Coluna Econômica - 26/06/2013
A decisão de Dilma Rousseff, de convocar governadores, prefeitos e a Nação para um pacto político mostrou que não está inerte ante a crise.
Traz um alento especial quando se analisa o que poderia estar acontecendo caso José Serra tivesse sido eleito. Em todos os episódios traumáticos que atravessaram sua vida política, Serra ficou paralisado e escondeu-se até que a tormenta passasse.
Enquanto governador de São Paulo, foi assim no episódio das enchentes, nos conflitos com a Policia Civil, nas demandas de empresários e trabalhadores em 2008, nos conflitos da polícia na USP.
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Se Dilma mostrou iniciativa, falta definir a estratégia correta de atuação.
A crise política explodiu com algumas nuvens apenas no horizonte econômico. Terá que ser enfrentada com cumulus-limbus se espalhando pela atmosfera, com a crise econômica contratada assim que o FED (banco central dos EUA) aumentar os juros.
A bola estará com Dilma. Terá que dar sinais robustos de que mudará sua forma de governar e ainda, recuperar a credibilidade da política econômica para o que vier pela frente.
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Uma estratégia eficaz pensaria no primeiro passo, o de colocar água na fervura da insatisfação popular. Dilma já se mostrou sensível às manifestações, o que é um bom começo. Levantou a tese da reforma política – outra unanimidade nacional. Mas se equivocou ao propor o plebiscito e a Constituinte exclusiva.
A Constituição de 1988 é um ativo nacional, um documento de reconhecimento dos direitos sociais, individuais, da separação entre os poderes, que não deve ser colocada em risco. Pode-se chegar à reforma política de outras maneiras.
Além disso suscitará uma discussão infindável, dispersando mais ainda as energias públicas e tirando o foco da tempestade que se arma.
Para tirar o bode da sala, a saída será nomear um conselho de juristas para pensar o melhor caminho para a reforma política. Eles propõem, a presidente acata sem parecer recuo.
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Depois, é tratar de pensar o segundo tempo do jogo. E não haverá como passar por algumas etapas indispensáveis:
1. Mudar o estilo de governo. Para se colocar a salvo de pressões, Dilma isolou-se. Essa postura acabou se irradiando por todo a máquina, resultando em uma imagem de arrogância. Tem que mudar a forma de gerenciar e criar outras instâncias que impeçam a entropia dos sistemas excessivamente centralizados.
2. É imprescindível uma reforma ministerial, começando pela área econômica. Nem Fazenda, nem Banco Central nem Tesouro têm estoque de credibilidade para enfrentar a tormenta que se avizinha. O desafio será substituí-los por figuras pragmáticas – e fortes – que não se curvem às pressões de mercado.
3. Interlocução política e social. Há um problema visível na articulação política e na Casa Civil.
4. Comunicação: tem que se montar uma estrutura interministerial, coordenada pelo Planalto, para monitorar as redes sociais e responder com presteza o festival de factoides que tomou conta do país. Como os programas de mobilidade dependem dos governadores, tem que se montar um painel de controle para monitorá-los e permitir à opinião pública identificar os pontos de estrangulamento – e pressionar.
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