Coluna Econômica - 04/02/2013
Quando se discute taxa de câmbio e manufaturas, surge sempre o dilema clássico. Câmbio desvalorizado melhora os preços dos produtos internos em comparação com os externos. Câmbio valorizado reduz o custo dos insumos e equipamentos importados.
O dilema é esse: caso a importação resulte em custos menores de produção, baratearia o produto final, tornando-o mais competitivo no mercado externo. Perde-se competividade no insumo mas ganha-se no produto final – que movimenta a cadeia produtiva. Essa melhora no valor agregado do produto final compensaria a perda com a substituição dos insumos internos por importados?
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O trabalho “Taxa de câmbio, comércio exterior e desindustrialização precoce – o caso brasileiro”, dos economistas Nelson Marconi e Marcos Rocha, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, tenta responder a essa questão.
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“O processo de desenvolvimento é fundamentalmente um processo de transformação estrutural, com a realocação dos ativos produtivos da agricultura tradicional para a atividade moderna, indústria e serviços”, explica o trabalho. A partir daí, tem-se a diversificação da economia através da geração de novas atividades produtivas.
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Nos estágios iniciais do desenvolvimento, há uma elevação da participação relativa da indústria em relação à agricultura. Na etapa seguinte, crescem os serviços. Há uma nova composição da oferta requerendo novos investimentos que agregam tecnologia à economia. Com novas tecnologias, o setor manufatureiro consegue rendimentos de escala crescente, estimulando a demanda e incluindo mais investimento e diversificação da estrutura produtiva.
Além disso, as exportações de manufaturados têm efeito positivo sobre toda a cadeia de fornecedores, para se adequar aos padrões internacionais, refletindo-se em ganhos de produtividade dentro e fora da indústria.
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Aí entra-se em um tema contemporâneo que reedita o velho conceito da divisão internacional do trabalho: a verticalização da produção, com determinados países especializando-se em algumas etapas do processo produtivo, mas o produto final sendo desenvolvido pelos países centrais.
Segundo alguns autores, seria uma troca virtuosa: os países ricos produziriam bens mais intensivos em tecnologia; ao terceirizar parte da produção para os emergentes, os ricos ganham em competitividade e os emergentes em transferência de conhecimento e tecnologia.
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Embora não se deva ignorar as possibilidades trazidas pela verticalização, ou alguns ganhos decorrentes da importação de insumos para aumento de competitividade do produto final, há que se ter cuidado.
O trabalho demonstra que um dos grandes diferenciais da produção de manufaturas é a produção de bens intermediários na cadeia produtiva. “Ao substituir a oferta nacional pela estrangeira no suprimento de insumos, rompem-se alguns elos na estrutura produtiva”.
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Estudos econômicos são importantes como bússolas. Mas políticas econômicas são construídas em cima da observação permanente da realidade, do bom senso e do espírito prático para diferenciar importações predatórias das virtuosas.
IPC-S termina janeiro em alta de 1,01%
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) subiu 1,01% na última semana de janeiro, queda de 0,02 ponto ante a última divulgação, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com este resultado, o índice acumula alta de 5,95% em 12 meses. Duas das oito classes de despesa reduziram suas taxas: Habitação (de 0,42% para -0,17%) e Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,47% para 0,40%). Entre os avanços, destacam-se Educação, Leitura e Recreação (de 2,80% para 3,99%) e Alimentação (de 2,08% para 2,18%).
Indústria fecha 2012 em queda de -2,7%
A produção da indústria brasileira encerrou o ano de 2012 com uma redução de 2,7%, após apontar avanço de 10,5% em 2010 e acréscimo de 0,4% em 2011, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este é o primeiro resultado negativo desde a queda de 7,4% observada em 2009. Em dezembro, o setor industrial manteve o patamar de produção do mês imediatamente anterior (0,0%), na série livre de influências sazonais, após recuar 1,3% em novembro e avançar 0,6% em outubro.
Balança comercial tem maior déficit mensal da história
A balança comercial brasileira fechou o primeiro mês do ano com déficit de US$ 4,035 bilhões, pior resultado mensal desde o início da série histórica em 1993. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo negativo é três vezes superior ao déficit de R$ 1,3 bilhão registrado em janeiro de 2012. As compras do país ficaram em US$ 20,003 bilhões, resultado recorde para meses de janeiro, contra exportações de US$ 15,968 bilhões.
Desemprego tem estabilidade na zona do euro
A taxa de desemprego alcançou 11,7% na Eurozona durante o mês de dezembro, permanecendo estável em relação ao mês anterior, mas apresentando um crescimento considerável no período de um ano, uma vez que o indicador havia registrado 10,7% ao fim de 2011, segundo o escritório de estatísticas Eurostat. Enquanto o desemprego na Áustria foi de 4,3%, na Alemanha e em Luxemburgo de 5,3% (em ambos os casos), o indicador mensurado na Espanha chegou a 26,1%.
IPI de artigos da linha branca e de móveis começa a subir
As alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidentes sobre os artigos da linha branca, móveis, painéis, laminados e luminárias começam a ser recompostas. Até junho, serão cobradas taxas intermediárias. No caso dos automóveis, a mudança começou em janeiro e, a partir de julho, as alíquotas voltam ao nível normal. As exceções são os caminhões, cujo IPI será zerado permanentemente, as máquinas de lavar e os papéis de parede, cuja alíquota seguirá em 10% por tempo indeterminado.
Renan Calheiros é o novo presidente do Senado
O líder do PMDB Renan Calheiros (AL) foi eleito presidente do Senado com 56 dos 78 votos dos parlamentares. O candidato alternativo, Pedro Taques (PDT-MT), obteve 18 votos. Dois senadores anularam seus votos e dois deixaram em branco. A afirmação do Parlamento diante dos demais Poderes foi um dos principais pontos em seu discurso de posse. Calheiros também prometeu novos critérios para a análise dos vetos presidenciais às propostas de lei aprovadas pelo Congresso.
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