Coluna Econômica - 10/10/2012
A economia é como um transatlântico – costumam comparar velhos economistas. Medidas tomadas hoje só conseguirão reverter a rota muitos e muitos meses depois. A estagnação da economia em 2012 se deveu a erros na condução da política monetária em fins de 2010 e início de 2011.
Agora, o conjunto de medidas anticíclicas adotadas desde agosto do ano passado, começam a surtir efeito.
Ontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou um crescimento de 1,5% na produção industrial brasileira de agosto, em relação a julho. Houve crescimento positivo nas três principais economias industriais, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Como observou o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o fato do crescimento ter sido mais robusto em estados de industrialização mais profunda, é sinal de que a retomada veio para valer.
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No Rio, por exemplo, a produção industrial foi de -5,3% em junho, de 5% em julho e de 0,6% em agosto. Em Minas, houve estagnação em julho, mas crescimento de 3,3% em agosto. Em São Paulo, depois de uma queda de 0,6% em julho, houve crescimento de 2,7% em agosto.
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Mesmo com essa recuperação na ponta, no ano o desempenho continua sofrível no acumulado dos oito primeiros meses do ano. No Rio, a queda foi de 6,5%. Com queda em 9 dos 13 setores pesquisados.
A maior queda foi na produção de veículos automotores (-37,9%), puxado pela menor produção de caminhões. Houve quedas expressivas também no setor de alimentos (-12,7%), minerais não metálicos (-12,5%), bebidas (-8,9%) e metalurgia básica (-4.9%)
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Em São Paulo a queda no ano foi de -5,6%, com queda em 15 dos 20 ramos pesquisados.
As maiores quedas foram em veículos automotores (–18,5%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–28,2%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–12,3%); máquinas e equipamentos (–5,7%); edição, impressão e reprodução de gravações (–9,5%); e alimentos (–5,3%).
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Em Minas a queda foi menor – de -0,4% no acumulado de oito meses. Mesmo assim afetou 7 dos 13 ramos pesquisados, com destaque negativo para metalurgia básica (–5,3%), veículos automotores (–2,1%) e indústrias extrativas (–1,8%).
Os desempenhos positivos foram de outros produtos químicos (12,4%), produtos de metal (8,7%) e minerais não metálicos (2,9%).
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A esperança, agora, é que esse desempenho “na margem” – como dizem os economistas – se mantenham nos próximos meses. Mantido o ritmo, em julho do próximo ano o PIB anual estará rodando a 4 ou 4,5% ao ano.
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De qualquer modo, haverá que se enfrentar o desaquecimento mais acentuado da economia mundial, puxada para baixo pela Europa.
Nos últimos meses, as medidas de desoneração de folha de alguns setores e de manutenção do dólar na faixa dos R$ 2,00 trouxe um alento ao setor exportador.
Nos próximos meses, provavelmente serão radicalizadas as operações de defesa comercial. Este ano, houve importações de equipamentos da Ásia cujo preço registrado sequer cobria o custo da matéria prima.
Começa reunião do Copom
A penúltima reunião do Copom em 2012 teve início nesta terça-feira. Os agentes devem avaliar a possibilidade de manutenção do ciclo de queda da taxa básica de juros, que já foi reduzida em cinco pontos percentuais desde agosto do ano passado. A expectativa dos analistas financeiros é que o ciclo de queda seja interrompido, devido principalmente ao aumento da inflação – a taxa em setembro foi de 0,77%, atingindo um total de 3,77% no ano.
Produção industrial avança em nove regiões
Os índices regionais da produção industrial mostraram taxas positivas em nove dos 14 locais pesquisados na passagem de julho para agosto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Estado de Goiás apresentou um crescimento de 10,3%, sendo o resultado mais acentuado do período. Na comparação com agosto de 2011, nove dos 14 locais pesquisados reduziram sua produção, sendo que as perdas mais intensas foram registradas por Paraná (-10,8%) e Espírito Santo (-7,5%).
Consumidor reduz demanda por crédito
A quantidade de pessoas que procurou crédito em setembro recuou 16,5% em relação ao mês imediatamente anterior, interrompendo uma sequência de duas altas mensais consecutivas, segundo a consultoria Serasa Experian. Na comparação com 2011, houve queda de 9% na demanda do consumidor por crédito. Por sua vez, o acumulado de janeiro a setembro de 2012 mostra que a demanda foi 5,9% inferior ante 2011. O calendário com menos dias úteis influenciou no resultado.
IPC-S avança em seis capitais
A inflação mensurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) avançou em seis das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na primeira semana de outubro. Os dados apontam que apenas o Rio de Janeiro teve uma leve redução da taxa, de 0,62%, no fechamento de setembro, para 0,6%, nesta apuração. Salvador (de 0,34% para 0,51%) e São Paulo (de 0,44% para 0,61%) são as capitais com os maiores acréscimos.
Estimativa para safra agrícola sobe 2,2%
A estimativa para a colheita nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas chega a 163,7 milhões de toneladas, superior em 2,2% à obtida em 2011 (quando o total foi de 160,1 milhões de toneladas) e 0,5% menor que os dados de agosto, segundo o IBGE. A área a ser colhida no ano totaliza de 49,2 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 1,1%, frente à área colhida em 2011 e diminuição de 0,5% na comparação com a avaliação do mês anterior.
FMI estima crescimento menor para o Brasil
O risco de aprofundamento da crise na zona do euro e de desaceleração além do esperado na China deve influenciar o ritmo de crescimento no Brasil e em toda a América Latina: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 2,5% para 1,5% a previsão de expansão da economia brasileira neste ano. Contudo, os indicativos para 2013 mostram que a aposta de retomada permanece, e o avanço estimado chega a 4%.
Blog: www.luisnassif.com.br
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