Coluna Econômica - 28/08/2012
Na sua coluna de ontem, no jornal O Valor, o respeitado Renato Janine Ribeiro publica carta enviada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nela, FHC questiona afirmação de Janine sobre a cooptação de votos para a aprovação da emenda da reeleição. “Esta existiu, diz, mas por parte de políticos locais”.
Apenas constata que fez o mesmo do mesmo. Apenas, de uma forma mais “profissional”.
É importante o seu depoimento. E lembro aos leitores que o eixo de meu artigo estava na tese de que as questões de corrupção, que pareciam tão claras quando o lado do bem se opunha à ditadura, se transformaram num cipoal desde que PT e PSDB se digladiam”, conclui Janine.
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Tanto no mensalão como na votação da emenda da reeleição, o objetivo era a cooptação de parlamentares. Apenas os métodos foram diferentes.
No período FHC, a cooptação se deu através das emendas parlamentares, prática inaugurada no seu governo.
Cada emenda envolve três tipos de interesse: do parlamentar que a propôs, da empresa que será beneficiada com ela e do governo federal, a quem cabe a sua liberação.
Havia, então, uma triangulação.
- Os operadores do governo acertavam com os governadores o apoio da sua bancada.
- Em seguida, liberavam a emenda.
- O dinheiro chegava na ponta e o governador (e a empreiteira) fazia o acerto com seus deputados.
Esse mesmo modelo foi aplicado para derrotar o ex-presidente Itamar Franco na convenção do PMDB que pretendia lança-lo como candidato à presidência da República. A operação foi articulada pelo então Ministro dos Transportes de FHC, Eliseu Padilha.
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O chamado “mensalão” foi fruto do amadorismo inicial do PT.
FHC havia consagrado uma tecnologia de governabilidade apoiando o PSDB em um grande partido, o PFL, O PT decidiu fortalecer pequenos partidos. E o pacto passava por bancar os custos de campanha dos parlamentares. Deu no que deu.
Depois do escândalo, o PT fechou apoio do PMDB, aproximou-se do candidato a partido grande PSDB e passou a se valer da metodologia das emendas parlamentares, tal e qual o governo FHC.
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Agora se tem os dois principais partidos do país – PT e PSDB – recorrendo a métodos de cooptação que precisam ser revistos. Esse mesmo modelo é aplicado em Brasília e em São Paulo.
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Durante algum tempo justificou-se esse modelo. O país iniciava o aprendizado democrático e a questão da governabilidade era relevante, especialmente depois de um governo (José Sarney) que andou toda sua gestão na corda bamba e outro (Fernando Collor) que perdeu o mandato.
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Mas já é hora de se aprimorar a democracia brasileira. Ao tentar tirar casquinha da situação, FHC não colabora para esse aprimoramento. Nem Lula, ao minimizar o episódio
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Há um modelo imperfeito, que torna os governos reféns e, ao mesmo tempo, cooptadores de partidos políticos, assim como os parlamentares reféns dos financiadores de campanha.
O episódio será positivo se ajudar a deflagrar uma ampla discussão sobre o modelo político, a formação de partidos, o financiamento privado de campanha, a questão das emendas parlamentares. Se usado oportunisticamente, o país não terá nada a ganhar com o episódio.
Confiança da indústria sobe 1,4% em agosto
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 1,4% entre julho e agosto ao passar de 102,7 para 104,1 pontos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice atinge o maior nível desde julho de 2011, embora permaneça abaixo da média histórica recente, de 105,5 pontos. No período, o Índice da Situação Atual (ISA) subiu 2,4%, alcançando 105,1 pontos, o maior nível desde julho de 2011. O Índice de Expectativas avançou 0,3% para 103,1 pontos.
Arrecadação federal perde força em julho
O governo arrecadou R$ 87,947 bilhões durante o mês de julho, o que representa queda de 7,36% em relação a 2011, já descontada a inflação oficial, segundo dados da Receita Federal. A arrecadação de janeiro a julho de 2012 foi R$ 596,502 bilhões, um aumento real de 1,89% ante os sete primeiros meses de 2011. De acordo com as autoridades, um dos fatores que influenciaram o resultado foi a redução do lucro das empresas em 2012 em relação ao ano passado.
Balança tem superávit de US$ 392 milhões
A quarta semana de agosto apresentou um saldo positivo de US$ 392 milhões na balança comercial, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A corrente de comércio foi de US$ 9,216 bilhões. Em cinco dias úteis, as exportações foram de US$ 4,804 bilhões, e as importações atingiram US$ 4,412 bilhões. Com o resultado, o superávit no mês chega a US$ 2,522 bilhões, enquanto a variação ao longo de 2012 é de US$ 12,467 bilhões.
Atividade econômica avança 0,7% no semestre
O índice de atividade econômica mensurado pela consultoria Serasa Experian apresentou um crescimento de 0,7% no primeiro semestre deste ano, o resultado mais fraco dos últimos três anos. Analisando-se apenas o mês de junho, houve expansão de 0,5% da atividade econômica na comparação mensal. Perante junho de 2011, o acréscimo foi de 0,7%. Efetuados os ajustes sazonais, a atividade econômica brasileira cresceu 0,4% no segundo trimestre comparativamente ao primeiro trimestre do ano.
Em 2010, 1 milhão de novas empresas entram no mercado
Em 2010, o fechamento das empresas recuou 1,4 ponto percentual em relação a 2009, passando de 17,7% para 16,3%. No ano, 736,4 mil empresas fecharam suas portas. Em 2010, 736.428 empresas saíram do mercado, o que representa uma taxa de saída de 16,3%, em um universo de 4.530.583 empresas ativas. Por outro lado, 999,1 mil empresas entraram no mercado, mantendo estável a taxa de entrada (22,1%), segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
FOCUS: IPCA permanece em alta
A estimativa para a taxa oficial de inflação manteve o ritmo de alta das últimas semanas, segundo dados divulgados pelo relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. O prognóstico para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2012 subiu pela sétima semana consecutiva, passando de 5,15% para 5,19%. Os dados para o mês de agosto subiram de 0,35% para 0,37%, enquanto o indicativo para setembro seguiu em 0,40%. A variação para 2013 foi mantida em 5,50%.
Blog: www.luisnassif.com.br
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