Coluna Econômica - 07/03/2013
Primeiro, as virtudes de Eduardo Campos, governador de Pernambuco.
É um notável gestor, talvez o melhor governador da atualidade. Usou como ninguém as ferramentas de gestão e mostrou uma força política à altura do avô Miguel Arraes. Simplesmente destruiu a oposição em Pernambuco – no que bastante auxiliado pelo desempenho medíocre do PT estadual.
Desperta a simpatia do empresários do sudeste por sua característica de gestor e pelo fato de não se acreditar na candidatura de Aécio Neves.
A grande bandeira imposta a Aécio pela banda paulista do PSDB foi a de ressuscitar a imagem de Fernando Henrique Cardoso. Entre analistas de grandes grupos, a estratégia aumentou o desânimo com sua candidatura.
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É nesse quadro que alguns grupos atraíram Campos, que foi picado pela mosca azull.
Mas são vários os motivos para se apostar que não sairá candidato.
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O primeiro ponto de análise são as condições objetivas de sua candidatura. A possibilidade de vitória é mínima.
Hoje em dia, Campos é conhecido apenas em seu estado, Pernambuco, e em algum outro estado vizinho, como a Paraíba.
Apesar da inegável importância histórica de Pernambuco, o estado nunca teve expressão política maior na região – ao contrário da Bahia, por exemplo.
Sua candidatura significaria expelir o PSB da base governista, com implicações diretas sobre o trabalho – e a possibilidade de reeleição – dos atuais governadores.
No Ceará, o governador Cid Gomes, e seu irmão Ciro, já manifestaram-se contra a candidatura para 2014. Há sinais de desagrado de outros governadores do PSB.
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Alguns grupos sonham com a possibilidade do PSDB abrir mão de Aécio e adotar Campos.
Seria um suicídio para ambos. Sem uma candidatura própria, o PSDB desaparece do mapa político. E Geraldo Alckmin já informou o partido que não abrirá mão da tentativa de reeleição em São Paulo.
Aí se entra em um segundo ponto importante de análise: sua candidatura garantirá visibilidade para 2018 ou queimará o seu filme?
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Há mais probabilidades da segunda hipótese.
Campos vem de uma tradição de esquerda, do avô Miguel Arraes. A mídia do eixo Rio-São Paulo só apoiaria um candidato que radicalizasse o discurso à direita. Como ficaria o legado de Campos, se endossar esse receituário?
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Seus últimos movimentos acenderam a luz amarela na base governista. Fortaleceram o PMDB como principal partido aliado, acabando com o sonho de substituí-lo pelo PSB.
Da parte de Lula, há esperança de que Campos não atravesse o Rubicão.
Nas próximas semanas, haverá dois movimentos paralelos para atrair Campos.
O primeiro, a negociação para ser candidato em 2018, mas sem nenhuma chance de ser candidato a vice de Dilma em 2014. Promessas políticas de longo prazo são de baixa validade. Não é por aí que Campos será demovido de suas intenções.
Na outra frente, articula-se o lançamento de novas candidaturas ao governo de Pernambuco, envolvendo o empresário Armando Monteiro (ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria) e o atual Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra.
Há um cavalo passando encilhado na frente de Campos. Sua dúvida maior: seria um alazão ou um pangaré?
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IGP-DI perde força em fevereiro
O IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) atingiu 0,20% em fevereiro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado perdeu força ante janeiro, quando ficou em 0,31%. Ao longo do período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou variação de 0,09%, ante a estabilidade de janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu 0,33%, ante 1,01% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) foi de 0,60%, pouco abaixo dos 0,65% do mês anterior.
Pedidos de falência recuam em fevereiro
Foram registrados 100 pedidos de falência em todo o país durante o mês de fevereiro, segundo dados divulgados pela consultoria Serasa Experian. O total ficou abaixo dos 167 requerimentos verificados em janeiro, e que os 152 observados em fevereiro do ano anterior. Do total apurado, 64 são de micro e pequenas empresas, 29 de médias e 7 de grande porte. Já os decretos de falências apresentaram elevação em fevereiro, chegando a 53 solicitações, ante 47 em janeiro e 45 em fevereiro do ano passado.
Confiança da Construção volta a cair
O Índice de Confiança da Construção (ICST) evoluiu de forma desfavorável: segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice trimestral caiu 6,9% em fevereiro, contra -4,8% no trimestre findo em janeiro. O resultado confirma a desaceleração da atividade econômica do setor ao início de 2013. A variação interanual trimestral do Índice da Situação Atual (ISA-CST) foi de -7,9% em fevereiro, contra -5,7%, em janeiro, e a variação do Índice de Expectativas (IE-CST) foi de -6%, ante -3,9%.
Fluxo cambial segue deficitário
O fluxo cambial terminou o mês de fevereiro com um saldo negativo em US$ 105 milhões, de acordo com o Banco Central (BC). No mês passado, o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 690 milhões, enquanto o financeiro (remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou resultado negativo de US$ 795 milhões. No ano, o saldo é negativo em US$ 2,074 bilhões.
Índice de Commodities cai 2,97% em fevereiro
O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) caiu 2,97% em fevereiro ante o total de janeiro, segundo o Banco Central. Em 12 meses, houve alta de 8,31%.O segmento de commodities agropecuárias (carne de boi e de porco, algodão, óleo de soja, entre outros) registrou a maior queda (3,83%) no mês. Já a redução no segmento de energia (petróleo, gás natural e carvão) chegou a 0,10%, enquanto o segmento de metais (como alumínio e minério de ferro) registrou baixa de 1,72%.
Poupança capta R$ 2,3 bilhões
Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 2,320 bilhões no mês de fevereiro, segundo o Banco Central. Em fevereiro do ano passado, houve mais saques que depósitos, o que levou à retirada líquida de R$ 412,520 milhões. No mês passado, os depósitos ficaram em R$ 97,717 bilhões – queda de 13,55% em relação a janeiro e aumento de 11,27% comparado ao mesmo mês de 2012. As retiradas chegaram a R$ 95,396 bilhões – menos 13,85% em relação a janeiro e aumento de 8,12% sobre 2012.
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