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As Lições da Soberba

12 de Setembro de 2012, 21:00 , por Castor Filho - 22 comentários | No one following this article yet.
Visualizado 306 vezes

Publicado em 13 de setembro de 2012 por Mauro Santayana em seu blog

 

Esta semana, mais de um milhão e meio de pessoas marcharam, no centro de Barcelona, na Espanha, para exigir a divisão do país e a independência total da Catalunha, a mais importante das Regiões Autônomas da Espanha.

 

Foi o “Dia da Catalunha”. Mas a verdade é que poucas são as grandes províncias espanholas que querem continuar unidas a uma nação que enfrenta o desemprego de 25%, o maior da Europa. Um em cada quatro de seus jovens, segundo informou ontem a OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - não estavam estudando nem trabalhando em 2008, o primeiro ano da crise.

 

No Brasil boa parte da população, ajudada pela programação majoritariamente estrangeira de grande parte das emissoras de televisão, incluídas as de assinatura, e outros meios de comunicação, acostumou a ver tudo que vem do chamado “Primeiro Mundo” com um misto de subserviência e admiração.

 

Quando aqui aportaram bancos e empresas espanholas e portuguesas, nos anos 90, pouca gente percebeu que esses países - que nos mandaram milhões de emigrantes durante os séculos XIX e XX, porque não tinham condições de lhes assegurar pão e futuro - estavam apenas vivendo momentos artificiais de prosperidade.

 

Ninguém se lembrou de que, para entrar na Comunidade Econômica Européia, eles haviam recebido, durante anos, bilhões de euros de ajuda dos países mais ricos.

 

Ninguém percebeu que eles só tinham capital para comprar nossas empresas – privatizadas, em muitos casos, apesar de serem estratégicas – porque tomavam empréstimos para participar da farra da desnacionalização da nossa economia, a pouco mais de um ou 2% ao ano. Enquanto isso, os juros, aqui, para investimento em atividades produtivas, estavam nas alturas.

 

Enquanto poucos enriqueciam com o euro, muitos cidadãos espanhóis, enganados pelos meios de comunicação que alimentavam essa ilusão com entusiasmo, acreditavam que a Espanha seria a oitava potência do mundo durante o século XXI, e que seu país iria entrar para o G-7, quando hoje ele sequer faz parte do G-20, e o G-7 está se transformando, paulatinamente, em uma pantomima diplomática.

 

A Espanha hoje tem uma dívida total de mais de três trilhões de euros (entre governo central, províncias autônomas, empresas financeiras e não financeiras), mais de 165% de dívida externa (frente a cerca de 13% do Brasil). Sua dívida interna líquida é mais do dobro da nossa. Suas reservas internacionais são 30 bilhões de dólares, quando as nossas são de 375 bilhões de dólares. Somos o terceiro maior credor individual do Tesouro dos Estados Unidos, depois da China e do Japão. Com muito esforço estamos resistindo à globalização.

 

Não podemos fazer como a Espanha e Portugal, que expulsavam nossos cidadãos de seus aeroportos, e cair na tentação da soberba. Mas precisamos aprender a dar mais valor ao que somos e ao que fazemos, e parar de nos iludir com tudo o que vem do estrangeiro.


Tags deste artigo: mauro espanha catalunha crise financeira internacional

22 comentários

  • F32c8c2f1533499ba2daa8995d09f902?only path=false&size=50&d=404Gerson Monteiro(usuário não autenticado)
    14 de Setembro de 2012, 10:05

    Excelente!

    Excelente artigo! Para começar, para nos valorizarmos mais, devemos dar muito mais valor a Educação, para que não sejamos ludibriados e assim sejam eleitos governantes ineptos, corruptos e facínoras enrustidos, como os atuais, que fazem o Brasil pior a cada dia a ainda tentam passar, pela Mídia em geral, a idéia de que tudo "vai bem". Parabéns ao autor. Fora corruptos, incompetentes e maus brasileiros.


    • Castor ha 5 anos minorcastorphoto
      14 de Setembro de 2012, 10:10

       

      É isso Gerson, o Mauro é, sem dúvida, um grande jornalista, mas principalmente um grande brasileiro. Abraço
      Castor


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