Coluna Econômica - 10/08/2012
Um dos grandes desafios para o desenvolvimento brasileiro é o da qualificação das pequenas e microempresas, como elementos centrais de desenvolvimento – e não apenas como agentes de subemprego.
Ocorrido ontem em São Paulo, o 27o Fórum Brasilianas discutiu “A Inovação na Pequena e Micro Empresa” e mostrou alguns paradoxos do setor.
Numa ponta, a constatação da importância das chamadas inovações incrementais – as pequenas inovações, em embalagens ou processos produtivos, mas que afetam grande quantidade de pequenas empresas.
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Na sequência, a existência de um bom número de organizações públicas e privadas trabalhando o tema. Como lembrou o especialista Silvério Crestana, poucos países dispõem de recursos tão volumosos para aplicar no setor.
Os problemas decorrem da falta de indicadores adequados de acompanhamento, da dificuldade de acesso das PMEs aos instrumentos disponíveis (por falta de informações ou de cultura), da falta de uma articulação maior entre órgãos públicos.
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A insensibilidade dos governantes acabou anulando grande parte dos avanços obtidos na Lei do Supersimples. Ela previa que PME seria isenta de cobrança de ICMS. Mas na gestão José Serra, o estado de São Paulo ampliou o sistema de substituição tributária – pelo qual a empresa produtora paga o tributo antes da comercialização. Com isso inviabilizou a possibilidade de PMEs serem isentas de pagamento, conforme prevê a Lei.
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Não apenas isso. As PMEs se beneficiam das subcontratações das grandes. Mas não existe até hoje uma regulamentação adequada.
Além disso, a Lei previa que 20% das compras públicas fosse de PME. Mas não se previu essa hipótese em nenhuma parcela dos R$ 20 bilhões anunciados pela Presidência da República para investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
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Uma das melhores ferramentas de estímulo à inovação são os fundos de investimento – os venture capital.
Tanto a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) quando o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) dispõe de recursos visando estimular a formação desses fundos.
Um dos problemas centrais, explica João Furtado – Coordenador da Área de Pesquisas e Inovação da Fapesp – são os sistemas de controle que inibem atitudes mais ousadas dos investidores.
Todo projeto inovador tem três fases. Na Fase 1, a ideia. Na Fase 2, a abordagem para colocar a ideia de pé. Na Fase 3, o investimento maciço.
Os fundos têm que correr riscos, diz Furtado. Se o fundo buscar altas taxas de sucesso, só irá atrás de ideias já provadas – e, portanto, menos inovadoras. A ideia altamente inovadora é de alto risco. Se o criador do Facebook apresentasse um projeto no qual as pessoas se cadastrassem para mostrar fotos de familia, provavelmente não conseguiria nenhum aporte no país.
Daí a necessidade de ousar e deixar o mercado dar a última palavra. Portanto, os fundos deveriam lidar com altas taxas de risco na Fase 1, um pouco menos na Fase 2 e ser mais conservadores apenas na Fase 3.
É preciso soltar amarras e permitir ao sistema ser mais criativo, propõe Furtado.
Busca por crédito volta a avançar em julho
A quantidade de pessoas que procurou crédito no mês de julho foi 8% superior à verificada em junho, enquanto o comparativo com julho de 2011 aponta um crescimento de 2%, segundo dados divulgados pela consultoria Serasa Experian. Esta foi a primeira alta contra um mesmo mês do ano anterior em um período de nove meses (a última havia sido em outubro de 2011). No ano, a demanda do consumidor por crédito foi 6% inferior ao mesmo período do ano passado.
IPC-S avança em todas as capitais
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) registrou variação de 0,40%, resultado 0,18 ponto percentual acima do visto na última apuração, segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Todas as sete capitais pesquisadas registraram acréscimo em suas taxas de variação. O destaque do período ficou com Salvador, onde a taxa passou de 0,21% para 0,45% entre a última semana de julho e a primeira de agosto.
BC liquida corretora e distribuidora de títulos
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial da Quantia Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e da Diferencial Corretora de Títulos e Valores Mobiliários. Segundo a autoridade monetária, “ambas as instituições se valeram de sua condição de instituição autorizada a operar no Sistema Financeiro Nacional para conduzir operações com preços fora do padrão de mercado, em benefício próprio e de terceiros”.
Safra de grãos deve avançar 2% em 2012
A sétima estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas indica uma produção da ordem de 163,3 milhões de toneladas em 2012, 2% acima do obtido em 2011 e 1,6% maior do que a estimativa de junho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área a ser colhida em 2012 atingiu 49,4 milhões de hectares, um acréscimo de 1,5% frente à área colhida em 2011 e redução de 0,1% frente a junho.
OCDE prevê desaceleração econômica de países emergentes
A Rússia parece prestes a enfrentar uma desaceleração econômica, juntando-se a outras potências emergentes como Índia e China, cujas economias também mostram sinais de fraqueza, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O indicador geral para a área da OCDE, que cobre 33 países, caiu para 100,3 após registrar 100,4 de fevereiro até maio, apontando moderação do crescimento. O único a mostrar melhora foi o Reino Unido, que passou de 99,8 para 99,9 pontos.
Deficit comercial dos EUA é o menor em um ano e meio
O deficit comercial dos Estados Unidos em junho foi o menor em um ano e meio, uma vez que os preços menores do petróleo frearam as importações, de acordo com o Departamento do Comércio. A perda foi reduzida em 10,7% atingindo US$ 42,9 bilhões, o menor resultado desde dezembro de 2010. Ao todo, as importações gerais de bens e serviços recuaram 1,5%, para US$ 227,9 bilhões, enquanto as exportações subiram 0,9%, para US$ 185 bilhões.
Blog: www.luisnassif.com.br
1Um comentário
A importância do MST
ArnaC.
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