Ir para o conteúdo
ou

Thin logo

castorphoto

Dr. Cláudio Almeida

 Voltar a Blog Castorphoto
Tela cheia

As Medidas Macroprudenciais e a SELIC

11 de Julho de 2013, 7:03 , por Castor Filho - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
Visualizado 120 vezes

 

 

Coluna Econômica - 11/7/2013

Bíblia do mercado financeiro mundial, o jornal The Wall Street Journal publicou uma bela reportagem sobre a maneira como os bancos centrais do mundo se armam para impedir bolhas financeiras.


Embora apresentadas como novidades, as medidas em nada diferem das ferramentas tradicionais de política monetária. Identificam-se bolhas e atua-se diretamente sobre elas. É o que o mercado batizou de medidas “macroprudenciais”, utilizadas com sucesso  pelo Banco Central (BACEN) no início do governo Dilma.


***


Essas formas de atuação visam minimizar o uso dos juros como elemento de contenção da demanda. Na verdade, o modelo de metas inflacionarias – adotadas pelos Bancos Centrais do mundo inteiro – obedeciam muito mais a uma orientação ideológica do que à  busca de resultados práticos.


***


Por exemplo, se existe uma bolha no mercado de financiamentos de veículos, o que é mais eficaz: aumentar os juros da economia como um todo ou atuar expressamente sobre os financiamentos de veículos, reduzindo os prazos ou exigindo maior valor na entrada? É evidente que o caminho “macroprudencial” é o mais adequado.


***


Em países de economia avançada, utilizava-se o sistema de metas inflacionarias como uma ferramenta de desregulação da economia, impedindo as atuações pontuais dos Bancos Centrais nos mercados especulativos.


Para consolidar o modelo, instituíram-se falsas verdades sobre o uso dos instrumentos de política monetária, como a de que um instrumento (no caso os juros) só devem perseguir um objetivo (o controle da inflação). Com isso, deixavam-se de lado outros objetivos centrais de política econômica, como a preservação do nível de atividade econômica e de emprego.


No caso brasileiro, os efeitos foram muito piores, porque impactando diretamente a dívida pública.


***


Esse arcabouço institucional desarmou as autoridades bancarias e levou à grande crise de 2008. E, com ela, ao seguinte paradoxo: os Bancos Centrais precisam reduzir os juros para reativar as economias nacionais; ao mesmo tempo tem que atuar contra bolhas especulativas que surgem em todo ambiente de muita liquidez e juros baixos.


Foi esse quadro complexo que tem levado os Bancos Centrais a abandonarem a ortodoxia e estimularem cada vez mais as medidas “macroprudenciais”.


A reportagem do Wall Street Journal traz vários exemplos bem sucedidos dessa estratégia.


***


Curiosamente, o BACEN, que antecipou-se a esses movimentos e adotou medidas “macroprudenciais” eficientes, aparentemente recuou, quando voltou a apostar na elevação da taxa SELIC [*].


***


Há duas justificativas para isso. Uma, de ordem econômica: o índice de disseminação dos aumentos, que andava meio generalizado. Mas a verdadeira razão é bem reveladora de como políticas econômicas são discutidas em nichos privilegiados sem expor as verdadeiras razões por trás das medidas.


No caso da SELIC, a preocupação maior do BACEN é com a reversão da política monetária norte-americana, o aguardado aumento de juros que, em um primeiro momento, provoca um “overshooting”, atraindo dólares do mundo todo e provocando oscilações no câmbio de diversos países.

 

Esta é a razão primordial para o aumento da SELIC. O resto é apenas para pisar no tomate.

 

[*] Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC)

 

 

Email: luisnassif@ig.com.br

Blog: www.luisnassif.com.br 


"Todos os direitos reservados, sendo proibida a reprodução total ou parcial por meio impresso"


Visite o BLOG e confira outras crônicas


Tags deste artigo: nassif economia selic medidas macro prudenciais banco central

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos realçados são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.