira alta consecutiva, o índice confirma a aceleração gradual do setor ao superar a média histórica pela primeira vez desde maio de 2012. A variação resultou de aumentos de 4,5% e de 2,3% nos índices da Situação Atual (ISA-S, que chegou a 105 pontos) e de Expectativas (IE-S, que totalizou 145,7 pontos).
Economia deve manter dinamismo até 2013
O indicador de perspectiva da atividade econômica mensurado pela consultoria Serasa Experian cresceu 0,3% em setembro frente ao visto em agosto, atingindo o valor de 100,5 pontos. O terceiro aumento consecutivo mensurado pelo indicador e a classificação acima do patamar de 100 pontos sinaliza que a economia brasileira prosseguirá em trajetória de recuperação do seu dinamismo não apenas no quarto trimestre deste ano, mas também ao longo do primeiro trimestre de 2013, pelo menos.
Brasil terá menor avanço entre Brics, diz OCDE
A economia brasileira deve encerrar o ano de 2012 com um crescimento de, no máximo, 1,5%, o menor percentual apurado entre os países que formam o BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A China apresenta o maior prognóstico, com 7,5%, seguida por Índia (4,4%), Rússia (3,4%) e África do Sul (2,6%). Os dados foram divulgados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Indústria mostra menos otimismo em novembro
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,8% entre outubro e novembro, de 106 para 105,2 pontos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado decorreu do menor otimismo ante os meses seguintes, além do ajuste nas previsões para a produção no curto prazo. O Índice de Expectativas (IE) caiu 1%, para 104,2 pontos, e o Índice da Situação Atual (ISA) registrou 106,2 pontos, um recuo de 0,6% ante outubro. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) baixou de 84,2% para 84%.
Eurogrupo e FMI liberam ajuda para Grécia
O Eurogrupo e o Fundo Monetário Internacional (FMI) desbloquearam um total de 43,7 bilhões de euros de ajuda internacional para a Grécia. Do total, 34,4 bilhões serão desembolsados em dezembro, dos quais 10,6 bilhões serão destinados ao financiamento orçamentário e 23,8 bilhões em bônus do fundo de resgate temporário para capitalizar os bancos. Os 9,3 bilhões restantes serão pagos em três parcelas e estarão condicionados ao cumprimento de novos compromissos estipulados com a troika.
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