Coluna Econômica - 10/09/2012
Alguns dados importantes sobre o modelo coreano e as chamadas políticas de Estado – aquelas que ultrapassam meros períodos de governo.
Já na década de 50, havia sinais de que a Coreia começava a trabalhar uma visão estratégica de desenvolvimento. O Brasil começava a trilhar essa busca. À esquerda – com Rômulo de Almeida, Celso Furtado – e à direita – com Roberto Campos, Octávio Gouvea de Bulhões, Eugênio Gudin – havia a prospecção para as novas etapas, após o primeiro e segundo governo Vargas.
Uma das peças do milagre coreano foi a desvalorização cambial, que permitiu ao país exportar produtos de baixo valor agregado, mas que lhe permitiram acumular divisas para financiar setores novos.
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No curto governo Café Filho, Eugênio Gudin defendeu o caminho da desvalorização cambial pelo Brasil. No governo JK, a proposta voltou a sr defendida por Roberto Campos. Foi torpedeada por Augusto Frederico Schmidt, advogado e poeta altamente influente.
Campos me disse que a preocupação de Schmidt foi em relação a máquinas importadas por um empresário amigo, que ficaria inadimplente com a desvalorização. Não se perca de vista que o próprio Schmidt, ao lado de Lulu Aranha (irmão de Oswaldo Aranha) tinha enormes poderes e interesses sobre a Cexim (a Carteia de Exportações e Importações, que regulava as tarifas externas). Mas pode ser que o próprio JK temesse um recrudescimento da inflação.
O fato é que o país abdicou dessa saída cambial.
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No caso da Coreia, foi o primeiro passo apenas.
A busca do mercado externo revelou a vocação dos primeiros grupos empresariais. Nas décadas seguintes, seriam acertadas grandes parcerias do governo com o setor privado.
Estudos meticulosos selecionaram setores promissores – aliás, não era mistério para ninguém que eletroeletrônicos, automobilístico estariam entre eles. O governo estimulou a entrada de grupos coreanos e os defendeu, durante algum tempo, com proteção tarifária, subsídios e promoção de exportações por meio de agências públicas.
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O controle total sobre o sistema bancário garantiu o crédito para os novos setores. Em áreas em que o setor privado não tinha condições de atuar, entravam empresas públicas, como a siderúrgica POSCO.
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Não havia embates entre privativistas e estatizantes, mas um amplo pragmatismo. Onde coubesse o setor privado, ele seria estimulado. Onde se exigisse participação pública, ela seria implementada. Quando empresas privadas eram mal geridas, o governo estatizava, saneava e revendia.
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Havia também um controle rígido sobre moedas estrangeiras. Quem violasse as normas poderia ser condenado à morte. Havia prioridade absoluta para o uso de divisas na importação de máquinas especiais e insumos industriais.
O capital externo era direcionado para setores previamente selecionados. E estimulava-se a “engenharia reversa” e a pirataria mais escancarada.
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No começo, o país exportava itens simples e eletrônicos baratos. Acumulavam-se divisas para, então, adquirir máquinas avançadas para os novos setores.
O conceito de proteção à indústria nascente era rigidamente obedecido. Não se pensava em criar proteção eterna, mas apenas o tempo necessário para que as empresas tivessem condições de enfrentar a concorrência internacional.
IGP-DI sobe 1,29% em agosto
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) encerrou o mês de agosto em alta de 1,29%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 12 meses, o IGP-DI variou 8,04%, enquanto a taxa acumulada no ano é de 6,52%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) atingiu 1,77%, abaixo dos 2,13% de julho. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em 0,44%, ante 0,22% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) atingiu 0,26%, abaixo dos 0,67% de julho.
Inflação deve cair no longo prazo, diz ata do Copom
A inflação vai seguir em direção à meta de forma não linear, na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A meta de inflação tem como centro 4,5% e margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Segundo a ata da última reunião do colegiado, “a inversão na tendência da inflação contribuirá para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial as dos formadores de preços, sobre a dinâmica da inflação neste e nos próximos semestres”.
Consumidores aumentam gastos em agosto
O movimento dos consumidores nas lojas em todo o país cresceu 2% em agosto ante o resultado de julho, efetuados os ajustes sazonais, segundo a consultoria Serasa Experian. Na comparação com 2011, o crescimento foi de 13,4%, a maior alta desde março de 2010. Segundo os economistas, o avanço reforça os prognósticos de um segundo semestre com maior dinamismo econômico, motivado por fatores como queda dos juros e recuo gradual da inadimplência.
Produção industrial desacelera em nove regiões
Os índices regionais da produção industrial caíram em nove dos 14 locais apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre junho e julho. As quedas mais acentuadas ficaram com Goiás (-6,3%), no Amazonas (-5,9%) e no Pará (-3,2%), e áreas como Paraná (-1,1%), São Paulo (-0,7%) e Rio Grande do Sul (-0,7%) mostraram quedas mais moderadas. As cinco regiões que avançaram foram Rio de Janeiro (4,6%), Região Nordeste (0,9%), Bahia (0,4%), Ceará (0,4%) e Santa Catarina (0,2%).
IBGE amplia estimativa para safra agrícola
A safra brasileira de grãos deve chegar a 164,5 milhões de toneladas em 2012, superior em 2,8% à obtida em 2011 (160,1 milhões de toneladas) e 0,7% maior que a estimativa de julho (163,3 milhões de toneladas), segundo o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE). Já os 49,5 milhões de hectares de área a ser colhida representam um aumento de 1,6% na comparação com 2011 e de 0,2% na avaliação do mês anterior. O arroz, o milho e a soja respondem por 85,1% da área a ser colhida.
BNDES reduz desembolsos em 2% no ano
O total de empréstimos e investimentos liberados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi reduzido em 2% nos primeiros sete meses do ano em comparação a 2011, passando de R$ 69,3 bilhões para R$ 67,9 bilhões. Porém, o banco manteve a expectativa de crescimento do desembolso anual em cerca de R$ 10 bilhões – que deve passar de R$ 139 bilhões, em 2011, para cerca de R$ 150 bilhões, em 2012.
Blog: www.luisnassif.com.br
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