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Desdobramentos da Grande Guerra da Mídia

10 de Julho de 2013, 7:15 , por Castor Filho - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Coluna Econômica - 10/7/2013

Na semana passada, o Globo publicou série de matérias sobre a espionagem na Internet pela NSA, do governo norte-americano. Havia um gancho, o vazamento de informações sobre a espionagem por Snowden, um técnico que trabalhava para a NSA. Mas, a rigor, o monitoramento não era fato novo.


Em parte, a cobertura pode ser creditada ao furo, do acesso aos arquivos. Mas o ponto central provavelmente é a guerra das mídias, dos grandes grupos midiáticos nacionais versus os gigantes da rede mundial. Com as denúncias, o Globo pretende mostrar o risco de se manter a opinião pública brasileira confinada em redes sociais controladas por multinacionais com sede em outros países, como o Google e o Facebook.


Paradoxalmente, o grande aliado dos grupos nacionais contra as redes globais será a presidente Dilma Rousseff. Muito antes do episódio Snowden, ela vinha manifestando desconforto com o fato da grande discussão pública nacional dar-se em ambientes dominados por multinacionais com sede em outros países. Depois das denúncias, manifestou-se pessoalmente contra as interferências do Google.


Não se surpreenda se, daqui para frente, ela passar a ser poupada pela velha mídia.


***


Na mesma semana, foi vazado para blogueiros uma autuação da Globo pela Receita Federal. É caso complicado, principalmente depois que se descobriu que uma técnica da Receita sumiu com o inquérito, tentando apagar os vestígios da autuação, foi presa, processada mas o Ministério Público sequer procurou saber quem foi o mandante do crime.


É muito provável que os dois episódios sejam parte integrantes da grande guerra midiática que já explodiu. E terá desdobramentos relevantes nas próximas décadas.


***


Nos últimos anos não foram poucas as vezes que os grupos de mídia nacionais mostraram musculatura para os blogs, na atitude típica de quem abusa do poder que tem sem se dar conta dos desafios que terá que enfrentar.


Agora, que explode a verdadeira guerra, toda a estratégia terá que ser revista. A soma de inimigos acumulados nas últimas décadas são aliados naturais dos verdadeiros adversários.


***


Por mais que se tema o poder oligopolista dos grandes grupos nacionais, no entanto, não há como fugir dos riscos de redes sociais monopolistas. Como subordinar a discussão pública brasileira ao controle de empresas privadas, sem nenhum controle público?


Por outro lado, sem as redes sociais não haveria como romper com o pensamento único que dominou os grupos nacionais nos últimos anos, tornando-os baluartes dos maiores anacronismos.


***


Para refrear o poder monopolista das redes sociais, há que se aprofundar a discussão.


Por exemplo, as redes sociais têm que garantir a plena portabilidade de seus perfis e a integração com redes menores. Hoje em dia, é possível puxar para dentro do Facebook feeds (comandos para trazer notícias de outros sítios), mas não são autorizados feeds para fora. Do mesmo modo, é possível compartilhar qualquer conteúdo da Internet com usuários de Facebook. Mas o sistema não permite o compartilhamento do seu conteúdo.


***


Há um conjunto enorme de temas a serem aprofundados para impedir a consolidação daquele que, por sua abrangência, poderá se constituir no mais temível cartel jamais imaginado pela economia ocidental.

 

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Tags deste artigo: nassif democracia mídia regulação da mídia redes sociais monopólio

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