Coluna Econômica - 26/02/2013
A avaliação de políticos, executivos, empresas obedecem a uma máxima que vem do mercado de capitais: não existem empresas (gestores, políticos, governantes etc.) bons ou maus: existem os baratos e os caros. Ou seja, o sujeito é bom ou ruim de acordo com o “preço” que está cotado no mercado de opiniões.
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula são exemplos acabados. Deflagrado o Plano Real, FHC passou a ser incensado. Na época, contei uma história fantástica dele. Mensalmente convocava a Brasília Jorge Serpa – o superlobista que conviveu com todos os presidentes da República desde Eurico Gaspar Dutra. Apavorado com aviões, Serpa ia de táxi.
Numa das visitas, FHC indagou daquela testemunha ocular da história:
- Jorge, quem foi maior: Juscelino ou eu?
E o cínico do Serpa respondia:
- Você, é claro!
Depois, morria de rir contando o “causo” no famoso restaurante Mosteiro, no centro do Rio.
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Com o tempo, a opinião pública se deu conta de que FHC estava “caro” demais. E começou o movimento de queda, que atingiu o fundo do poço após a maxidesvalorização de janeiro de 1999.
Aí, a imagem caiu tanto que FHC ficou “barato”. O movimento seguinte provavelmente seria de nova valorização dele – por considerar que ele não era tão ruim quanto a imagem que projetava – não fosse o “apagão” de energia.
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O mesmo ocorreu com Lula. Seu fundo do poço foi no chamado escândalo do “mensalão”. Foi tão massacrado, que ficou baratíssimo. Nos anos seguintes, os resultados do Bolsa Família e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), especialmente o comando da economia na crise de 2008, consagraram Lula. Provavelmente sua avaliação não teria sido tão alta se, no período anterior, não tivesse sido tão negativa.
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Com Dilma vai ocorrer o seguinte:
1. Foi eleita com a chamada opinião pública midiática tratando-a como um poste. Quem conhecia seu trabalho na Casa Civil sabia que não. Vindo com essa carga negativa, ao impor seu estilo de governo, inverteu completamente o jogo. Sua reputação foi crescendo, crescendo… até ficar cara.
2. Está-se agora naquele movimento descendente, na qual qualquer problema de gestão é maximizado, pelo fato de, no período anterior, Dilma ter ficado “cara”.
3. Esse movimento perdurará ainda por alguns meses. E deverá ser revertido a partir do segundo semestre, caso se confirmem a recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) e o assentamento da inflação. Assim, se entraria em 2014 com a cotação de Dilma em alta.
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Dependendo de um conjunto de medidas a serem tomadas, algumas de cunho preventivo, a volta do pêndulo poderá ser mais alavancada ainda:
- Mitigação da centralização administrativa.
- Melhoria da articulação política com Congresso e sociedade.
- Melhor tratamento à Petrobras, para cumprir suas responsabilidade para com o pré-sal.
- Análise meticulosa dos mega-financiamentos concedidos nos últimos anos a grupos econômicos – especialmente em setores de baixa rentabilidade, como o de frigoríficos. Identificadas fragilidades futuras dos grupos, tratar desde já de providenciar saídas de mercado.
Arrecadação bate recorde em janeiro
A arrecadação federal começou o ano de 2013 atingindo o recorde histórico de R$ 116,06 bilhões contabilizados em janeiro, o que representa um aumento de 6,59% em relação ao total registrado no mesmo período do ano anterior, segundo a Receita Federal. Esta é a primeira vez em que a arrecadação supera a marca de R$ 110 bilhões, batendo o recorde da série histórica da Receita Federal, iniciada em 1985. Em termos nominais, a arrecadação aumentou R$ 13,48 bilhões no mês de janeiro.
Concentração de vencimentos afeta dívida pública
A Dívida Pública Federal (DPF) voltou a ficar abaixo da barreira de R$ 2 trilhões. Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, a DPF fechou o mês passado em R$ 1,926 trilhão, com queda de 4,09% em relação a dezembro. A dívida pública mobiliária – em títulos públicos - interna caiu de R$ 1,917 trilhão para R$ 1,838 trilhão, devido ao resgate de R$ 96,1 bilhões em títulos acima do volume emitido. A dívida pública externa ficou em R$ 88,04 bilhões, queda de 3,55% ante dezembro.
Micro e pequenas empresas reduzem pagamentos
A pontualidade de pagamento das micro e pequenas empresas atingiu 94,7% em janeiro, o que significa que 947 em cada 1000 pagamentos realizados no mês foram efetuados à vista ou com atraso máximo de sete dias, segundo a consultoria Serasa Experian. O valor de 94,7% representou um recuo em relação à pontualidade de 95,9% observada em dezembro de 2012, situando-se praticamente no mesmo patamar de pontualidade de janeiro do ano passado (94,8%), que havia sido recorde para o mês.
FOCUS: Agentes voltam a ajustar IPCA
Os analistas do mercado financeiro voltaram a reduzir as estimativas para a taxa oficial de inflação, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. Os indicativos para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ao fim deste ano desaceleraram pela segunda semana consecutiva, passando de 5,70% para 5,69%. Os números para fevereiro avançaram de 0,42% para 0,43%, mesmo valor apurado para os dados de março. A taxa para 2014 foi mantida em 5,50%.
IPC-S desacelera e atinge 0,26%
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) apresentou uma variação de 0,26% durante a terceira semana de fevereiro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar do avanço, a variação ficou 0,29 ponto percentual abaixo da taxa registrada na última divulgação. Cinco das oito classes de despesa que formam o índice reduziram suas taxas de variação, e o principal destaque partiu do grupo Habitação (de -1,25% para -1,87%).
INCC-M sobe 0,80% em fevereiro
O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) subiu 0,80% durante o mês de fevereiro, ficando bem acima dos 0,39% apresentados em janeiro, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,59%, acima dos 0,39% registrados no mês anterior, enquanto o índice referente à Mão de Obra registrou variação de 1%. No mês anterior, a taxa foi de 0,39%.
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