Coluna Econômica - 16/04/2013
No controle da inflação, as expectativas desempenham papel central. Se todos os agentes acreditam que a inflação poderá aumentar, passarão a reajustar seus preços transformando a profecia em realidade. E vice-versa.
O sistema de metas inflacionárias surgiu para permitir ao BC articular as expectativas de uma forma clara e eficiente. Especialmente depois que o avanço das transações eletrônicos e a sofisticação das operações financeiras acabou com os diversos conceitos de meio circulante.
Consiste no seguinte:
- Primeiro, o BC define uma meta para a inflação a ser alcançada – com uma margem para cima ou para baixo.
- Se o mercado acredita que a inflação futura ficará acima da meta, o BC aumenta os juros básicos da economia. Se acredita que ficará abaixo, o BC diminui os juros.
- Teoricamente, aumentando as taxas básicas de juros, o BC conseguiria interferir em toda estrutura de juros da economia, encarecendo o crédito e, por consequência, reduzindo a demanda, ajudando a derrubar os preços; e vice-versa.
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Havia vários inconvenientes na adoção do sistema pelo Brasil.
O primeiro, a própria estrutura de juros da economia. As taxas de juros na ponta são tão elevadas que mudanças na Selic mal fazem cócegas no custo final do dinheiro.
O segundo, a cartelização do processo de formação de expectativas. Em economias desenvolvidas, há vários agentes influindo nas expectativas do mercado – o maior dos quais é o próprio Banco Central. No caso brasileiro, as expectativas são formadas por uma cobertura jornalística concentrada, cartelizada, baseando-se em poucos canais de informação alimentados por fontes com interesses objetivos na alta de juros.
Cada decisão do Copom sobre nível de juros movimenta apostas pesadíssimas – seja entre comprados e vendidos, no mercado futuro, seja nas próprias expectativas de rentabilidade das tesourarias de empresas.
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O BC sabe, qualquer economista de bom senso sabe que, contra o excesso de demanda, há medidas muito mais eficazes que a taxa Selic. O BC pode instituir tributos sobre o crédito, aumentar o compulsório (parcela dos depósitos bancários que é recolhido), reduzir prazos de financiamento, exigir parcelas maiores à vista etc..
Sabe, também, que quando ocorrem choques de oferta (frustração de safra nos EUA, seca no Brasil etc.) aumentos de juros são ineficazes.
Teoricamente, portanto, bastaria o BC acenar com qualquer dessas medidas para derrubar as expectativas de alta da inflação.
Ocorre que, pelo sistema atual, aceita-se apenas um único tipo de atitude do BC para rebater expectativas inflacionárias: o aumento da taxa básica de juros. A única prova que os lobistas exigem é alta nos juros.
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Com isso, as discussões técnicas passam a ser ferozmente contaminadas por interesses pessoais de operadores se posicionando no mercado de taxas – tanto os altistas quanto os baixistas.
No dia em que as expectativas inflacionarias puderem ser rebatidas com medidas no compulsório ou impostos no crédito, acaba a frescura de certos analistas com taxas de juros neutra e outros conceitos vagos.
É hora de começar a se discutir a sério o fim ou a reformulação radical do sistema de metas inflacionárias.
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Os prognósticos da OMC - 1
O comércio internacional apresentou um desempenho bastante fraco em 2012 devido aos impactos da crise econômica global. 2013 não deve ser muito diferente: a Organização Mundial do Comércio (OMC) reduziu suas previsões para o ano de 2013. O desempenho global deve seguir moderado, em aproximadamente 3,3% ao ano. Já o crescimento do comércio mundial caiu para 2 % em 2012, comparado com 5,2% em 2011.
Os prognósticos da OMC - 2
A desaceleração registrada pelo comércio internacional ao longo do ano passado foi atribuída ao ritmo mais lento das economias desenvolvidas e aos consecutivos episódios de incerteza sobre o futuro do euro. A baixa produção e o elevado nível de desemprego nos países mais avançados reduziram as importações e a taxa de crescimento dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Os prognósticos da OMC - 3
Pela avaliação da OMC, o crescimento da China deve se manter como o mais rápido em comparação a outras grandes economias, reduzindo assim as possibilidades de impacto da desaceleração, mas as exportações seguem limitadas pela fraca demanda na Europa. As perspectivas para os Estados Unidos também apresentaram melhora, sendo apenas parcialmente compensada pela contínua fraqueza da União Europeia.
Os prognósticos da OMC - 4
O ano de 2013 parece destinado a ser “quase uma repetição” de 2012. “Os acontecimentos de 2012 devem servir como um lembrete de que as fraquezas estruturais das economias que sofreram com a crise econômica não foram completamente curadas, embora ocorra progresso significativo de recuperação em algumas áreas. Reparar essas fissuras deve ser a prioridade em 2013", analisou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.
Os prognósticos da OMC - 5
“Enquanto a fraqueza global persistir, as pressões protecionistas vão aumentar e, com o tempo, elas se tornarão irresistíveis. A ameaça protecionista talvez seja maior agora do que em qualquer momento desde o início da crise, uma vez que outras políticas testadas para restaurar o crescimento falharam”. Lamy também afirmou que deve haver um esforço conjunto para o fortalecimento do sistema multilateral de comércio.
Os prognósticos da OMC - 6
A estimativa de 2% do comércio internacional em 2012 é 0,5 ponto percentual inferior aos 2,5% estimados na previsão realizada em setembro. Tal contração é explicada por resultados piores que o esperado no segundo semestre dentro das economias desenvolvidas, enquanto o desempenho das economias em desenvolvimento ficou dentro das estimativas anteriores, mas as importações avançaram menos que o esperado.
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