Coluna Econômica - 01/10/2012
Um dos mecanismos mais perniciosos desenvolvidos no mercado financeiro foi o sistema de metas inflacionárias – não o sistema em si, mas a forma como foi implementada.
Definia-se uma meta para a inflação, com uma margem para cima e para baixo. Depois, levantavam-se as expectativas de mercado em relação à inflação nos 12 meses seguintes. Se as expectativas estivessem acima da meta, aumentavam-se os juros. Se abaixo, teoricamente, os juros seriam reduzidos.
Nem se pensava em outras formas de atuar sobre a demanda e o crédito, apenas juros que, incidindo sobre a dívida pública, canalizavam parte expressiva do orçamento para os chamados rentistas.
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Para dar mais intensidade à política, criou-se a máxima de que cada instrumento financeiro deveria buscar um único objetivo. Ou seja, com a política de metas inflacionárias, o Banco Central deveria ficar de olho exclusivamente na inflação, pouco importando as sequelas sobre a economia.
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Nem se fala do nível de juros que vigorou no Brasil nas últimas décadas, extravagantes por qualquer parâmetro que se analise – muito mais se comparado aos juros internacionais.
Seja na medicina, na economia, na gestão de empresas, vai contra qualquer norma de racionalidade definir objetivos únicos, sem se importar com as sequelas sobre outras partes da organização. Se se conferir a um auditor poderes totais para cortar despesas, ele simplesmente inviabilizará a empresa, cortando em áreas fundamentais. Assim como se permitir ao homem de marketing gastar sem limites, sem análise custo-benefício.
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Findo o período inflacionário, o universo empresarial brasileiro levou algum tempo para entender a importância da visão sistêmica da empresa, do equilíbrio entre as partes. A própria medicina evoluiu do conceito do especialista para o da visão geral do organismo. Caso contrário, uma dose maciça de antibióticos poderia curar o paciente de determinada infecção mas avariar definitivamente órgãos fundamentais.
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Apenas os Bancos Centrais persistiam nesse visão do objetivo único, muito mais para atender às demandas por juros altos do que por qualquer esforço crítico de entender os mecanismos econômicos.
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Em nenhum país essa visão míope, torta, suspeita fez mais mal à economia do que no Brasil. Desde a gestão Marcílio Marques Moreira (no governo Collor) à gestão Antonio Pallocci (no governo Lula) a economia andou à reboque do BC.
Em plena crise de 2008, com a demanda despencando, o BC aumentava os juros para enfrentar fantasmas inflacionários que só existiam nos delírios de Henrique Meirelles.
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Agora, finalmente – depois dos erros do início de 2011 – Fazenda e BC andam em conjunto. E aí aparecem os fundamentalistas de mercado exigindo a explicitação dos objetivos do BC.
Claro que deixou. Busca-se o centro da meta, sim, mas sem jogar todo o peso nos juros, sem sacrificar o crescimento – ainda mais depois dos erros crassos de 2011 -, sem permitir a apreciação excessiva do câmbio.
Finalmente o BC passou a perseguir o pragmatismo, libertando-se da prisão das planilhas e dos manuais monofásicos.
Preços ao produtor sobem 0,53% em agosto
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) variou 0,53% na comparação com julho, em que o índice registrou 0,50%, segundo levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao se comparar agosto contra o mesmo mês do ano anterior, os preços variaram 7,53%, contra 7,14%, em julho. Já a variação acumulada em 2012 foi de 5,59%, em agosto, e 5,04% no mês anterior. Assim como aconteceu em julho, 16 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços.
Setor de serviços aumenta confiança com economia
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) avançou 2,9% entre agosto e setembro, na série com ajuste sazonal, ao passar de 117,5 para 120,9 pontos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Após cinco quedas consecutivas, o índice sinaliza um ritmo ainda moderado de atividade do setor, mas a melhora das expectativas aponta para a aceleração neste final de ano. O Índice de Expectativas (IE) subiu 5,1%, para 137,9 pontos, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA-S) atingiu 103,9 pontos, alta de 0,2%.
Indústria deve aumentar investimento no futuro
O volume de investimentos por parte do setor industrial deve registrar alta nos próximos 12 meses. A previsão é de aumento de investimentos em 33% das empresas e recuo em 14%, segundo a Sondagem Trimestral de Investimentos da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV), com foco na indústria de transformação. Para os próximos 12 meses, a sinalização é de ligeira melhora: 33% das empresas preveem investir mais e 14% programam investir menos, uma diferença de 19 pontos percentuais.
Consumo de energia sobe 2,4%
O consumo total de eletricidade no país apresentou elevação de 2,4% em agosto em relação a 2011, totalizando 37.207 gigawatts-hora (GWh), segundo levantamento da EPE (Empresa de Pesquisa Energética). A expansão foi impulsionada pelo consumo do setor de comércio e serviços, que aumentou 7,3% na mesma base de comparação. O consumo das residências expandiu 4,5% em relação a agosto de 2011, enquanto o consumo de energia elétrica da classe industrial subiu 1,3% entre julho e agosto.
BC 01: Superávit primário atinge R$ 3 bilhões
O superávit primário do setor público consolidado em agosto alcançou R$ 3 bilhões, segundo levantamento do Banco Central. Ao longo do período, o Governo Central (formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) apresentou superávit de R$ 1,2 bilhão, enquanto o saldo apresentado pelos governos regionais chegou a R$ 1,5 bilhão, e o total registrado pelas empresas estatais foi de R$ 341 milhões. No ano, o superávit primário atingiu R$ 74,2 bilhões (total equivalente a 2,56% do PIB).
BC 02: Dívida federal totaliza R$ 1,778 trilhão
A dívida mobiliária federal (fora do Banco Central e avaliada pela posição de carteira) chegou a R$ 1,778 trilhão durante o mês de agosto, um total equivalente a 41,1% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do Banco Central. O montante apurado apresentou um decréscimo de R$ 9,5 bilhões em relação ao mês anterior. Já a dívida líquida do setor público (DLSP) atingiu R$ 1,522 trilhão (35,1% do PIB), elevando-se 0,2 ponto percentual do PIB em relação ao mês anterior.
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