Coluna Econômica - 12/07/2012
Assim como a queda no ritmo de crescimento se deve a decisões do Ministério da Fazenda do começo do ano passado, os frutos das decisões atuais só serão colhidos ao longo de 2013.
Trata-se do chamado efeito inercial da economia.
O ex-Ministro Mário Henrique Simonsen costumava dizer que esfriar a economia é como puxar um saco com uma corda; voltar a aquece-la é como empurrar o saco com a corda.
Em fins de 2010 faltou sangue frio à Fazenda para aguardar o refluxo da inflação. Os preços estavam sendo puxados pelas cotações internacionais, em um claro movimento especulativo.
Ora, a política monetária visa conter a demanda. Mas os preços que pressionavam a inflação eram influenciados pelas cotações internacionais - logo, pouco sensíveis à demanda interna - e uma parte por serviços pessoais. Então, o que fez o Banco Central? Manteve juros elevados e restringiu vigorosamente o crédito, através das chamadas medidas prudenciais.
Quando age assim, derruba mais que proporcionalmente a demanda em outros setores que não estão pressionando preços, para que a queda de preços, neles, compense a alta de preços em commodities.
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Ora, se não estavam pressionando os preços, significa que trabalhavam com razoável folga na sua capacidade instalada. Não havia descompasso entre oferta e demanda. Se o consumo continuasse crescendo, o passo seguinte seria aumentar os investimentos, ampliar a produção e o emprego.
Aí o BC restringe o crédito, cai a demanda, cria-se uma ociosidade nas linhas de produção e cai o preço... para compensar a elevação nos preços de outros setores.
A medida não é pontual, não se restringe ao período em que foi aplicada. Traz consequências sobre o futuro.
As fábricas passam a produzir menos, a acumular estoques e capacidade ociosa. Adiam planos de investimento. E como uma tubulação exposta a temperaturas muito baixas, vai congelando tudo por onde passa: congela empregos, compras de fornecedores, aumento na folha.
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Aí, quando os preços das commodities refluem, a inflação se retrai novamente. Ao setor industrial, em queda, soma-se a redução da renda agrícola, por consequência da queda das cotações. Tudo isso, dentro das previsões. Soma-se o imprevisível: um grave problema climático.
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Esta é a parte ruim da história, assim como a constatação de que a recuperação econômica vai demorar.
A parte positiva é que o enfrentamento da crise estimulou um conjunto de medidas horizontais, que trarão bons resultados a médio prazo. E o país tem à mão os principais fatores para reativar a economia.
Primeiro, a caminhada para colocar juros e câmbio no lugar.
Segundo, a rodada de concessões em todas as áreas, mobilizando o capital privado.
Terceiro, a entrada em vigor de medidas previstas no Plano Brasil Maior, como a série de incentivos para investimentos em plantas automobilísticos e o aumento da exigência de compra de autopeças nacionais.
Quarto, o aprendizado da União e dos estados para acelerar investimentos.
O desafio é torcer para que a crise mundial não seja aguda a ponto de abortar esse processo interno.
Volume de vendas do varejo cai -0,8% em maio
O comércio varejista do país apresentou variação de -0,8% para o volume de vendas e 0,0% para a receita nominal de vendas em maio, taxas estas em relação ao mês anterior ajustadas sazonalmente. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para o volume de vendas, o resultado divulgado reverte o sinal positivo dos dois últimos meses. A receita nominal apresenta uma acomodação após dois meses consecutivos de sinal positivo neste tipo de comparação.
Inadimplência do consumidor sobe 19,1% no semestre
O crescente endividamento nos últimos três anos e o descontrole do consumidor ao assumir novas dívidas fizeram com que a inadimplência subisse 19,1% no primeiro semestre ante igual período do ano passado, segundo a consultoria Serasa Experian. As dívidas não bancárias e as com os bancos puxaram o resultado, com variação de 21,6% e 22,1%, respectivamente. Na relação anual, a inadimplência do consumidor apresentou crescimento de 15,4%, e o comparativo com maio indica queda de 0,5%.
Espanha anuncia cortes no Orçamento e novos impostos
A Espanha terá de economizar 65 bilhões de euros (cerca de R$ 162 bilhões) nos próximos dois anos e meio. Para isso, além de anunciar uma série de cortes no Orçamento, o governo irá aumentar impostos. Entre as medidas anunciadas, os governos regionais terão que fazer cortes de 3,5 bilhões de euros nos orçamentos, valor equivalente a quase R$ 9 bilhões. Também foram anunciados novos impostos indiretos e a reversão de isenções fiscais anunciadas em dezembro.
Fluxo cambial inicia o mês positivo em US$ 396 milhões
O fluxo cambial começou o mês de julho com um resultado positivo. Segundo o Banco Central, o total apurado na primeira semana de julho mostra que o ingresso de dólares superou a saída em US$ 396 milhões. O resultado foi puxado pelo segmento financeiro, que registrou saldo positivo de US$ 386 milhões. O segmento comercial registrou saldo de US$ 10 milhões. No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 23,34 bilhões, ante US$ 40,734 bilhões de igual período de 2012.
CNI reduz estimativa para o PIB em 2012
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu de 3% para 2,1% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Segundo o Informe Conjuntural do segundo trimestre, a projeção do PIB industrial também foi revista, de 2% para 1,6%. De acordo com a entidade, a estimativa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi mantida em 5% este ano, enquanto a projeção da taxa nominal de juros ao final de 2012 caiu de 9% para 7,5%.
Fed deve adotar mais medidas para impulsionar economia
O Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) está “preparado” para implementar mais medidas para estimular a economia local, que tem sido afetada pela crise da Europa e pelo desemprego. Segundo a ata do colegiado, também foi decidida a expansão da "Operação Twist", que consiste em converter uma parte das obrigações de Estado de curto prazo em títulos do Tesouro norte-americano de prazo mais longo, mas não se anunciou uma nova rodada de liquidez para impulsionar a atividade.
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