Coluna Econômica - 09/10/2013
Ao longo das últimas semanas, em meu Blog houve uma fecunda discussão sobre a nova etapa da política nacional, o discurso a ser empunhado tanto por Dilma Rousseff quanto por Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e quem pretender se apresentar como candidato à presidência.
Uma constatação se impõe, a partir da experiência histórica dos Estados Unidos.
A democracia pressupõe processos sucessivos de inclusão social, econômica e política. Em alguns momentos da história há grandes saltos de inclusão. O partido político que entende o momento e prepara-se para esses saltos, impõe o discurso político para as décadas seguintes.
Foi assim em dois momentos da história norte-americana. O primeiro, em meados do século 19, quando Andrew Jackson, do Partido Republicano, entendeu os novos tempos, aderiu a um populismo algo irresponsável mas que plantou as bases para o governo fundamental de Abraham Lincoln.
O Partido Democrata só foi se refazer décadas depois, quando Franklin Delano Roosevelt percebeu um novo movimento e, em plena crise de 1929, deu início ao New Deal. Seus princípios foram seguidos inclusive pela oposição republica, quando retomou o poder com Dwight Eisenhower.
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Por aqui, Fernando Henrique Cardoso deixou o cavalo passar encilhado e não se deu conta desse movimento. Lula entendeu e abriu espaço para a criação de um potente novo mercado de consumo e de cidadania.
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É importante notar que o partido impõe o novo discurso, mas não será necessariamente ele que conduzirá o bastão eternamente. Assim ocorreu com o nacionalismo pós Segunda Guerra abrindo espaço para uma breve vitória republicana nos EUA do início dos anos 50.
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São dois os desafios que se impõem aos presidenciáveis. O primeiro, o de aderir ao discurso social. O segundo, o de apresentar-se como uma alternativa melhor do que o partido da situação. E essa possibilidade somente se apresenta em caso de grave confusão econômica e política. Ou do opositor ter um conjunto de ações para mostrar para o público.
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E aí se revela o envelhecimento da política do âmbito do eixo Rio-São Paulo e especialmente da velha mídia.
Desde 2006, esses grupos de mídia tornaram-se peças centrais do jogo político, apoiando ostensivamente a faixa paulista do PSDB. Um imenso potencial de influência na opinião pública, de construir e destruir reputações, uma cobertura jornalística massacrante, sem brecha para nenhuma opinião dissidente, e desperdiçada por absoluta falta de bandeiras.
Em vez de promover gestões bem sucedidas, visões alternativas de desenvolvimento, adotaram maciçamente o padrão FHC-Serra de negativismo continuado e de nostalgia de tempos que não voltam mais.
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Agora, entra-se na reta final com o governo Dilma enfrentando problemas de gestão, mas tendo o que mostrar em várias frentes. E a oposição tendo que construir um discurso e mostrar obras em pleno voo.
O que comprova que, na guerra política, não adianta ter divisões midiáticas, capacidade de fuzilar adversários, de criar fatos e factoides, se, por trás da estratégia, não se plantar ideias.
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